Diversos modelos constituem os sistemas de Ginástica na atualidade, entretanto alguns desses modelos chamam mais atenção do que outros, principalmente quando levamos em consideração toda a influência que a mídia promove ao destacar a importância de corpos saudáveis. É a mídia que também evidencia e exalta algumas modalidades específicas por meio dos grandes eventos, como as olimpíadas.
Dentro dessa perspectiva, destacam-se dois métodos antagônicos no que diz respeito aos objetivos. Por um lado, temos a Ginástica de Condicionamento Físico que tem por objetivo desenvolver corpos esculturais usando extensos protocolos de treinamento associados a dietas que moldam os corpos de seus praticantes. Por outro lado, em seu polo antagônico, temos a Ginástica de Conscientização Corporal que busca, em sua essência, promover um melhor conhecimento de si mesmo ao se realizar algumas atividades específicas em que se trabalha o corpo e a mente de maneira unificada.
Uma das possibilidades para quebrar alguns estigmas da Ginástica Competitiva é trabalhar com a Ginástica para Todos, que busca fazer a inclusão de todos os alunos durante sua prática e inclui o desenvolvimento da criatividade no momento de selecionar os materiais que serão usados nas coreografias.
Isto posto, explicamos que o intuito da presente unidade é discutir o desenvolvimento desses dois métodos ginásticos na atualidade, destacando os principais pontos que os tornam tão singulares em suas constituições e objetivos. Visamos, ainda, explorar os aspectos da Ginástica para Todos. Para tanto, faremos uma apresentação geral de seus principais eventos e proporemos formas de se trabalhar esse conteúdo dentro das aulas de Educação Física.
Caro(a) aluno(a), ao longo dos anos, foi possível verificar que diversos métodos e sistemas fizeram parte da composição da Ginástica e, como vimos, eles foram diretamente influenciados pelas tendências políticas inerentes ao momento histórico nos quais foram tratados.
Essa perspectiva não foi diferente nas Ginásticas de Condicionamento Físico, que, em essência, possuíam o objetivo de promover a manutenção das condições físicas dos indivíduos que praticavam essa modalidade, além de apresentarem uma forte tendência voltada à saúde. Desse modo, as Ginásticas de Condicionamento Físico relacionavam-se aos padrões corporais que uma vida ativa poderia oferecer aos seus praticantes.
Atualmente, as tendências das Ginásticas de Condicionamento Físico são influenciadas pela propagação midiática. Ao expor as características que precisam ser alcançadas, criam-se padrões estéticos que são impostos de maneira sutil e reforçam o papel da indústria cultural na disseminação da ideia de corpos padronizados, discriminando os indivíduos que se encontram fora dessas medidas (RUSSO, 2010).
É possível verificar grande incidência da prática das Ginásticas de Condicionamento em centros de treinamento e academias, ambientes que extrapolam a busca por resultados ao promoverem transformações na morfologia desses indivíduos, tornando seus corpos torneados e saudáveis. A ideologia que repousa sobre a perspectiva de que corpos “malhados” ostentam saúde advém do higienismo da Revolução Industrial, fazendo com que ideais de beleza surgissem, portanto, a partir de protocolos extenuantes de treinamento físico e dietas restritivas (AYOUB, 2003).
De maneira geral, é correto afirmar que quase todos os exercícios que realizamos diariamente (sejam os realizados em casa, ou nas academias, ou em ambientes escolares) apresentam potencialidades de desenvolvimento do condicionamento físico. Entretanto é importante ressaltar que quando possuímos objetivos específicos no que se refere às modificações corporais deve-se tomar cuidado com a maneira que essa atividade é realizada, pois é necessário equilibrar as intensidades e as quantidades de atividades físicas.
Podemos dizer, portanto, que os exercícios de Ginásticas de Condicionamento Físico, assim como os exercícios de condicionamento para grande parte das modalidades esportivas, podem ser subdivididos em duas categorias principais: os exercícios aeróbios e os exercícios anaeróbios (BARROS NETO; CÉSAR; TEBEXRENI, 1999).
Os exercícios de condicionamento aeróbio são aqueles realizados durante longos períodos de tempo e de maneira contínua e apresentam uma elevada demanda de consumo de oxigênio para a sua execução (exemplos na Figura 4.1). Em decorrência de sua característica aeróbia, podemos fazer algumas distinções no que se refere à seleção de substratos energéticos. Como você deve se recordar da disciplina de Fisiologia Humana e Fisiologia do Exercício, as atividades aeróbias apresentam a característica de se fundamentar a partir da utilização de gorduras para realização da tarefa, pois é através da respiração mitocondrial que se utilizam uma maior quantidade de gorduras para manter os níveis de energia que realizam a tarefa (HALl; GUYTON, 2011).
Quando esse tipo de atividade é realizado de maneira crônica, observam-se determinados níveis de adaptações morfológicas e fisiológicas em nosso metabolismo, elevando nossa resistência muscular e fortalecendo o sistema cardiorrespiratório, que se beneficia diretamente das reduções da gordura corporal que esse tipo de atividade promove.
Contrapondo aos exercícios aeróbios, existem os exercícios anaeróbios (Figura 4.2). Esses tipos de exercícios são conhecidos por promoverem melhorias no condicionamento físico, por meio de atividades que envolvem esforços de alta intensidade e de curta duração. Diferentemente dos sistemas aeróbios voltados à respiração mitocondrial, os exercícios anaeróbios são aqueles que podem ser realizados por menores períodos de tempo, devido aos seus estoques limitados de energia (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2017). O principal recurso energético utilizado para esse tipo de atividade é a creatina fosfato (ATP-PCr) e o glicogênio muscular/hepático advindo da glicólise, substâncias que são bastante limitadas em nosso organismo (HALL; GUYTON, 2011). Esse tipo de atividade promove uma série de ajustes na composição corporal do praticante, sendo uma das principais formas utilizadas para o desenvolvimento de força e hipertrofia muscular em decorrência de sua característica mais tensional de trabalho.
