Nesta unidade do livro, será abordada especificamente a trajetória dos eventos gastronômicos, que se funde e se confunde à própria história do desenvolvimento social, político e econômico do mundo e do Brasil, desde o período colonial até a atualidade. Além dessa abordagem, a unidade apresentará estratégias para se definir cardápios em eventos gastronômicos e procurará demonstrar a estruturação das fichas técnicas pertinentes a estes menus. Como já foi razoavelmente apresentado na segunda unidade deste livro, o agrupamento de fichas técnicas facilita as estimativas de custos e orçamentos de eventos no setor de alimentos e bebidas, permitindo, dessa maneira, um estudo mais cuidadoso de suas viabilidades econômico-financeiras.
Os eventos gastronômicos, desde a Antiguidade Clássica, sempre se fizeram presentes nas sociedades ocidentais e orientais e têm sua história atrelada ao desenvolvimento social, político e econômico das diferentes civilizações neste percurso. Assim sendo, compreender a Gastronomia sob a perspectiva dos eventos exige também compreender o surgimento e o desenvolvimento do comércio e da prestação de serviços, particularmente no período medieval e, posteriormente, como as relações de trabalho sofreram transformações substanciais, com a Revolução Industrial do século XIX.
Embora os objetivos deste livro e desta unidade em particular não contemplem a reescrita da história da alimentação, é importante observar que, durante o Império Greco-Romano (o domínio grego durou de 750 a.C. até a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C.; por sua vez, o Império Romano durou de 27 a.C. a 476 d.C., com as invasões dos Turcos-Otomanos nesse meio tempo), desde muito antes de Cristo, era usual que patrícios oferecessem banquetes regados a muito vinho e a muita comida como forma de se distinguirem dos plebeus. Eles estavam acostumados a comerem inclinados em uma espécie de sofá e quase sempre estes eventos entre “chiques e famosos” da época terminavam em glutonaria, bebedeira, orgias, abusos e violência contra os escravos.
Ainda neste período da história, eram comuns os banquetes sacrificiais, ou seja, quando sacrificavam animais aos deuses do vasto panteão greco-romano, geralmente as sobras de carne eram consumidas tanto por sacerdotes destes templos (que também vendiam as sobras) quanto pelos convidados para participarem desse tipo de evento religioso.
Outra curiosidade desse tempo é que fazia parte dos usos e dos costumes da época oferecer os chamados banquetes fúnebres, em que eram servidas as iguarias que o falecido apreciava aos convidados para o velório e o sepultamento (ou cremação, em algumas culturas). Afinal, muitos parentes e amigos do morto viajavam longas distâncias para prestarem as últimas homenagens, e o mínimo que se esperava da família enlutada era honrar a memória de quem se foi hospedando muito bem os que viessem prestar solidariedade.
Com o advento do Cristianismo e a conversão do imperador romano Teodósio I, a religião cristã foi institucionalizada como oficial no ano 380 d.C. e, aos poucos, costumes considerados pagãos, como sacrifícios de animais, oferta de flores, frutos, grãos da colheita, perfumes, tecidos, vinho e finas iguarias foram sendo abolidos das práticas sociais, assim como os banquetes fúnebres. O vinho, o pão e o azeite, até então considerados como alimentos dos povos civilizados, que se diferenciavam dos bárbaros (devoradores de carnes, grãos, frutas e leite crus, sem a transformação destes em alimento mediante o trabalho na cozinha), ganharam novos significados (o sangue, o corpo de Cristo e a unção do Espírito Santo) e foram transformados em importantes elementos da eucaristia (memorial simbólico do sacrifício de Cristo).
Ao longo de praticamente todo o período medieval (476 d.C. até a queda de Constantinopla, em 1.453) os gêneros alimentícios não só serviram como moeda de troca (escambo) como o excedente do que era produzido – depois do aperfeiçoamento das formas de plantio e de colheita e de certa melhoria nas relações de trabalho entre suseranos (donos das terras) e vassalos (seus servos) – passou a ser comercializado nas feiras próximas aos burgos ou castelos, pela emergente classe burguesa. Como confirma Huberman (1986, p. 23): “A feira era o centro distribuidor onde os grandes mestres mercadores, que se diferenciavam dos pequenos revendedores errantes e artesãos locais, compravam e vendiam as mercadorias estrangeiras, procedentes do Oriente e do Ocidente, Norte e Sul”.
Assim sendo, as feiras podem ser consideradas eventos gastronômicos naquele período, embora seu comércio não fosse restrito aos gêneros alimentícios de origem animal ou vegetal. Ali também eram comercializadas as famosas especiarias vindas do Oriente (o açúcar, o cravo, a canela, a noz-moscada, o endro/dill, o cominho, a hortelã, a pimenta-do-reino, dentre outros aromáticos secos, ou em óleo, castanhas diversas e frutas secas), além de perfumes, joias, tecidos, ferramentas de lavoura etc.
Ainda no período medieval, cuja concepção de mundo era teocêntrica (Deus era o centro do universo e a Igreja era sua autoridade máxima na Terra coroando e destituindo reis, aconselhando-os sobre assuntos militares, relações político-diplomáticas), as pessoas mais pobres estavam acostumadas a pagarem as indulgências (perdão pelos seus pecados) em ovos, galinhas, porcos, cabritos, cordeiros, leite e derivados, além de sacas de cereais. Como o clero detinha não só a leitura, mas também livros raros em suas bibliotecas seletas, isto lhes permitiu criarem receitas com estes ingredientes, possibilitando se manterem melhor supridos de alimentos e bebidas, especialmente em períodos de escassez, como nos rigorosos invernos europeus. Em uma época na qual o sal era raro, caro e não havia muitas formas de conservação que não a salga, a secagem ao sol, as conservas em vinagre ou mel, a produção de pratos substanciais não só assegurava a sobrevivência dos religiosos com fartura, como lhes permitiu angariar recursos monetários através da cozinha. Desta maneira, a produção de doces conventuais (quindins, pudins, fios de ovos, toucinhos do céu, ventre de freira, pastéis de Santa Clara etc.), por exemplo, compunha as mesas de eventos organizados pelas religiosas para arrecadarem fundos para a manutenção de sua ordem.
