A origem da literatura infantil ajuda-nos a compreender uma série de questões observadas até os dias de hoje: a presença de um discurso moralizante e didático nas obras infantis. Em relação à evolução e ao início da literatura infantil, analise as alternativas a seguir.
I - Há uma relação do início da literatura infantil com os contos de fada, pois foram os primeiros textos direcionados para crianças. Foram histórias orais adaptadas por autores, prezando fidelidade extrema ao relato inicial, mesmo que houvesse violência e conteúdo sexual.
II - Os autores considerados os precursores da literatura Infantil são Perrault e os Irmãos Grimm, que fizeram este trabalho de colher histórias do povo e transformá-las e adaptá-las em histórias atraentes para crianças, o que conhecemos, hoje, como contos de fada.
III - Um nome importante da Literatura Infantil é Hans Christian Andersen, pois, a partir dele, existiram histórias autorais, ou seja, narrativas para crianças criadas de forma original, sem a necessidade de adaptar uma história colhida na oralidade.
IV - No mundo contemporâneo, os contos de fada são desaconselhados para crianças, já que são textos que fizeram sentido no passado e que, hoje, não são mais atrativos e interessantes para as crianças.
Assinale a alternativa que aponta quais assertivas são verdadeiras.
Afirmativas I e II.
Incorreta. Os contos de fada que tiveram atenuações, desde o princípio, sobre violência e conteúdo sexual foram modificados. Perrault e os irmaões Grimm criaram adaptações dos contos colhidos do povo. Esse cuidado ao adaptar garante a literariedade das histórias e o endereçamento ao público infantil.
Afirmativas II e III.
Correta. As alternativas reconhecem os méritos devidos aos autores considerados iniciantes da literatura infantil no mundo: Perrault, Irmãos Grimm e Andersen. Cada um possui sua contribuição e estes deram os primeiros nas adaptações dos contos de fada e na consolidação da literatura para crianças, respectivamente.
Afirmativas III e IV.
Incorreta. Os contos de fada mostram-se histórias atemporais e continuam encantando os pequenos, seja nas versões originais, seja em adaptações, modernizações e relações intertextuais. Por essa razão, até hoje, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e outros personagens estão no imaginário de todos.
Afirmativas I e IV.
Incorreta. Os contos de fada tiveram atenuações desde o princípio: violência e conteúdo sexual foram modificados. Perrault e os irmãos Grimm criaram adaptações dos contos colhidos do povo. Esse cuidado ao adaptar garante a literariedade das histórias e o endereçamento ao público infantil. Além disso, os contos de fada mostram-se histórias atemporais e continuam encantando os pequenos, seja nas versões originais, seja em adaptações, modernizações e relações intertextuais. Por essa razão, até hoje, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e outros personagens estão no imaginário de todos.
Afirmativas II e IV.
Incorreta. Os contos de fada mostram-se histórias atemporais e continuam encantando os pequenos, seja nas versões originais, seja em adaptações, modernizações e relações intertextuais. Por essa razão, até hoje, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e outros personagens estão no imaginário de todos.
Monteiro Lobato é apontado como inovador, pelo amplo uso da intertextualidade e por inovações em relação ao uso da linguagem. Em relação a esse aspecto, observe um trecho retirado da obra Reinações de Narizinho. É um trecho que narra o encontro da Carochinha com Narizinho.
— Não sei — respondeu dona Carochinha — mas tenho notado que muitos dos personagens das minhas histórias já andam aborrecidos de viverem toda a vida presos dentro delas. Querem novidade. Falam em correr mundo a fim de se meterem em novas aventuras. Aladino queixa-se de que sua lâmpada maravilhosa está enferrujando. A Bela Adormecida tem vontade de espetar o dedo noutra roca para dormir outros cem anos. O Gato de Botas brigou com o marquês de Carabás e quer ir para os Estados Unidos visitar o Gato Félix. Branca de Neve vive falando em tingir os cabelos de preto e botar ruge na cara. Andam todos revoltados, dando-me um trabalhão para contê-los. Mas o pior é que ameaçam fugir, e o Pequeno Polegar já deu o exemplo.
Narizinho gostou tanto daquela revolta que chegou a bater palmas de alegria, na esperança de ainda encontrar pelo seu caminho algum daqueles queridos personagens.
