Cada lugar do mundo tem sua identidade gastronômica, e o Brasil não poderia ser diferente, já que é um país de solo rico, cheio de cultura, povos e sabores. Sua confeitaria se criou aproveitando as técnicas dos seus colonizadores, a sabedoria dos índios e o trabalho árduo dos escravos.
No primeiro tópico desta unidade, você estudará sobre como a confeitaria brasileira foi desenvolvida e o porquê a nossa confeitaria deve ser valorizada. Mesmo com muita influência exterior, a confeitaria brasileira foi moldada por produtos típicos do país, seus costumes, climas e demais influências. Assim, no tópico 2, você irá conhecer os principais doces tradicionais do Brasil.
Para fazer história, é preciso continuar a criá-la, desenvolvendo novos produtos e técnicas. É importante aprender sobre a confeitaria atual, verificar a necessidade do consumidor e estar por dentro das tendências do mercado. Esse conhecimento você irá adquirir estudando o tópico 3.
Com o avanço da humanidade e o desenvolvimento da tecnologia, foi possível correlacionar a confeitaria com a ciência. Antes, a confeitaria era pura intuição, arte e talento; atualmente, com o progresso da ciência, consegue-se relacionar confeitaria e ciência para cada vez mais melhorar o ramo. Assim, concluímos o livro com o tópico 4, no qual será abordada a relação entre confeitaria e ciência.
No Brasil, sua produção era completamente agrícola, com os índios. Com a chegada dos imigrantes portugueses, iniciaram-se a produção capitalista e os processos de globalização. Em seguida, vieram os alemães, italianos, espanhóis e japoneses, que também trouxeram influências alimentares para o Brasil (DINIZ et al., 2018).
O Brasil, por ser um país vasto em território e altamente miscigenado, nunca teve uma homogeneidade no padrão alimentar. Sua gastronomia não poderia ser diferente. A história da confeitaria brasileira surgiu com a união das técnicas portuguesas aos conhecimentos indígenas e africanos (ELEUTÉRIO; GALVES, 2014).
Dessa forma, utilizando as técnicas portuguesas, o uso da mandioca – que já era tradição dos índios – e as técnicas conventuais, as receitas de família tradicionais portuguesas e o intenso trabalho das escravas que usavam os tachos de cobre herdados pelos portugueses surgiu a confeitaria brasileira (ELEUTÉRIO; GALVES, 2014).
Os portugueses já tinham conhecimento de todas as técnicas da Europa, incluindo as da França, além disso, tinham seus conhecidos doces conventuais. Já os índios comiam mel misturado com raízes e frutas (ELEUTÉRIO; GALVES, 2014). Com a imigração dos portugueses, veio também o cultivo da cana-de-açúcar, trazida oficialmente por Martim Affonso de Souza, em 1553. O clima do país era favorável para o cultivo da planta e, assim, surgiram os engenhos de açúcar (COSTA et al., 2018).
Por muito tempo, a riqueza do Brasil se dava em função da cana-de-açúcar e, como somente o Brasil conseguia produzir em larga escala, era o país que exportava açúcar para a Europa, que, por sua vez, pagava muito bem pelo ingrediente. Além disso, o forte comércio do açúcar fez com que Salvador e Olinda se desenvolvessem rapidamente (COSTA et al., 2018).
Com a expansão da produção de açúcar e com a criação de novos engenhos, criavam-se bolos para homenagear os grandes nomes da época e os donos de engenhos, como o bolo Souza Leão, bolo Luis Felipe e o bolo de rolo. Na mesma época, surgiram os doces finos e os doces de tabuleiro, como a cocada e a rapadura. Com o cultivo de cana-de-açúcar e a grande produção de açúcar, iniciou-se, também, o processo industrial de doces feitos a partir das frutas tropicais e açúcar.
Os portugueses não trouxeram apenas a cana-de-açúcar mas também a tradição dos doces conventuais de Portugal para o Brasil, aliados a evitar o desperdício das gemas, já que as claras eram utilizadas para engomar as roupas e limpar os vinhos nas vinícolas. Com as gemas que sobravam, as freiras desenvolviam os doces baba de moça, pastel de Santa Clara, bom-bocado, quindim, ambrosia, pastel de Belém, toucinho do céu, dentre outros (ELEUTÉRIO; GALVES, 2014).
