Nesta unidade, abordaremos os fatores que determinam os gostos, as preferências dos consumidores nas diferentes etapas históricas da humanidade, dando ênfase ao que se torna usual, corriqueiro, cotidiano na comida e no comer (habitus) e o que é considerado impróprio para o consumo nas diferentes culturas. Em seguida, discorreremos sobre os aspectos nutricionais e dietéticos da alimentação diária para uma boa saúde, ressaltando as necessidades calóricas, além dos aportes de micro e de macronutrientes à média das pessoas, considerando-se o gênero, a idade etc. As abordagens a seguir dizem respeito aos aspectos históricos, culturais e gastronômicos que determinam cardápios e menus, tais como fator de correção, índice de cocção, consumo per capita de alimentos e bebidas, tipos de serviços adequados à proposta gastronômica do estabelecimento. Por fim, chamamos sua atenção para os aspectos gráficos e de linguagem do cardápio como o mais importante instrumento de vendas em salões de refeições.
A alimentação diária das pessoas varia muito em função de aspectos socioculturais, tais como usos e costumes consolidados ao longo de gerações, no preparo ao consumo de alimentos e bebidas em ocasiões distintas e nas diferentes etapas do ciclo de vida das pessoas. Além disso, o que as pessoas comem, quando comem, onde comem, em companhia de quem elas realizam suas refeições, os critérios de escolha das bebidas para acompanhar cada ocasião e prato também fazem parte dos critérios socioculturais determinantes da alimentação humana. É importante observar que a comida e o comer ainda dependem do que é fácil de cultivar em determinada microrregião geográfica com particularidades climáticas e de solo, e do que é próprio de cada uma das estações do ano (primavera, verão, outono e inverno).
A comida e o comer são elementos muito importantes no cotidiano das pessoas que, desde os tempos primitivos, vivem em grupos, portanto, em sociedade. Tanto o preparo quanto o consumo de alimentos e bebidas devem ser considerados atos culturais repletos de simbologias, assim, de significados ricos e complexos, no cotidiano social, que sofrem mudanças ao longo da história.
Conforme se distancia de formações sociais mais simples (tais como a família e a tribo), grupos humanos, outrora nômades e extrativistas (ou seja, que viviam da caça, da pesca e da coleta de frutos e grãos silvestres), sedentarizaram-se, ou seja, fixaram-se em determinados lugares, dominaram a natureza (mediante a domesticação de animais e de plantas) e desenvolveram sociedades mais complexas, a exemplo do clã (união de tribos com afinidades étnico-raciais, além de linguísticas) e das nações (união de clãs, em território geográfico delimitado, gerenciados por um ou mais líderes, representando os interesses das diferentes classes sociais). Cada grupo social, do mais simples ao mais complexo, constrói rituais cotidianos relacionados à comida e ao comer, portanto, criam um complexo de códigos sociais que podem ser identificados nos usos, nos costumes, nos padrões de comportamento esperados, desde o preparo até o consumo das refeições ao longo do cotidiano.
De fato, ao considerar os humanos como seres sociais por natureza, que constroem regras de convivência em grupo, Montanari (2008) afirma que tanto a comida quanto o comer junto, ou o “dar de comer”, devem ser considerados como cultura. No sentido estrito do termo (do latim colere, que remete ao cultivo agrícola), esse autor considera que, uma vez tendo dominado a natureza (por meio da domesticação de animais e plantas), os primeiros hominídeos se tornaram sedentários e passaram a cultivar a terra, em vez de só extraírem dela seus produtos “comestíveis”. Além disso, começaram a criar rebanhos de pequenos animais, tais como a galinha, o porco, o cordeiro e o cabrito, o que os levou a dependerem, cada vez menos, da caça e da pesca para conseguirem proteína animal, essencial à sobrevivência e ao desenvolvimento humano.
Para Montanari (2008), ao dominar a natureza, sedentarizar-se e transformar o que consegue colher (ou abater, do rebanho doméstico) em alimento com o auxílio do fogo, da mistura alquímica de grãos triturados à água, posteriormente ao sal, às gorduras animais e às ervas aromáticas, os humanos reinventaram, aos poucos, os significados da alimentação, transformando-a em um ato sociocultural por excelência.
Na medida em que a sociedade foi se tornando complexa e mais próxima da urbanidade, os rituais que envolvem o preparo e o consumo de alimentos e bebidas sofreram transformações importantes, que abrangem valores, crenças, tabus, mitos, prescrições e restrições dietéticas. Disso pode-se deduzir que os seres humanos se alimentam de acordo com os seus habitus (maneiras subjetivas por meio das quais as pessoas se percebem no mundo, interpretam o mundo à sua volta e se enxergam na relação com o outro, e isso é aprendido conforme os mais novos imitam os mais velhos, por exemplo), que, por sua vez, influenciam diretamente seus ethos (padrões de comportamento esperados em determinados grupos sociais, que sintetizam usos e costumes de um povo, e isso lhes confere identidade).
Tanto o habitus quanto o ethos são determinantes no que se refere ao que é “comestível”, ou não, do ponto de vista das restrições (por tabus, mitos ou lendas, por exemplo) ou recomendações alimentares (prescrições dietéticas, ou o que é bom, ou fundamental ao desenvolvimento saudável do corpo e da mente). Os gostos, ou as preferências alimentares, também são construídos no convívio social, ao longo de diferentes gerações, por isso, envolvem memória afetiva relacionada à comida e seus rituais de preparo e de consumo. Dentre os latinos europeus e das Américas, em especial (que normalmente são mais passionais ou carregam consigo as emoções nas decisões práticas do cotidiano), almoços dominicais em família com as iguarias especiais preparadas pelas avós ou pelas mães constroem memórias sensoriais gustativas que são repassadas de pais para filhos, de avós para netos etc. Isso explica certa nostalgia quanto àquela macarronada da nonna (com um toque especial que só ela sabia dar e ninguém consegue reproduzir) ou o bolo de fubá com erva-doce e coco preparados pela mãe, para o lanche na escola, por exemplo.
Em determinadas sociedades, a exemplo da francesa, é “normal” e até saboroso degustar escargots (espécie de lesma que vive dentro de um caramujo), coelhos (isso mesmo! Aqueles bichinhos bonitinhos que remetem à páscoa nas sociedades capitalistas ocidentais) ou rãs, mas, para outras, como a brasileira, tais iguarias são consideradas “nojentas”, no mínimo, estranhas, vistas como não confiáveis, portanto, não comestíveis.
Rãs fritas, como é feito o frango a passarinho, além de escargots, são usualmente apreciados na requintada dieta mediterrânea francesa, desde a suntuosa corte de Catarina de Médici, esposa de Henrique II, herdeiro do trono francês durante o Iluminismo, porém, para os hábitos alimentares brasileiros, são vistos com repulsa por questões culturais.
São também o habitus e o ethos que influenciam no significado dos tabus alimentares, muitas vezes, embasados em mitos e folclore. Sob essa perspectiva, a comida e o comer também são revestidos de cultura, porém no sentido simbólico do termo (kultur é um termo alemão que se refere ao substantivo, classe de palavras que determina a realidade, já que são os substantivos que dão nome às pessoas, aos objetos, às sensações, aos sentimentos, assim por diante). Segundo Montanari (2008) essa compreensão foi extraída dos escritos do antropólogo britânico Edward Burnett Tylor (1832-1917), segundo o qual cultura é um complexo de fatores que abrange o conhecimento, as crenças, as artes, a moral, as leis, os usos, os costumes, enfim, os hábitos bem como as capacidades que as pessoas adquirem no convívio social. A antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978) endossa a ideia de Tylor ao afirmar que é mais fácil mudar a crença religiosa, ou a ideologia política de um povo, do que seus hábitos alimentares.
De fato, ao longo da história da alimentação brasileira, algumas ideias descritas em frases de senso comum evidenciam o descrito anteriormente: “fruta de manhã é prata, de tarde é ouro e, à noite, mata”; “misturar alimentos, tais como manga e leite, pode causar congestão”; “cerveja preta ajuda as recém-mamães a terem mais leite para o bebê”; “gemada com ovos de codorna e amendoim é afrodisíaca”; “quem almoça com a toalha do avesso, não enche a barriga”; “negar esmola à hora do almoço, ou do jantar, atrasa a pessoa”; “quem come com a mão e lambe os dedos, fica sovina”; “tomar café quente e beber água fria em seguida estraga os dentes”; “canja é comida de mulher parida” etc.
Outro importante aspecto cultural da alimentação humana são as inter-relações entre alimentação e crenças, ou alimentação votiva. São abundantes as obras que descrevem e analisam a importância da alimentação como manifestação de fé e/ou vínculo espiritual entre os orixás e seus iniciados (iaôs, ou filhos de santo), entre os devotos de determinado santo católico, ou entidade representativa dessa mesma fé (Divino Espírito Santo, por exemplo), e também alimentos servidos na festa votiva com o objetivo de alcançar graças, como a cura. Judeus e muçulmanos têm em comum a carne suína como proscrita em seus escritos sagrados, além de uma série de pratos típicos a serem degustados em ocasiões votivas especiais, como a páscoa (Pessach) judaica, ou o Ramadã.