Além dos exercícios demonstrados na Figura 4.2, podemos trazer especificamente três exercícios de base que são bastante pertinentes para o desenvolvimento de força e potência pelos praticantes de Ginástica. São eles: o agachamento, o levantamento terra e o desenvolvimento. O principal motivo de evidenciar estes três exercícios repousa sobre o fato de eles trabalharem sobre grandes grupamentos musculares, sendo considerados essenciais para o desenvolvimento de potência, tanto nos membros superiores quanto nos membros inferiores (HORI et al., 2005).
O agachamento é considerado um dos exercícios mais completos para o trabalho de membros inferiores, pois trabalha com o recrutamento de grandes musculaturas que são bastante importantes para o desenvolvimento de força e potência, utilizadas durante saltos (HORI et al., 2005).
Similarmente ao agachamento, o levantamento terra também trabalha os músculos inferiores do corpo, entretanto também proporciona uma melhor estabilização de todo o tronco em decorrência de seu trabalho sobre o quadrado lombar, sendo bastante importante para uma melhor estabilização corporal do praticante de qualquer modalidade esportiva (HORI et al., 2005).
O desenvolvimento com barra é bastante utilizado no ramo esportivo com o objetivo de proporcionar melhorias de força e potência nos membros superiores, facilitando a execução de movimentos que necessitam da utilização desses membros para realização de determinados movimentos, por exemplo, durante um flick-flack, em que a força nos membros superiores é essencial para proporcionar a projeção do corpo (GIANNELLI; LEIPHEIMER, 2001).
O desenvolvimento das Ginásticas de Condicionamento Físico, assim como de outras Ginásticas, como as Competitivas, foi fundamentado a partir de extensos processos de sistematização do exercício físico, como vimos na Unidade II. Relembramos, então, que as subdivisões dos exercícios físicos são responsáveis por classificar o que cada tipo de atividade física proporciona para o desenvolvimento do corpo e do metabolismo, e destacamos suas distinções no processo gímnico. Esse desenvolvimento ocorrido nos primórdios da Ginástica, aproximadamente durante a primeira metade do século XIX, tinha como objetivo preparar os corpos para o combate e salientava que um corpo treinado era sinônimo de saúde e prosperidade:
O corpo humano, que encerra nossa alma, é um templo em que se aloja uma centelha da divindade. Deve-se embelezar esse templo por meio da Ginástica e dos esportes, para que Deus se encontre bem nele. Assim, habitá-lo-á muito tempo e nossa vida transcorrerá harmoniosamente (RAMOS, 1983, p. 81).
Ainda hoje, é possível constatar determinadas características que se assemelham ao culto ao corpo saudável disseminado na antiguidade. Contrapondo, contudo, o objetivo de criar corpos fortes para a guerra, atualmente, busca-se desenvolver corpos cada vez mais estéticos e que estejam de acordo com os ideais que a sociedade modulou na modernidade.
Os sistemas que fundamentam as Ginásticas de Condicionamento Físico se baseiam principalmente nos benefícios morfológicos e fisiológicos que a prática de atividades físicas pode trazer ao indivíduo. Sabemos que determinadas sistematizações são executadas visando otimizar os benefícios físicos da prática, mesmo que durante esse processo não sejam considerados os níveis de contentamento e satisfação daquele que realiza a ação. Como o fim específico desse tipo de prática se relaciona diretamente com melhorias físicas, é possível verificar o uso de protocolos densos e extenuantes, a fim de proporcionar os objetivos traçados, normalmente exigindo um elevado nível de comprometimento do indivíduo que realiza esse tipo de sistematização.
Assim como no passado, a Ginástica continua a ser empregada como uma ferramenta que possibilita ao homem viver o seu corpo, não à sua maneira e vontade, mas, para buscar uma aprovação social e pela sobrevivência. Por meio dela, é possível a construção de um corpo que atenda aos anseios e às normas que são ordenados não apenas pelo ambiente, mas por órgãos e classes que detêm o poder (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012, p. 94).
De maneira sintética, a Ginástica de Condicionamento Físico engloba uma grande quantidade de modalidades que tem como objetivo adquirir e desenvolver determinadas valências físicas que podem vir a ser úteis durante a vida do indivíduo que pratica esse tipo de modalidade, apresentando tanto benefícios estéticos como benefícios voltados à saúde do praticante (CAPINUSSÚ, 2006). No entanto essa perspectiva voltada à saúde e ao mundo do trabalho apresenta um viés reducionista que analisa os indivíduos de maneira estritamente biológica, desconsiderando todos os aspectos culturais concernentes às formas de interação com o mundo.
Alguns exemplos de Ginástica de Condicionamento Físico são conferidos durante algumas atividades específicas, como em aulas de spinning, high intensity interval training (HIIT) e até mesmo em modalidades como o crossfit.
O spinning é um termo da língua inglesa que não apresenta uma tradução livre no português, entretanto ele também é conhecido como "bicicleta de interior" (ou indoor cycling). Podemos dizer que o spinning faz alusão a um exercício aeróbio realizado sobre uma bicicleta ergométrica estática, sendo que a velocidade da atividade usualmente acompanha os ritmos de uma música ou as indicações passadas pelo professor. Esse tipo de atividade é bastante viável para melhorar o condicionamento físico, pois trabalha aspectos voltados às melhorias cardiorrespiratórias e ao desenvolvimento muscular (VALLE et al., 2010).
O treinamento intervalado de alta intensidade acabou surgindo na tentativa de modificar algumas características do treinamento aeróbio tradicional. No HIIT, ocorre a adição de diferentes intensidades de exercícios (intensidades moderadas e intensidades altas), fato que resultou no aumento da eficiência dos aspectos cardiorrespiratórios, musculares e metabólicos. Esses resultados evidenciam a potencialidade desse tipo de atividade na melhoria do condicionamento físico de seus praticantes (GIBALA; MCGEE, 2008).
