Caro(a) aluno(a), na terceira unidade do material, vamos compreender como são constituídos os alimentos, ou seja, quais compostos os formam, e quais alterações podem ocorrer quando eles são submetidos a diferentes condições. A Bioquímica dos Alimentos é muito importante, pois apresenta se relaciona à alimentação, à nutrição e à qualidade de vida.
Os nutrientes provenientes do alimento são fornecidos pelos carboidratos (açúcares), lipídios (gorduras) e proteínas, que têm como principal função a produção de energia na célula. Outros nutrientes que também são fundamentais para a vida são os minerais e as vitaminas. Já a água corresponde ao composto químico em maior quantidade nos seres vivos (cerca de 70% do peso total) e é o solvente dos compostos químicos celulares, logo, é indispensável na alimentação.
É possível classificar os alimentos considerando várias características, como: consistência, composição etc., porém, do ponto de vista bioquímico, a melhor forma de classificá-los é considerar suas propriedades biológicas.
Nesta unidade, iniciaremos nossos estudos com uma introdução à Bioquímica, apresentando os tipos de carboidratos, proteínas e lipídios e suas fontes, bem como abordando a atividade da água, a água nos alimentos e sua importância na qualidade dos alimentos.
Os carboidratos geralmente estão presentes nas nossas refeições e certamente você já viu, em inúmeros rótulos de alimentos, compostos denominados: amido, glicose, sacarose, maltodextrina, goma, lactose, frutose, entre outros, não é mesmo? Todos esses compostos pertencem à classe dos carboidratos. Mas o que são os carboidratos? Os carboidratos são biomoléculas abundantemente presentes na natureza. Além disso, constituem 90% da matéria seca das plantas, sendo amplamente disponíveis, e possuem baixo custo. São também denominados glicídios, açúcares ou hidratos de carbono, por serem constituídos por átomos de carbono e hidrogênio, a saber, (CH2O)n.. É importante ressaltar que os carboidratos têm muitas estruturas moleculares, tamanhos e configurações diferentes (MORAN; HORTON; SCRIMGEOUR, 2013), conforme veremos a seguir.
Pertencem a esse grupo substâncias como glicose, frutose e sacarose, responsáveis pelo sabor doce de vários alimentos. O amido é a principal fonte de reserva de alguns tecidos vegetais, e a celulose, o carboidrato mais abundante na natureza e principal componente dos tecidos vegetais. Alguns carboidratos, como a celulose e a hemicelulose, não são fontes de energia, mas são fontes de fibras dietéticas (BRINQUES, 2015).
A maioria dos carboidratos é formada por oligômeros, denominados oligossacarídeos, ou por polímeros, denominados polissacarídeos. Os açúcares simples e de baixa massa muscular são denominados monossacarídeos. Os carboidratos podem ser descritos pela quantidade de unidades monoméricas (quantidade de monossacarídeos) que contêm, por exemplo, os oligossacarídeos são polímeros que podem conter de duas até vinte estruturas de monossacarídeos. Os oligossacarídeos mais comuns são os dissacarídeos, que consistem em dois monossacarídeos ligados. Os polissacarídeos são polímeros com vários (geralmente mais de vinte) monossacarídeos. Os oligossacarídeos e os polissacarídeos não têm a fórmula empírica (CH2O)n, pois perdem água durante sua formação. A palavra glicano é o termo mais usado para os carboidratos poliméricos. Tal palavra pode se referir tanto a polímeros de açúcar idênticos (homoglicanos) como de açúcares diferentes (heteroglicanos) (MORAN; HORTON; SCRIMGEOUR, 2013). O Quadro 3.1 apresenta os três tipos de carboidratos e suas características.
Quadro 3.1 – Tipos de carboidratos
Fonte: Ribeiro (2007. p. 34).
A partir da apresentação das características gerais de cada tipo de carboidrato, conheceremos, na sequência, a estrutura química de cada um deles.
A Figura 3.1, apresentada a seguir, traz alguns exemplos de estrutura dos monossacarídeos.
Vimos anteriormente que é possível classificar os monossacarídeos pela quantidade de carbonos presentes em sua molécula. Dos monossacarídeos mais simples, tem-se as trioses, cuja estrutura é constituída por três átomos de carbono. Com maior quantidade de carbonos em suas moléculas, temos a tetroses (quatro carbonos), as pentoses (cinco carbonos), as hexoses (seis carbonos), e assim por diante. Dos monossacarídeos, os mais comuns são as pentoses e as hexoses. Para a pentose, destaca-se a molécula denominada ribose. Já para a hexose, destaca-se a glicose (RIBEIRO, 2007).
Outro ponto a ser considerado é o grupamento carbonila. Quando se caracteriza o grupo funcional aldeído, o açúcar passa a ser denominado aldose. E quando apresenta o grupo funcional cetona, denomina-se cetose. Dessa forma, a ribose e a glicose são aldoses, sendo que a ribulose e a frutose são cetoses, conforme indicado nos exemplos anteriores (RIBEIRO, 2007).
Porém, a forma linear dessas moléculas é a menos frequente, porque, no ambiente aquoso das células, os monossacarídeos assumem uma conformação cíclica, por exemplo: glicose e frutose são isômeros estruturais, visto que sua fórmula geral é idêntica (C6H12O6), no entanto, o arranjo dos átomos é diferente (VOET; VOET; PRATT, 2008). Observe a Figura 3.2 a seguir.