No entanto, de forma geral, percebe-se que durante o processo histórico da humanidade os hábitos alimentares sofreram mudanças. Em sua obra “Processo civilizador: uma história dos costumes” (1939), o sociólogo alemão Norbert Elias (1994) lembra que, entre a Idade Média e o Renascimento, os hábitos de higiene eram precários, primeiro porque não se tinha noção do que eram micro-organismos transmissores de doenças, segundo porque não era considerado como mal-educado arrotar ou, até mesmo, escarrar (havia até escarradeira de porcelana nas casas dos mais abastados, para os visitantes fazerem uso entre o café e a prosa) à mesa, ou na sala de estar, as pessoas comiam com as mãos em vasilhas comuns e até as limpavam no pelo de cães e gatos que ficavam à volta nos momentos das refeições. Não havia tratamentos de esgotos nem mesmo fossa ou água potável em abundância, já que rios, afluentes, córregos e lagos recebiam os dejetos humanos. Isso explica o vinho ou o vinagre como forma de higienizar as mãos e assepsiar ferimentos, além de serem misturados à água para garantir a não transmissão de doenças.
Ainda de acordo com a obra de Elias (1994), foi apenas a partir do século XVII (portanto, durante o Iluminismo e a consequente formação das monarquias nacionais absolutistas, com seus reis e rainhas prepotentes, tiranos, porém esclarecidos) que surgiram as primeiras regras de etiqueta à mesa. Com talheres, pratos, travessas, baixelas, panelas, caçarolas, sob a influência cultural e histórica da Antiguidade Clássica, durante os impérios Greco-Romanos, a tríade “pão, vinho e azeite” era considerada como “a marca registrada” dos civilizados, que se diferenciavam dos bárbaros, devoradores sem modos de alimentos in natura (tais como grãos, carnes e leite crus), mas também quando os banquetes dos nobres (patrícios) exigiam “comportamento mais civilizado”.
A transformação da cozinha e dos banquetes palacianos em eventos cheios de regras de etiquetas nas cortes europeias (particularmente Itália e França) dos séculos XVII e XVIII, quando tais eventos também abrangiam espetáculos circenses, de teatro e de dança, deveu-se à redescoberta das obras importantes de pensadores gregos, tais como Platão, Sócrates, Aristóteles; obras literárias relevantes, a exemplo de Homero, Ovídio; além de livros escritos por filósofos do período medieval vinculados à Igreja, como Santo Agostinho ou Santo Ignácio de Loyola. Ainda, influenciaram em muito a comida e o comer das classes mais abastadas (nobres, mesmo decadentes, mas principalmente burgueses emergentes), os diários de viagem, as cartas de viajantes, os antigos livros de receitas com segredos culinários de conventos, monastérios e abadias, indicando as possibilidades de uso das já conhecidas especiarias vindas do Oriente (dentre elas, o açúcar, “invenção árabe”, em princípio empregada como calmante), além de tratados considerando a alimentação como “remédio” capaz de prevenir e até de curar doenças, a exemplo dos princípios de Hipócrates e de Galeno (conhecidos como os pais da medicina na Grécia Antiga), que seguem sendo importantes até os dias atuais.
Flandrin e Montanari (1999) lembram que os embriões históricos dos restaurantes surgiram entre o auge e a decadência da Idade Média (séculos XII e XIV), quando a venda de carnes, pães, frutas, verduras e legumes só era possível em comércios burgueses específicos e regulamentados com rigor, tanto pelas corporações de ofício (espécie de “sindicatos patronais” da época) quanto pelas guildas, que consistiam no agrupamento das corporações de diferentes territórios. Segundo esses mesmos autores, as tabernas (as antecâmaras dos bordéis) serviam vinho, hidromel (fermentado de mel em água), cerveja, linguiças, salsichas, presuntos ao público predominantemente (mas não exclusivamente) masculino. Apenas nas estalagens era permitido servir sopas, cozidos de legumes e cereais, com ou sem carnes, aos viajantes cansados, além de alfafa, água e estrebaria para os animais.
As casas de caldos, geralmente servidos para enfermos ou convalescentes, com o objetivo de lhes restaurar as energias, podem ser consideradas, de fato, como a origem dos restaurantes modernos (século XVI em diante).
Feita a breve contextualização histórica sobre os hábitos alimentares, a comida e o comer cotidianos de cada povo foram sofrendo transformações de acordo com os estilos de vida impostos a cada classe social nas diferentes etapas dos processos civilizadores. Quando não se tinha tanta tecnologia e o trabalho árido no campo era a única possibilidade de sobrevivência, os padrões alimentares eram o da “comida tem de ter sustança” (ou o alimento tem de ser capaz de sustentar, fornecer energia às pessoas que trabalhavam no serviço pesado).
De acordo com Silva (2015) e Frieiro (1982), no caso do Brasil predominantemente rural (entre os anos 1920-1980), era comum que o desjejum dos trabalhadores rurais, de madrugada, abrangesse pães caseiros (doces e salgados), doces de abóbora ou banha com especiarias (schmier, para os imigrantes alemães) para passar no pão, manteiga de leite bovino, leite gordo, polenta grelhada na chapa do fogão à lenha, tutu de feijão, torresmo, linguiças e ovos fritos, mingau de fubá ou de maisena, café adoçado com rapadura. A dieta do almoço, que era cedo (por volta das 10 da manhã), tão pesada quanto, consistia de feijão com toucinho e carne seca, arroz (mais raramente), farinha de mandioca, galinha ensopada, porco no tacho, rabada, dobradinha, tudo preparado com muita banha suína.
Freixa e Chaves (2008) confirmam que, quando as pessoas passaram a trabalhar nas fábricas, no comércio, nos bancos e, até mesmo, na construção civil, migraram do campo para as cidades (ainda que em suas periferias). A necessidade de ingestão calórica, em geral, passou a ser menor e, com as mudanças nos padrões de vida consolidadas pelas tecnologias dos eletrodomésticos (primeiramente, o fogão a gás, posteriormente, a geladeira, o freezer, o micro-ondas, o forno elétrico, a batedeira de bolo, o liquidificador, dentre outros), a alimentação também foi transformada. Nas cidades brasileiras, entre as décadas de 1950-1980, as pessoas passaram a comer mais salada e legumes cozidos, sopas, pães de padaria (“franceses”, ou pães doces) com margarina (gordura vegetal), carnes de açougue etc. Na proporção em que a indústria de alimentos processados, congelados, pasteurizados e em conserva surgiu, representando o progresso, as dietas urbanas e rurais foram sendo modificadas, apesar dos modismos e tendências típicos de cada época, que exigiam corpos mais magros, ou mais “robustos”, impondo novas restrições e prescrições dietéticas, principalmente para as mulheres.
Freixa e Chaves (2008) acrescentam que, a essa altura do progresso econômico, este trouxe consigo a chamada modernidade tardia, especialmente no caso do Brasil (entre os anos de 1930-1960), em que as mulheres começaram a trabalhar fora, a fim de auxiliarem suas famílias no orçamento doméstico. Assim sendo, tanto a tecnologia de uso corriqueiro nas cozinhas do lar quanto as técnicas culinárias fartamente divulgadas em revistas voltadas ao público feminino facilitaram o preparo das refeições domésticas, em especial, aos finais de semana, também com o auxílio de uma vasta gama de livros e cadernos de receitas. Com a inserção do carro no cotidiano das pessoas e a gradativa melhoria no poder aquisitivo das famílias, “comer fora” deixou de ser apenas uma necessidade para os solteiros moradores em pensionatos estudantis e de operários solteiros, que viviam longe de suas famílias, transformando-se em atividade de lazer, o que ajuda-nos a compreender toda a proliferação de restaurantes oferecendo cardápio e serviços diversos, em princípio o “à la carte”, depois a churrascaria rodízio (ou espeto corrido) e, poucos anos depois, o buffet a quilo (self-service) e os fast foods à americana.
Embora seja extremamente difícil romper com usos e costumes sedimentados ao longo dos anos, Teichmann (2009) pondera que, de acordo com os princípios nutricionais e dietéticos, a alimentação diária das pessoas deve conter todos os nutrientes em porções adequadas ao índice de massa corpórea de cada indivíduo e em quantidades que lhe tragam saciedade.
Com base no Portal Educação (CÁLCULOS…, on-line), os nutricionistas calculam o chamado Índice de Massa Corpórea (IMC) a partir do peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado, porém um cálculo mais personalizado também pode ser efetuado levando-se em consideração o gênero (masculino, ou feminino) e o quanto de calorias, em média, a pessoa que faz atividade física gasta por dia, por exemplo. Nesse sentido, alguém que é sedentário gasta menos energia, portanto, sua ingestão calórica deve ser menor para evitar sobrepeso ou obesidade e doenças a ela associadas, tais como hipertensão arterial e problemas cardiovasculares.
Segundo Galante, Galisa e Ribeiro (2008), um IMC acima de 25 já indica que a pessoa está com sobrepeso. Alguém com IMC entre 25 e 29,9 é considerado como pré-obeso; entre 30 e 34,9, obeso de classe 1 (sobrepeso); entre 35 e 39,9, obeso classe 2 (severo); IMC 40 indica obesidade classe III, muito severa ou mórbida. Embora tais índices auxiliem nas prescrições de terapias dietéticas para controle do peso, é importante lembrar que esse não leva em consideração a quantidade de massa magra de cada indivíduo (estrutura musculoesquelética), que é determinada com precisão razoável por um exame de bioimpedância (mensuração de água, gordura, ossos e músculos do corpo por meio da passagem de uma corrente elétrica leve, sem impacto nas pessoas). Só com base nesse olhar mais atento para cada indivíduo como único, do ponto de vista biopsíquico (que apresenta estruturas biológicas, mas também psicológicas e comportamentais bastante relevantes), é que se pode fazer recomendações diárias de calorias.