Ao mesmo tempo que a confeitaria era desenvolvida no Nordeste do país, o Sul também produzia doces finos. No Pará, Norte do país, as compotas de frutas da Amazônia já eram produzidas. No Suldeste, em São Paulo e em outras regiões, os doces e confeitos também eram desenvolvidos (ELEUTÉRIO; GALVES, 2014).
Com a conquista da liberdade dos escravos, os doces – que eram de tradição das famílias ricas e dos conventos – começaram a ser produzidos e consumidos pelas pessoas mais pobres da sociedade.
Novos ingredientes, como manteiga, nozes, amêndoas e frutas secas, foram chegando ao Brasil com o passar do tempo. No entanto apenas as famílias ricas conseguiam aproveitar desses produtos.
A economia brasileira teve uma queda no século XIX. O ouro do país estava acabando. Os engenhos de Cuba e as plantações de beterraba da Europa estavam enfraquecendo o mercado de açúcar do Brasil. Dessa forma, muitas coisas mudaram no país; iniciou-se a era do café e, com isso, novos imigrantes chegaram (árabes, italianos e alemães). Nas fazendas de café, era imprescindível o bolo de fubá, a geleia de laranja e os sequilhos. Os novos imigrantes trouxeram as suas tradições. Os árabes surgiram com os folhados de mel, os alemães com a cuca e os italianos adicionaram o vinho no sagu.
Finalizando o século XIX, houve uma grande migração dos negros baianos para o Rio de Janeiro, em busca de trabalho. A baianas, que já eram excelentes doceiras, começaram a vender seus doces nas ruas, em tabuleiros, que já era tradição no seu estado de origem.
Ainda no fim do século XIX, começaram a surgir casas de chá e confeitarias no Rio de Janeiro e em São Paulo, espaços altamente luxuosos. Até o século XX, ocorreu uma expansão das confeitarias nas principais capitais, porém, ainda eram frequentadas apenas pela alta sociedade. Já em torno de 1950, grandes confeiteiros da Europa vieram para o Brasil para ensinar suas técnicas.
Enfim, esse foi o um pouco da história da confeitaria no Brasil. Porém cada doce, técnica e novo ingrediente descoberto é carregado de muita história.
As frutas têm grande impacto na confeitaria, sendo utilizadas há séculos em sobremesas, principalmente no Brasil.
Quando os imigrantes chegaram nas terras brasileiras, depararam-se com uma enorme variedade de frutas desconhecidas. Muitas das frutas brasileiras têm sabor azedo, e os portugueses que possuíam paladar aguçado para o sabor doce – pois já tinham contato com o açúcar – não se adaptaram ao sabor azedo e logo misturaram as frutas com o açúcar (COSTA et al., 2018).
Antigamente, as plantações eram comandadas pelas estações do ano, e o povo precisava se preparar para o inverno; por isso, armazenavam os mantimentos. Assim, as compotas surgiram pela necessidade de conservar as frutas (COSTA et al., 2018).
O Brasil é um país de solo rico e fértil, que produz uma imensidão de frutas, oleaginosas, castanhas e muitos outros ingredientes utilizados na confeitaria. O milho é um dos maiores exemplos de como nosso solo é fértil. Além da cana-de-açúcar, os portugueses utilizavam intensamente o milho, que já era bastante cultivado no país pelos índios.
O milho cru e seco era moído e se transformava em fubá – vale destacar que “fubá” é uma palavra africana que significa “farinha”. A produção de bolo de fubá era muito comum entre os mascates e tropeiros da época do Brasil Colônia e logo foi disseminando em todo o país, tornando-se tradição também das festas juninas.
Muitas receitas que utilizam o milho tiveram origem com os índios, como a pamonha, curau e canjica. Com a colonização dos portugueses e a chegada dos africanos, as receitas foram se adaptando e dando origem a outras (DE ONDE…, on-line).
A palavra “pamonha” vem do tupi pamunã tupi. Não se sabe exatamente em que região surgiu, mas é muito consumida no centro-oeste do país, principalmente em Goiás, mas também em outros estados, como Minas Gerais e São Paulo (DE ONDE…, on-line).