A molécula de glicose forma um anel de seis elementos, ou seja, uma piranose (alfa-D-glicopiranose): um oxigênio (da carbonila) e cinco carbonos (1, 2, 3, 4, 5). Já a frutose, por ser uma cetona, forma anel com cinco elementos (um oxigênio e quatro carbonos), ou seja, uma furanose, transformando-se na alfa-D-frutofuranose. Porém, como as formas cíclicas são as mais abundantes, costuma-se designar a D-glicopiranose apenas como glicose, e a D-frutofuranose, como frutose (VOET; VOET; PRATT, 2008).
Os dissacarídeos mais representativos na dieta humana são a lactose (galactose + glicose) e a sacarose (glicose + frutose). Observe, a seguir, a Figura 3.3.
Na lactose, açúcar livre do leite, conforme figura anterior, a ligação glicosídica ocorre entre o carbono 1 da galactose e o 4 da glicose. Já na sacarose, açúcar produzido a partir da cana-de-açúcar, a ligação glicosídica ocorre entre o carbono 1 da glicose e o carbono 2 da frutose (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).
A maioria dos carboidratos encontra-se nessa classe e, apesar de não apresentarem o sabor doce, influenciam a textura dos alimentos, como é o caso do amido de milho, responsável por engrossar caldos e molhos. Podem ser classificados nutricionalmente como digeríveis (amido) ou não digeríveis (celulose, hemicelulose, pectina, gomas) (VOLLHARDT, 2013).
Outra classificação atribuída aos carboidratos é em relação a sua estrutura molecular, sendo os homopolissacarídeos formados por apenas um tipo de açúcar, como o amido, e os heteropolissacarídeos constituídos por mais de um tipo de açúcar, como o ácido hialurônico. A seguir, são apresentados alguns exemplos de polissacarídeos.
Amido: esse carboidrato tem por função reservar energia para as células vegetais. É constituído por dois polímeros, a amilose e a amilopectina. Nas células, vegetais, o amido está armazenado nos plastos, que são as organelas dessas células (RIBEIRO, 2007). Observe a estrutura do amido na Figura 3.4:
Celulose: é o principal constituinte da parede das células vegetais. Observe a estrutura da celulose na Figura 3.5:
Hemicelulose: são polissacarídeos ramificados que acompanham a celulose na constituição da parede celular dos vegetais. Observe a estrutura da hemicelulose na Figura 3.6:
Substâncias pécticas: o esqueleto péctico é um homopolímero de ácido galacturônico ligado. Geralmente, as substâncias pécticas são encontradas na forma insolúvel e, quando solúveis, são denominadas pectinas (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). Observe a estrutura do ácido galacturônico na Figura 3.7:
A importância da pectina se dá pela propriedade de formação de géis, quando em presença de açúcar e ácido, sendo utilizada para a elaboração de geleias, doces, produtos de laticínios e panificação (BRINQUES, 2015).
Gomas: vários tipos de gomas são de fundamental aplicação em alimentos, como da goma xantana, representada na Figura 3.8.
As gomas são utilizadas como insumos para conferir textura, pois têm propriedades geleificantes, espessantes, além de serem estabilizantes de emulsões (BRINQUES, 2015).
Antes de apresentar as fontes de obtenção dos carboidratos, vamos explicar a classificação dos carboidratos simples e dos complexos. Segundo Wolk (2012), os carboidratos simples podem ser facilmente absorvidos pelo corpo humano, visto que são digeridos rapidamente, por isso, produzem um aumento súbito da taxa de glicose no sangue (glicemia). Os carboidratos simples são constituídos de açúcares simples ou por dois deles. São considerados carboidratos simples:
Alguns dos alimentos que contêm carboidratos simples são: bala, rapadura, frutas, leite e derivados, verduras, doces em geral, mel, açúcar branco, melado, bebidas carbonatadas (refrigerantes).
Já os carboidratos complexos apresentam um processo de absorção mais lento, visto que são constituídos por cadeias mais complexas de açúcares. São considerados carboidratos complexos:
Alguns dos alimentos que contêm carboidratos complexos são: pão, feijão, massa, lentilha, aveia; cereais, vegetais feculentos, legumes, arroz, batata, milho.
A seguir, abordaremos alguns carboidratos importantes.
Glicose: é classificada como um carboidrato simples e importante para o processo de respiração nas células, pois é por esse processo que será disponibilizada energia para as células. Os monossacarídeos fundamentais para processos importantes surgem a partir da polimerização da molécula de glicose. A glicose está presente como açúcar em xarope de milho, mel, batata, arroz, farinha, doces etc.
Outros carboidratos monossacarídeos muito conhecidos são apresentados a seguir:
Frutose: açúcar presente nas frutas.
Galactose: não é encontrada livre na natureza e, assim como a lactose, está presente no leite e nos produtos lácteos.
No Quadro 3.2, são apresentadas as fontes usuais de alguns polissacarídeos.
Quadro 3.2 – Origem e fonte dos polissacarídeos
Fonte: Adaptado de Cunha, Paula e Feitosa (2009, p. 650).
É importante ressaltar que alguns polissacarídeos são denominados fibras alimentares, conforme indicado no Quadro 3.3, a seguir, sendo divididos em fibras insolúveis (celulose, hemicelulose e lignina, por exemplo) e fibras solúveis (goma e pectina).