Conforme já mencionado neste livro, ao final do período medieval, o Renascimento Urbano, Artístico e Cultural difundiu, a partir de Florença e de Paris, banquetes suntuosos oferecidos tanto por nobres decadentes como burgueses emergentes, como forma de demonstrar poderio econômico-financeiro e, com isso, fortalecer alianças políticas e comerciais entre as monarquias nacionais absolutistas que foram se estabelecendo. Isto só se tornou possível porque livros raros de receitas, além de obras contendo códigos sociais de conduta (regras e etiquetas à mesa, à sala de estar etc.) se tornaram acessíveis, uma vez fora das bibliotecas de mosteiros e de abadias. Além disso, a intensificação do comércio entre o Oriente e o Ocidente terminou difundindo melhor as especiarias nas cozinhas mais abastadas, transformando os hábitos de consumo de alimentos e bebidas.
Uma vez enriquecida, portanto poderosa, a burguesia tratou de desbancar a nobreza e o clero iniciando as chamadas Revoluções Burguesas em 1789 com a Queda da Bastilha (símbolo da monarquia absolutista francesa) e a consequente Revolução Francesa. Outras revoluções semelhantes aconteceram por todo o mundo ocidental e, sob o discurso de igualdade, liberdade e fraternidade, o capitalismo mercantil foi consolidado, tornando possível a Revolução Industrial no setor têxtil inglês, conforme também já foi apresentado neste livro.
Até a Primeira Grande Guerra Mundial (1914 - 1917), apenas a Inglaterra, os Estados Unidos da América do Norte (sua colônia) e a Alemanha eram considerados países industrializados. O processo de tomada de decisões mercadológicas neste período (que abrangia questões tais como o quê produzir, para quem produzir, o quanto produzir, como estabelecer preços justos e competitivos sem abrir mão de qualidade em produtos e serviços) era puramente intuitivo, mas o empresariado tomará emprestado para si conceitos de planejamento estratégico militar, além de métodos de estudos sobre o comportamento do consumidor, após a necessidade imposta pela Grande Depressão dos anos 30 e, principalmente, depois da Segunda Grande Guerra Mundial (1939 - 1945).
Do breve panorama histórico apresentado acima, pode-se deduzir que o mercado de eventos, especialmente os gastronômicos corporativos, que normalmente aconteciam junto ao lançamento de produtos e serviços, ficou estagnado no período entre guerras, e isso piorou com a Grande Depressão dos anos 1930 (iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, a Wall-Street). Desempregada e sem dinheiro, a população deixou de consumir; então, a indústria e o comércio, que demoraram para perceber isto, ficaram com seus estoques superlotados, sem ter como venderem desde o final da 1ª Guerra Mundial. Para Hobsbawn (1995), os governos envolvidos nos conflitos tiveram muitas dificuldades para reorganizar suas economias, o que só piorou com a crise dos anos 30, a qual provocou falências e desemprego em massa. Além disso, houve inflação, porque os governos emitiram moedas sem garantia de seus respectivos valores (“lastro”, que consiste na quantidade de riquezas produzidas por um país que garantam o valor da emissão de moedas). Até meados do século XVIII, o lastro monetário era a quantidade de ouro e de prata disponível nos cofres públicos, ou seja, o valor das moedas metálicas, posteriormente de papel, era garantido pelo próprio peso delas em ouro ou prata. Assim sendo, uma libra equivaleria a uma moeda contendo, por exemplo, 5 gramas de ouro. Houve também queda brusca na arrecadação pública com impostos e tributos, a dívida pública destes países aumentou exponencialmente e eles não conseguiram intervir de maneira direta e de forma independente na saúde, na educação, na alimentação, na moradia, no transporte e na segurança, degenerando profundamente os níveis sociais, político-ideológicos, econômicos e culturais.
Curiosamente, o senso de catástrofe e desorientação causado pela Grande Depressão foi, talvez, maior entre os homens de negócios, economistas e políticos, do que entre as massas. O desemprego em massa, o colapso dos preços agrícolas, atingiram-nas com força, mas elas não tinham dúvida de que havia alguma solução política para essas injustiças inesperadas – na esquerda, ou na direita – até o ponto em que os pobres podem esperar que suas modestas necessidades sejam satisfeitas. Foi precisamente a ausência de qualquer solução dentro do esquema da velha Economia Liberal que tornou tão dramática a situação dos tomadores de decisões econômicas (HOBSBAWN, 1995, p. 98).
As consequências dessa crise dos anos 30 no mundo todo foram: a 2ª Guerra Mundial, a divisão do mundo nos blocos capitalista e social-comunista, além do nazi-fascismo de Hitler e Mussolini, o bombardeio americano no Japão (Hiroshima e Nagasaki) como resposta ao ataque japonês em Pearl Harbor, além da Guerra Fria e da corrida armamentista, que se sucederam logo depois e que só seriam amenizadas no final dos anos 1980, com a abertura da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Perestroika, de Gorbachev) e com a posterior queda do muro de Berlim.
Mas, afinal, o que essa narrativa histórica tem a ver com eventos gastronômicos? Tudo! Sem emprego, não há renda; sem renda, não há consumo e, sem consumo, não existe investimento no setor produtivo da economia, ou seja, o que gera mais emprego e permite às pessoas consumirem. Em tempos de crises assim, as pessoas e as empresas precisam se reinventar para conseguir sobreviver em curto prazo e crescer em médio e longo prazo. Dessa maneira, embora a Gastronomia Clássica Francesa ainda fosse sinônima de glamour e elegância, os eventos minguaram durante muitos anos, com a falência de hotéis e restaurantes sem hóspedes (comensais).