Antes de compreendermos os princípios das Ginásticas de Conscientização Corporal, precisamos entender alguns conceitos mais básicos, como a própria conscientização corporal. Em termos gerais, afirmamos que a conscientização corporal se fundamenta sob a premissa de uma consciência criada sob si e sob os movimentos que o nosso corpo realiza, envolvendo as formas como tocamos, tencionamos e relaxamos nosso corpo durante a realização de atividades cotidianas, respeitando sempre os ritmos e a individualidade do desenvolvimento de cada indivíduo (RINALDI, 2005). Logo, podemos definir essa conscientização como a tarefa de analisar e perceber como o nosso corpo responde a determinado estímulo, compreendendo que a realização de toda e qualquer ação permite a interação de um indivíduo com o mundo que o cerca.
Tomar consciência dos gestos motores nos permite analisar o movimento de maneira mais crítica, possibilitando, por meio de diversas análises, verificar os potenciais e as limitações que nossa própria morfologia nos obriga durante a realização de atividades físicas. A partir do momento que o indivíduo passa a ter consciência de seu corpo, percebe-se uma certa alteração com relação às formas de interação entre o sujeito e as atividades que em outro momento poderiam representar certas dificuldades, pois é por meio dessa consciência que é possível pensar e programar as ações motoras de maneira direta e efetiva.
Contrapondo aos métodos ginásticos de condicionamento físico, temos as Ginásticas de Conscientização Corporal, nas quais os principais objetivos apresentados estão pautados na ideia de solucionar problemas físicos com uma abordagem mais abrangente, buscando, por meio de técnicas alternativas, promover soluções para problemas posturais e estruturais que levem em consideração todas as características inerentes ao sujeito, apresentando uma visão mais íntegra no que diz respeito ao ser humano. Diversas técnicas e métodos são utilizados na realização da Ginástica de Conscientização Corporal, entretanto todas possuem o pressuposto básico de buscar o autoconhecimento por meio das formas como o próprio indivíduo interage com seu corpo.
Quando se trata das Ginásticas de Conscientização Corporal, é possível verificar que, embora diversos métodos e técnicas sejam utilizados durante a sua prática, os principais fins dessas atividades estão sempre relacionados ao desenvolvimento do autoconhecimento corporal, deixando claro que é através desse tipo de atividade que buscamos compreender de maneira mais efetiva e clara o que está acontecendo com nosso organismo (CANDOTTI; STROSCHEIN; NOLL, 2011), permitindo, dessa forma, que o indivíduo realize uma maior gama de movimentos, pois através do conhecimento de suas habilidades torna-se mais fácil realizar atividades que outra hora não eram familiares ou faziam parte do seu repertório motor.
Levando em consideração que um dos principais objetivos da Ginástica de Conscientização Corporal se fundamenta na utilização de técnicas alternativas ou movimentos ginásticos específicos que tentam proporcionar um amplo bem-estar no indivíduo, podemos destacar algumas manifestações no cotidiano da Educação Física, dentre elas o Pilates, o Yoga, dentre outras.
Durante as aulas de Pilates, desenvolvem-se aspectos voltados ao equilíbrio e estabilização do corpo (Figura 4.8). Além do controle motor voltado à estabilização, podemos alcançar outros benefícios nessa prática, por exemplo, o controle respiratório contínuo que proporciona um bom nível de contração abdominal e mais disposição para realização de tarefas que exigem contração dos membros superiores e inferiores em decorrência da entrega correta de oxigênio para o corpo (menores momentos de apneia).
O Pilates tem como peculiaridade o trabalho da musculatura de maneira distinta dos outros métodos de treinamento ginásticos (contrações concêntricas e excêntricas), pois em decorrência das características isométricas de suas contrações, evidencia-se o trabalho respiratório e de estabilidade muscular. Essas qualidades refletem diretamente sobre o controle muscular expresso pelos praticantes durante a realização de movimentos específicos, fazendo com que os movimentos sejam executados de maneira dinâmica e fluída.
Podemos dizer que o Yoga é uma atividade que pode ser realizada em qualquer local, tendo dentre suas convicções a unificação de todos os princípios cósmicos do mundo, permitindo que o indivíduo que realiza suas posturas (Figura 4.9) incorpore seu corpo e espírito ao ambiente que o cerca. A partir de diversos processos bioenergéticos, pode-se verificar um maior conhecimento sobre o próprio corpo e seu interior, promovendo o que o nome propõe: Yoga é unificação.
Dentre as modalidades que foram apresentadas sobre a Ginástica de Conscientização Corporal, compreendemos que o Yoga busca gerar uma aproximação bastante intrínseca entre o indivíduo e o meio que o cerca. Por meio de posturas (asanas) específicas, verificamos que além do próprio desenvolvimento do tônus muscular proporcionado pelas contrações isométricas, características da modalidade, tem-se também um controle respiratório que é desenvolvido, a fim de controlar todos os aspectos relacionados ao movimento, permitindo, então, que o seu praticante possa sentir e compreender todas as características do seu corpo durante a sua prática (DITTMANN; FREEDMAN, 2009).
Sabemos, portanto, que a Ginástica de Conscientização Corporal surgiu com o objetivo de quebrar com os padrões tradicionais de ensino da Ginástica, nos quais as diferenças individuais eram desconsideradas e a repetição de gestos motores engessados eram evidenciados, inviabilizando um desenvolvimento de todos os praticantes, uma vez que a mera reprodução da técnica de movimento impedia o desenvolvimento de indivíduos que não são tão habilidosos, dificultando os aspectos relacionados ao autoconhecimento de seu corpo e de suas habilidades (SOUZA JÚNIOR et al., 2011). Alguns termos específicos que são componentes constituintes da Ginástica de Conscientização Corporal (antiginástica, eutonia, bioenergética e biodanças) são aplicados na tentativa de formar sujeitos mais íntegros e críticos. A seguir será trabalhado de maneira mais explanatória o que cada um desses termos significa.