Ainda segundo o Portal Educação (CÁLCULOS…, on-line), a recomendação de calorias totais para cada pessoa, depois de 10 a 12 horas de jejum, para manter as funções vitais do organismo em repouso, geralmente é calculada pelos nutricionistas de acordo com a fórmula de Harris & Benedict:
Homens:
GEB = 655,1 + (13,7 x P)+ (5 x A) – (6,8 x I) = Kcal/dia
Mulheres:
GEB = 655,1 + (9,56 x P) + (1,85 x A) – (4,7 x I) = kcal/dia
Em que: GEB é o Gasto Energético Basal (que varia de acordo com o estilo de vida e o perfil endócrino-metabólico de cada um).
P: peso; A: Altura; I: idade.
O Portal Educação (CÁLCULOS…, on-line) acrescenta que as quantidades ideais de macronutrientes (carboidratos, proteínas, lipídios e fibras) e de micronutrientes (vitaminas e sais minerais) a serem ingeridos pelas pessoas devem ser bem distribuídas ao longo do dia, nas diferentes refeições, porque cada qual tem funções essenciais ao bom funcionamento do corpo como um todo, conforme demonstra a clássica pirâmide alimentar que ilustra as proporções ideais de ingestão de alimentos ao longo do dia das pessoas, indicada na figura a seguir.
A pirâmide alimentar demonstra a ingestão diária de alimentos divididos em grupos, além de água, para uma vida saudável. Nela a recomendação diária é que se coma, no máximo, 10% de junk food (lanches de fast-food, tais como sanduíches, batatas fritas e milk-shakes), doces e bebidas ricas em açúcares (como sucos industrializados, alcoólicas). O consumo (recomendado) de queijo, leite e ovos é de 15% da alimentação diária; esse mesmo percentual é aplicado para o consumo de carnes frescas, embutidos e peixes. Pães e cereais devem compor 20% da ingestão diária de alimentos; frutas e vegetais, 25%; água, 30%.
Bassoul, Kritz e Bruno (2007) sintetizam as funções dos micro e macronutrientes no organismo das pessoas da seguinte maneira:
(a) Carboidratos (também chamados pelos nutricionistas de glicídios) simples (são transformados em gordura de maneira mais fácil, tais como doces e frutas ricos em glicose, galactose e frutose), ou complexos (pães, bolos, arroz, milho, trigo, cevada, aveia, centeio e raízes, como a mandioca, além da cana de açúcar, mel, frutas secas, cuja digestão já começa na boca) – são essenciais ao fornecimento de energia para todas as pessoas, mas especialmente para as crianças, jovens, atletas e trabalhadores braçais. Sem a ingestão equilibrada de carboidratos, o corpo termina queimando energia das proteínas resultando em magreza e subnutrição.
(b) Fibras (folhosas, além de frutas, vários grãos integrais e legumes em geral, geralmente com bem menos calorias). A ingestão equilibrada desses alimentos com água ao longo do dia não só previne como trata inúmeras doenças do sistema digestivo, como câncer. As fibras também ajudam a melhorar o funcionamento intestinal. Auxiliam no metabolismo dos açúcares, prevenindo e controlando o diabetes, reduzem o colesterol e melhoram a regeneração de tecidos, especialmente após cirurgias.
Saladas de folhas combinadas a ovos e frutos, como o tomate, são ricas em fibras, proteínas, vitaminas, sais minerais e ácidos graxos de boa qualidade, se temperadas com azeite.
(c) Proteínas (também chamadas de protídeos e encontradas, em sua maioria, em produtos de origem animal, tais como ovos, leites e derivados, carnes vermelhas e brancas, peixes e pescado, leguminosas como a soja, o feijão, o grão de bico, a ervilha e a lentilha). A digestão desses macronutrientes começa no estômago em presença de ácido clorídrico, porém ela continua no intestino delgado, com a ajuda do suco pancreático. A absorção de proteínas pelo organismo ajuda a formar ou regenerar tecidos, a produzir enzimas, a formar anticorpos e hormônios, a distribuir e manter os líquidos no corpo e a transportar, através do sangue, substâncias como gorduras, hormônios e vitaminas. A deficiência proteica afeta o sistema imunológico e torna as pessoas adultas mais cansadas, mais vulneráveis a infecções e aumentam o tempo de recuperação, até mesmo de uma simples gripe. Nas crianças, essa deficiência pode retardar o crescimento e atrofiar membros, além de provocar lesões no cérebro que resultam em mau desenvolvimento mental.
(d) Lipídios (também conhecidos como gorduras, são encontrados nos óleos vegetais de soja, milho, algodão, açafrão, arroz, girassol e canola, no leite integral e seus derivados, na gema do ovo, nas castanhas em geral, além de algumas frutas, especificamente no abacate, no coco, no cacau e no açaí) participam da formação de várias substâncias e tecidos do corpo e transportam vitaminas A, D, E e K, permitindo que elas sejam absorvíveis pelo organismo. Tanto a bile quanto a pancrease, além do suco entérico, promovem a quebra das moléculas de gordura antes delas serem absorvidas pelo organismo. A deficiência de lipídios pode provocar doenças como a descamação de pele, queda de cabelo, unhas fracas e quebradiças, descalcificação óssea, emagrecimento e fraqueza muscular.
Em se tratando de micronutrientes, Bassoul, Kritz e Bruno (2007) classificam as vitaminas em dois grupos: as solúveis em lipídios (lipossolúveis) e as solúveis em água (hidrossolúveis). As vitaminas lipossolúveis são a A (encontrada em óleo de fígado de peixe, fígado, gema, leite integral e derivados, frutas, verduras e legumes, como cenoura, abóbora, pimentão, agrião, couve, bertalha, espinafre, alface, goiaba, pêssego, mamão e manga), a D (poucos alimentos a possuem, porém pode ser encontrada na gema de ovo, no fígado, em peixes gordos e na manteiga), a E (encontrada no germe de trigo, nos óleos vegetais, na gema do ovo, na manteiga, nos cereais integrais e produtos feitos com eles, tais como pães e massas, além de todos os tipos de carnes) e a K (encontrada em pequenas quantidades no espinafre, no repolho, na couve-flor e nos óleos vegetais).
A vitamina A tem importantes funções relacionadas ao crescimento, à integridade dos epitélios, tecidos básicos do organismo, na visão, na reprodução e na dentição. A vitamina D é essencial no aumento da absorção do cálcio e do fósforo, que são importantes para a formação óssea. A vitamina E tem papel importante na saúde dos sistemas reprodutor, nervoso, muscular e vascular. A vitamina K tem como principal função auxiliar na coagulação sanguínea, mas também ajuda na geração de energia.
As vitaminas hidrossolúveis, em sua maioria, são as do complexo B e as do C. Sem elas, as pessoas manifestam doenças como dermatite (inflamação na pele), parada de crescimento, distúrbios digestivos e do sistema nervoso, fraqueza, irritabilidade, insônia, anemia, perda de apetite com complicações cardiovasculares e inchaços, quebra e queda dos fios de cabelo, sangramento gengival, hemorragia sob a pele e dificuldades de cicatrização. Tanto a carência quanto o excesso de vitaminas, hidro ou lipossolúveis, resultam em problemas de saúde para crianças, adultos e idosos.
Bassoul, Kritz e Bruno (2007) acrescentam que minerais tais como o cálcio, o fósforo, o cloro, o magnésio, o silício, o ferro, o flúor, o zinco, o cobre, o iodo e o enxofre desempenham papéis relevantes na formação e na manutenção da estrutura corpórea humana. O cálcio (encontrado no leite e seus derivados, exceto a manteiga, no melado de cana, no brócolis e na couve) é fundamental para o fortalecimento dos ossos, músculos, nervos e tendões.
O fósforo (encontrado na carne, no leite, nos ovos, nos cereais integrais e nas leguminosas) é fundamental para as células produzirem e distribuírem energia. O magnésio (encontrado nas leguminosas, nos cereais, no leite e no chocolate) é importante para a reação das enzimas que regulam os mecanismos de produção energética fundamentais na contração dos músculos, portanto, do coração. O ferro (encontrado nas carnes, nas vísceras, na gema de ovo, em leguminosas e nas folhas verde-escuras, como o espinafre) auxilia na formação de hemoglobina (glóbulos vermelhos), portanto, conduz oxigênio para todos os tecidos do corpo e é relevante à função respiratória. O iodo (encontrado em peixes e frutos do mar, além de algas) regula a tireoide, por isso é essencial para o crescimento e o desenvolvimento mental, para o metabolismo (queima e armazenamento de energia) e para a distribuição de proteínas e gorduras no corpo.
A ingestão de água é fundamental, porque, além de servir como meio de transporte para as vitaminas e para os sais minerais, ela auxilia na maioria das reações químicas que acontecem no organismo. A água ainda atua na digestão, na absorção, na circulação e na excreção de substâncias que, se não eliminadas, intoxicam o corpo. É importante lembrar que 2/3 do peso corporal de um adulto é composto de água, que pode ser encontrada em abundância na melancia, na laranja, na maçã, na banana, nos ovos, nas carnes, nos queijos frescos, no pão e na manteiga. A eliminação da água acontece tanto pelos rins (através da urina) quanto pelo intestino (pelas fezes).