Quadro 3.3 – Tipos de fibra alimentar, grupos, componentes e principais fontes
Fonte: Adaptado de Bernaud (2013, p. 398).
Portanto, deve-se considerar a importância da aplicação e das funções dos polissacarídeos em alimentos. Tanto as fibras alimentares como o amido, em produtos empanados, são responsáveis pela adesão e, em pães e bolos, conferem propriedades de antienvelhecimento, umectante; assim como as fibras alimentares, também têm a função espessante, estabilizante e gelificante, principalmente em molhos, bebidas e sobremesas (RIBEIRO, 2007).
Algumas reações químicas podem ocorrer em alimentos, sendo elas oxidativas ou não, devido à quantidade e ao tipo do carboidrato. São reações de escurecimento denominadas maillard e caramelização.
Durante o aquecimento de carboidratos, ocorre uma série de reações, podendo estas serem desejáveis, por conferirem cor e sabor aos alimentos.
Entenda mais sobe esse tema acessando o seguinte link: <https://cienciasdosalimentos.wordpress.com/2013/04/21/carboidratos/>. Acesso em 20 nov. 2019.
Gelatinização, retrodegradação e sinérese do amido: conheça as reações que ocorrem em amidos, fundamentais para o entendimento de sua aplicação.
Em água fria, o amido é insolúvel, no entanto, quando aquecidas, as moléculas iniciam um processo que quebra as pontes de hidrogênio intermoleculares, o que permite entrada de água, promovendo a gelatinização do amido.
Outra característica do amido é denominada retrogradação. Esse é um fenômeno decorrente da reaproximação das moléculas pela redução de temperatura durante o resfriamento do gel, ocorrendo formação de pontes de hidrogênio intermoleculares e liberação de água existente entre as moléculas (sinérese).
Leia mais sobre esse tema em: <https://bit.ly/37hgbAp>. Como também em: <https://bit.ly/36bNCD1>. Acesso em: 20 nov. 2019.
Vimos que existem várias gomas responsáveis por conferir diversos usos e propriedades aos alimentos. Mas quais são os tipos utilizados? Veja a tabela “Características das principais gomas alimentícias”, apresentada no artigo “As Grandes Gomas”, disponibilizado no link a seguir seguir, e saiba mais sobre esse tema: <http://insumos.com.br/aditivos_e_ingredientes/materias/297.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2019.
Os monossacarídeos estão presentes nos alimentos que comemos. De acordo com o conteúdo visto até o momento e seu conhecimento a respeito de quais alimentos contêm certos tipos de carboidratos, assinale a alternativa correta sobre quais açúcares são monossacarídeos.
Maltose e glicose.
Incorreta. A maltose é um dissacarídeo e é o primeiro produto gerado após a quebra da molécula de amido. A glicose é um monossacarídeo.
Sacarose e frutose.
Incorreta. A sacarose é um dissacarídeo obtido da cana-de-açúcar. A frutose é um monossacarídeo obtido das frutas.
Glicose e galactose.
Correta. São considerados carboidratos simples aqueles que são monossacarídeos, que podem ser quebrados durante a digestão e se transformam em moléculas menores, sendo solúveis em água. A glicose é um monossacarídeo sintetizado pelos vegetais no processo de fotossíntese. A galactose é originada da lactose, que é considerada o açúcar do leite.
Lactose e glicose.
Incorreta. A lactose é o açúcar presente no leite e é um dissacarídeo formado por uma molécula de glicose e uma de galactose. A glicose é um monossacarídeo.
Frutose e lactose.
Incorreta. A frutose é um monossacarídeo e é o açúcar presente nas frutas. A lactose é o açúcar presente no leite e é um dissacarídeo formado por uma molécula de glicose e uma de galactose.
As proteínas estão presentes como macromoléculas em muitos alimentos, como ovos, leite e carnes. E essas macromoléculas são de grande importância para os seres vivos, pois constituem mais de 50% da massa seca da maioria das células e atuam como catalisadores (alteram a velocidade de uma reação), na proteção do organismo e em diversas outras funções importantes (FERRIER, 2018).
As proteínas são polímeros complexos constituídos por várias moléculas de aminoácidos ligadas por ligação covalente. Os aminoácidos são moléculas orgânicas constituídas por um carbono no centro e apresentam quatro grupos diferentes ligados a ele: o grupo carboxila, o grupo amino, um radical qualquer, que é representado por R, e um átomo de hidrogênio. A seguir é apresentada a fórmula estrutural de um aminoácido.
As ligações entre os aminoácidos são denominadas de ligações peptídicas. Tais ligações acontecem como reação entre o grupo amina (compostos orgânicos derivados da amônia) de um aminoácido e o grupo carboxila (componente dos ácidos carboxílicos) de outro. A figura a seguir retrata como ocorre essa ligação entre aminoácidos.
Os aminoácidos são divididos em dois grandes grupos, os aminoácidos naturais ou não essenciais e os aminoácidos essenciais. Os aminoácidos naturais ou não essenciais são aqueles que produzidos pelo próprio organismo, totalizando doze, tais como: glicina, alanina, serina, histidina, asparagina, glutamina, cisteína, prolina, tirosina, arginina, ácido aspártico e ácido glutâmico. Já os aminoácidos essenciais são aqueles que não são sintetizados pelo organismo e que precisam ser obtidos por meio da alimentação, correspondem a oito aminoácidos: fenilalanina, valina, triptofano, treonina, lisina, leucina, isoleucina e metionina (BRINQUES, 2015).