Muitos doces não sabemos ao certo onde e quando tiveram sua origem, já outros são cheios de histórias e lendas, mas não se tem certeza de sua história, como é o caso do Bolo Mané Pelado e do brigadeiro. Dizem que esse nome foi atribuído, pois Mané colhia as mandiocas nu; alguns falam que era por conta do calor ou para não sujar a roupa. Já o brigadeiro surgiu em um momento político, nas eleições para presidente em 1945, quando Eduardo Gomes, que possuía a patente de Brigadeiro, foi candidato (DINIZ et al., 2018); as eleitoras de Eduardo produziam o doce preferido para gerar dinheiro para a campanha, que até então não possuía nome, sendo batizado de brigadeiro (DINIZ et al., 2018).
Há relatos de que, no Rio Grande do Sul, produzia-se um doce muito parecido com o brigadeiro, que levava chocolate, leite condensado, manteiga e gemas, conhecido como negrinho. Cada região do Brasil tem seus alimentos típicos e seus doces tradicionais. Cada região tem seu hábito alimentar, que deriva bastante de seu clima e de como aquela sociedade foi desenvolvida.
As influências internacionais foram muito importantes, porém, é importante reconhecer que, no Brasil, desenvolveram-se técnicas e produtos de grande valor para a confeitaria. Muitos chefs confeiteiros lutam para que a nossa confeitaria seja explorada, utilizando ingredientes daqui e preparações para o paladar e costumes brasileiros.
Não há problemas em mesclar a confeitaria brasileira com a confeitaria clássica. Os chefs Diego Lozano e Flávio Frederico são um exemplo dessa mescla: já produziram éclairs de açaí, macarons de cupuaçu etc. Os sorvetes produzidos no Brasil são exemplos da valorização das nossas matérias-primas, já que, atualmente, encontramos sorvetes das mais diversas frutas nacionais.
O desenvolvimento da confeitaria no Brasil e no mundo se entrelaça com o desenvolvimento da humanidade, gerando alimento, trabalho, desenvolvimento pessoal e social.
Para se valorizar mais a confeitaria nacional, é necessário que os novos profissionais da área explorem os ingredientes, desenvolvam técnicas e conheçam os hábitos do país, para não dependerem apenas de influências exteriores.
No fim do século XIX, houve uma grande migração dos negros baianos para o Rio de Janeiro, em busca de trabalho. As baianas, que já eram excelentes doceiras, começaram a vender seus doces nas ruas, nos tabuleiros das baianas, tradição no seu estado de origem.
Nesse contexto, assinale a alternativa que indica o doce típico que as baianas costumavam vender em seus tabuleiros.
Cuca.
Incorreta. Cuca é um doce tradicional do Sul do país.
Brigadeiro.
Incorreta. O brigadeiro era vendido para arrecadar fundos para a campanha do candidato à presidência.
Cocada.
Correta. As baianas vendiam cocada em seus tabuleiros na Bahia. Depois que migraram para o Rio de Janeiro, continuaram a tradição
Sagu.
Incorreta. É um doce tradicional do Sul do país.
Compota.
Incorreta. As compotas surgiram para conservar as frutas. São tradicionais em Minas Gerais.
O território brasileiro é vasto, a terra é fértil e a mistura de povos é muito ampla. Por tudo isso, a confeitaria do Brasil é muito diversificada e singular, com muita influência de outros países, porém com suas próprias características e sabores.
As festas tradicionais de determinados estados têm grande influência nos doces. Na festa junina, por exemplo, são muito produzidos os doces de amendoim, como a paçoca e o pé de moleque. Já os doces de coco estão sempre presentes nos tabuleiros das baianas. Além disso, a mistura do doce com salgado, como o doce Romeu e Julieta (mistura de queijo com goiabada), não pode faltar para os mineiros.
A seguir, veremos os principais doces tradicionais do Brasil.
A grande oferta de ingrediente do Brasil e a criatividade dos brasileiros, aliadas às técnicas aprendidas ao longo dos tempos, proporcionaram o vasto cardápio de doces típicos brasileiros que aprendemos neste tópico. Além desses, existem muitos outros específicos de cada região.
O território brasileiro é vasto, sua terra é fértil e a mistura de povos é muito ampla. Por tudo isso, a confeitaria do Brasil é muito diversificada e singular.
Cada região do país tem suas tradições e sua própria gastronomia. No estado de Pernambuco, alguns doces são tão tradicionais que foram considerados patrimônio do estado. Diante do exposto, assinale a alternativa que indica um doce considerado patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco.
Bolo de rolo.
Correta. O bolo de rolo é considerado patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco. É produzido enrolando uma massa amanteigada muito fina e recheada de goiabada.