Em março de 2017, a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), junto à Organização Mundial de Saúde (OMS), publicou um documento com o auxílio da Universidade de São Paulo, dando dicas de combinações saudáveis para os padrões de refeições diárias do povo brasileiro (café da manhã, almoço, lanches e jantar), respeitando as particularidades culturais de cada região do país (OPAS/OMS BRASIL, 2017). Dentre as inúmeras informações que constam no documento, as mais relevantes podem ser sintetizadas conforme apresentado a seguir.
1) Consuma, preferencialmente, alimentos frescos, in natura ou minimamente processados e/ou submetidos à cocção.
2) Diminua ao máximo o consumo de sal, açúcares e gorduras nas preparações.
3) Limite o consumo de alimentos industrializados, tais como pães e massas, embutidos, derivados do leite (iogurte, queijo e manteiga), conservas, hambúrgueres, refrigerantes e doces.
4) Evite os alimentos processados demais (ultraprocessados), porque eles costumam conter corantes, acidulantes, emulsificantes, dentre outras substâncias químicas prejudiciais à saúde que não são conhecidas do público em geral.
5) É importante comer com regularidade e com atenção, preferindo lugares limpos, tranquilos e em companhia de pessoas agradáveis.
6) É importante fazer as compras onde houver grande variedade de alimentos frescos e, se possível, dar preferência aos alimentos orgânicos produzidos de maneira sustentável (agroecológicos).
7) Desenvolva a habilidade de preparar seus próprios alimentos, porque criar e compartilhar receitas amplia o convívio social e isso faz bem às emoções e aos afetos em geral.
8) Ao planejar seu tempo, inclua em sua agenda diária o tempo para preparar e consumir alimentos, objetivando comer com qualidade para ter mais saúde.
9) Ao escolher se alimentar fora, dê preferência aos lugares que preparem sua comida na hora.
10) Esteja atento(a) às propagandas enganosas sobre alimentos. Avalie com criticidade os modismos e tendências de dietas que prometem emagrecimento rápido e um corpo perfeito para o verão, por exemplo. Aconselhe seus familiares e amigos a fazerem o mesmo. Dialogue, troque informações, procure orientação profissional de nutricionistas, gastrônomos e médicos com boa formação na área.
Ao discorrerem sobre o padrão de cardápio do povo brasileiro, Silva e Martinez (2002) afirmam que, no geral, apesar das diferenças culturais entre as inúmeras microrregiões de um país de dimensões continentais, as refeições cotidianas do brasileiro são compostas por desjejum (café da manhã), almoço, lanche da tarde e jantar. Comercialmente, os primeiros restaurantes brasileiros mantiveram um serviço à la carte impecável, com couvert (cestinho de pães e biscoitos salgados no formato de palito, manteiga, patê e, eventualmente, maionese de legumes), entrada fria (geralmente no almoço era servida salada de folhosas e tomate ou pepino) ou entrada quente (geralmente no jantar era servida sopa, tal como canja, ou de legumes), um prato principal com uma proteína (carne bovina, suína, de frango ou peixe) guarnecida de arroz e feijão ou polenta, mandioca cozida ou batatas coradas, e uma sobremesa (compotas caseiras, pudim, manjar de coco com ameixa, flãs ou mousses) acompanhada de café de coador.
Em eventos mais formais, refinados, restaurantes elitizados serviam primeiro hors-d’oeuvre (antepastos, tais como canapés em espelho, tábuas de frios, pães e queijos diversos); serviam as entradas quentes (sopas, cremes, caldos – também chamados de consommés - com torradas); saladas (folhosas, de legumes ou combinando ambos); em seguida, vinham os ovos (cozidos cobertos com molho, fritos, escalfados, dentre as mais de 20 preparações possíveis com esses ingredientes na cozinha francesa clássica); as massas (geralmente frescas, salteadas em manteiga de ervas, ao molho de tomate, com ou sem carne, ou ao alho e óleo); as aves guarnecidas com legumes, tais como batatas, cogumelos e cebolas; depois, vinham os peixes e crustáceos acompanhados de mais legumes ou cereais; as carnes vermelhas (ou de porco), também com legumes e cereais; por fim, como sobremesa, queijos, frutas e doces.
O buffet surgiu na década de 1980, primeiro, em eventos de grande porte (como recepções de casamento ou festas de formatura com grande número de pessoas), depois, deu lugar a um novo padrão de alimentação comercial, também conhecido como “comida a quilo” em autosserviço (self-service, ou à americana, como era chamado na época).
Com o advento das primeiras redes de fast-food em meados dessa mesma década, os restaurantes a quilo tiveram que se reinventar, e os à la carte foram se tornando mais escassos por se tratarem de um serviço mais caro, portanto, menos popular.
A comida e o comer abrangem a cultura tanto no sentido agropastoril do cultivo de plantas, ou do manejo de animais domesticados, quanto no sentido simbólico que abrange aspectos emocionais, afetivos, rituais de preparo e de consumo de alimentos e bebidas. Assim sendo, para o autor estudado, a alimentação consiste em uma ação social e comunicativa entre as pessoas, que depende do habitus e do ethos de indivíduos e de grupos. Assinale a alternativa correta a esse respeito.
Tanto o habitus quanto o ethos não exercem influência significativa na escolha de indivíduos e de grupos por determinados alimentos e bebidas, porque as pessoas se adaptam facilmente às mudanças culturais no ambiente em que vivem.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois o texto deixa claro que tanto o habitus quanto o ethos influenciam diretamente no que cada grupo social, dentro de determinado contexto histórico e cultural, considera apetitoso ou gostoso, ou desgostoso, portanto, nojento, que não serve para se comer.
Prescrições dietéticas, tais como a recomendação de sopas, cremes e caldos para pessoas convalescendo de enfermidade, mantêm relação direta com o habitus e o ethos construídos no convívio social.
Correta: Correto, pois o texto deixa claro que tanto o habitus quanto o ethos determinam, a partir de fatores subjetivos, comportamentais, os usos e os costumes de cada grupo social quanto à alimentação, e esse comportamento, geralmente repassado entre gerações, indica o que é bom para se comer em determinadas circunstâncias da vida, como quando se está sarando de enfermidades.
Restrições e tabus alimentares, tais como não misturar a manga ao leite sob o risco de essa mistura tornar uma refeição fatal, não mantêm quaisquer relações com o habitus e o ethos conceituados pelo autor.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois tanto restrições quanto tabus alimentares mantém estreito vínculo com o habitus e o ethos, porque ambos determinam os usos, os costumes, as tradições, além dos mitos relacionados à alimentação em determinada cultura.
De acordo com o texto, pode-se deduzir que na Antiguidade Clássica o habitus e o ethos não eram relevantes na distinção dos padrões alimentares dos civilizados e dos bárbaros.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois os greco-romanos se consideravam civilizados (porque só comiam o que extraíam da natureza transformando em alimento, a exemplo do pão, do vinho e do azeite) e se distinguiam dos bárbaros (que comiam tudo cru, sem transformação do que coletavam da natureza, mediante o trabalho, a exemplo do leite, os grãos e a carne), portanto, já se evidenciava o habitus e o ethos na determinação de usos e costumes alimentares como fatores de distinção social.
Ao longo da Idade Média, as pessoas não tinham o hábito de manter uma postura de higiene pessoal à mesa. Arrotavam, escarravam, limpavam as mãos sujas de gorduras no pelo de cães e gatos que ficavam ao redor, mas esses costumes não têm relação alguma com o habitus e o ethos.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois considerando-se que tanto o habitus quanto o ethos determinam os usos, os costumes e o comportamento social à mesa, ainda que à época as pessoas desconhecem que havia micro-organismos causadores de doenças, os maus modos durante as refeições, além da falta de higiene, eram influenciados pelos conceitos de habitus e de ethos conforme discutido pelo autor no texto estudado.
O início do restaurante como espaço social alimentar comercial, como negócio no ramo de alimentos e bebidas, se deu em Paris, no século XVIII. Teichmann (2000) lembra que, em 1796, um certo senhor, chamado de Boulanger, decidiu abrir uma casa onde pudesse vender caldos que reparassem as energias de viajantes cansados, idosos ou de pessoas que estivessem convalescendo de doenças. Ele colocou um cartaz na fachada do prédio com os seguintes dizeres em francês: “Boulanger: débit des restaurants divins!” (em tradução livre: “Boulanger: fluxo de restaurações divinas”). O sentido da frase sugeria que as refeições ali servidas não só tinham sabor maravilhoso e eram nutritivas, como tornavam possível as pessoas restaurarem suas energias. À porta do lugar era afixada uma lista com os serviços e os pratos que comporiam cada refeição e essa lista foi chamada de menu. Em princípio, o menu era entregue individualmente aos fregueses, apenas para indicar a ordem do que seria servido. Isso não era relevante em uma época na qual as pessoas tinham maior preocupação com a quantidade de comida e o tempo para saboreá-la.
Teichmann (2000) lembra que, com o tempo, depois das inúmeras invenções tecnológicas que tornaram possíveis as diferentes etapas da Revolução Industrial (meados do século XIX até os pós-guerras do século XX), as pessoas passaram a trabalhar mais, logo, dispunham de menos tempo para fazerem suas refeições, então, em vez de priorizarem a quantidade de alimentos, passaram a se preocupar com a qualidade, tornando o número de serviços mais enxuto. Assim sendo, o menu começou a ser apresentado individualmente aos clientes e continham uma lista dos pratos servidos pela casa, que poderiam ser escolhidos por cada um de acordo com o poder aquisitivo, ou o tempo disponível para a degustação.