No total, vinte aminoácidos formam todas as proteínas, porém, é necessário salientar que nem todos os aminoácidos encontram-se presentes em uma proteína que, por sua vez, pode apresentar aminoácidos repetidos (FERRIER, 2018).
As proteínas podem ser constituídas por um ou mais polipeptídeos, que se encontram em uma forma tridimensional única, ou seja, podem apresentar diferentes formas tridimensionais, sendo elas: estrutura primária, secundária, terciária e quaternária. Sobre a classificação, podem ser simples, conjugadas ou derivadas (RIBEIRO, 2007).
Na Figura 3.11, são apresentados os quatro tipos de estrutura das proteínas.
Estrutura primária: trata-se da sequência de aminoácidos. Na Figura 3.11, observe que os aminoácidos ligados entre si são representados pelas siglas: Lys; Gly; Leu (siglas, em inglês, para lisina; glicina leucina) e assim continuamente, de acordo com o aminoácido que estará ligado na sequência (FERRIER, 2018).
Estrutura secundária: a estrutura secundária dos polipeptídeos se forma por meio de ligações entre grupos que se repetem na cadeia principal. Tais ligações ocorrem a partir de ligações ou pontes de hidrogênio, ou seja, o hidrogênio se liga aos átomos de oxigênio das carbonilas e aos hidrogênios das amidas das ligações peptídicas. Para essa estrutura, as cadeias apresentam-se enroladas, dobradas sobre si mesmas e também torcidas (FERRIER, 2018).
Para Nelson e Cox (2003, p.100), as moléculas dessa estrutura podem sofrer rotação e interagir de duas formas, “alfa-hélice: quando acontecem ligações de hidrogênio entre os aminoácidos, assume a forma helicoidal”; e “folhas-beta: quando acontecem ligações de hidrogênio entre os aminoácidos, gera-se uma estrutura folhear e rígida”. Observe as Figuras 3.12 e 3.13, apresentadas a seguir.
Estrutura terciária: trata-se da forma adquirida por um polipeptídeo depois da interação de suas cadeias laterais. Observa-se, nesse caso, que existem mais dobras e enrolamentos.
Estrutura quaternária: é constituída pela junção de duas ou mais cadeias proteicas.
Para Ferrier (2018), as proteínas podem ser classificadas em dois grupos, considerando a função que desempenham no organismo:
De acordo com sua composição, as proteínas podem ser classificadas em:
Além disso, quanto à forma, as proteínas podem ser classificadas em dois tipos:
Na Figura 3.14, é apresentada a estrutura de uma proteína fibrosa e a de uma proteína globular.
Ainda segundo Ribeiro (2007), as proteínas são classificadas conforme a solubilidade, sendo:
Albuminas: são solúveis em água e coagulam quando submetidas ao calor. Exemplos: ovoalbumina e lactoalbumina;
Globulinas: apresentam pouca solubilidade em água e coagulam quando submetidas ao calor. Exemplo: miosina;
Prolaminas: são insolúveis em água e soluções salinas; e solúveis em soluções de etanol. Exemplos: gliadina (trigo e centeio) e zeína (milho);
Glutelinas: são insolúveis em água, soluções salinas e etanol; e solúveis em soluções alcalinas diluídas e em soluções ácidas. Exemplo: glutenina (trigo);
Escleroproteínas: proteínas de estrutura fibrosa insolúveis nos solventes mencionados (água, soluções salinas, etanol, soluções alcalinas e ácidas). Exemplos: colágeno e queratina.
Uma das características da proteína é a capacidade de ser desnaturada. Tal processo ocorre quando as proteínas são submetidas a calor, agitação ou agentes químicos, sendo esse processo irreversível. Por esse processo, as proteínas perdem as propriedades que tinham antes, logo, é por esse motivo que alguns alimentos acabam perdendo seu valor nutricional depois de cozidos (BRINQUES, 2015).
As proteínas desempenham papel fundamental no organismo e são a base do material que constituí órgãos e tecidos, bem como de dentes, ossos, cabelos etc. As funções que as proteínas desempenham dependem de sua forma e estrutura (BRINQUES, 2015).
Segundo Brinques (2015), quase todas as funções celulares precisam ser intermediadas pelas proteínas, entre essas funções, temos:
As proteínas são de origem vegetal ou animal e, segundo Brinques (2015), diferem em algumas características, de acordo com sua origem.
As proteínas de origem vegetal, como amendoim, arroz integral, amêndoa, aveia, brócolis, feijão e lentilha, são consideradas incompletas e apresentam as seguintes características:
Já as proteínas de origem animal, como atum, camarão, ovos, carne vermelha, porco, iogurte e frango, são consideradas proteínas completas, pois apresentam todos os aminoácidos essenciais e em proporção e quantidade ideais (BRINQUES, 2015). Tais proteínas apresentam as seguintes características:
O Quadro 3.4 apresenta a porcentagem de proteínas da parte comestível de alguns alimentos.
Quadro 3.4 – Percentual de proteínas em alimentos
Fonte: Adaptado de Gava (2009, p. 17).