— Tudo isso — continuou dona Carochinha — por causa do Pinóquio, do Gato Félix e sobretudo de uma tal menina do narizinho arrebitado que todos desejam muito conhecer. Ando até desconfiada que foi essa diabinha quem desencaminhou Polegar, aconselhando-o a fugir (LOBATO, 2007, p. 17).
Fonte: LOBATO, M. Reinações de Narizinho. São Paulo: Globo, 2007.
Considerando a citação apresentada e os conteúdos abordados no texto-base, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre ambas.
I - Monteiro Lobato utilizava referências dos contos de fada e referências contemporâneas, como o Gato Félix, personagem famoso de desenhos da época.
PORQUE
II - Crianças têm dificuldades de reconhecer referências, ainda mais quando existem tantas, como menções a personagens de diferentes origens.
Assinale o que for correto.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
Incorreta. Crianças conseguem entender o sentido de personagens que nunca viram pelo contexto de leitura, ou seja, é inadequado apontar que não podem existir relações de intertextualidade. Hoje em dia, é até possível não conhecer o Gato Félix, mas, na época, era uma referência importante e divertida. Assim, a segunda asserção é falsa.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
Incorreta. Crianças conseguem entender o sentido de personagens e palavras que nunca viram pelo contexto de leitura, ou seja, é inadequado apontar que não podem existir relações de intertextualidade. Hoje em dia, é até possível não conhecer o Gato Félix, mas, na época, era uma referência importante e divertida. Palavras complexas em obras para crianças e adequação de linguagem não é o mesmo que infantilização da linguagem, algo que não denota qualidade estética. Assim, a segunda asserção é falsa.
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
Correta. A intertextualidade estabelecida por Lobato é criativa, pois ele bebe de diferentes fontes, como o folclore, os contos de fada, contos que, na época, eram modernos, como Pinóquio, além de personagens de desenhos animados e do cinema. Mesmo se a criança não entender a referência de imediato, esta pode fazer parte de seu repertório, a partir daquele momento.
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
Incorreta. A asserção I é verdadeira. Lobato tentava construir complexas relações intertextuais, com criatividade e que mobilização dos interesses dos leitores. Entretanto não há uma conotação negativa, pois os leitores infantis têm a capacidade de reconhecer referências.
As asserções I e II são proposições falsas.
Incorreta. A asserção I é verdadeira. Lobato tentava construir complexas relações intertextuais, com criatividade e mobilização do interesse dos leitores, com uma linguagem que pudesse incluir o universo da criança em todos os aspectos. Entretanto não há uma conotação negativa, pois os leitores infantis têm a capacidade de reconhecer referências.
As últimas décadas foram importantes e definidoras de uma literatura infantil e juvenil de muita qualidade no Brasil. Nesse sentido, a poesia infantil e juvenil também observou uma expansão e um crescimento. Em relação a essa evolução, analise as assertivas a seguir e perceba quais realmente apontam elementos da poesia infantil da contemporaneidade.
I - A poesia infantil da contemporaneidade é caracterizada pelo uso de um conteúdo moralizante e um fundo pedagógico, fatores que ampliam a relação da literatura com o processo de escolarização.
II - A poesia, hoje, promoveu um rompimento com o universo ideológico em que se movia a poesia de tradição bilaquiana e positivista, ou seja, parou de orbitar em torno de variações de ama-com-fé-e-orgulho-a-terra-em-que-nasceste.
III - A poesia infantil contemporânea apresenta inovações importantes no nível da forma. Por isso, não é importante apenas o que diz a poesia de hoje, mas como se diz.
IV - A poesia infantil contemporânea passou a negar a importância do verso, das rimas, das estrofes e de qualquer estrutura formal. O verso livre passou a ser a única forma possível.
Assinale a alternativa que apresenta as assertivas que definem corretamente a poesia infantil de hoje.
I e II.
Incorreta. A literatura contemporânea não está mais atrelada ao contexto pedagógico e moralizante. Por isso, há espaço para a liberdade de criação, inclusive, em uma perspectiva formal.
II e III.
Correta. Não há receitas óbvias para a boa literatura e para a boa poesia infantil. Contudo, no caso da poesia para crianças, o fundamental é trazer o universo da criança para dentro do texto e dialogar com ele, seja pela forma (rimas, musicalidade, ritmo e metáforas compreensíveis capazes de encantar crianças) ou pelo conteúdo (animais, brincadeiras, sonhos, magia, enfim, elementos que fazem parte do universo ou do cotidiano de uma criança).