Embora a reflexão teórica e filológica aprofundada sobre classificações, ou taxonomias, do que seja carta, ou menu, não seja o objetivo central desse texto, voltado para a graduação, Vasconcelos, Cavalcante e Barbosa (2002) ampliam o debate a esse respeito. Eles insistem em distinguir uma carta de comidas (Cart de Mets) de um menu. Segundo esses autores, o menu envolve certo número de pratos e sua sequência de serviços, essas iguarias compõem uma refeição completa (uma, ou mais entradas, um ou mais pratos principais, entremets, bebidas que se harmonizam com cada prato e sobremesa, ou frutas e queijos ao final, por exemplo). Os autores acrescentam que a carta de comidas se refere à lista de pratos que um estabelecimento oferece, e não se preocupam com a ordem de serviços desses. Assim sendo, independente da origem dos termos, suas aplicações, debates e divergências possuem um consenso: o de que o papel do menu, ou cardápio, deve ser o de informar aos clientes o que a casa serve e o preço de cada um deles.
Atualmente, a palavra menu é sinônimo de cardápio e nela são indicados os serviços que compõem uma refeição ou uma listagem de pratos oferecidos pela casa. Silva e Martinez (2002) consideram que cardápio é definido como uma lista de preparações culinárias que compõem uma refeição ou uma lista de preparações que abrangem todas as refeições do dia ou dentro de determinado período. A sua finalidade em bares, restaurantes e demais tipos de unidades de alimentação e de nutrição é permitir aos clientes escolherem mais facilmente os alimentos e bebidas oferecidos pelo estabelecimento, portanto, comercialmente, o cardápio, ou menu, é um importante veículo de informações, propaganda e venda em um restaurante. As autoras afirmam que o cardápio indica o que uma pessoa com saúde deve consumir ao longo de determinado período, enquanto a dieta (também vulgarmente denominada regime) consiste de um cardápio para pessoas com problemas de saúde, tais como hipertensão arterial, hipotensão, obesidade, assim por diante.
Cardápio e menu são sinônimos e surgiram do hábito de Boulanger, proprietário da casa de caldos restauradores, fixar à porta do seu estabelecimento uma lista com a sequência do que seria servido aos clientes. Posteriormente, esse comportamento foi reproduzido em grandes jantares dos nobres renascentistas. Considerando-se esses aspectos do cardápio como importante instrumento de vendas nos restaurantes, assinale a alternativa correta:
O termo cardápio remete a preparações culinárias mais elaboradas que o termo menu, já que esse último consiste em meros apontamentos sobre o que é servido na casa, com o preço de cada prato, sem a descrição deles.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois o texto deixa claro que não há diferenças conceituais entre os termos menu ou cardápio, embora esse documento de venda de serviços de alimentos e bebidas tenha sofrido transformações ao longo da história.
No final do século XVIII, quando a casa de caldos restauradores de Boulanger deu origem aos restaurantes, não existia cardápio ou menu, porque a preocupação era apenas comer em grande quantidade.
Incorreta: A alternativa está incorreta, pois o texto deixa claro que, em princípio, o menu consistia em um simples papel, entregue, individualmente, em que constava a ordem do que seria servido, portanto, não era inexistente.
Depois das inúmeras invenções tecnológicas que possibilitaram a Revolução Industrial (meados do século XIX até o pós-guerra do século XX), as pessoas começaram a trabalhar fora e passaram a ter menos tempo para suas refeições. Isso fez com que os restaurantes diminuíssem seus serviços.
Correta: pois o texto deixa claro que, com menos tempo para as refeições e com maior jornada de trabalho, as pessoas deixaram de priorizar a quantidade de alimento para darem mais valor à qualidade, preferindo pratos mais leves e serviços mais rápidos.
Cardápio, ou menu, refere-se a um documento no qual constam apenas as preparações culinárias a serem degustadas em uma única refeição.
Incorreta: pois o cardápio consiste em uma lista das preparações dos pratos que serão servidos em uma única refeição, mas também pode conter os pratos que comporão todas as refeições do dia.
O cardápio, ou menu, representa apenas um documento ilustrativo para informar aos clientes de bares e restaurantes o que normalmente é servido na casa, não tendo maior importância.
Incorreta: pois o texto esclarece que o cardápio, ou menu, é um documento que fornece informações relevantes para que os clientes escolham alimentos e bebidas, portanto, também exerce papel importante como instrumento de propaganda e de venda em bares, restaurantes e estabelecimentos afins.
Ao discorrer sobre os fatores determinantes para a elaboração de um cardápio, ou menu, Teichmann (2009) esclarece que não basta escolher os pratos que se pretende servir, porque cada empresa tem características próprias quanto à estrutura de cozinha e de salão, setor administrativo, de marketing etc.
O primeiro fator a ser considerado quando há definição de um cardápio, menu ou carta, é a identificação do público-alvo do empreendimento. Assim sendo, Teichmann (2009) considera que é preciso identificar, por meio de estudo prévio, qual o poder aquisitivo da clientela potencial, sua idade, sexo, tempo disponível, tipo de comemoração, atividade, enfim, os hábitos de consumo desses clientes em geral.
De fato, Fonseca (1999) acredita que os motivos que levam as pessoas a procurarem um restaurante são inúmeros, ou seja, não abrangem só a preferência pela comida e pelos serviços típicos do local. As pessoas podem buscar status ao procurarem lugares da moda frequentados por famosos e por personalidades públicas (nesse caso, a intenção é ver e ser visto). Outros escolherão um restaurante porque acham o ambiente aconchegante, inovador, bem decorado e arejado. Outros, ainda, escolherão um restaurante porque gostam do atendimento dos funcionários e se sentem confortáveis no ambiente e com sua música. Há quem realmente escolha um restaurante pelo cardápio clássico tradicional ou pela curiosidade em degustar preparações ousadas e inovadoras. Há os que escolhem comer em determinada casa por mera curiosidade ou pela influência de alguma matéria de jornal, ou revista, ou pela recomendação de amigos, parentes e conhecidos, ou, também, porque o chefe de cozinha é famoso, badalado, como criativo, inovador e tecnicamente seguro em suas criações culinárias.
Fonseca (1999) pondera que a relação custo-benefício também pesa na escolha de um restaurante. Nesse caso, as pessoas ponderam sobre a qualidade da comida servida com relação ao preço e às conveniências, como estacionamento com manobrista. Outra razão pela qual a clientela de um restaurante o procura é o estilo de serviço oferecido, especialmente se ele for diferenciado, com equipe de salão jovem, ágil e bem treinada, ou se houver barman executando malabarismos com copos e garrafas (flair), todavia, isso está intimamente relacionado às expectativas do público consumidor.
De fato, a comida e o comer estão longe de serem componentes de um “esquema” meramente biológico criado pelos humanos para manterem a saúde nas diferentes etapas da vida. Comer é, sobretudo, uma ação social e comunicativa, como lembram Lashley, Morrison e Randal (2005), seja na esfera doméstica e corriqueira do cotidiano, seja no âmbito do “comer fora”.
Ao escolherem determinado restaurante, em companhia de pessoas que lhes são especiais e em ocasiões específicas (casamento, batizado, aniversário, assim por diante), os seres humanos alimentam expectativas de experiências sensíveis relacionadas às emoções, aos sentidos e às sensações de bem-estar proporcionadas pelo ambiente, pela comida e pelos serviços oferecidos.
Nesse sentido, a comida e o comer adquirem uma complexa simbologia repleta de códigos afetuosos, pois os sentidos gustativos (olfato, paladar, tato, visão, em especial, mas também audição, em menor grau) são sinestésicos, ou seja, interagem entre si, proporcionando catarses emocionais únicas para cada pessoa. É como se, nesse momento de comensalidade, as pessoas se sentissem abraçadas, amparadas, acariciadas e confortadas umas pelas outras, ainda que abraços e beijos fraternais não estejam sendo trocados entre elas. Mesmo que a memória possa embotar, confundir, embaralhar circunstâncias agradáveis do passado, o comer está ali, proporcionando a todos o reviver de momentos “eternizados”, que, inclusive, parecem ser intensificados, todavia esse é um assunto bastante complexo, extenso e profundo.
Apesar da complexidade dos motivos que levam determinado grupo de pessoas a escolher comer em um restaurante específico, Teichmann (2009) considera que, em geral, o cardápio deve ser simples, acessível, farto e rápido para jovens e/ou estudantes. No caso de jovens executivos, a autora pondera que a relevância da rapidez do serviço bem como preço acessível podem não ser o que mais importa, mas sim um cardápio mais elaborado. Em se tratando de homens maduros, com bom poder aquisitivo e mais tempo para uma refeição, o que pode ser relevante é a sofisticação do cardápio. Se um grupo de mulheres (geralmente, mais críticas e observadoras) procura um restaurante, a importância pode recair na variedade e no colorido dos pratos. Quando a clientela for mais ampla, o ideal é que o cardápio seja relativamente abrangente para atender ao gosto de todo o público. No caso de clientes com restrições dietéticas por motivos de saúde, é importante que se escolha pratos com menos sal, açúcar, amido, sódio e gordura. Esse último caso é mais comum em cardápios hospitalares.