Com relação às propriedades funcionais de proteínas em alimentos, em bebidas, sua funcionalidade está relacionada à solubilidade em diversos valores de pH, estabilidade térmica e viscosidade. Em sopas e molhos, a proteína confere viscosidade, emulsificação e retenção de água. Já em produtos de panificação sua função é formar propriedades viscoelásticas, coesão, sendo responsável, também, por desnaturação térmica, formação de gel, absorção de água, emulsificação e aeração. Em produtos lácteos e cárneos, confere propriedades de emulsificação e retenção de água e gordura, especificamente em sorvete e iogurte, proporcionando viscosidade e coagulação. Em produtos embutidos, como presunto, confere adesão (RIBEIRO, 2007).
Como ocorre a desnaturação das proteínas e quais são seus efeitos? Segundo Ribeiro (2007), ela pode ocorrer devido à interferência química ou física e, entre seus principais efeitos, é possível citar:
Essa desnaturação pode ser reversível ou irreversível, dependendo das ligações que estabilizam sua conformação como também do processo a que foi submetida. Por exemplo: a desnaturação pelo calor é irreversível, no entanto, pela ureia, pode ocorrer a regeneração da proteína se a ela for retirada.
Leia mais sobre esse tema no seguinte link: <https://bit.ly/2rgcU4v>. Acesso em: 20 nov. 2019.
As proteínas são formadas por algumas ou milhares de moléculas de aminoácidos que estão ligados entre si. Assinale a seguir a alternativa que menciona por quais moléculas as proteínas são formadas.
Moléculas de proteínas.
Incorreta. As proteínas são moléculas muito importantes na constituição dos seres vivos e são formadas por moléculas de aminoácidos.
Moléculas de aminoácidos.
Correta. Os aminoácidos são formados por ligações peptídicas formando, assim, as denominadas sequências de aminoácidos.
Moléculas de glicose.
Incorreta. Glicose não é uma proteína, e sim um carboidrato.
Moléculas de polissacarídeos.
Incorreta. Os polissacarídeos são carboidratos, como a celulose e o glicogênio.
Moléculas de quitina.
Incorreta. A quitina também é um polissacarídeo que faz parte do exoesqueleto dos artrópodes.
Segundo Nelson e Cox (2011, p. 343), os lipídios:
são compostos químicos orgânicos que apresentam diversas composições, proporcionando uma gama imensa de funções biológicas. Se apresentam como cofatores enzimáticos, chaperonas, pigmentos fotossensíveis que auxiliam nos dobramentos de proteínas, para o trato digestivo como agentes emulsificantes, como hormônios, entre outras funções.
A insolubilidade em água é a principal característica dos lipídios, devido a sua estrutura química, porém, são solúveis em solventes orgânicos, como acetona, éter, álcool etc. Os lipídios são constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio, mas podem conter nitrogênio, fósforo e enxofre (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010)
Dos lipídios, os ácidos graxos são os mais conhecidos, tendo como exemplos os óleos e as gorduras. São também chamados de ácidos carboxílicos, e suas cadeias podem ter uma quantidade de quatro a trinta e seis carbonos, apresentando radicais longos com cadeias saturadas e insaturadas. Segundo Brinques (2015), os ácidos graxos são matéria-prima para alguns grupos de lipídios, convergindo para ideia de Nelson e Cox 2003), conforme a figura a seguir.
Os mais simples dos lipídeos são os triglicerídeos, ou triacilgliceróis, constituídos por três ácidos graxos, conectados, por ligações éster, ao glicerol. São moléculas que têm a função de armazenar energia, também denominada de gordura de reserva, e que têm a função de isolamento térmico. A fórmula estrutural do triglicerídeo está representada na Figura 3.16 (NELSON; COX, 2003).
A estrutura molecular dos lipídios mais encontrada nos alimentos é a estabelecida pela união de uma, duas ou três cadeias longas de ácidos graxos ligados à estrutura do glicerol, sendo este último um álcool constituídos por três carbonos ligados às hidroxilas-OH (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).
Denominamos de glicerídeos os óleos (líquidos na temperatura ambiente) e as gorduras (sólidas na temperatura ambiente) que apresentam alto grau energético, de modo que estão presentes na dieta humana. Para os mamíferos, tal gordura encontra-se abaixo da pele e tem a função de protegê-los das variações de temperatura, ou seja, funcionam como um isolante térmico (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010)
Segundo Pereira (2009), dentre os lipídios, recebem destaque cerídeos, carotenoides, fosfolipídios, glicerídeos e esteroides, a saber:
Cerídeos: são classificados como lipídios simples, podem ser encontrados na cera produzida pelas abelhas (construção da colmeia), nos frutos (como a manga) e na superfície de folhas (cera de carnaúba) e exercem função de impermeabilização e proteção;
Carotenoides: pigmentos, de cor laranja, presentes nas células de todas as plantas, que, junto com a clorofila, participam da fotossíntese. O caroteno quando ingerido se torna precursor da vitamina A, fundamental para melhorar a visão. Os carotenoides trazem benefícios para o sistema imunológico, atuando como anti-inflamatórios. Existem dois tipos de carotenoides: os carotenos e as xantofilas. A cor da pele humana depende do pigmento melanina, da disposição dos vasos sanguíneos e também do caroteno que fica acumulado no tecido adiposo debaixo da pele/subcutâneo (do latim: adeps = gordura animal, banha; oso = cheio de);
Fosfolipídios: são os principais constituintes das membranas das células. É um glicerídeo (um glicerol unido a ácidos graxos) combinado com um fosfato. Tratam-se de moléculas anfipáticas, ou seja, têm uma região polar (cabeça hidrofílica), tendo afinidade por água e outra região apolar (calda hidrofóbica), que repele a água;
Glicerídeos: estruturalmente, são constituídos por uma molécula de glicerol, na qual estão esterificados, sendo uma molécula de glicerol (monoglicerídeo), duas moléculas de glicerol (diglicerídeos) ou três moléculas de glicerol (triglicerídeos). Podem ser encontrados na forma líquida (óleos) ou sólida (gorduras), em temperatura ambiente;
Esteroides: são constituídos por quatro anéis de carbonos ligados entre si, sendo constituídos por dezessete átomos de carbono no total. Tais anéis estão unidos a hidroxilas, oxigênio e cadeias carbônicas. Como exemplo dos esteroides, podemos citar os hormônios sexuais masculinos (testosterona), os hormônios sexuais femininos (progesterona e estrogênio), a vitamina D e os esteróis (colesterol). Aliás, o colesterol é responsável pela síntese ou pela produção desses hormônios sexuais femininos e masculinos. A Figura 3.17 apresenta a representação do colesterol.