A antiginástica, contrapondo ao que o próprio nome sugere, não é algo que se coloca de maneira oposta à realização de movimentos ginásticos, mas sim uma técnica utilizada na tentativa de viabilizar a execução de movimentos precisos, levando em consideração as limitações anatômicas, articulares e fisiológicas que o indivíduo apresenta. Ela busca, portanto, promover uma melhor conscientização com a própria estrutura física, articulando o corpo, o coração e a cabeça. As percepções das emoções contidas em nossos corpos passam a ser mais significativas.
O termo eutonia deriva do grego "eu" (harmonia) e "tonia" (tensão). Foi criado no ano de 1957, com o objetivo de exemplificar a ideia de harmonia e tonicidade muscular. Mediante a harmonia dos movimentos, busca-se promover o equilíbrio e a adaptação durante os gestos motores, realizando-os por intermédio de ações econômicas e fluídas (SOUZA, 1992). Na eutonia, objetiva-se uma aproximação com os movimentos naturais, restaurando através de gestos motores harmônicos, o equilíbrio físico e psicológico comprometido pela vida moderna.
A bioenergética na Ginástica de Consciência Corporal contrapõe às definições propostas pelos termos biológicos. Faz menção direta à aproximação entre o corpo, a mente e o espírito durante a realização de movimentos gímnicos. Nessa tendência, considera-se que o homem é uma unidade psicossomática que faz a unificação entre as dimensões físicas e metafísicas. Nessa perspectiva, os indivíduos se tornam mais conscientes e sensíveis sobre o mundo que o cerca. Ela traz a ideia de que nossos gestos e nossas atitudes são carregados de energias que precisam ser compreendidas e bem utilizadas para que possamos nos desenvolver de maneira correta e saudável (ZADRA; CLORE, 2011). É importante ressaltar que na bioenergética o corpo é considerado em sua totalidade (corpo/alma) e evidencia-se a importância da respiração e da calma durante a determinação dos ritmos e das velocidades dos movimentos.
Já nas biodanças, constata-se uma experiência educacional na qual, pela intervenção de extensos processos de interação social, desenvolvem-se capacidades de criar, amar e viver consigo e em sociedade, transcendendo as perspectivas individuais com a estimulação do contato e da aproximação gerada entre os sujeitos durante a realização de seus movimentos. Os conteúdos relacionados às biodanças são muito pertinentes quando se busca compreender as relações sociais inerentes ao movimento humano. Vale destacar o papel fundamental na conscientização corporal para que esses gestos motores apresentem dinamismo e sentido durante o momento em que são realizados (REIS, 2012).
Por fim, concebendo os mais diversos benefícios relacionados à prática da Ginástica de Conscientização Corporal, devemos citar a necessidade de se considerar a individualidade de cada sujeito que realiza as ações propostas durante a aplicação de nossas aulas, retirando o cunho tradicional que valoriza apenas a técnica e não preconiza equidade no processo de autoconsciência e desenvolvimento corporal. A implementação de processos de conscientização corporal facilita o amplo desenvolvimento do sujeito, permitindo que ele passe a compreender o extenso processo de interação entre o indivíduo e o meio que o cerca, passando a criar um significado para as ações que realiza (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012), o que pode permitir que ele se desenvolva de maneira mais íntegra e permanente.
Recentemente, uma publicação chamou bastante atenção da comunidade científica: nela, foram analisados os benefícios dos mais diversos métodos de exercícios físicos para a melhoria de cardiopatias, mais especificamente relacionado aos problemas de pressão alta. Nessa publicação, diversos protocolos de exercícios envolvendo treinamentos aeróbios, anaeróbios, com princípios ginásticos e lúdicos foram avaliados. Para a surpresa geral, os métodos de exercícios que demonstraram maior efetividade na redução dos níveis de pressão alta foram os exercícios ginásticos de Pilates. O Pilates foi capaz de reduzir significativamente os níveis de pressão alta em decorrência da característica de contração relacionada à execução do movimento, levando ainda em consideração as melhorias relacionadas ao controle corporal e respiratório que a modalidade proporcionou para a população avaliada. Ponderando-se que os mais diversos tipos de exercícios podem trazer benefícios distintos ao nosso corpo, caberia aqui uma reflexão sobre o impacto de diferentes modalidades ao corpo e ao metabolismo de seu praticante. Muitas vezes, é comum ver métodos específicos serem negligenciados pela ausência de conhecimento sobre os avanços que eles podem trazer. Portanto, sugere-se uma análise sobre os motivos pelos quais os exercícios isométricos se diferem dos exercícios excêntricos e concêntricos nas melhorias da saúde cardiovascular.
Para maiores informações sobre o estudo que analisou os benefícios dos diversos métodos de exercícios físicos na melhoria de cardiopatias, mais especificamente, relacionado aos problemas de pressão alta, indicamos a leitura do texto “Isometric Exercise Training for Blood Pressure Management: A Systematic Review and Meta-analysis”, publicado pelos autores Debra J. Carlson, Gudrun Dieberg, Nicole C.Hess, Philip J. Millar e Neil A. Smart na Revista Mayo Clinic Proceedings, em 2014. Acesse o link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24582191. Acesso em: 15 jan. 2020.
Ao longo desta unidade, constatamos que diversos métodos ginásticos podem ser utilizados com objetivos distintos, variando principalmente a sua aplicação. Alguns desses métodos, destacam a importância do desenvolvimento físico, outros salientam a relevância do desenvolvimento da consciência corporal. Refletindo sobre as características dos métodos de Ginástica de Condicionamento Físico e Conscientização Corporal, analise as alternativas que apontam os fundamentos básicos e as características intrínsecas de cada um dos componentes dessas Ginásticas e assinale a correta.