Outro importante fator determinante do cardápio ou menu são as preferências regionais, porque cada lugar possui hábitos de consumo de alimentos e bebidas sedimentados ao longo de gerações, lançando mão de ingredientes abundantes em suas microrregiões e formas de preparo típicas delas. Teichmann (2009) lembra que as cozinhas regionais têm orgulho de seus temperos, ingredientes e formas de preparo específicas, a exemplo da culinária baiana, rica em sabores fortes, picantes proporcionados pela pimenta malagueta, pelo leite de coco, azeite de dendê, coentro, cominho etc. Todavia existem restaurantes que servem comidas típicas de uma cultura muito específica: mexicana, árabe, mediterrânea, chinesa, italiana, e, quem procura comer nesses lugares, busca “viajar para outra cultura por meio do sabor”.
A localização geográfica, bem como períodos de maior fluxo turístico também devem ser considerados como relevantes à determinação de um cardápio tanto em restaurantes isolados quanto em restaurantes de hotel. Teichmann (2009) aconselha que os restaurantes localizados em cidades com abastecimento precário de alimentos devem priorizar os produtos do lugar, até em função da logística e do custo-benefício com essas matérias-primas. Se a clientela de determinados restaurantes é sazonal (ou seja, o lugar só lota de turistas em épocas específicas do ano), é importante que se conheça previamente os gostos e as preferências dessa clientela. A autora cita o exemplo de argentinos e uruguaios, que apreciam muito o churrasco de carne bovina, além das massas à italiana e os vinhos. Há, ainda, a possibilidade de determinado grupo de turistas querer conhecer a comida típica da região e, se satisfeitas as expectativas, esses não apenas retornam em outras ocasiões, como costumam recomendar o lugar.
Teichmann (2009) também considera como fator importante na determinação de um cardápio ou menu as variações climáticas que ocorrem de acordo com as estações do ano, embora atualmente essas variações não sejam previsíveis ou regulares. No inverno, é interessante que o cardápio de bares e restaurantes em geral ofereça pratos quentes, aromáticos e ricos em calorias, tais como caldos, cremes e sopas acompanhados de pães, palitos salgados e queijo ralado, por exemplo. No verão, normalmente, pratos mais leves, tais como saladas cruas, sorvetes e bebidas geladas (chás, sucos, cervejas, chopes etc.) são os mais procurados pela clientela. Além das diferenças climáticas, as distintas estações do ano costumam disponibilizar os chamados ingredientes de época (no Sul, o pinhão só é disponível no inverno, assim como as laranjas e poncãs do tipo “vergamota”, por exemplo). Se for época de determinado ingrediente, ele deve estar disponível em maior quantidade e a um preço acessível, logo, é interessante que seja considerado na elaboração do cardápio.
A localização de um bar ou restaurante também dever se considerada na elaboração do cardápio. Teichmann (2009) aconselha que em lugares de difícil trânsito, próximo a bancos, shoppings, lojas, escritórios, hotéis, é fundamental que se defina um cardápio rápido, ao estilo executivo, porque as pessoas já estarão circulando por ali à hora do almoço e têm tempo limitado para suas refeições. Em contrapartida, hóspedes de hotéis, em férias, geralmente têm tempo de sobra para uma refeição e, nesse caso, o estabelecimento precisa se planejar para atender aos dois extremos. Se o restaurante ou bar estiver localizado dentro de um hotel, por uma questão de acessibilidade, as pessoas tendem a preferir os que estiverem mais no nível da calçada. Restaurantes localizados em andares elevados de prédios demandam tempo para que pessoas se desloquem até o salão de refeições, já que elas têm de estacionar, acessar o saguão do prédio, esperar o elevador etc. Quando o restaurante for dentro do hotel, em andar elevado, poderá ter bom movimento de clientes no horário de jantar e aos finais de semana, quando o fluxo de veículos e de pessoas diminuir.
Teichmann (2009) acrescenta que o espaço físico do salão de refeições, da cozinha e dos anexos do restaurante deve facilitar o fluxo do serviço (número, disposição das mesas e quantidade de pessoas trabalhando na cozinha e no salão de refeições), acomodando o cliente com conforto e segurança, então esse fator é relevante na elaboração de um cardápio.
A ambientação do restaurante deve ser coerente com o cardápio e o serviço oferecidos. Teichmann (2009) considera que um ambiente com mobília de fórmica e metal, com chão forrado de placas antiderrapantes, toalhas de plástico nas mesas e guardanapos de papel, louças e copos comuns de vidro, servir cardápio de cozinha internacional é incoerente. De forma análoga, um ambiente com carpete, móveis de madeira nobre, porcelanas, cristais e pratarias, servindo rodízio de pizza, soa completamente estranho.
Os fatores relacionados ao custo e ao orçamento são de extrema importância na elaboração do cardápio de um restaurante, bar ou estabelecimentos afins. Cada casa deve dispor de um orçamento com margens de segurança para programar as compras de matérias-primas (ingredientes que constam em cada prato oferecido no cardápio), além de honrar os compromissos com insumos indispensáveis à produção (energia elétrica, água e saneamento básico, combustível, telefonia, impostos, depreciação de máquinas, equipamentos e instalações, salários e encargos sociais).
Fonseca (1999) e Braga (2008) defendem que cada empresa do ramo, especialmente as com maior número de serviços e razoável carteira de clientes, deve estabelecer uma política de compras de perecíveis, não perecíveis, determinando dias e horários para o recebimento de mercadorias. Dependendo do tamanho do negócio, o restaurante deve ter câmaras frias, freezers e geladeiras para assegurar a durabilidade das matérias-primas congeladas, além das frescas, compradas in natura. A organização do estoque priorizando o que vence primeiro à frente também auxilia na gestão dos custos na elaboração de cardápio.
Outros importantes aspectos relacionados ao custo são: o número de funcionários na cozinha e no salão, e a estrutura tecnológica disponível no empreendimento. Os gastos e os encargos sociais dos funcionários de um restaurante influenciam diretamente no custo da quantidade de serviços oferecidos. Da mesma maneira, se houver fornos combinados, lavadora de louça em larga escala, salamandras, fogões industriais, fritadeiras elétricas, freezers de congelamento rápido, câmara fria, refrigeradores de grande porte, poço artesiano, gerador, tudo implica em maiores gastos de energia elétrica, de gás de cozinha e de água, portanto, impactam o preço final de cada prato do cardápio, o que deve ser contabilizado com atenção e detalhe para que não se comprometa a margem de lucro da casa.
Teichmann (2009) acrescenta que o tipo de serviço oferecido pela casa (à la carte, à inglesa direta, à inglesa indireta, à americana, buffet e à russa) está relacionado ao tipo de restaurante definido por cada empreendedor (estudaremos posteriormente).
Outro importante fator a ser considerado na elaboração do menu de um restaurante, é o número de refeições usualmente servidas na casa, porque isso influencia na possibilidade de variar os pratos e no número de couverts. Teichmann (2009) exemplifica que, se houver uma alta rotatividade de clientes, não é apropriado um serviço à la carte.
Outras questões relacionadas à estrutura do restaurante também devem ser ponderadas quando da elaboração do cardápio, da carta ou do menu. Teichmann (2009) observa que pratos muito elaborados, ou difíceis de serem executados, requerem uma equipe mais experiente e devem ser descartados se a mão de obra contratada for iniciante para não comprometer a qualidade dos pratos e do serviço como um todo. A autora acrescenta que o tamanho da salamandra ou a disponibilidade de fornos combinados é que permitirá ao chefe executivo propor maior diversidade de pratos gratinados. Propor como a sugestão do dia coquetel de camarão, por exemplo, requer grande número de taças e talheres adequados à quantidade desse item, sem que seja preciso lavar com rapidez os itens para servir novos coquetéis, o que impõe o risco de quebra de taças e atrasos na produção desses.
Como você pôde observar, a estrutura do bar ou do restaurante (máquinas, utensílios, equipamentos, instalações, tamanho físico das praças, mesas, cadeiras, copos, pratos, talheres, pessoal de cozinha e de salão) é que determina a viabilidade de determinados tipos de serviços, ou não. Sem pessoal e equipamentos, é quase impossível oferecer um serviço à la carte tradicional ou à inglesa (direta e indireta). Além disso, deve-se se atentar para o fato de que quanto mais máquinas, equipamentos, instalações e pessoas se envolvem no preparo e serviço de determinado prato, maiores serão seus custos com insumos e com mão de obra, o que se reflete no preço de venda ao consumidor final, porém esse é um assunto que deverá ser aprofundado em disciplinas na área de gestão de bares, restaurantes e estabelecimentos afins.
Pessoas podem ser motivadas de diversas maneiras em suas escolhas por determinados bares ou restaurantes: da mera curiosidade à identidade com a proposta da casa ou do chefe de cozinha dela, como comida vegetariana, comida árabe e assim por diante. Considerando-se o comportamento do consumidor de alimentos e bebidas como importante para se definir um cardápio, assinale a alternativa correta.
A identificação de clientes potenciais não tem a menor importância na determinação do cardápio, porque existem diversos grupos e consumidores, e, em sua maioria, eles preferem quantidade à qualidade nos pratos de um restaurante.
Incorreta: pois o texto informa que é preciso, por meio de um estudo de mercado, identificar os clientes potenciais, seus hábitos de consumo em alimentos e bebidas, seu poder aquisitivo, sua idade, o sexo, o tempo disponível para refeições fora do lar.