Apesar disso tudo, os pós-guerras e pós-grande depressão permitiu aprendizados úteis. O planejamento estratégico, até então restrito ao bloco socialista emergente, que passou a ser incorporado nos países capitalistas – tanto na esfera privada quando no âmbito público – para reestruturar economias de países inteiros, mas também de indústrias, comércios e sistema bancário, a fim de reorganizar a sociedade, retirá-la do caos instaurado e voltar a gerar emprego, renda, consumo, investimento e, assim, permitir o retorno da dinâmica da economia. Coube ao sistema de planejamento reestruturar primeiro a indústria de bens de consumo final (eletrodomésticos, alimentos, bebidas, medicamentos etc.), depois a indústria de bens intermediários (máquinas e equipamentos capazes de produzir matérias-primas fundamentais à fabricação dos bens de consumo final), para, por fim, desenvolver tecnologias facilitadoras da distribuição (logística) disso tudo, o que exigiu maiores investimentos em mão de obra especializada, matérias-primas, insumos, além de formas modernas de se gerenciar negócios, que culminaram no surgimento do marketing.
O ressurgimento de todos os tipos possíveis de eventos pelo mundo, o que abrange os eventos gastronômicos, dependeu ampla e irrestritamente dessa reorganização do sistema produtivo mundial depois de tamanhas crises. A essa altura da história, redes de hotéis e restaurantes que sobreviveram à crise retomaram o crescimento junto à atividade turística. Em um primeiro momento, até o início dos anos 1990, especialmente no Brasil, bares, restaurantes, lanchonetes, quiosques, cafés, confeitarias, padarias, cantinas e outros estabelecimentos relacionados aos alimentos e bebidas, eram considerados apenas como complementares às atividades do turismo de negócios, ou de lazer e de entretenimento. Todavia, entre o final do Século XX e início do Século XXI, estas percepções foram sendo transformadas profundamente.
Uma vez viabilizada tal compreensão, Fagliari (2005) e Schlüter (2006) defendem que os eventos gastronômicos são relevantes para o turismo porque ajudam a preservar tradições culinárias e históricas, ao mesmo tempo em que projetam novos talentos, ampliam as possibilidades de sociabilização da gastronomia, ainda enxergada por muitos como produto cultural das elites. Segundo ambas as autoras, eventos gastronômicos também servem para apontar novas tendências em técnicas e tecnologias culinárias, permitem às pessoas em geral conhecerem chefs celebridades que se preocupam em criar mantendo a essência da cozinha regional, com os ingredientes locais, mas ampliando as possibilidades de pratos sofisticados, tornando-os acessíveis ao público como um todo.
O Brasil, em particular, sempre teve tradições de eventos gastronômicos, muito antes que se tivesse estrutura e formato adequados para entender tais acontecimentos como “turismo gastronômico”. Até a década de 30, a economia brasileira era predominantemente rural (o café era o principal produto de exportação e sua locomotiva mantinha o atraso e a ignorância, úteis ao coronelismo e à Política do Café com Leite), porque praticamente 80% da população não só morava na roça como vivia do que cultivavam nela. Isso explica, ao menos em partes, as festas juninas, as quermesses das paróquias por todo o interior do país, além de diversas festas típicas de imigrantes (italianos na serra gaúcha, alemães na serra catarinense, poloneses no sul paranaense, e assim por diante), até mesmo de migrantes (nortistas e nordestinos, nas capitais, especialmente em São Paulo). A comida e o comer reafirmam a identidade cultural destas pessoas, ao mesmo tempo em que possibilita momentos de sociabilização e de comunicabilidade intensos.
Fagliari (2005) acrescenta que estes eventos gastronômicos mais simples sempre procuraram promover produtos (como a cerveja e o chope na Oktoberfest, em Blumenau) e pratos típicos (a exemplo, o marreco recheado com purê de maçã, salsichões assados, purê de batata e eisbein, ou joelho suíno defumado nessa mesma festa). Estas festas mais populares, sem quaisquer planejamento e estrutura turísticos, geralmente aconteciam em períodos de safra farta, ao final da colheita e, posteriormente, estes eventos fomentaram os festivais gastronômicos regionais, colocando a comida e o comer como elementos primordiais da atividade turística, com duração de dias ou semanas.
Com efeito, Koerich e Oliveira (2016) consideram que a principal função dos eventos consiste na promoção de causas, ideias e conceitos mediante a provocação dos afetos e da sensibilidade humana, não apenas para vender produtos e serviços a um público determinado. Em se tratando de eventos gastronômicos, além de evidenciarem os aspectos simbólicos da alimentação cotidiana de um povo, de um lugar, de uma região, reafirmando o sentido de pertença das pessoas à cultura da qual fazem parte, a alimentação aguça todos os sentidos gustativos (aroma, cor, sabor, textura, apresentação estética de pratos), que ao interagirem entre si provocam lembranças e sensações. Dessa maneira, ambos os autores afirmam que há várias razões para se idealizar um evento gastronômico:
Koerich e Oliveira (2016) acrescentam que a definição dos objetivos de um evento gastronômico é que permitirão definir seu formato, seu tipo, seu conceito, além de auxiliarem no dimensionamento do quanto poderá ser investido e quais as estratégias promocionais poderão ser elaboradas. Conforme os autores, eventos gastronômicos podem acontecer na própria rede de bares e restaurantes do lugar, ao ar livre (em espaços públicos ou privados), em estruturas públicas (como um centro de convenções ou pavilhão de exposições municipais), privadas, até mesmo em ambas.
Para Koerich e Oliveira (2016), os eventos realizados entre bares, restaurantes, cantinas e demais estabelecimentos de alimentos e bebidas, delimitados geograficamente por interesses estratégicos, são considerados “indoor” (em inglês, “dentro da porta”). São eventos realizados nos próprios empreendimentos e podem integrar uma via gastronômica, uma associação, uma entidade, uma cidade ou um projeto. Este recorte já deve fazer parte do planejamento do evento, buscando a padronização na comunicação visual, a fim de demonstrar unidade dos empreendimentos envolvidos. Exemplo: o Festival Brasil Sabor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o qual visa valorizar a gastronomia brasileira para estimular os restaurantes a criarem novas receitas, utilizando técnicas de preparo e ingredientes locais. Em 2020, o Festival chega à sua 15ª edição, com o tema “Original do Brasil ‒ Sabor de verdade”. Centenas de restaurantes servirão em seu próprio empreendimento pratos que estejam voltados ao tema. Além da valorização à pluralidade gastronômica do nosso país, o Brasil Sabor também se consolida como um momento para divulgação das casas participantes, que aproveitam não só para atrair e fidelizar o cliente, para ter um feedback do seu público e também para aumentar o ticket médio. As desvantagens são que, normalmente, eventos indoors se limitam ao horário de funcionamento das empresas participantes e podem aparentar dispersão quando as casas não são próximas umas das outras.