A prática de Yoga é uma excelente caracterização da Ginástica de Condicionamento Físico.
Incorreta. A prática do Yoga é uma representação da Ginástica de Conscientização Corporal e não de Condicionamento Físico.
A Ginástica de Condicionamento Físico trabalha sob uma perspectiva técnica e se desenvolve mediante exercícios.
Correta. A Ginástica de Condicionamento Físico é mais técnica, o que a torna um pouco excludente pelo fato de privilegiar a execução do método durante o gesto motor, desconsiderando aspectos individuais das pessoas.
Em ambientes escolares, a Ginástica de Condicionamento Físico é superior à Ginástica de Conscientização Corporal.
Incorreta. A Ginástica de Conscientização Corporal é a mais indicada para ser trabalhada em ambientes escolares.
Treinos fundamentados na prática de aulas de Spinning e HIIT são visualizados na Ginástica de Conscientização Corporal.
Incorreta. Os treinos de spinning e HIIT apresentam características bastante fechadas e com gestos motores bem definidos, sendo essenciais principalmente na Ginástica de Condicionamento Físico.
Pode-se dizer que a Ginástica de Conscientização Corporal é excludente pela necessidade de trabalho isolado.
Incorreta. Dentro da Ginástica de Conscientização Corporal, diversos aspectos relacionados à transcendência do ser são trabalhados de maneira isolada, envolvendo diversos trabalhos em grupo para melhor conhecer e dominar seus gestos motores.
A Ginástica para Todos é uma modalidade bastante abrangente dentro do contexto das Ginásticas, sendo conhecida também como Ginástica Geral. Além das características das mais diversas modalidades de Ginástica (Artística, Rítmica, Acrobática, Aeróbica e de Trampolim), a Ginástica para Todos incorpora em sua essência atributos de diversas manifestações corporais, como danças, expressões folclóricas, jogos e brincadeiras (OLIVEIRA, 2007).
Dentre os principais objetivos da Ginástica para Todos, podemos destacar o desenvolvimento da criatividade, do lazer, do bem-estar físico e da vida em sociedade. Ela favorece as atividades que respeitam as dificuldades individuais e busca estratégias diversificadas para propiciar a superação pessoal e o desenvolvimento psicossocial de seus praticantes.
A Ginástica para Todos apresenta uma qualidade bastante singular: é a única modalidade de Ginástica que possui um comitê na Federação Internacional de Ginástica (FIG) com um caráter não competitivo, ou seja, prioriza a demonstração e a execução de movimentos. Seus principais objetivos são proporcionar momentos de lazer e desenvolvimento físico/social (AYOUB; ASSIS, 2016).
A Ginástica para Todos se diferencia das demais Ginásticas pelo fato de ser a única forma de Ginástica que não apresenta características competitivas. Segundo Barbosa-Rinaldi (2010, p. 196), “[...] a Ginástica para Todos é a única Ginástica não competitiva capaz de conviver com outras competitivas”.
O principal evento que representa a Ginástica para Todos é o Gymnaestrada Mundial, que ocorre desde o ano de 1953. Como o próprio nome sugere, o Gymnaestrada significa, em termos gerais, "o caminho para a Ginástica", e de acordo com o seu idealizador, Jô Sommer, tem como principal propósito a participação de todos os indivíduos que quisessem comparecer e executar movimentos gímnicos mesclados à cultura individual, promovendo, assim, a Ginástica e a interação social entre todos os participantes (SARGI et al., 2015).
Ayoub (2003) vem colaborar com os ideais propostos na Ginástica para Todos, acrescentando a importância de romper com práticas tradicionais no âmbito do ensino da Ginástica:
[...] o humano do homem, o que quer dizer o homem-cultura e não o homem-máquina, o homem-sujeito e não o homem-objeto, o homem-liberto e não o homem-alienado. Uma Ginástica que se reconheça científica, mas que consiga reagir aos dogmas da ciência positivista para encontrar as suas respostas (ou ainda, às suas perguntas). Uma Ginástica que esteja aberta aos ensinamentos multifacetados da cultura corporal, inclusive os do Esporte, porém sem se render aos apelos e às armadilhas da esportivização [...] Uma Ginástica que procure superar as artimanhas do culto ao corpo – objeto de consumo, mercadoria –, com seus modismos e imposições. Enfim, uma Ginástica que crie espaço para o componente lúdico da cultura corporal, “redescobrindo” o prazer, a inteireza e a técnica/arte da linguagem corporal (AYOUB, 2003, p. 39-40).
Nesse excerto, podemos notar uma forte preocupação com relação às limitações e falhas relacionadas às particularidades individuais, buscando, por meio da ausência de formalismo da realização de suas práticas, criar situações que possam proporcionar momentos de felicidade e realização pessoal do participante, fornecendo aos seus praticantes um ambiente rico em informações relacionadas ao próprio corpo, mente e sociedade.
Para Barbosa-Rinaldi (2010, p. 08) a Ginástica para Todos é definida como:
[...] uma atividade corporal que abarca em sua prática o conjunto das várias modalidades de Ginásticas, envolvendo elementos de dança, das artes circenses, capoeira, teatro, jogos e brincadeiras, enfim, das diversas manifestações da cultura corporal, facilitando assim sua apropriação na escola, pois permite ao educando ampliar, interagir e combinar as demais manifestações corporais existentes, possibilitando trocas de experiências entre outras áreas, oportunizando o contato com o elemento de outras culturas.
Considerando o potencial relacionado ao desenvolvimento integral dos alunos por meio da Ginástica para Todos, é evidente a relevância pedagógica dessa modalidade no andamento das aulas de Educação Física. A partir do momento em que se considera que todos os indivíduos se desenvolvem de maneiras distintas, torna-se necessário também romper com tendências engessadas que priorizam a execução da técnica. Assim, passa-se a eleger atividades que propiciam momentos de ludicidade e criatividade e que se associam às melhorias da condição física do aluno (RAMOS; VIANA, 2008).