Ambrosia.
Incorreta. É produzida com ovos batidos, leite e açúcar. Não tem origem no Brasil, mas em Portugal. É muito tradicional em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
Bolo Mané Pelado.
Incorreta. Bolo de mandioca, tradicional de Minas Gerais e de Goiás. É cheio de lendas e muito consumido em datas festivas.
Bom-bocado.
Incorreta. Tem origem portuguesa, mas foi adaptado com os ingredientes produzidos no Brasil. Atualmente, é produzido com leite, ovos, coco ralado, açúcar, mandioca e queijo.
Cuca.
Incorreta. Esse doce tem origem alemã e é muito consumido no Sul do país. A sua textura é similar a de um bolo, mas é produzida com farinha de trigo, manteiga, ovos e fermento biológico.
Com o início dos anos 1990 e até em meados 2007, as padarias e confeitarias passaram por uma grande expansão até 2010, quando foi reduzido o crescimento do setor, sendo que 2015 foi o ano de mais baixo crescimento. Porém, logo em seguida, em 2016, o setor começou a se recuperar e se iniciou o seu processo de adaptação (SEBRAE, 2017).
O momento econômico impactou muito o segmento, prejudicando o seu avanço. Junto a isso, o perfil consumidor variou muito, fazendo com que as padarias e confeitarias precisassem se adaptar (SEBRAE, 2017).
A busca por uma alimentação mais saudável também vem modificando bastante a confeitaria atual. Diante disso, é observado um perfil de consumidor cada vez mais preocupado com a saúde e, consequentemente, com seus hábitos alimentares.
Além das limitações médicas que restringem alguns consumidores a determinados alimentos, como o glúten para os celíacos e o açúcar para os diabéticos, há aqueles que se previnem para não adquirem doenças no futuro. Dessa forma, buscam produtos sem corantes, conservantes e alergênicos (ABIP, 2019).
Há, também, um aumento das comunidades de vegetarianos e veganos, que prezam por uma alimentação mais consciente, livre de sofrimento animal, fazendo com que toda a confeitaria clássica se adapte.
Os produtos de pequenos produtores e produtores regionais também têm tomado bastante espaço no mercado atual, ainda mais pela busca de alimentos orgânicos.
Recentemente, a confeitaria brasileira tem se deparado com a retomada da história. Nos últimos anos, muitas receitas que já tinham perdido a tradição foram reinventadas. O bolo de rolo, atualmente, é encontrado como gourmet; o pão-de-ló continua sendo muito tradicional, mas seu preparo é bem diferente do original e sempre sofre adaptações de coberturas e recheios; já o bolo recheado de creme, sem cobertura e enfeitado com frutas, o famoso naked cake, está bastante em alta (COSTA et al., 2018). Além disso, a tendência minimalista continua em alta, de modo que os bolos tendem a ser mais simples, menores e com cores mais suaves, tudo com mais harmonia, sutileza e delicadeza; os bolos espatulados continuam em alta no mercado, como o Cake in Box, que é um bolo bastante recheado e úmido; já os bolos com chocolate voltam a ser os mais pedidos, porém sua tendência é ter decoração mais moderna e elegante.
Não apenas os bolos de chocolate ganharão mais sofisticação como também os doces, a fim de se adaptarem ao conceito gourmet; o brigadeiro sempre está em alta e é reinventado a todo tempo. O brigadeiro tradicional, de enrolar, agora pode ser de colher; o que antes era apenas de chocolate, agora pode ser de frutas, castanhas, gourmet ou até mesmo sem açúcar (COSTA et al., 2018).
As bolachas decoradas – que já são tradição americana – vêm tomando espaço no Brasil. São personalizadas, podendo ter diversas formas, cores e sabores e enfeitam mesas de bolos e doces. Por fim, há uma vertente de releitura dos salgados mais com preparos doces, como a coxinha de churros ou os sanduíches doces.
Não só os preparos das padarias e confeitarias que se modificam e atualizam; o marketing também foi atualizado. Na era digital, em que as redes sociais e os aplicativos de entrega de comida movimentam o mundo, as confeitarias não podem ficar de fora. Sendo assim, é muito importante que esse segmento acompanhe o ritmo tecnológico para estudar, principalmente, os hábitos de seus consumidores (COSTA et al., 2018).