O consumo de alimentos que contêm lipídios é fundamental para o ser humano, pois eles fornecem condições para um adequado funcionamento do organismo. Alimentos que têm alto teor de lipídios podem ser tanto de origem animal quanto vegetal. Além disso, os lipídios são responsáveis por conferir palatabilidade, sabor e aroma aos alimentos (MORAN; HORTON; SCRIMGEOUR, 2013).
Segundo Nelson e Cox (2011, p. 343), as fontes de lipídeos nos alimentos podem ser classificadas em “fontes de origem animal: ovos, leite, manteiga, carnes vermelhas, peixes. Fontes de origem vegetal: coco, abacate, azeite de oliva, oleaginosas, como castanhas, nozes, amêndoas e gergelim”.
Há uma diversidade de funções para os lipídios, pensando na quantidade de tipos e classes que existem. Dentre as principais funções biológicas, tem-se a do armazenamento de energia. “Fora do corpo”, podem ser usados na indústria alimentícia, em cosméticos, suplementação, entre outros. Há muitas vitaminas que se apresentam como tipos de lipídios, com funções hormonais e estruturais, como fosfolipídios e glicolipídios, para proteção mecânica e isolante térmico, e triacilgliceróis, conhecidos por armazenar energia.
Concentrada abaixo da pele, a camada adiposa protege o corpo contra o frio e eventuais choques. Logo, a gordura que é armazenada no organismo funciona como um estoque de energia. Ao passarmos muitas horas sem ingerir alimentos, esgotam-se os carboidratos e, com isso, o metabolismo passa a consumir essa gordura para que os órgãos sejam mantidos em funcionamento. Por tais motivos é que os nutricionistas recomendam que sejam realizadas refeições a cada três horas, pois, quando há falta de carboidratos no organismo, o cérebro entende que é necessário reforçar as reservas de energia, “ordenando” que o corpo acumule mais a gordura dos próximos alimentos ingeridos. Tal acúmulo dá origem ao chamado “pneuzinho”, que pode ser muito prejudicial à saúde, pois essa gordura pode se acumular nas artérias, causando, assim, futuros problemas cardíacos.
Ao considerar a classificação dos lipídeos em relação ao consumo pelo ser humano, temos as gorduras saturadas, as insaturadas e a famosa gordura trans. As saturadas estão, em especial, nos alimentos de origem animal e em estado sólido. Seu consumo em excesso provoca problemas de coração e aumento nos níveis de colesterol. Já as insaturadas são líquidas em temperatura ambiente e ajudam nas taxas de colesterol ruim (LDL) (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).
As gorduras insaturadas são divididas em monoinsaturadas e poli-insaturadas. Dentre os alimentos ricos em lipídios monoinsaturados, estão os óleos de canola, azeite extravirgem, amendoim, nozes e abacate. E as poli-insaturadas (ricas em ômega 3 e ômega 6, encontrados em peixes), que o organismo não produz e precisam ser consumidas por meio da alimentação (MAGALHÃES, 2019).
As gorduras trans são gorduras encontradas naturalmente, em baixo teor, nas carnes e nos lácteos e são formadas artificialmente por hidrogenação, um processo químico. Alguns alimentos ricos em lipídios desse tipo são batatas fritas, biscoitos recheados, margarinas e sorvetes (MAGALHÃES, 2019).
Sabe-se que as altas quantidades de colesterol são prejudiciais para o corpo humano. Tendo em vista a importância do colesterol para o organismo, assinale a alternativa que representa uma de suas funções.
Faz parte do processo de produção de testosterona e progesterona.
Correta. O colesterol é a molécula usada para a síntese dos hormônios sexuais masculino e feminino.
É usado como agente para oxidar os carboidratos.
Incorreta. Os carboidratos não são oxidados pelo colesterol e sua oxidação ocorre a partir da digestão dos alimentos, ou seja, pelas enzimas.
Tem como função formar os tendões e as cartilagens.
Incorreta. É função das proteínas formar, a partir do colágeno, os tendões e as articulações.
É a partir do colesterol que é gerada a ATP.
Incorreta. A ATP é gerada a partir da oxidação de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos.
É utilizado para dar estrutura aos músculos.
Incorreta. As proteínas são utilizadas para estruturar os músculos.