Koerich e Oliveira (2016) definem como eventos “outdoors” (do inglês, “fora da porta”) eventos gastronômicos estruturados fora da rede local de bares, restaurantes e estabelecimentos afins. Nesse tipo de circunstância, é preciso montar parte, ou toda a estrutura física que acolherá o evento, além do grupo idealizador do projeto precisar definir o formato, o local, a identidade visual, a temática e os conceitos que regem todo o evento. Neste caso, o objetivo desse tipo de evento é transformar a gastronomia local na atração principal, o que requer um esforço coletivo dos organizadores em manterem os padrões de qualidade das refeições com ótimo custo-benefício para o público-alvo. Exemplo: Festival Gastronômico de Maringá, o qual, na edição de 2019, trouxe como tema “Sabores da Nossa Terra” e contou com 24 restaurantes participantes.
Segundo Koerich e Oliveira (2016), eventos gastronômicos outdoors abrangem duas outras possibilidades: a de uso de espaços ao ar livre, sem estrutura específica (praças ou ruas), como acontece na Feira das Nações, em Maringá (barracas de pratos típicos vendidos por entidades assistenciais da cidade se reúnem na praça da catedral da cidade todos os anos), ou em centro de convenções, espaços multiusos destinados a eventos em que já exista estrutura prévia (água, energia elétrica, banheiros, internet etc.), a exemplo da Expoingá, que inclui barracas de doces ou pratos típicos da cidade de Maringá, no Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro. Na opinião de ambos os autores, esse tipo de evento tem como vantagens um maior impacto visual, a maior percepção como alternativa de entretenimento pelo público, facilita que sejam executadas atividades complementares, que conferem ideia sobre o festival, gera espaços para patrocinadores, apoiadores, possibilitam negócios de produtos e serviços, gera mais divulgação midiática e promove a região como destino gastronômico. Em termos de desvantagens, eventos outdoors requerem maiores investimentos em segurança e higiene alimentar, segurança patrimonial, exigem infraestrutura sempre instalada no lugar (o que gera custos de manutenção) e demanda a contratação, bem como o treinamento de equipes específicas para a ocasião.
Ainda existe a possibilidade de misturar as duas modalidades de eventos gastronômicas definidas acima. Isso acontece quando um festival gastronômico abrange não apenas os bares, os restaurantes, outras unidades de alimentação e de nutrição locais, mas também promove outras atrações para dar maior visibilidade ao evento, tais como aulas, shows, espaços de convivência e degustação etc. Um bom exemplo desse tipo de evento é o Mesa São Paulo, já mencionado anteriormente. De acordo com Koerich e Oliveira (2016), eventos mistos trazem como vantagens maior agito ao evento, garante maior visibilidade a apoiadores e patrocinadores e ao próprio evento em si, promove a integração da gastronomia com a rede hoteleira e as agências de turismo locais, que oferecem programas complementares, como passeios, o que amplia a experiência dos participantes. Por outro lado, estes tipos de eventos, que têm maiores dimensões, exigem maior poder administrativo, além de atenção a eventuais falhas ou pontos críticos.
Observem que os serviços de alimentos e bebidas consistem nos itens mais relevantes na tríade clássica da hospitalidade (proporcionar alimentação, bebida e acomodação às pessoas enfermas, em férias familiares, viagens de negócios e afins). Assim sendo, é possível deduzir que um evento indoor (da porta para dentro) mobiliza diretamente as cadeias de suprimentos e de serviços relacionados aos alimentos e bebidas. Se considerarmos, porém, o Mesa São Paulo em sua grande dimensão, é possível perceber que ele envolve outros nichos de mercado no ramo da hospitalidade que não só o da alimentação, tais como o das reservas em hotéis, o de traslado entre aeroporto e hotéis, os tickets de passeios por lugares turísticos, os ingressos para shows, o acesso a parques, etc. Nesse sentido, o evento pode ser considerado misto. Notem, ainda, que não há qualquer empecilho para se estruturar eventos mistos (indoor e, ao mesmo tempo, outdoor) dentro dos quais os empreendedores do ramo de alimentos e bebidas tenham containers ou tendas dentro de determinado espaço, mas continuam operando em seus respectivos lugares de origem (ou endereços tradicionais), oferecendo o mesmo cardápio, como uma espécie de complemento do evento outdoor.
A caracterização de eventos gastronômicos proposta por Koerich e Oliveira (2016) pode ser sintetizada como descrito a seguir.
Veja, em seguida, uma representação de comidas de rua tradicionais da China.
Koerich e Oliveira (2016) ainda consideram que a movimentação da gastronomia, nas diversas possibilidades descritas acima, permite a exploração de novos temas, a implantação de ações inovadoras, criando diferenciais no mercado de alimentos e bebidas. Além disso, estes eventos costumam ganhar maior visibilidade na medida em que podem: ser transformados em livros; curadoria de pratos com locais; promover atuações com produtos exclusivos de determinadas microrregiões (terroir, termo francês que designa as particularidades climáticas e de solo de um microterritório e seus produtos agropecuários); darem origem a guias gastronômicos impressos; serem inseridos no movimento Slow Food (movimento surgido na Itália dos anos 80, com o objetivo de se contrapor à alimentação rápida e sem qualidade nutricional dos fast-food); inspirarem a criação de aplicativos e versões digitais de guias, de cartões fidelidade com bônus ou passaporte e promoverem aulas shows com chefs renomados.