As tendências da confeitaria mudam muito de região para região e de outras influências do momento, que podem ser econômicas, culturais, tecnológicas, dentre outras. Muitos dos doces caem no gosto popular e se mantêm, mas outros viram só modismo e saem logo do mercado.
O brigadeiro é um dos doces mais típicos do Brasil, produzido genuinamente no país, além de ter sido reinventado de diversas formas. Tendo isso em vista, considere os tipos de brigadeiro apresentados a seguir.
I - Brigadeiro gourmet.
II - Brigadeiro ganache.
III - Brigadeiro de colher.
IV - Brigadeiro de fruta.
V - Brigadeiro de castanhas.
Agora, identifique a alternativa que reúne somente releituras do brigadeiro.
I, II e III, apenas.
Incorreta. Apesar de o brigadeiro gourmet e o brigadeiro de colher serem releituras do brigadeiro tradicional, o brigadeiro ganache não é, pois ganache é um tipo de creme produzido com chocolate e creme de leite.
II, III e IV, apenas.
Incorreta. Apesar de o brigadeiro de colher e o brigadeiro de fruta serem releituras do brigadeiro tradicional, o brigadeiro ganache não é, pois ganache é um tipo de creme produzido com chocolate e creme de leite.
II, IV e V, apenas.
Incorreta. Apesar de o brigadeiro de fruta e o brigadeiro de castanhas serem considerados releituras do brigadeiro tradicional, o brigadeiro ganache não é, pois ganache é um tipo de creme produzido com chocolate e creme de leite.
I, III, IV e V, apenas.
Correta. Os doces gourmet são uma grande tendência atual e podem ser releituras do brigadeiro. Já o brigadeiro de colher é um brigadeiro mole, que pode ser consumido de colher, e é uma releitura do brigadeiro tradicional. Os brigadeiros de frutas, por sua vez, são uma releitura do tradicional, pois o chocolate é substituído por suco ou por pedaços de frutas. Por fim, o brigadeiro de castanhas também é uma releitura do tradicional, pois substitui o chocolate por castanhas; também pode-se adicionar castanhas no tradicional.
II, III, IV e V, apenas.
Incorreta. Apesar de os brigadeiros gourmet, de colher, de fruta e de castanhas serem releituras do brigadeiro tradicional, cada um com suas especificidades, o brigadeiro ganache não é, pois ganache é um tipo de creme produzido com chocolate e creme de leite.
Com o avanço da humanidade, veio a tecnologia e beneficiou vários setores, inclusive a confeitaria. O fogão a gás, os refrigeradores, fornos micro-ondas e utensílios de silicone são invenções atuais, visto que a panificação e confeitaria existem há séculos. Depois das invenções básicas, também surgiram outros grandes avanços, principalmente nos métodos de conservação de alimentos. Hoje, deparamo-nos com equipamentos muito sofisticados, que, na confeitaria, auxiliam no tempo e na qualidade dos seus produtos.
A ciência e a tecnologia de alimentos avançaram muito suas pesquisas e no desenvolvimento de novos produtos no ramo alimentício, proporcionando novos ingredientes a serem explorados na confeitaria. A ciência sempre esteve alinhada com a gastronomia e, consequentemente, com a confeitaria.
O alimento está muito além de só nutrir; está associado a emoções e prazeres. Um chef sempre tentará alinhar as percepções sensoriais, mesclando volumes, aromas, cores, textura e sabores.
A ciência auxilia o chef a compreender como todas essas percepções são formadas e quais são as propriedades dos alimentos. Dessa forma, é possível manipular os alimentos para atingir o objetivo desejado, que é um produto de qualidade e com boas percepções organolépticas.
Você já parou para pensar o porquê, em receitas que necessitam de um processo de cozimento e levam ovos, estes têm que ser adicionados depois que a massa esfria um pouco? Isso ocorre porque a gema, em sua composição, possui 50% de sólidos e 50% de líquidos, sendo que, na parte líquida, contém 50% de água, e os outros 50% são lipídios e proteínas. A gema coagula próximo a 68°C, mas, na presença de água ou leite, coagula entre 80-85°C. A coagulação ocorre por causa de seus componentes. Por isso, na confeitaria, sabe-se que não se deve submeter os ovos a temperaturas em torno de 82°C, para que não se formem grânulos sólidos (HAUMONT, 2016).