O cardápio e o serviço típico de cada restaurante são as únicas motivações para que as pessoas procurem frequentar determinados estabelecimentos.
Incorreta: pois há inúmeros outros motivos que levam as pessoas a escolherem frequentar bares e restaurantes, dentre eles, o texto aponta lugares da moda, frequentados por famosos, ou personalidades públicas, decoração, ambientação, curiosidade, empatia com os funcionários etc.
O fator custo-benefício é o único e principal motivo que leva o consumidor potencial a escolher um restaurante, não importando muito conveniências, tais como estacionamento com manobrista ou a agilidade do serviço executado por uma equipe bem treinada.
Incorreta: pois, além de o custo-benefício ter relevância na escolha de um restaurante por clientes potenciais, conveniências, como estacionamento com manobrista, serviço ágil executado por equipe jovem e bem treinada, compõem a expectativa das pessoas ao procurarem um estabelecimento.
Além da comida e da bebida oferecidas em um bar ou restaurante, as pessoas se restringem às casas com chefes famosos e renomados, com projeção na mídia, ao fazerem suas escolhas.
Incorreta: pois, embora chefes famosos possam consistir na motivação para a escolha de determinado bar ou restaurante, clientes potenciais podem recorrer às informações abundantes sobre a casa em jornais, revistas, sítios da internet, além da recomendação de amigos, parentes ou conhecidos.
Clientes potenciais podem escolher determinado bar ou restaurante, em busca de experiências sensíveis relacionadas às emoções, aos sentidos e às sensações de bem-estar proporcionadas pelo ambiente, pela comida e pelos serviços.
Correta: pois as pessoas que saem para “comer fora” em companhia de parentes e amigos, em ocasiões especiais (aniversário, batizado, casamento, noivado, e assim por diante), estão em busca de um momento especial que as faça se sentirem acolhidas afetiva e emocionalmente eternizando, na memória, tais sensações.
Uma vez reunidas as informações anteriormente apresentadas como relevantes, o chefe executivo do restaurante ou o gerente pode começar a esboçar o cardápio no meio impresso ou digital, com alta resolução de imagens, considerando-se que a atual geração é extremamente estimulada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação.
Teichmann (2009) recomenda que o chefe executivo ou o gerente leve para o seu escritório todo o material que necessita para consultar: livros e revistas de culinária e de tecnologias culinárias, livros sobre higiene e segurança alimentar (que inclui tanto as boas práticas de manipulação quanto as de fabricação de alimentos e bebidas), tabelas contendo a quantidade per capita de alimentos crus, fator de correção e de cocção de ingredientes que comporão cada prato, além das fichas técnicas de cada preparação. Ainda é importante que o gerente ou o chefe executivo disponha dos cardápios já executados na casa em outras ocasiões (no verão ou no inverno, por exemplo), a carta de vinhos, drinques e coquetéis, a lista de fornecedores, as estatísticas de desempenhos de pratos em épocas anteriores.
Os conceitos de fator de correção (que determina o quanto de perda em aparas, de determinada matéria-prima, com as cascas da cebola, por exemplo), fator de cocção (o quanto um ingrediente perde no processo de preparo, a exemplo de uma carne assada, cujo peso é menor depois de pronta do que quando estava crua), consumo per capita de alimentos (o quanto cada comensal, na média, consome de determinado ingrediente em um prato, a exemplo da quantidade de arroz necessária ao preparo de um risoto que servirá duas pessoas) e fichas técnicas (documento onde são detalhadas as informações de preparo padronizado do prato, tais como a quantidade de matérias-primas de insumos, além dos aspectos sensoriais esperados no produto final, a exemplo da cor, do aroma, do sabor, da textura, da aparência) serão adequadamente abordados posteriormente.
Computador com monitor de ótima resolução, além de impressora colorida, auxilia o gestor na definição dos aspectos gráficos desse importantíssimo instrumento de vendas de serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos afins.
Segundo Teichmann (2009), as cores do cardápio devem ser vivas e contrastantes para chamar atenção das pessoas. A forma como os alimentos serão apresentados merece cuidado (se são servidos em monoporções, fatias, rodelas, cubos, tiras, trouxinhas, bastões, palito etc.). O cardápio também deve apontar o sabor esperado no prato (picante, doce, amargo, azedo, suave, salgado, ou mesmo, sabores mistos).
Esse é um exemplo de cardápio visualmente criativo e com informações objetivas. O visual proposto é “retrô” e remete aos menus escritos em lousas de giz, nos bares e cafés entre os anos 60-70.
Teichmann (2009) considera que a textura variada torna o cardápio mais atraente, como, por exemplo, um bolinho de queijo que seja crocante por fora, mas cremoso por dentro, ou ainda um filé macio e suculento coberto por molho aveludado, como o madeira. Ainda é importante destacar os sabores indicando os temperos utilizados em cada prato, a exemplo do sabor picante de uma moqueca à capixaba (em que se usa pimenta dedo de moça ou malagueta), o sabor suave de um molho branco (béchamel), a predominância de condimentos, tais como o curry (mais usada na cozinha indiana), a mostarda (comum na cozinha alemã), a hortelã (usual na cozinha árabe), o cominho (empregado fartamente na cozinha do nordeste do Brasil), o manjericão (muito usado na cozinha italiana) etc.
Os ingredientes utilizados em cada prato também merecem destaque e devem ser mencionados de maneira criativa no cardápio. Por exemplo: canja de galinha, coxas e sobrecoxas de frango recheadas com legumes, ao creme de milho, goulash (sopa de origem eslava na qual se usa músculo bovino, beterraba, batata, repolho e creme de leite) ou ainda filé guarnecido com couve de Bruxelas.
Outra informação relevante sobre os pratos servidos em determinado restaurante são os tipos de preparo, porque a variedade de métodos de condimentação e de cocção enriquece as características sensoriais de cada prato, além de interferir diretamente na apresentação do produto final de cada um. Por exemplo: couve-flor gratinada com molho branco, grãos de pimenta rosa e queijo Grana Padana, guisado de cordeiro ao curry, salmão assado ao molho de maracujá etc.
É de suma importância que o cardápio especifique a temperatura ideal para o serviço de cada prato. Um guisado deve ser servido quente, fumegante, um petit gateau com sorvete deve combinar o quente do bolinho ao gelado do sorvete, um suco nunca deve ser servido quente e assim por diante.
O trinômio temperatura, textura e sabor de pratos não é preciso, não é exato e não há consenso sobre isso, pelo menos até o presente momento na literatura técnico-científica sobre bases de cozinha. Por exemplo, a temperatura do forno para a cocção do petit gateau deve ser elevada, algo em torno de 220 graus Célsius, mas obviamente que ao ser retirado do forno, não chegará à mesa do cliente nessa mesma temperatura. De maneira análoga, se o sorvete deve ser armazenado no freezer em torno de -18 graus Célsius e no balcão expositor em buffet de sorvetes ele oscile entre -12 e -17 graus, em contato com o bolinho quente, também não chegará à mesa do cliente nessa mesma temperatura, porém não há dados exatos sobre até que ponto tal combinação prejudica ou auxilia na degustação dessa sobremesa em específico, exceto a do senso comum, a da obviedade: de o bolinho chegar frio pelo derretimento do sorvete que o acompanha num trajeto demorado até a mesa. Um guisado fumegante não significa que o prato chegou à mesa do cliente com, suponhamos, 55 graus Célsius, porque a precisão dessa temperatura varia dependendo da distância entre a “boqueta” de onde saiu o pedido e a mesa do cliente, além da climatização do ambiente.
Embora haja certo rigor técnico no binômio tempo-temperatura de transporte, na recepção de matérias-primas, no pré-preparo e acondicionamento, por conta dos riscos microbiológicos relacionados aos alimentos, segundo normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em se tratando de produtos e serviços gastronômicos, que não se dissociam, a cozinha não é uma ciência exata, sequer restrita aos rigores técnico-científicos, exceto em panificação, confeitaria e garde manger, pontos centrais das bases clássicas da gastronomia.
Alta tecnologia culinária, como a dos fornos combinados, freezers de ultracongelamento, equipamentos para cocção sous-vide, geralmente serve ao propósito de tornar o preparo mais ágil, mas há fatores da física (como a pressão atmosférica e a umidade relativa do ar, que variam conforme a latitude, a longitude e a altitude) que interferem na pressão máxima que cada equipamento consegue oferecer e no tempo que esse equipamento pode durar. Por seu turno, aspectos bioquímicos (por exemplo, a composição de diferentes cadeias de hidrocarboneto em ingredientes de origem animal ou vegetal e suas respectivas “queimas” durante a reação de Maillard) podem interferir nas características sensoriais do que é produzido e servido em cada estabelecimento.
Levando-se em conta que o “gosto”, ou o paladar, é construído no cotidiano sociocultural de indivíduos e de grupos, embora haja uma “fisiologia do gosto” objetiva em cada pessoa como ser vivo, a percepção sensorial do que é quente, frio, morno, salgado, doce, amargo, azedo, picante pode ser distinta entre pessoas pertencentes ao mesmo grupo social, mas que vivem em regiões distintas como as do Brasil, país com dimensões continentais. O que é percebido como “quente e fumegante” no inverno gaúcho, pode não ser considerado agradável sensorialmente nesse mesmo período em Tocantins, porque, mesmo durante o inverno, lá não costuma fazer frio.