Agora que vocês conhecem um pouco mais sobre eventos gastronômicos que unem bares, restaurantes e empresas do ramo de alimentos e bebidas com o poder público (secretarias municipais ou estaduais da cultura, da educação e dos esportes), ou vinculadas às redes hoteleiras de cada lugar, vale à pena retomar a leitura do segundo tópico (“Etapas de Organização de um Evento”) da unidade três deste livro (“O Mercado de Eventos e suas Peculiaridades”) para relembrar os eventos gastronômicos lá mencionados com base em vários autores. Particularmente, atentem para as definições de Garden Party (festa no jardim), Banquetes (mais formais e solenes), Brunch (junção de café da manhã e almoço, cuja tradução é “pequeno almoço”), Coffee Break (pausa para o café, no intervalo de palestras e eventos semelhantes), Coquetel (petiscos e drinques, em pé, que podem substituir almoços ou jantares), Happy Hour (“hora feliz”, ao final do expediente), Breakfast (café da manhã tradicional), Network Lunch (almoço de negócios) e Jantar (mais formal).
Os eventos gastronômicos existem desde a Antiguidade Clássica (banquetes oferecidos pelos patrícios, banquetes sacrificiais e banquetes fúnebres). Na Idade Média, o autor aponta o surgimento das feiras como eventos gastronômicos da época, além das chamadas cozinhas conventuais. Contudo, no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais e a Grande Depressão dos anos 1930, o mercado de eventos como um todo experimentou considerável estagnação. Acerca dessa breve trajetória histórica dos eventos, assinale a alternativa correta.
As feiras medievais se restringiam em vender as especiarias vindas do Oriente (açúcar, cravo, canela, noz-moscada, endro/dill, cominho, hortelã, pimenta-do-reino etc.); por isso, devem ser consideradas como eventos exclusivamente gastronômicos.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois, embora não comercializassem apenas alimentos de origem animal (como carnes, ovos, leite e derivados) e incluíssem frutas, verduras, legumes e grãos que, eventualmente, sobravam do cultivo, além das especiarias, as feiras também incluíam perfumes, joias, tecidos e ferramentas para a lavoura.
A produção de doces e quitutes em conventos monastérios e abadias do período medieval consistiam em um meio de aproveitar melhor os donativos feitos em espécie para a Igreja, tais como ovos, galinhas, porcos, cabritos, cordeiros, leite e derivados. Tais iguarias compunham as mesas dos eventos organizados principalmente pelas religiosas, para arrecadarem fundos para suas ordens religiosas.
Correta: Em uma época em que não havia muitas formas de conservar alimentos e bebidas que não fossem a seca ao sol, a salga, a conserva em vinagre, ou mel, doces tais como quindins, fios de ovos, toucinhos do céu, ventre de freira, pastéis de Santa Clara, dentre outros, compunham a mesa dos eventos religiosos para arrecadarem fundos.
Os banquetes oferecidos pelos plebeus, como maneira de se distinguirem dos patrícios, eram regados a muito vinho, muita comida e quase sempre terminavam em glutonaria, bebedeira, orgias, abusos e violência contra os escravos.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois, na Antiguidade Clássica, os “chiques e famosos” eram os patrícios e não os plebeus.
Os banquetes fúnebres na Antiguidade Clássica eram realizados com os restos de animais sacrificados a algum dos deuses do imenso panteão Greco-Romano e consistem numa forma de culto a tais divindades.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois os banquetes fúnebres eram costume da época e nele eram servidas iguarias apreciadas pelo falecido como forma de homenageá-lo, ao mesmo tempo em que se acolhiam parentes e amigos do morto que viajavam longas distâncias para prestarem as últimas homenagens.
No período entre as duas Grandes Guerras Mundiais e a Grande Depressão dos anos 1930, os eventos gastronômicos continuaram a ser realizados nas grandes redes hoteleiras com seus hotéis elegantes e suntuosos, porque estas eram as maneiras de fortalecer alianças políticas e comerciais entre empresários do ramo.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois, nesse período, vários negócios do ramo faliram, os eventos gastronômicos suntuosos estagnaram e a retomada do mercado de eventos envolvendo hotéis e restaurantes só foi retomada mediante a reestruturação política, econômica e social nas esferas pública e privada de países inteiros.
De acordo com Teichmann (2009), eventos gastronômicos corporativos ou de particulares costumam ser terceirizados para manter a qualidade do cardápio e do serviço, por vezes pré-estabelecido pelo buffet contratado, que, geralmente, oferece alternativas de menu aos clientes considerando a quantidade de pessoas, a ocasião celebrada, o horário e o tipo de serviço mais adequado. É comum que estes buffets ofereçam degustações dos pratos que compõem cada proposta, especialmente quando os contratantes são casais de noivos planejando a recepção depois da cerimônia de casamento, ainda que os contratantes sejam clientes habituais da casa. A intenção desse tipo de critério é padronizar o que será servido quanto à higiene e a segurança alimentar, mas também no que se referir às características sensoriais de cada prato, ou quitute, ao mesmo tempo em que se oferece um serviço personalizado.
Como este é um setor altamente competitivo, é importante que as propostas mantenham rigoroso controle de custos, a partir das fichas técnicas dos pratos, petiscos ou quitutes que compõem cada menu oferecido, em que deverão ser especificadas as quantidades de comes e bebes e o tipo de serviço requerido pela ocasião ou pela vontade dos anfitriões. Teichmann (2009, p. 103) aconselha que, nestes casos, “é ideal que se determine o número mínimo de comensais que poderão ser atendidos em se tratando de jantar, almoço, coquetel, breakfast, brunch etc”.
Embora o clima da confraternização, o perfil dos comensais (se homem, mulher, jovem, maduro, idoso, estilo de vida da maioria do grupo), o horário e o tipo de evento possam influenciar diretamente na quantidade média que cada pessoa come, Teichmann (2009, p. 103-108) recomenda per capita o seguinte:
É importante notar que o cardápio de coquetéis inclui como itens obrigatórios petiscos, salgadinhos (fritos e assados) quentes, salgadinhos frios (como canapés e patês de garde manger, por exemplo) e drinques não alcoólicos, se a ocasião for a de um open bar ou abertura de conferências, exposições etc. Coquetéis alcoólicos só são cabíveis em situações de happy hour, mas devem ser servidos e degustados sempre com moderação.