II e IV.
Incorreta. As formas fixas não caracterizam a literatura infantil, pelo contrário, o verso livre também é um recurso expressivo, que pode atrair o leitor infantil. Porém não há obrigatoriedades, pois pode-se usar as duas formas.
I e IV.
Incorreta. A brincadeira de significados e sentidos propostas pela boa poesia é absolutamente compreensível pela criança, não sendo necessário o uso de uma estrutura narrativa, de uma moral absoluta ou de uma forma única de leitura. O fundamental é o poema criar uma emoção, uma sensação perceptível ao leitor infantil.
III e IV.
Incorreta. A poesia infantil de hoje rompeu com a obrigatoriedade de tratar de temas com fundos moralizantes e patrióticos. Claro que esses ainda existem, mas há uma maior liberdade de composição de leitura.
Para compreender a literatura juvenil, é preciso ter noção de uma gama de conceitos, os quais permitem-nos perceber diferentes manifestações que irão compor a literatura juvenil brasileira. Por isso, é fundamental conhecer e exemplificar o que são Bildungsroman, Sagas Fantásticas e Crossover Fiction. Em relação a esse aspecto, assinale a alternativa que traz a correta definição de Bildungsroman.
O conceito explica as obras que cruzam fronteiras entre públicos, ou seja, obras que, apesar de terem sido criadas para um determinado leitor – adulto, jovem, criança –, atingem e são consumidas por outros.
Incorreta. Esse conceito tenta explicar a própria literatura juvenil, sua essência enquanto campo literário, como uma instância literária pensada e articulada em torno de um leitor específico, e não um conceito mais específico a respeito de um filão ou subgênero da literatura juvenil.
São histórias constituídas de uma interessante hibridação – mitos e elementos da tradição oral são resgatados e reconfigurados com os valores contemporâneos. Além disso, a mesma história é contada por diferentes sistemas intersemióticos.
Incorreta. O conceito presente é o de Sagas Fantásticas, e não de Bildungsroman. Sagas Fantásticas são narrativas que apresentam a possibilidade de ampliação, recriação e, ao criar um universo próprio, estas recebem adaptações, como é o caso de Harry Potter, Jogos Vorazes, dentre outras histórias.
Algumas linhas que ajudam a compreendê-la são: amorosa, fantasia, psicológica (introspectiva), suspense e/ou terror, policial, realismo cotidiano ou denúncia, folclore, histórica, dentre outras.
Incorreta. Temos a explicação de linhas e tendências da literatura juvenil contemporânea, ou seja, de possibilidades temáticas comuns para a literatura juvenil brasileira. Não há a explicação a respeito de uma narrativa de formação.
Com a escolarização obrigatória, houve a necessidade da criação de obras que servissem de “ponte” entre o mundo da infância e os cânones literários. Antes da noção de que a adolescência é uma fase intermediária entre a infância e a vida adulta, lia-se diretamente ficção adulta ou adaptações de obras.
Incorreta. Aqui, temos a conceituação de Crossover Fiction, e não de Bildungsroman. Crossover é a narrativa que se comunica com mais de uma faixa etária, pois faz uma travessia entre públicos, por exemplo, crianças e jovens, jovens e adultos.
Termo da literatura de expressão alemã que caracteriza uma forma literária muito específica: romances de formação de um jovem, ou seja, são histórias que relatam o crescimento e o amadurecimento de um jovem.
Correta. Define corretamente Bildungsroman, o romance de formação. O romance de formação é a narrativa que tem, como característica, acompanhar a evolução emocional de um personagem, da adolescência até a vida adulta.
A literatura infantil, desde a sua origem, esteve ligada ao divertimento e ao aprendizado da criança, por isso, acreditava-se que seu conteúdo deveria estar condizente com o seu nível de compreensão e interesse. Sobre o estudo do conceito de Literatura Infantil e suas funções, assinale a alternativa correta.
A literatura infantil fica a cargo somente de contações de histórias, tendo em vista que as crianças ainda não sabem ler.
Incorreta. Sabemos que existiu sim um período em que não se pensava em uma literatura específica para crianças, mas há muito que isso se tornou obsoleto.