A água é considerada um solvente universal, porque é muito abundante na Terra e é capaz de dissolver grande parte das substâncias. Primeiramente, tratando-se das propriedades da molécula da água, a forma da água deve-se à ligação covalente entre o átomo de oxigénio e os átomos de hidrogênio (pontes de hidrogénio). Apresenta uma fórmula estrutural triangular, não linear, formando, nos átomos de hidrogênio, um ângulo de 104,5º entre si (BRINQUES, 2015).
Quando falamos em alimentos, a água é um componente fundamental e, ao falarmos de qualidade de alimentos e segurança, duas medidas críticas devem ser de conhecimentos dos fabricantes, são elas: o teor de umidade e a atividade de água. Muitos acreditam que tais medidas representam a mesma coisa, porém elas têm propósitos diferentes, e cada uma tem conceitos próprios sobre segurança e qualidade dos alimentos (MORAN; HORTON; SCRIMGEOUR, 2013).
Para Thiex e Richardson (2003), o teor de umidade dos alimentos é definido como a diferença do peso inicial e final da amostra. O teor de umidade apenas define a quantidade de água nos ingredientes e alimentos; já a atividade de água define quanto de água, passível de reagir com os microrganismos ou participar de algumas reações, como as enzimáticas, há nos alimentos. A fórmula apresentada a seguir indica como é calculado o teor de umidade após um processo de secagem de uma dada amostra. O teor de umidade é o parâmetro que representa o teor de água presente nos alimentos, ou seja, sua água total, e é normalmente representado pela porcentagem do peso total.
Umidade (%) = [(Pi – Pf) / Pi] × 100
Em que:
Pi = Peso inicial da amostra.
Pf = Peso final da amostra.
Conforme estudamos, quanto mais elevada for a atividade da água nos alimentos, mais rápido os microrganismos (leveduras, bactérias e bolores) serão capazes de crescer. Desse modo, a atividade da água está diretamente relacionada à conservação dos alimentos (BRINQUES, 2015).
Ribeiro (2007) propõe duas formas de apresentação da água nos alimentos, sendo a água livre e a água ligada.
Já para Fellows (2006), a água é dividida em água de capilar, água livre e água ligada, a saber:
De acordo com Ribeiro (2007), com o objetivo de aumentar a estabilidade dos alimentos, a água livre vem sendo reduzida por meio de congelamento, desidratação parcial, concentração ou adição de açúcar ou sal. Para a atividade metabólica dos microrganismos e seu crescimento, é preciso água em forma disponível. O método geralmente empregado para demonstrar a estabilidade de um produto é a determinação da quantidade de água em sua forma livre, que, para alimentos, é medida pelo Índice de Atividade de Água (Aw), calculado por meio da seguinte fórmula:
Aw = P/P0
Em que:
Aw é a relação existente entre a pressão de vapor de água de uma solução (ou um alimento);
P é a pressão de vapor da água pura;
P0 indica a mesma temperatura.
O Quadro 3.5 apresenta alguns alimentos e seus respectivos teores de umidade e atividade de água. Destacamos que não necessariamente um alimento que tem alta umidade tem alta atividade de água, citando o pão e a farinha como exemplos (FELLOWS, 2006).
Quadro 3.5 – Teor de umidade e atividade de água nos alimentos
Fonte: Adaptado de Fellows (2006, p. 205).
A Aa varia numericamente de 0 a 1. O teor de umidade (água total) para o pão é baixo (40%), já sua Aa (água livre) é alta (0,96). Se compararmos as atividades de água do pão com as da geleia, 0,96 e 0,86, respectivamente, percebemos que a água disponível para o crescimento microbiano no pão é maior (FELLOWS, 2006).
Em uma comparação entre a carne fresca e o pão, sabe-se que a carne fresca apresenta um teor de umidade de 70 e o pão de 40, ainda assim os dois alimentos apresentam um teor de Aa aproximado, sendo a carne fresca igual a 0,985 e o pão de 0,96. Valores de atividade da água entre 0 e 0,20 indicam que a água está fortemente ligada. Já valores de atividade na faixa de 0,70 e 1,00 indicam que a maior parte da água está livre e que é passível de ser utilizada em reações química enzimáticas para o desenvolvimento de microrganismos. É de extrema importância mensurar a Aa nos alimentos, para averiguar a atividade microbiana, prever possíveis reações químicas, planejar a embalagem para a proteção do alimento, dentre outros aspectos muito importantes e que influenciam a estabilidade do alimento (FELLOWS, 2006).
A água pode estar presente, como componente intracelular, em vegetais e animais, e apresenta teor variável nos diferentes alimentos. Em quantidade, estrutura e localização adequada, ela confere aos alimentos textura, aparência e sabor (RIBEIRO, 2007).
Sobre a segurança de alimentos, é necessário apresentar os valores mínimos de atividade de água para considerar o crescimento e a produção de toxina de patógenos de importância alimentar, conforme indica o quadro a seguir:
Quadro 3.6 – Valores de Aw, fenômeno e exemplos
Fonte: Adaptado de Fellows (2016, p. 602).
O comportamento microbiano perante à Aa, quanto à disponibilidade de água livre, é extremamente variável, sendo as bactérias mais exigentes, se comparadas aos fungos e às leveduras. Alimentos de baixa atividade de água (<0,60) são microbiologicamente estáveis.