De acordo com Teichmann (p. 104 e 107) tais recomendações objetivam evitar desperdícios, não dar prejuízos à empresa contratada e ainda estabelece uma ordem para os serviços, no caso dos coquetéis:
É relevante que o gerente de alimentos e bebidas e/ou o chef executivo do buffet contratado tenha a expertise de renovar o cardápio com frequência (pelo menos conforme a sazonalidade), para que os clientes sejam motivados quanto à escolha de menus criativos ao mesmo tempo em que mantenha um padrão de excelência em seus serviços.
Antes da definição de um cardápio, é preciso que o gestor de alimentos e bebidas e/ou chef executivo de cozinha do buffet contratado ou o profissional de promoções (promoter) saiba o que será celebrado, quando será celebrado, em qual horário do dia, para decidir se o ideal é um cardápio típico de coquetel, brunch, coffee break, café da manhã, almoço ou jantar mais formal. De maneira geral, coquetéis sempre combinam com ambientes corporativos e sociais em momentos de confraternização. O serviço pode ser executado por garçons com bandejas de canapés, salgadinhos fritos (quentes) ou assados, mas outra alternativa é o apelo para os finger foods (do inglês, “comer com os dedos”), tais como mini sanduíches, tortas salgadas em monoporções, docinhos etc.
Em situações tais como coffee break, brunch, almoço ou jantar, é fundamental que sejam considerados o horário do evento e o perfil do público-alvo. Quando se tratar de café da manhã, o mais indicado é servir café, leite, chás, sucos, além de pães, bolos, frutas e frios à americana, ou seja, tudo deve estar devidamente organizado em mesas ou aparadores, para que os próprios convidados se sirvam. No caso de brunch (pequeno almoço), é importante que se acrescente alimentos mais substanciais, como tortas salgadas, sanduíches e saladas com serviço à francesa ou à americana. Em se tratando de coffee break (café da pausa), que normalmente acontece no intervalo de congressos, palestras e cursos, o cardápio deve ser mais leve, como café, chá, suco, canapés, biscoitinhos doces e salgados do tipo petit fours. Em situações de networking lunch (almoço de negócios), é importante que o cardápio seja leve, nutritivo, prático, colorido e criativo; então, ele pode ser composto por saladas, um grelhado, um acompanhamento não gorduroso e bebida não alcoólica, com serviço de empratado à francesa (auxílio de garçons). Se o evento for um jantar, que normalmente demora mais e é mais formal, o ideal será servir pratos mais elaborados e sofisticados, como uma entrada fria (salada de folhosas ou legumes, com frutos do mar); entrada quente (sopas-creme quentes ou consommés); primeiro prato (proteína magra, ou carne branca e uma guarnição, que pode ser massa, grãos, tubérculos ou legumes branqueados com molho); segundo prato (carne vermelha com guarnição semelhante); uma sobremesa (verrines ou bolinhos do tipo petit gateau com sorvete e/ou calda de frutas), água, refrigerante, suco, cerveja, chope, drinques diversos, aperitivos, vinho ou espumante, servidos à francesa no formato empratado, porque evita os desperdícios em buffet.
Essa também é a opinião dada pelo site Fildi Hotel e Eventos (2017, on-line) no que diz respeito ao conhecimento prévio do tipo de evento, horário em que será realizado e perfil dos convidados. Geralmente, mulheres comem mais docinhos do que os homens, que preferem salgados. Os mais jovens costumam preferir iguarias mais leves, e assim por diante. Segundo o ponto de vista do artigo publicado no site, peixe, pescado e frutos do mar são caros, facilmente perecíveis no clima quente brasileiro e podem comprometer o custo-benefício do evento para quem contrata o serviço, além de achatar a margem de lucro do contratado. Neste caso, aconselha-se a praticidade dos assados, grelhados, saladas e lanches naturais, que permitem um mise en place adequado à agilidade do serviço. Para que se evitem desperdícios, o cálculo de consumo per capita (ou por pessoa) deve ser realizado com uma margem de 15 a 20%, a fim de evitar imprevistos ou improvisações.
Quando o assunto em pauta nos eventos gastronômicos é a previsão quantitativa de gêneros, Paulino e Martinez (2008) recomendam a utilização de tabelas de consumo per capita ou por porções, que são calculadas com base na média habitual de consumo de alimentos e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos semelhantes. Em ambas as situações, o cálculo deve levar em consideração o fator de correção, além do índice de cocção já discutidos neste livro, em sua segunda unidade. Embora existam tabelas com estes dados já calculados na literatura, o que pode facilitar bastante a vida dos organizadores de eventos gastronômicos, na internet há uma infinidade de aplicativos desenvolvidos para se calcular a quantidade de comida e de bebida em eventos, considerando-se o perfil dos participantes quanto ao gênero, à idade, ao tempo de duração do evento etc. São exemplos destes aplicativos o Churrascômetro, o SOS cocktail, o Meu Evento, o Fábrica de Casamento, o Max, o Amigo, o Fechando a Conta, o Matemática da Festa, dentre outros. Tais aplicativos são diversos e podem contribuir muito para a organização de uma festa. No entanto a maneira mais precisa e confiável é fazendo o cálculo de consumo de acordo com o perfil do comensal e tipo de festa, conforme já explicado neste livro. Observem que, embora tais aplicativos tenham por objetivo fazer com que as pessoas ganhem tempo, não há qualquer garantia de que eles são confiáveis quanto à exatidão das quantidades de comida e de bebida por pessoa, considerando-se o gênero (masculino ou feminino), o cardápio e o tipo de serviço escolhido pelo anfitrião. É mais confiável recorrer às tradicionais fichas técnicas embasadas nas tabelas de consumo per capita conforme, já discutido anteriormente.
Quando os eventos gastronômicos extrapolam as dimensões típicas das celebrações domésticas, familiares e corporativas, Koerich e Oliveira (2016) chamam a atenção para a importância da integração dos grandes eventos (feiras, semanas, circuitos, festivais, concursos etc.) com a cadeia produtiva de alimentos e bebidas. Para eles, direta ou indiretamente, o agronegócio, a indústria e o comércio neste ramo devem ser desafiados a trabalharem de maneira conjunta e com planejamento estratégico junto ao mercado de eventos, primeiro porque a produção mundial de alimentos depende dos avanços tecnológicos que permitam à agroindústria produzir mais, sem que, com isto, perca a qualidade do que é produzido, colocando em risco o meio ambiente e a saúde das pessoas em nível mundial.