A escola deve ser responsável por ensinar valores e condutas, enquanto a literatura destina-se à brincadeira e ao lazer.
Incorreta. Ambas podem se unir nessa missão de ensinar valores, sendo parceiras.
A literatura infantil é importante a partir dos 6 anos, quando se inicia a alfabetização.
Incorreta. Quanto antes a criança entrar em contato com os livros, maiores são as chances de se tornar um adulto que gosta de ler.
A literatura infantojuvenil tem a missão dupla de ensinar e divertir ao mesmo tempo, pois traz assuntos importantes de uma forma lúdica, prazerosa.
Correta. A literatura possui, dentre outras, essas duas principais funções. E é um dos pontos mais importantes conseguir unir o ensinamento ao prazer. Dessa forma, muitas vezes, podemos falar que a criança aprende brincando, sem nem se dar conta de que está aprendendo.
A literatura infantil é algo recente. Por isso, não temos tantos autores que se dedicam, exclusivamente, a ela, não havendo nenhum nome de grande expressão.
Incorreta. Sabemos que há muitos autores, como Perrault, Andersen, Lobato etc.
A literatura infantil não é um gênero e grupo único e homogêneo, pelo contrário, possui algumas diferenciações embasadas, principalmente, na questão das idades específicas de cada um. A respeito das características literárias mais adequadas à cada idade, assinale o que for correto.
Somente é fundamental que se apresente livros a crianças a partir da faixa dos 6 aos 8 anos, pois é o período da alfabetização, em que elas estão aprendendo a decodificar a língua.
Incorreta. Pois muitos estudos apontam a importância de manusear livros, de ver as imagens e, também, da leitura por parte dos pais e professores.
Desde bebês, o trabalho de incentivo à leitura já pode ser adotado. Nessa fase, conhecida como pré-leitura, a criança entra em contato com o livro, manuseando-o, interagindo, vendo imagens e aguçando a curiosidade com esse material.
Correta. Sempre que possível, é importante introduzir a literatura desde cedo. Nos dias de hoje, está cada vez mais fácil, com livros diferenciados para bebês.
A fase interpretativa é compreendida pela faixa etária até os 6 anos, pois as crianças ainda não leem, mas interpretam as imagens que são predominantes nos livros.
Incorreta. Essa fase das imagens é chamada de pré-leitura. A fase interpretativa é partir dos 10 anos.
Após ter o domínio da leitura, a criança entra na chamada fase compreensiva, que conta com histórias fantásticas e mundos diferentes para atrair a atenção do leitor a partir dos 10 anos.
Incorreta. A fase compreensiva abrange crianças dos 6 aos 8 anos, é a fase do início da alfabetização.
Não há especificidades nos livros quanto a materiais diferenciados para cada idade. Os livros infantis apenas contam com imagens grandes e textos curtos.
Incorreta. Pois há sim especificidades. Hoje em dia, há livros com dobraduras, sons, que imitam travesseiros, à prova d’água para a hora do banho, dentre muitos outros.
Os contos de fada e os maravilhosos possuem mais semelhanças que diferenças, por isso, é frequente que as pessoas se confundam. Assinale a alternativa que demonstra a principal diferença entre esses dois gêneros tão queridos das crianças.
A presença obrigatória do elemento fada nos contos de fadas.
Incorreta. A autora Nelly Coelho demonstra que não há essa obrigatoriedade. O conto Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, é de fadas, mesmo sem ter esse elemento.
Somente no conto maravilhoso há elementos fantásticos, ou seja, que são mágicos. Os contos de fada se pautam mais na realidade, apenas com humanos e suas ações.
Incorreta. Ambos possuem elementos mágicos. O próprio conceito de fada vem trazer esse elemento para ajudar na resolução de conflitos.
Enquanto nos contos de fada as personagens buscam uma realização a nível pessoal e individual, o conto maravilhoso está mais ligado a grandes problemas sociais, como a miséria.
Correta. Nos contos maravilhosos, temos, frequentemente, discussões sobre questões sociais, a busca de ascensão social, o questionamento das desigualdades sociais, e é isso o que o diferencia das ambições individuais dos contos de fada.