Tal discussão teórica, embora interessante, incorre no risco de nos inserir em polêmicas estéreis que vinculam o “vago” ao “incerto” e fogem aos propósitos da formação gastronômica no nível da graduação, por vezes, a distância ou híbrida, até mesmo, em pós-graduações, em um momento em que as bases formadoras do ensino médio vêm sendo desgastadas a olhos vistos e muitos acadêmicos recém-ingressos no nível superior dispõem de pouco (ou nenhum tempo) para se aprofundar em subjetividades pouco úteis ao exercício profissional. Disso tudo, podemos deduzir, com certo grau de certezas, que a gastronomia consiste em uma área interdisciplinar, pois abrange ciência, arte e cultura, portanto, embora tenha alguns aspectos rigorosos do ponto de vista técnico-científico, há muito de subjetivo, imaterial, intangível ou impalpável em seus produtos, serviços e clientes potenciais, portanto, imprecisos, como a troca de afetividade envolvida nesses processos, que não se consegue mensurar.
No que se refere ao texto do cardápio, a descrição de cada prato deve ser objetiva, clara e instigar o cliente a degustá-lo. Esse princípio é bastante importante, seja para preparações clássicas, que se supõem serem conhecidas do público-alvo. Um filé à Chateaubriand, por exemplo, consiste em um bife de filé mignon de vitela, com espessura grossa, preparado na grelha, ao ponto, portanto, apresentando cor rosada ao meio; servido com legumes verdes, tais como aspargos ou vagens, tal prato foi criado por um visconde francês cujo sobrenome era Chateaubriand. Alguns pratos podem conter “nomes de batismo” homenageando o chefe que os criou, ou a alguém famoso, ou ainda o lugar de origem do ingrediente principal. Nesse caso, a descrição cuidadosa do prato no cardápio, sem erros ortográficos, de pontuação ou de acentuação, é fundamental para que o cliente compreenda a proposta e se sinta desafiado em degustá-la.
Por exemplo: Torta Marta Rocha (bolo desenvolvido pelas doceiras gaúchas de Pelotas em homenagem à baiana Marta Rocha, que foi Miss Brasil em 1954 e só não foi eleita Miss Universo por duas polegadas a mais no quadril). Trata-se de uma torta com dois tipos de pão de ló, de chocolate e tradicional, recheada, em duas camadas, com casadinho de doce de leite e ameixa, merengue suíço, baba de moça, coberta com chantilly e decorada com fios de ovos, crocante de nozes e cerejas marrasquino.
Atualmente, as pessoas têm maior e mais fácil acesso a um número enorme de informações sobre gastronomia, portanto, muitos formam suas opiniões sobre determinados restaurantes ou pratos com base no que acessa por meio das novas tecnologias da informação e da comunicação, especialmente os mais jovens, que são extremamente dependentes da internet ou da TV em cores com alta definição. Embora haja imagens digitais em altíssima definição em profusão na Rede, as pessoas ainda não têm acesso ao aroma dos alimentos que veem nesses meios. Apesar disso, alimentam expectativas relacionadas aos pratos e restaurantes que pagam anúncios caríssimos nos meios de comunicação de massa e isso influencia, em muito, o comportamento dessas pessoas como consumidores potenciais, ou efetivos, de alimentos e bebidas. Essa discussão é demonstrada de maneira didática no artigo publicado por Denise Alves Pereira, em 11 de agosto de 2015, e faz parte de uma série de artigos relacionados a esse tema (PEREIRA, 2015, on-line). Disponível em: https://bit.ly/3dE5SKz. Acesso em: 2 mar. 2020.
O Bicho
Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem (BANDEIRA,1947, on-line).
Acerca das condições ideais para o planejamento do cardápio, relacionadas à organização das informações necessárias, bem como à ambientação para essa atividade, geralmente executada pelo chefe executivo ou pelo gerente da casa, além da escolha do meio ideal (impresso ou digital) para apresentá-lo aos clientes, assinale a alternativa correta.
O chefe executivo ou o gerente deve manter à mão livros e revistas de receitas e de tecnologias culinárias, sobre higiene e segurança alimentar, tabelas de consumo per capita, e de fatores de correção e de cocção, cardápios já executados anteriormente, cartas de bebidas, lista de fornecedores e estatísticas de desempenho de pratos dos antigos cardápios.
Correta: pois a organização bem como o agrupamento de informações sobre técnicas e tecnologias culinárias, higiene e segurança alimentar, tabelas de consumo per capita, tabelas de fator de correção e de cocção de alimentos, cartas de bebidas, listas de fornecedores e estatísticas de desempenho de pratos em cardápios antigos são de extrema importância na elaboração de cardápios e suas respectivas fichas técnicas.
O cardápio impresso é mais relevante que o eletrônico, em tablets, palmtops ou outras tecnologias da informação e da comunicação, com imagens de alta resolução, porque as pessoas têm a necessidade de pegar o documento e manuseá-lo.
Incorreta: pois a atual geração é mais estimulada pelos meios digitais, com imagens em alta definição, do que mediante os meios impressos tradicionais.
O agrupamento organizado das informações não é relevante para a elaboração das fichas técnicas que comporão o cardápio, porque esses dados só interessam à padronização culinária dos pratos e à apuração de custos e de margens de lucro.
Incorreta: pois as fichas técnicas são documentos onde são detalhadas informações relevantes ao preparo padronizado de pratos e serviços em restaurantes, tais como a quantidade de matérias-primas, de insumos, os aspectos sensoriais esperados, portanto, custos diretos e indiretos do prato e a viabilidade econômico-financeira do mesmo no cardápio da casa.
O gestor de alimentos e bebidas (chefe executivo ou gerente) não necessita de computador com monitor de boa resolução de imagens, sequer de impressora colorida para auxiliá-lo quanto ao design gráfico do documento cardápio.
Incorreta: pois considerando-se as ponderações já feitas sobre a alternativa B da questão, é essencial que o gestor de alimentos e bebidas disponha de tais equipamentos para transformar o cardápio em um eficiente instrumento de propaganda, promoção e vendas dos produtos e serviços do restaurante.
O consumo per capita de alimentos e bebidas não é relevante à elaboração do cardápio, porque é mais importante para os clientes a quantidade do que a qualidade da comida. Se houver sobras, ele pode pedir que sejam embrulhadas para viagem.
Incorreta: pois tabelas de consumo per capita são elaboradas com base na média de consumo de ingredientes, por pessoa, em um prato, por isso são relevantes para se definir, por exemplo, quanto de arroz é necessário para se elaborar um risoto que serve duas pessoas.
Editora: SENAC
Autor: Ronaldo Lopes Pontes Barreto
ISBN: 8573591315
Trata-se de uma obra com linguagem bastante acessível e relevante para a formação de uma cidadania gastronômica para os que estão começando a conhecer a cultura gastronômica brasileira. O autor é um experiente professor nos pioneiros e conceituados Grande Hotel São Pedro e Grande Hotel Campos do Jordão. Particularmente no primeiro capítulo (páginas de 21 a 46), Barreto esmiúça a atenção demandada na redação do cardápio quanto ao uso das letras maiúsculas, palavras estrangeiras (especialmente, o francês, língua mãe da alta gastronomia, mas também o italiano, berço da gastronomia clássica), denominações culinárias, uso de adjetivos, singular ou plural etc. Nesse capítulo Barreto também sintetiza os fatores relevantes para a elaboração do cardápio, carta e menu, além de descrever a estrutura e o funcionamento das brigadas de cozinha e de salão em restaurantes, das quais depende a excelência do serviço prestado no ramo.
Editora: SENAC São Paulo
Autor: Marcelo Traldi Fonseca
ISBN: 9788573598377
Trata-se de uma obra de referência em planejamento de cardápio, que discute com bastante propriedade e profundidade a composição dos custos de um restaurante (elementos essenciais à elaboração de fichas técnicas), seu potencial de receita, além das características que o definem. A obra acrescenta a discussão sobre como identificar as informações importantes para o empreendedor acompanhar o desempenho do seu negócio (índices de desempenho dos itens do cardápio), o que torna possível elaborar estratégias para corrigir eventuais problemas, readequar os planos e modificar os objetivos iniciais.
Gênero: Drama
Ano: 1978
Elenco principal: Bodil Kjer, Birgitte Federspiel, Stéphane Audran, Jarl Kulle
Trata-se de um filme dinamarquês de 1987, dirigido por Gabriel Axel, cujo roteiro é baseado em um conto de Karen Blixen. Foi o primeiro filme dinamarquês a ganhar um Óscar. A história de passa na Dinamarca do século XIX, quando Filippa e Martine, filhas de um rígido pastor luterano, após a morte do pai, em uma noite tempestuosa, acolhem a francesa Babete, uma parisiense fugitiva da repressão política da Comuna de Paris (primeiro governo operário da França, 1871). A estrangeira se oferece para ser cozinheira e doméstica da família em troca de abrigo. Anos depois, Babete recebe a notícia de que ganhou um grande prêmio na loteria e, em vez de voltar à França, decide oferecer um jantar à francesa para homenagear o já falecido pastor, que completaria 100 anos. As filhas e os paroquianos, embora temerosos, aceitam o presente e, gradualmente, rendem-se ao banquete, sem saber que Babete tinha sido uma das raras mulheres chefes de cozinha de toda a França naquele conturbado período político do país no famoso café Anglaise.