Koerich e Oliveira (2016) afirmam que os agropecuaristas costumam organizar festivais em que compartilham o bom resultado das colheitas; a indústria se engaja nas feiras e exposições para divulgarem seus produtos e as inovações tecnológicas que permitem a esse mercado produzir mais, com melhor qualidade e com o menor impacto ambiental possível; por fim, bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais de refeições em geral são mais bem valorizados ao integrarem essa cadeia produtiva, especialmente se priorizam os produtores locais somados às inovações tecnológicas. Assim sendo, ambos os autores consideram que tal integração permite desenvolver parcerias estratégicas para a concretização de negócios na medida em que agrega os produtores aos chefs executivos e/ou gestores de alimentos e bebidas de restaurantes, buffets, dentre outros varejistas no ramo.
Koerich e Oliveira (2016) consideram que essa troca de experiência em um único espaço de interação permitirá testar e desenvolver novos produtos e serviços gastronômicos, tornando-os criativos, inovadores e aumentando as expectativas, tanto dos clientes habituais (que podem atrair clientes potenciais através da propaganda boca a boca) quanto de retornos financeiros no ramo, por parte dos empreendedores. Assim sendo, vale a pena ter como parceiros as cooperativas, os pequenos produtores, contar com a assessoria de instituições como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio ao Empreendedor das micro e das pequenas empresas) que fornecem dados, análises conjuntas da realidade de mercado e atuam como facilitadores de rodadas e encontros de negócios paralelos a eventos gastronômicos de maior porte, como é o caso da FISPAL Food Service (Feira Internacional de São Paulo de Serviços de Alimentação). Em alguns casos, podem promover a integração entre pratos e bebidas, cuja produção é significativa para determinada região, como os vinhos na serra gaúcha e as cervejas artesanais cariocas e catarinenses.
Ainda de acordo com as contribuições de Koerich e Oliveira (2016), uma vez estabelecidas as parcerias entre os elos da cadeia produtiva de alimentos e bebidas (agropecuária, indústria de alimentos e bebidas e o comércio varejista no ramo, representado por bares, restaurantes e estabelecimentos semelhantes), o tema de um evento gastronômico de porte maior pode ser definido conjuntamente entre os empreendedores e os parceiros, baseando-se em dados reais, porém sem perder a criatividade quando da definição conceitual do evento. Para que isto seja possível, no projeto do evento os objetivos esboçados para o evento devem estar coerentes com os resultados pretendidos. Assim sendo, os objetivos se referem aos propósitos do projeto a ser realizado e deve estar alinhado com as estratégias definidas para alcançar os resultados, tais como alavancar as vendas, publicar coletânea de artigos, permitir a realização de negócios no ramo, entre produtores e varejistas etc.
Dessa maneira, a definição do cardápio de eventos gastronômicos de porte maior (que podem e precisam abranger parcerias público-privadas, inclusive) deve estar atrelada ao tema definido. Koerich e Oliveira (2016) exemplificam este conceito da seguinte maneira:
Koerich e Oliveira (2016) aconselham que o nome do evento deva chamar a atenção e ser de fácil pronúncia, mesmo que o evento gastronômico “pegue carona” em algum outro evento de porte maior. É importante que o tema seja cuidadosamente elaborado para não distorcer a comunicação do evento desenvolvida a partir do plano de marketing e de mídia definidos no projeto. Quanto à infraestrutura mínima para a realização de eventos indoor ou outdoor, conforme definido por ambos os autores, tudo deve ser meticulosamente planejado e checado para que a logística e o investimento não sejam comprometidos: o material promocional, o uniforme do pessoal de cozinha e de serviço, a ambientação (o som e a decoração), o registro do evento em imagens, espaço coberto (como cozinhas e banheiros) com instalação de água, energia elétrica, internet (para facilitar o pagamento em cartões), pessoas treinadas nas áreas técnicas e operacionais, segurança (apoio da Polícia Militar, da Guarda Municipal e a contratação de Segurança Privada), equipe de limpeza, lixeiras (seletivas ou convencionais), alvará para o funcionamento etc.
Quanto às fichas técnicas para eventos, no terceiro tópico da segunda unidade deste livro, foram apresentados exaustivamente os dados que devem constar neste documento, bem como a importância de agrupá-los quando o cardápio é extenso (em buffets), ou os pratos são compostos (em serviços de empratados e/ou à La carte). Essa mesma integração de fichas técnicas de pratos em eventos deve ser observada, considerando-se que, conforme já discutido anteriormente, esse documento consiste em uma importantíssima ferramenta operacional para padronizar as produções gastronômicas e os serviços, mas também fornecem dados essenciais à apuração de custos diretos e indiretos para planejar o orçamento do empreendedor e calcular margens de lucro satisfatórias. Isso quer dizer que a ficha técnica de cada prato servido (empratado composto, ou em buffet, se os itens forem muitos) em cada dia do evento deve ser agrupada em única planilha para facilitar a vida de quem produz e quem gerencia. Se isso não for feito com competência, o empreendedor pode terminar, literalmente, “pagando para trabalhar”.