Pelo fato de a Ginástica para Todos englobar características das mais variadas Ginásticas, incorporando outros fatores relacionados à cultura corporal, percebemos que existem diversas formas de realizar uma mesma ação, não estabelecendo padrões motores específicos. A ausência de formalismo relacionado à execução de determinados movimentos permite que indivíduos que apresentam maiores dificuldades em executar ações motoras específicas possam experimentar a satisfação de realizar movimento ginásticos.
Dentro do ambiente escolar, por exemplo, podemos afirmar que a Ginástica para Todos tem como meta principal a participação de todos os alunos durante a realização de sua prática, mostrando que o domínio da técnica é muito menos importante do que a criatividade no momento de elaborar e executar movimentos específicos. Além disso, na Ginástica para Todos, extrapola-se a oportunidade de construir equipamentos e aparelhos que podem ser utilizados em coreografias, permitindo que o aluno se desenvolva de maneira completa e englobe aspectos cognitivos, físicos, afetivos e sociais durante a realização desse processo.
Muitas vezes é possível perceber certo receio por parte dos professores de Educação Física no momento da aplicação da Ginástica para Todos, pois os moldes estruturantes do ensino da Ginástica ainda apresentam certos dogmas que precisam ser superados no que diz respeito à necessidade da técnica com relação à execução de movimentos (SCHIAVON; NISTA-PICCOLO, 2007). Entretanto é importante ressaltar que os princípios da Ginástica para Todos podem ser incorporados nos movimentos gímnicos tradicionais, permitindo que o aluno apresente suas próprias interpretações com relação às formas como o movimento deve ser realizado, integrando as diversas formas de expressão relacionadas à cultura de movimento.
Buscando propiciar um melhor aproveitamento da Ginástica para Todos, é importante que alguns ajustes relacionados à faixa etária dos alunos sejam executados. Deve-se, então, desenvolver atividades que levem em consideração as experiências anteriores do aluno e os interesses apresentados pela turma, possibilitando a vivência das mais diversas manifestações culturais que, por sua vez, propiciam análises mais críticas da autonomia dos alunos. Nessa concepção, os alunos precisam interagir e dialogar para nortear seus interesses em comum (CARDOZO; SILVA, 2009).
Grande parte das manifestações da Ginástica para Todos que são trabalhadas nas escolas são provenientes da Ginástica Acrobática: elementos corporais, elementos acrobáticos básicos, danças, expressões corporais e a construção de pirâmides. Fato completamente compreensível quando se pensa na característica demonstrativa e não competitiva dessas modalidades. Durante a realização dessas práticas, outros elementos constituintes da Ginástica são utilizados: o correr, o pular, o andar e o rolar. A Ginástica para Todos é, pois, desenvolvida por intermédio de estratégias relativamente simples.
Com o intuito de compreender as propostas da Ginástica para Todos e utilizá-la como conteúdo constituinte da Educação Física, cabe destacar a importância da problematização dos seus pilares fundamentais. De acordo com Ayoub (2003, p. 68), a modalidade é representada como:
Sem finalidade competitiva, a GG está situada num plano básico, com abertura para o divertimento, o prazer, para a simplicidade, para o diferente, para a participação irrestrita, para todos; Na Ginástica Geral, o principal alvo de atenção deve ser a pessoa que a prática, sendo as suas metas fundamentais promover a integração entre pessoas e grupos [...]. Devido à sua amplitude e diversidade, a GG engloba atividades no campo da Ginástica, dança e jogos e não tem regras rígidas preestabelecidas. Dessa forma, a Ginástica Geral abre um leque imenso de possibilidades para a prática de atividade corporal, uma vez que não determina limites em relação à idade, gênero, número e condição física ou técnica dos participantes, tipo de material, música ou vestuário.
Um ponto importante a ser destacado sobre a Ginástica para Todos é a sua capacidade de desenvolver o contato social em relação ao próximo. Diversas atividades realizadas durante esse tipo de manifestação corporal trazem a necessidade de se trabalhar em grupos para que os objetivos sejam alcançados, fazendo com que o companheirismo e a união entre colegas sejam evidenciados (Figura 4.11), principalmente por de não existirem vencedores ou perdedores nesse tipo de prática.
Seguindo os estudos feitos por Ayoub (2003, p. 87):
Aprender Ginástica Geral na escola significa, portanto, estudar, vivenciar, conhecer, compreender, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar, apreender as inúmeras interpretações da Ginástica para, com base nesse aprendizado, buscar novos significados e criar novas possibilidades de expressão gímnica. Sob essa ótica, podemos considerar que a Ginástica geral, como conhecimento a ser estudado na Educação Física escolar, representa a Ginástica. Considerando ainda, as características fundamentais da GG, podemos afirmar que a Ginástica traz consigo a possibilidade de realizarmos uma reconstrução da Ginástica na Educação Física escolar numa perspectiva de “confronto” e síntese e, também, numa perspectiva lúdica, criativa e participativa.
Podemos concluir que a utilização da Ginástica para Todos dentro do âmbito escolar é de grande valia para o desenvolvimento amplo dos alunos, além de fornecer dinâmicas diferentes ao professor no momento de aplicar os conteúdos relacionados à Ginástica.
Reconhecendo o fato da Ginástica para Todos (ou Ginástica Geral) ser uma possibilidade bastante interessante de ser trabalhada nas escolas, diversos projetos vêm propondo a perspectiva da utilização do contraturno escolar para elaboração de oficinas que trabalham apenas com a Ginástica Geral. Evidenciamos aqui alguns projetos realizados pelo Grupo Ginástico Unicamp, que buscam compreender as implicações práticas da Ginástica Geral no processo de ensino-aprendizagem. Buscando melhores exemplificações sobre o tema, propomos você assista ao vídeo "Ginástica para todos parte 1", disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=HVbYTqzdBaY. Acesso em: 15 jan. 2020. Nesse vídeo, são apresentadas mais explicações e demonstrações da Ginástica para Todos.