Quando se deseja produzir decorativos de açúcar, ou retardar a cristalização de algum produto, é comum adicionar glicose ou açúcar invertido nos preparos. Isso porque, quando o xarope de açúcar é cozido acima de 130°C e entra em contato com a bancada fria, forma um produto transparente e quebradiço, possuindo uma estrutura desorganizada (amorfo). Com o passar do tempo, os cristais de açúcar voltam a se organizar para adquirir seu estado mais estável, e a peça de açúcar se torna branca ou opaca (HAUMONT, 2016).
A clara de ovo batida em ponto de neve e os merengues crus são considerados espumas, mesmo quando passam por processo de cozimento, como o merengue cozido. A clara coagula e forma-se um gel, que o aprisiona em razão da presença de albuminas, formando uma espuma sólida (HAUMONT, 2016).
Atualmente, utiliza-se a tecnologia de esfriar bolos a vácuo. Como o bolo é uma emulsão do tipo espuma, que apresenta bolhas de gás que ficam aprisionadas dentro do bolo assado, e como quando a pressão diminui o volume aumenta, sob efeito do vácuo e do esfriamento, as bolhas se dilatam, aumentando o tamanho dos bolos (HAUMONT, 2016).
As emulsões são bastante exploradas na confeitaria, o que é pura ciência. O leite e o creme são emulsões naturais, pois são formados por água e gordura. A gordura presente nas emulsões está em forma de micelas, que, quando são batidas, o ar é incorporado e as bolhas de ar ficam presas na mistura, aumentando de volume. Essas emulsões se mantêm estáveis por um tempo, pois contêm a caseína, um tensoativo natural presente em laticínios (HAUMONT, 2016).
Além disso, as técnicas de microencapsulação vêm se destacando na tecnologia de alimentos. A microencapsulação nada mais é do que aprisionar substâncias de alimentos, como aromas, pigmentos e nutrientes, em um material comestível, como o amido e a maltodextrina.
A microencapsulação surgiu como uma técnica muito útil para o setor de alimentos. Essa técnica consegue unir a tecnologia e inovação com saúde e sabor. O artigo de revisão nomeado “Microencapsulação de ingredientes alimentícios” explica como funciona essa técnica, quais alimentos podem ser processados e seus benefícios. Leia mais sobre o tema no artigo, consultando o link: https://agrogeoambiental.ifsuldeminas.edu.br/index.php/Agrogeoambiental/article/view/223/219. Acesso em: 3 jan. 2020.
No setor de corantes, essa técnica é muito importante, pois permite desenvolver corantes naturais a partir de vegetais, tornando esse produto duradouro. Isso se alinha à necessidade comercial de produzir alimentos mais naturais, pois existe um consumidor mais consciente.
Na confeitaria, não se pode parar no tempo e produzir apenas o tradicional. Estudar como funciona cada técnica, saber a composição dos alimentos e estar atualizado sobre as tendências de mercado é de extrema importância.
A ciência e tecnologia de alimentos avançaram muito suas pesquisas e houve o desenvolvimento de novos produtos no ramo alimentício, proporcionando novos ingredientes a serem explorados na confeitaria. Qual técnica vem sendo bastante utilizada para produzir corantes naturais?
Temperagem.
Incorreta. A temperagem do chocolate é necessária para que se formem cristais que auxiliarão no endurecimento, brilho e textura ao chocolate.
Microencapsulação.
Correta. No setor de corantes, essa técnica é muito importante, pois permite desenvolver corantes naturais a partir de vegetais, tornando o produto duradouro.
Banho-maria.
Incorreta. É muito utilizado como técnica de cozimento para alimentos que necessitam ser cozidos em temperaturas mais amenas.
Ponto napê.
Incorreta. É o ponto-final de alguns cremes.
Caramelização.
Incorreta. O açúcar se torna caramelo quando atinge a temperatura de, aproximadamente, 150°C, mudando a cor para um tom amarelado âmbar, com aroma e sabor amendoados.
Nome do livro: Um químico na cozinha: a ciência da gastronomia molecular
Editora: Zahar
Autor: Raphaël Haumont
ISBN: 978-8 5-378-539-7
Neste livro, o autor explica a relação da gastronomia e a ciência. Explica, ainda, o que ocorre nos processos dos preparos e quais substâncias existem nos ingredientes para que ocorra a produção dos pratos. Haumont escreve sobre a gastronomia geral, porém há muito conteúdo sobre confeitaria. Aborda, também, sobre inovação e tecnologia do ramo.