O artigo abaixo discorre sobre aplicativos que ajudam organizadores de eventos a calcularem as quantidades ideais de alimentos e bebidas usualmente consumidas pelas pessoas em um churrasco, por exemplo, levando-se em consideração a quantidade de homens, mulheres, o tempo de duração do evento, além do que acompanharão as carnes, as bebidas etc. O artigo menciona o churrascômetro, o guia do churrasco e o churrasculator, adaptáveis a smartphone e a androides. Todavia, há outros links a seguir para aplicativos que ajudam neste cálculo para outros tipos de eventos gastronômicos. Consulte em:
https://extra.globo.com/noticias/celular-e-tecnologia/aplicativos-calculam-comida-bebida-para-sua-festa-6909248.html. Acesso em: 18 mar. 2020
http://calculadoradefesta.com.br/. Acesso em: 18 mar. 2020
https://33giga.com.br/conheca-5-aplicativos-que-vao-te-ajudar-a-organizar-eventos/. Acesso em: 18 mar. 2020
Para abrir o apetite, basta ter um pouco de visualização. Em primeiro lugar, é preciso pensar na refeição como se pensa numa viagem. É quase como ler nas cartas. Começando pelas suas. Às vezes, penso em uma refeição com muita antecedência, um mês, uma semana, alguns dias. Sobretudo quando o evento tem certa importância. O corpo adora saber o que vai acontecer; não se trata de renunciar ao inesperado, mas o estômago é um músculo lento, que precisa ser bem tratado. Ao lhe mandarmos sinais de antemão, garantimos que iremos comer melhor, digerir melhor: Uma refeição, até das mais simples, exige certos cuidados. Ao pensar nisso, já assimilamos pela metade. Sendo assim, o melhor dos aperitivos se bebe na cabeça, nos sonhos.
O setor de eventos gastronômicos é extremamente competitivo, o que exige um controle de custos a partir das fichas técnicas dos pratos, quitutes e petiscos que compõem cada cardápio, quer seja em eventos menores (corporativos, ou familiares), quer seja em megaeventos gastronômicos que demandam maior esforço para integrar os elos da cadeia produtiva ao comércio varejista de alimentos e bebidas. Acerca deste assunto, assinale a alternativa correta.
A terceirização de eventos gastronômicos privados (corporativos ou familiares) é um mal necessário, porque, atualmente, as pessoas não têm mais tempo de ficarem cozinhando horas para seus convidados e a contratação de Buffets, Caterings ou qualquer outro serviço de encomendas sai mais barato.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois o objetivo da contratação dos serviços varejistas de alimentos e bebidas é manter a qualidade do cardápio, do serviço com ótimo custo-benefício para ambas as partes; então, não é um mal necessário, porque estas empresas estão acostumadas a planejar e a executar esses eventos com excelência.
Menus degustação de pratos que compõem proposta de cardápio para eventos privados (como casamentos ou bodas, por exemplo) custam caro demais para a empresa, de maneira que o ideal é que os anfitriões sejam clientes habituais da casa e contratem seus serviços com base na confiança interpessoal.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois a oferta de menu degustação dos pratos de buffet para clientes potenciais pode ser paga pelos próprios anfitriões, ou compor uma estratégia de marketing em feiras de noivas e bodas, por exemplo, porque o mercado é altamente competitivo e a empresa tem de convencer o cliente de que seus produtos e serviços têm diferencial que valem a contratação.
É extremamente importante atentar-se para o perfil dos comensais de um evento antes de se propor um cardápio, porque os hábitos de consumo de alimentos e bebidas são diferentes entre homens e mulheres, entre crianças e jovens, entre idosos e agrupamentos familiares.
Correta: De fato, geralmente mulheres e crianças preferem doces a salgados (que são preferidos pelos homens), as mulheres costumam beber menos bebidas alcoólicas do que os homens, e assim por diante. Todavia, os gostos e as preferências alimentares se diferem dentro de culturas diversas.
O chef executivo e/ou gerente de alimentos e bebidas não precisam se dar ao trabalho de renovarem o cardápio com frequência, porque os clientes habituais já têm gostos e preferências consolidadas e os clientes potenciais seguem as recomendações destes primeiros; portanto, é preferível a manutenção das tradições.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois é importante que os gestores do comércio varejista de alimentos e bebidas tenham a expertise em renovar o cardápio com frequência (ao menos sazonalmente) e motivem os clientes a escolherem menus criativos, ao mesmo tempo em que mantém seus padrões de excelência em serviços.
Compreender o que será celebrado, o dia e o horário do evento não faz diferença na determinação do cardápio, porque independentemente de ser oferecido um coffee break, um brunch, almoço de negócios ou jantar de gala, as pessoas costumam participar desse tipo de evento para se fartarem, não se importando com regras de etiqueta, sequer convenções sociais.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois cada ocasião e horário requerem cardápio e serviços específicos, porque os anfitriões não querem passar vergonha precisando improvisar de última hora, sequer os comensais querem se sentir constrangidos com um cardápio pesado (feijoada, torresmo, caipirinha, couve refogada, arroz, farofa, por exemplo) em um almoço de negócios em pleno verão. Também o custo de um coquetel de inauguração é mais justo para um evento como este, sendo dispensáveis os excessos de um buffet cheio de pratos com molhos gordurosos.
Editora: SENAC São Paulo
Autor: Andrea Quagliarella, Franco Luise, Giuseppe Vaccarini, Luciano Parolari, Raffale de Giuseppe e Vitor Matarrese
ISBN: 9788539608935
A obra aborda os setores de banqueting e de catering sob a perspectiva das empresas multinacionais do ramo, que são capazes de se organizarem e de implantarem projetos nesta área com criatividade, profissionalismo e competência, Nesse sentido, o abra analisa recursos estruturais em cozinha profissional, recursos humanos, tipos de serviços adequados a cada tipo de evento gastronômico instruindo sobre a organização dos mesmos das diferentes etapas de planejamento à funcionalidade operacional de coffee breaks, casamentos, jantares de gala, dentre outros, com abundantes ilustrações.
Gênero: Comédia dramática
Ano: 2014
Elenco principal: Helen Mirren, Om Puri, Manish Dayal, Charlotte Le Bon, Amit Shan, Michel Blanc, Hohan Chand e Judi Chawla
No filme dirigido por Lasse Hallströn, cuja história de passa no sul da França, madame Mallory é uma autoritária e respeitada dona de um restaurante estrelado pelo guia Michelin, mas fica preocupada com o restaurante indiano aberto, vizinho ao seu. No início, ela trava uma guerra com o concorrente, mas ao conhecer o filho do adversário e nele reconhecer um grande talento, os dois se tornam amigos e ela passa a orientá-lo com os conhecimentos da cozinha francesa, sem abandonar a tradição indiana, encorajando-o a ir mais longe.