Ao longo dos anos, foi possível verificar certas mudanças no que diz respeito às práticas de Ginástica no mundo sendo a principal delas o aparecimento de modalidades demonstrativas, não competitivas. Considerando os conceitos inerentes à Ginástica para Todos e suas diversas aplicabilidades práticas relacionadas ao campo do ensino-aprendizagem, leia atentamente as alternativas e assinale a correta.
A Ginástica para Todos se distingue da Ginástica Geral pelo fato de englobar movimentos tradicionais em suas rotinas.
Incorreta. A Ginástica para Todos apresenta o mesmo significado da Ginástica Geral, não preconizando características tradicionais na execução de seus movimentos.
Embora a Ginástica para Todos seja bastante conhecida mundialmente, ela não é reconhecida pela FIG.
Incorreta. A Ginástica para Todos é a única Ginástica não competitiva que possui um comitê junto à FIG, fazendo com que ela seja abertamente reconhecida por essa instituição
Os movimentos da Ginástica para Todos não apresentam regras específicas para sua execução.
Correta. Como o principal intuito da Ginástica para Todos é promover a ludicidade e a criatividade, não se observam regras específicas para a realização de seus movimentos.
Os movimentos mais comuns utilizados na Ginástica para Todos são os mortais e os flic-flacs.
Incorreta. Os movimentos mais comuns da Ginástica para todos são as danças, as corridas e os saltos.
A Ginástica para Todos apresenta diversas competições internacionais, sendo Gymnaestrada a mais conhecida.
Incorreta. Não existem competições de Ginástica para Todos. Seus eventos se caracterizam por sua particularidade demonstrativa.
Considerando as diversas peculiaridades relacionadas à Ginástica para Todos, alguns cuidados devem ser tomados no momento de planejar aulas sobre esse tema. Refletindo sobre o caráter abrangente que essa aula possibilita, é necessário que algumas análises preliminares sejam executadas antes que se inicie o planejamento.
Quando pensamos no processo pedagógico relacionado ao ensino-aprendizagem, é preciso ponderar diversos fatores, a fim de proporcionar os melhores resultados possíveis a partir de nossas aulas. Desse modo, verificar o nível de desenvolvimento apresentado pela turma, bem como atentar para os aspectos culturais inerentes ao ambiente podem ser peças-chave para o desenvolvimento de um bom ano letivo. Na Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), a Ginástica para Todos é uma modalidade bastante abrangente e que, embora fundamentada sob as perspectivas gímnicas, apresenta uma grande capacidade de se utilizar de outras manifestações, como danças, expressões folclóricas e jogos.
Para que as aulas possam ser conduzidas de maneira coerente, é necessário que algumas diferenciações com relação à Ginástica Competitiva sejam esclarecidas antes de se planejar uma aula de Ginástica para Todos. O quadro a seguir demonstra as principais diferenciações entre a Ginástica Para Todos e a Ginástica competitiva.
Quadro 4.1 - Comparação entre a Ginástica Para Todos e a Ginástica Competitiva
Fonte: Adaptado de Glomg e Lopes (2005).
Como podemos analisar no Quadro 4.1, com o desenvolvimento de aulas que enfatizam a Ginástica para Todos, o professor precisa pensar nas características que abrangem essa modalidade e considerar que ela não é seletiva como as outras Ginásticas. Não se pode esquecer, também, de extrapolar a criatividade durante a aula, pois, pela inexistência de regras rígidas preestabelecidas com relação a execução de movimentos, a criatividade deixa de ser controlada pela mera reprodução de movimentos já preestabelecidos. Por fim, é importante ressaltar que o principal objetivo da Ginástica para Todos é o prazer, contrapondo à necessidade de vencer existente nas Ginásticas Competitivas.
Além do objetivo relacionado ao prazer, a Ginástica para Todos possui outros objetivos específicos relacionados às atividades físicas, são eles: os benefícios à saúde, a melhora da condição física, a integração social e o desenvolvimento cognitivo através da criatividade necessária para realizar as atividades propostas.
Por meio da Ginástica para Todos, podemos visualizar os mais diversos tipos de fenótipos dispostos para a realização de sua prática, contando ainda com uma enorme quantidade de materiais que podem ser aplicados de acordo com criatividade relacionada aos aspectos educacionais e recreacionais, buscando contribuir para o desenvolvimento integral (motor/cognitivo/social) dos alunos e permitindo que eles vivenciem e criem através da prática Ginástica.
O processo de composição de coreografias de Ginástica para Todos é fundamentado por alguns aspectos essenciais que envolvem: a escolha e a exploração dos materiais; as formações que são possíveis de acordo com o objetivo da coreografia, bem como de acordo com a música; e, por fim, a seleção de um figurino que esteja de acordo com a temática escolhida.
É importante ressaltar que a composição da coreografia durante as aulas de Ginástica para Todos só será possível após os alunos terem experimentado as mais diversas possibilidades de movimentações gímnicas, que incluem os elementos corporais, acrobáticos e de condicionamento físico, realizados com e sem aparelhos (BARBOSA-RINALDI, 2010).
Como tratamos anteriormente, há diferentes possibilidades de exploração de movimentos, com ou sem aparelhos. No entanto existem alguns temas que podem provocar reflexão crítica e que devem estar presentes durante o processo educacional: como a padronização estética dos movimentos, característica da Ginástica Rítmica como esporte feminino e masculino; padrões de corpo exigidos no esporte de rendimento; possibilidades de trato da Ginástica Rítmica que possibilite a participação de todos; dentre outros (BARBOSA-RINALDI, 2017).