No conto de fada, temos apenas a busca pela realização do casamento entre o príncipe e a princesa, enquanto, no conto maravilhoso, há outras temáticas mais ligadas a aventuras.
Incorreta. A relação entre príncipes e princesas não é fundamental. Novamente, temos Chapeuzinho Vermelho, que busca algo individual, salvar a si e a vovozinha do lobo mau.
No conto de fada, há apenas personagens humanos e reais, enquanto, no maravilhoso, há personagens de fantasia, como duendes, animais falantes e elementos mágicos.
Incorreta. Ambos podem ter elementos que fogem da realidade, o que conta mesmo é o objetivo da história e da aventura do herói.
Leia o texto a seguir.
Melhor Amigo - Fernando Sabino
A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto.
– Meu filho? – gritou ela.
– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.
– Que é que você está carregando aí?
Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo.
– Eu? Nada…
– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.
Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:
– Olha aí, mamãe: é um filhote…
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?
Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso. Insistiu ainda:
– Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.
– Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
– Ah, mamãe… – já compondo uma cara de choro.
– Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.
O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto, emburrado:
A gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado desta maneira!
– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido! – gritou, lá do quarto, e ficou esperando a reação da mãe.
– Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.
– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
– Você não é todo mundo.
– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não faço mais nada.
– Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.
– A senhora é ruim mesmo, não tem coração!
– Sua alma, sua palma.
Conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo: tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois… ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
– Ah, mamãe, deixa! – choramingou ainda: – Meu melhor amigo, não tenho mais ninguém nesta vida.
– E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?
– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
– Deixa de conversa: obedece sua mãe.
Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa
– Pronto, mamãe!
E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.
– Eu devia ter pedido cinquenta, tenho certeza que ele dava murmurou, pensativo.
Fonte: Sabino (2011, p. 81).
Sobre o texto lido, assinale a resposta correta quanto ao gênero textual a que ele pertence.
É uma fábula, pois há a presença de animais, com uma lição de moral ao final, a partir da fala do menino.
Incorreta. Na fábula, os animais conversam e são os responsáveis pela lição de moral. Nesta, é apenas um animal doméstico mesmo.
Trata-se de uma crônica, pois aborda uma cena do dia a dia, com personagens comuns e, ainda, conta uma certa ironia e humor.
Correta. Resposta correta. A crônica aborda um pequeno instante do dia de uma mãe e de um filho, sem nada de fantasia ou mágica.
É um apólogo, pois há a presença de animais interagindo com os humanos.
Incorreta. O apólogo é quase parecido com a fábula, porém, geralmente, temos a presença de objetos animados, o que não acontece nesse texto.
Trata-se do conto maravilhoso, que põe em discussão um problema social: os animais abandonados e seu resgate.
Incorreta. O conto maravilhoso tem como foco a busca do herói ou da heroína, tendo em vista algum problema social. Não é o foco desse texto.
É uma releitura atual de um conto de fadas, pois, neste, temos sempre um herói em busca de algo pessoal, como o menino querendo salvar o cachorro.
Incorreta. Para ser conto de fadas, há a presença de elementos mágicos que o ajudam no feito. Além do mais, neste texto, não temos um final esperado pelos contos de fada. E finais inesperados também fazem parte das características da crônica.
A função de um mediador é apresentar uma diversidade de obras literárias, para, assim, motivar o aluno ao hábito da leitura. Em relação a esse importante aspecto, assinale a alternativa correta.
Um mediador deve selecionar livros didáticos e pedagógicos, pois estes garantem a qualidade literária.
Incorreta. A função utilitária não garante a qualidade de um texto, pelo contrário, torna o texto limitado, aprisiona os sentidos; por isso, não devemos apenas selecionar textos com tons didáticos.
Os únicos livros que devem ser oferecidos são os de autores reconhecidos nacional e internacionalmente por meio de prêmios literários.
Incorreta. Deve ser oferecida uma gama diversa de livros, desde autores consagrados até outros gêneros, como gibis, quadrinhos, álbuns ilustrados.
Um critério fundamental para a seleção de obras literárias é a qualidade estética de uma obra, é a possibilidade de permitir múltiplas leituras.
Correta. Estes princípios são os mais importantes e inescapáveis: ter uma função literária, ou seja, não abrir mão da ficcionalidade, da plurissignificação, de um cuidado com a linguagem, ter elementos que vão chamar a atenção da criança e a representação do universo simbólico do leitor-alvo, ou seja, a criança.