Pelo exposto até o momento sobre a Aa, nota-se que ela é um dos fatores intrínsecos dos alimentos e é uma medida qualitativa que permite avaliar a disponibilidade de água livre suscetível a diversas reações, diferente do teor de umidade, que é uma medida quantitativa que mede o percentual, em peso, de toda a água presente no alimento, tanto ligada quanto livre (BRINQUES, 2015).
Segundo Brinques (2015), a adição de solutos no alimento provoca a diminuição no valor da sua Aa. Assim, a relação da Aa com o soluto depende do tipo de soluto adicionado e da sua concentração. A seguir, são apresentados os valores da atividade da água dos alimentos mais comuns:
Segundo Brinques (2015), na temperatura ambiente, grande parte dos microrganismos presentes nos alimentos apresentados anteriormente consegue se proliferar com grande velocidade. Mesmo que demais fatores possam influenciar o desenvolvimento microbiano patogênico, esses alimentos também crescerão com facilidade nas faixas de Aa apresentadas a seguir:
O parâmetro de Aa < 0,6 é considerado seguro sob o aspecto sanitário, pois evita o desenvolvimento de microrganismos patogênicos nos alimentos. Alimentos que apresentam Aa nesse valor são chamados de alimentos com umidade intermediária (IMF), sendo: Aa < 0,60: chocolate, confeitos, mel, biscoitos, chips de batata etc. (BRINQUES, 2015).
Portanto, a maioria dos métodos de conservação em alimentos se baseia na remoção do teor de água, sendo por meio de secagem, redução da mobilidade da água, por meio do congelamento do alimento, ou, ainda, pela adição de solutos. Ao considerar o congelamento, é válido ressaltar que a água não apresenta uma capacidade usual de se expandir na solidificação, o que pode ocasionar um dano estrutural no alimento, quando congelado (MORAN; HORTON; SCRIMGEOUR, 2013).
Seguem alguns exemplos de operações que diminuem a disponibilidade de água nos alimentos: liofilização, evaporação, congelamento (cristais de gelos) (FELLOWS, 2006).
A liofilização é um processo de secagem por meio da sublimação da parte congelada e sob vácuo. Leia, no link a seguir, um estudo realizado sobre abacaxi liofilizado. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bjft/v15n1/06.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2019.
A atividade de água pode ser usada como medida de controle de qualidade, indicando valores efetivos da disponibilidade da água no alimento passíveis de participar de reações enzimáticas e de deterioração oxidativa e por microrganismos, de modo que tais fatores afetam a qualidade sanitária e também podem vir a afetar a visual. O teor de umidade está relacionado à qualidade quanto a aspectos físicos, ou seja, se o alimento está crocante ou não.
Considerando seu conhecimento sobre a atividade de água nos alimentos, analise o quadro a seguir:
Considerando o quadro e a influência da atividade da água e das condições para o crescimento de microrganismos, assinale a alternativa que apresenta o alimento ou as condições mais favoráveis para o desenvolvimento microbiano.
Tanto frutas quanto vegetais são os que apresentam maior facilidade de degradação por ação de microrganismos, pois tais alimentos apresentam uma Aa que torna possível seu crescimento.
Incorreta. Tanto frutas quanto vegetais apresentam a primeira camada de água unida com o alimento, e isso facilita o crescimento de microrganismos, porém, eles não são os alimentos com maior facilidade para tal crescimento.
Para o desenvolvimento de bolores, são necessários valores altos de Aa, logo, eles têm facilidade para se desenvolver nas frutas secas.
Incorreta. Bolores precisam de valores altos de Aa para crescer, logo, não se desenvolvem em frutas secas.
Alimentos, como açúcar e cereais, são os mais perecíveis, pois têm um valor baixo de Aa, ou seja, muita água disponível para o crescimento de microrganismos.
Correta. Açúcares e cereais são os mais perecíveis, devido ao valor de Aa ser entre 0,1 e 0,2, sendo que o desenvolvimento microbiano começa entre 0,85 e 0,60.
Certos alimentos, como peixes frescos, são os mais perecíveis, devido a apresentarem valor de Aa mais alto que todos os outros alimentos.
Incorreta. Sim, são facilmente degradados por apresentarem Aa entre 0,98 e 0,96, porém são menos perecíveis do que alimentos de Aas inferiores.
Alimentos que apresentam Aa de 0,6 a 0,4 são os mais passíveis de degradação pela ação de microrganismos.
Incorreta. Os que têm maior facilidade de degradação são os que apresentam Aas inferiores a 0,6.
Química e Bioquímica Dos Alimentos – Volume 2
Editora: Editora Atheneu
Autoras: Maria Franco Lajolo e Adriana Zerlotti Mercadante
ISBN: 9788538808510
O livro Química e Bioquímica dos Alimentos – Volume 2 detalha a composição química de cada alimento e explica todas as reações bioquímicas que ocorrem no organismo humano após a ingestão dos alimentos. É um livro fundamental para se aprender sobre modos de conservação de alimentos.
Super Size Me
Gênero: Documentário
Ano: 2004
Elenco principal: Morgan Spurlock e Alexandra Jamieson
O documentário Super Size Me apresenta um experimento, realizado por um homem que, por 30 dias, só consumiu alimentos da rede de fast foods McDonald's. O documentário apresenta as mudanças físicas e psicológicas que ocorreram no corpo desse homem, bem como demonstra os riscos de uma dieta baseada nesse tipo de alimento (fast food).