É possível impor aos alunos o gosto pela leitura, por meio de atividades que incorporarão o hábito de maneira eficiente.
Incorreta. Gosto pela leitura não pode ser ensinado e não pode ser imposto. É algo que pode ser motivado, incentivado.
A criança não pode escolher o que ela lê, apenas deve ter acesso a obras mediadas e escolhidas pelos adultos.
Incorreta. A mediação da leitura pelo adulto é importante, mas a criança sempre deve ser ouvida e deve fazer suas escolhas.
Quando o docente concebe a leitura como uma construção subjetiva, presume um trabalho de interpretação por parte do leitor, acionando seus conhecimentos de mundo, linguagem, literatura etc. Com base no exposto, analise as assertivas a seguir.
I. A formação do leitor de literatura pressupõe, portanto, que as práticas motivem os alunos a realizarem suas leituras em busca dos diversos sentidos que um único texto pode ter.
II. A leitura é uma capacidade estimulada por toda a vida, por isso não é prioridade incentivar a leitura nas crianças.
III. O professor deve exercer o papel de mediador entre o aluno e o texto literário.
IV. Por meio da leitura da literatura é que o leitor pode extrapolar os limites de seu cotidiano e (re)criar sua história como sujeito ativo, crítico e reflexivo.
Assinale a alternativa que apresenta todas as assertivas verdadeiras.
São verdadeiras as afirmativas I, II e III.
Incorreta. É uma responsabilidade dos professores formar leitores, especialmente leitores literários, pois é por meio da leitura e da literatura que os alunos aprenderão a entender o mundo a sua volta. As afirmativas I, III e IV estão corretas.
São verdadeiras as afirmativas I, III e IV.
Correta. É uma responsabilidade dos professores formar leitores, especialmente leitores literários, pois é por meio da leitura e da literatura que os alunos aprenderão a entender o mundo a sua volta.
São verdadeiras as afirmativas I e III.
Incorreta. Realmente, a leitura é uma habilidade que aperfeiçoamos durante toda a vida, mas é fundamental ler desde cedo. Por isso, crianças devem ser estimuladas a ler desde cedo. As afirmativas I, III e IV estão corretas.
São verdadeiras as afirmativas I e IV.
Incorreta. Realmente, a leitura é uma habilidade que aperfeiçoamos durante toda a vida, mas é fundamental ler desde cedo. Por isso, crianças devem ser estimuladas a ler desde cedo. As afirmativas I, III e IV estão corretas.
São verdadeiras as afirmativas II e III.
Incorreta. É uma responsabilidade dos professores formar leitores, especialmente leitores literários, pois é por meio da leitura e da literatura que os alunos aprenderão a entender o mundo a sua volta. As afirmativas I, III e IV estão corretas.
A premiada e reconhecida autora Marina Colasanti caracteriza assim a importância da literatura:
“A narrativa não funciona somente como intermediário entre nós e o mundo. Ela é também mediadora entre nós e nós mesmos, entre aquilo que em nós é consciência, razão, controle, e aquilo que é sentimento, inconsciente, impulso. A narrativa nos aproxima daquilo que não sabemos. (...) Literatura é isso, um texto com face oculta, fundo falso, passagens secretas, um tesouro escondido que cada leitor encontra em um lugar diferente e que para cada leitor é outro”.
Fonte: “A LEITURA me fez escritora", diz Marina Colasanti na Feira do Livro de Joinville. NSC Total, 2018. Disponível em: http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/cultura-evariedades/noticia/2018/06/a-leitura-me-fez-escritora-diz-marina-colasanti-na-feira-do-livrode-joinville-10371454.html. Acesso em: 23 jan. 2020.
Dito isso, qual a importância da literatura para as crianças? Analise as asserções a seguir.
I. A literatura é importante para crianças, pois permite a construção do sonho, da imaginação, além de fazê-las conhecer melhor a si mesmas e aos outros.
PORQUE
II. A literatura permite um melhor autoconhecimento e conhecer melhor os outros, uma vez que permite que o leitor vivencie emoções e escolhas às quais não teria acesso sem a leitura.
As duas afirmativas são verdadeiras, porém não estabelecem relação entre si: a segunda não é uma justificativa da primeira.
Incorreta. As citações apontam duas diferentes funções da literatura: a psicológica e a de conhecimento do mundo e do ser. Ambas estão corretas e são convergentes.
A primeira é uma afirmativa verdadeira; e a segunda, falsa.
Incorreta. As citações apontam duas diferentes funções da literatura: a psicológica e a de conhecimento do mundo e do ser. Ambas estão corretas e são convergentes.
A primeira é uma afirmativa falsa; e a segunda, verdadeira.
Incorreta. As citações apontam duas diferentes funções da literatura: a psicológica e a de conhecimento do mundo e do ser. Ambas estão corretas e são convergentes.
As duas afirmativas apresentam inadequações e estão incorretas.
Incorreta. As citações apontam duas diferentes funções da literatura: a psicológica e a de conhecimento do mundo e do ser. Ambas estão corretas e são convergentes.
As duas afirmativas são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
Correta. A segunda afirmativa justifica a primeira, pois a primeira elenca elementos fundamentais que a literatura insere na vida da criança, e a segunda afirmação a complementa.
Conhecemos duas importantes metodologias de educação literária: método recepcional e letramento literário. Em relação a isso, analise as alternativas a seguir.
I. O quarto passo é a interpretação. O ideal é que essa seja uma atividade de partilha, de socialização. Pode ser um debate, um desenho, um vídeo, uma conversa em forma de roda, uma dinâmica ou qualquer forma de fazer com que os alunos compartilhem diferentes opiniões sobre o mesmo texto.
II. Questionamento do horizonte de expectativas: aqui, ocorre a comparação entre as duas etapas anteriores. Os alunos devem analisar, comparar o que foi lido e debater seu próprio comportamento em relação às suas leituras.
III. Os quatro passos se orientam a partir da leitura, do texto que será feito. Por isso, motivação, introdução, leitura e interpretação são feitas a partir do texto literário.
IV. Seus cinco passos se orientam a partir do leitor, são gostos e preferências que definirão o horizonte de expectativa e a forma de ampliá-lo.
Quais das afirmativas dizem respeito ao método recepcional? Assinale a alternativa correta.
Apenas as afirmativas I e II.
Incorreta. As afirmativas I e III referem-se a passos da metodologia criada a partir do conceito de letramento literário. As afirmativas corretas são a II e IV.
Apenas as afirmativas II e IV.
Correta. Tanto a afirmativa II quanto a IV usam nomenclaturas como “horizonte de expectativa”, termos pertencentes ao método recepcional.
Apenas as afirmativas II e III.
Incorreta. As afirmativas I e III fazem referência a passos da metodologia criada a partir do conceito de letramento literário. As afirmativas corretas são II e IV.
Apenas as afirmativas III e IV.
Incorreta. Tanto a afirmativa II quanto a IV usam nomenclaturas como “horizonte de expectativa”, termos pertencentes ao método recepcional. As afirmativas corretas são II e IV.
Apenas as afirmativas I e IV.
Incorreta. Tanto a afirmativa II quanto a IV usam nomenclaturas como “horizonte de expectativa”, termos pertencentes ao método recepcional. As afirmativas corretas são II e IV.
Por muito tempo, pensou-se na leitura apenas como decodificação de um texto, sem se compreender a produção de sentidos e práticas diferenciadas que podem decorrer desse ato. Nesse sentido, vimos sobre os conceitos de alfabetização e letramento, processos diferentes, mas que se complementam. Sobre tais processos, leia as afirmativas a seguir.
I. Alfabetização é a decodificação dos códigos da língua.
II. A alfabetização é o aprendizado mais mecânico da leitura e da escrita.
III. Letramento corresponde às práticas sociais que o indivíduo faz, a partir do aprendizado da leitura e da escrita.
IV. Letramento se refere às funções sociais da leitura e da escrita, associadas ao uso da tecnologia.
Está correto o que se afirma em:
I, apenas.
Incorreta. As afirmativas II e III também estão corretas, pois alfabetização é mesmo mais mecânico, enquanto letramento são as práticas sociais.
II, apenas.
Incorreta. Também estão corretas as afirmativas I e III.
I, II e IV, apenas.
Incorreta. A afirmativa IV está incorreta, pois podem existir práticas literárias associadas à tecnologia, mas não é o primordial. Práticas de leitura existem antes da tecnologia, por exemplo.
I, II e III.
Correta. Somente a afirmativa IV está incorreta, pois não necessariamente precisam existir práticas literárias associadas à tecnologia.
Todas.
Incorreta. A afirmativa IV está incorreta, pois aborda a questão apenas da tecnologia.
Um dos grandes desafios atuais da educação e do professor, em um mundo cada vez mais dominado pelo excesso de informações e tecnologias, é formar alunos leitores. Sobre esse processo, suas estratégias e implicações, assinale a alternativa correta.
Existem tipos de gêneros textuais que são adequados para ambientes escolares, e outros não.
Incorreta. Qualquer gênero literário é bem-vindo na escola. O adequado é justamente que o professor mostre a maior quantidade de gêneros possíveis.
O despertar da leitura é um processo que acontece sozinho, na escola apenas se reforça o hábito.
Incorreta. É uma prática que precisa começar desde cedo; isso só é possível se for incentivado pelos pais e professores.
A leitura é um conteúdo apenas de disciplinas relacionadas à Língua Portuguesa.
Incorreta. Outras disciplinas podem e devem incentivar à leitura, porque esta é importante em todas as áreas.
O professor é o detentor do conhecimento; por isso, cabe a ele escolher quais caminhos seguir no processo de incentivo à leitura.
Incorreta. Essa questão já é bem antiquada. A sala de aula é, na verdade, um local de troca, e o professor é apenas mediador.
É importante dar autonomia e voz aos alunos, saber quais gêneros e tipos de texto eles mais gostam.
Correta. Dessa forma, o trabalho de criar um hábito de leitura se torna mais eficaz, do que simplesmente indicar livros que os alunos precisam ler por obrigação.
É importante que se pense em estratégias para criar o hábito de leitura desde cedo nas crianças, a fim de que, ao crescerem, tornem-se indivíduos que encontram prazer na literatura. Tais estratégias são primordiais de serem abordadas tanto em casa, com os pais, quanto nas escolas. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.
É primordial que se leia apenas clássicos literários na escola. Livros para diversão ou entretenimento devem ser lidos em casa.
Incorreta. Todo tipo de livro é importante de ser lido, não apenas clássicos da literatura, quando se quer formar alunos leitores.
A contação de histórias é uma das melhores maneiras de despertar nas crianças o interesse pela leitura.
Correta. As crianças precisam do visual e do lúdico para se encantarem.
Não há valor literário em assistir a um filme; devemos mostrar aos jovens que só o livro é necessário.
Incorreta. O filme pode complementar a leitura e servir para ótimas discussões em sala de aula.
A interdisciplinaridade pode atrapalhar a formação de leitores, pois confunde o papel da literatura com outras matérias.
Incorreta. A interdisciplinaridade é riquíssima e faz com que os alunos entendam que a leitura é importante em todos os campos do conhecimento.
Por mais que haja leituras literárias na internet, espaços como os das redes sociais não são propícios para isso.
Incorreta. Hoje, muita gente, inclusive autores, usa as redes sociais para publicar trabalhos, os quais se tornam, sim, um modo de leitura para os adolescentes.
Uma das grandes mudanças da leitura impressa para a digital é a possibilidade, com a internet, do hipertexto e de hiperlinks, que criam uma leitura não linear. De acordo com o estudado, assinale a alternativa correta quanto ao uso do hipertexto.
Dá a possibilidade de o leitor criar diferentes caminhos para o texto, durante a leitura.
Correta. O hipertexto tem diversos links, o que torna a leitura mais dinâmica e criativa.
Trata-se de uma ferramenta que possibilita ao autor do texto interagir diretamente com o leitor.
Incorreta. O leitor interage com o texto, mas não diretamente com o autor.
É uma ferramenta destinada apenas para autores publicarem seus textos nas mídias digitais.
Incorreta. Não é uma ferramenta nem aplicativo, são recursos dentro do próprio texto, em que se colocam links para outros sites.
Deixa o leitor preso ao modo como o autor escreveu, ou seja, um texto linear.
Incorreta. Pelo contrário, apresenta grande multiplicidade de caminhos para a leitura.
É um recurso usado para textos publicados apenas em redes sociais.
Incorreta. Não se trata apenas de redes sociais, mas sim de qualquer meio digital.