Com relação à seleção de materiais, existe um imenso repertório que pode ser manuseado, podendo-se optar por aparelhos que são oficiais de modalidades, como os aparelhos manipulativos da Ginástica Rítmica; ou aparelhos de grande porte, como os da Ginástica Artística. Para tanto, bastaria o exercício da criatividade para seleção e utilização desses aparelhos durante o processo de construção coreográfica.
É importante que os organizadores e coordenadores do grupo determinem as características dos materiais que podem ser usados, uma vez que esses materiais podem ser pequenos (fato que viabilizaria a utilização individual) ou grandes (o que permitiria a exploração em grupos). Na Ginástica para Todos, é comum a utilização de diversos materiais alternativos, que podem ser de proveniência natural ou fabricado por humanos. Um dos principais pontos que podemos destacar no que diz respeito aos materiais selecionados é a capacidade de adaptação à realidade que esse tipo de ação ginástica promove em seus participantes.
O processo de exploração dos materiais disponíveis subdivide-se em três momentos principais: exploração livre, relação numérica aparelho-indivíduo e exploração com conteúdo da expressão corporal. Todos esses momentos serão explicados mais detalhadamente a seguir.
Durante a fase de exploração livre, fica evidente a necessidade de o participante conhecer e averiguar as possibilidades de utilização de determinado material, realizando testes e experiências que propiciam uma melhor compreensão dos movimentos possíveis de serem executados com aquele objeto específico. É possível afirmar que é durante essa fase que ocorre a maior parte das criações individuais, pois toda atenção do praticante está voltada exclusivamente para o material que ele está analisando, fato que possibilita a exploração de movimentos, sons e gestos que poderão ser executados com o objeto selecionado.
É durante a relação numérica aparelho-indivíduo que os praticantes que compõem a coreografia analisam a quantidade de integrantes da composição e a quantidade de materiais disponíveis para a realização da sessão gímnica.
Normalmente, é durante esse processo que ocorre a subdivisão entre os materiais pequenos (Figura 4.12) que serão utilizados de maneira individual e materiais grandes (Figura 4.13) que serão utilizados em duplas, trios, ou até mesmo por todo o grupo.
De maneira sintética, é possível afirmar que, durante a realização de coreografias na Ginástica para Todos, o número de aparelhos varia de acordo com o espaço que os praticantes vão ocupar no tablado de apresentação. Geralmente, aparelhos de maior dimensão são usados em menores quantidades quando os comparamos aos aparelhos pequenos, justamente pela necessidade de serem manuseados por mais de um integrante na coreografia. Em vista disso, fica evidente que o número de aparelhos está associado às suas dimensões.
Por fim, asseveramos que é nessa fase que verificamos a relação entre os materiais selecionados e os conteúdos relacionados à expressão corporal do movimento, relacionando o praticante da modalidade com o aparelho selecionado para a realização da coreografia.
Para Souza (1992, p. 30), é durante essa fase que:
[...] a coreografia começa a tomar corpo, pois se inicia o processo de tematização da mesma. A partir dessa tematização coreográfica e da relação do material com os conteúdos da expressão corporal é que o grupo começa a definir a estrutura de coreografia a ser criada.
A formação é feita a partir da seleção de movimentos criados, estruturando espacialmente onde cada um será realizado. Um dos pontos que precisamos levar em consideração é a influência das dimensões do aparelho no direcionamento coreográfico. As coreografias que se utilizam de grandes materiais apresentam características distintas das coreografias que empregam materiais pequenos, pois esses materiais apresentam características específicas no que diz respeito à disposição do espaço. De maneira geral, podemos dizer que a utilização dos espaços representa um momento importante durante o início e o fim das coreografias. Dessa forma, os aspectos relacionados à criatividade dos praticantes possibilitam entradas e saídas distintas, tornando a apresentação mais dinâmica e criativa.
Ayoub (2003, p. 94) completa sua ideia sobre a elaboração da coreografia:
[...] essa perspectiva de demonstração da GG precisa ser tratada como parte integrante do processo educativo da GG na educação física escolar. Mais ainda: no processo de elaboração de uma composição coreográfica, devem ser privilegiadas as experiências e interesses dos alunos e o trabalho em grupo, estimulando a cooperação, a capacitação de ação e a autonomia dos educandos como sujeitos do processo educativo, para que possam compor em co-autoria com outros sujeitos, buscando novas interpretações, novas leituras, novas significações antes desconhecidas. Além disso, a demonstração das composições coreográficas nas próprias aulas de Educação Física pode constituir-se num importante momento avaliativo em que os alunos sintetizam e organizam as suas experiências e reflexões acerca da GG de forma criativa e com liberdade de expressão, apresentando-as para apreciação de seus pares e do professor. As apresentações em momentos comemorativos da escola, envolvendo as diversas turmas específicas ou grandes grupos de alunos de várias séries também ganham um significado muito especial, como uma possibilidade de demonstrar para a comunidade escolar o trabalho desenvolvido na educação física. E tanto melhor se as composições refletirem o processo de elaboração, sistematização e organização do conhecimento com vistas a buscar níveis cada vez mais profundos de compreensão.
É importante ressaltar que não existem receitas de bolo quando o assunto é Ginástica para Todos. No decorrer das aulas, será possível compreender que cada grupo de alunos apresenta um repertório completamente particular e com características específicas que precisam ser trabalhadas da melhor maneira possível pelo professor ou coordenador do grupo que estará trabalhando com a Ginástica para Todos.
Embora não existam planos fechados sobre como se deve trabalhar a Ginástica para Todos, Ayoub (2003) traz alguns passos que poderiam ser seguidos quando trabalhamos na construção de coreografias. Em um primeiro momento, seriam desenvolvidos aspectos de criação e exploração das diferentes possibilidades de ação que poderiam ser realizadas no decorrer da coreografia. Depois disso, na experimentação, alguns problemas surgiriam no que diz respeito às formas como determinados movimentos precisam ser feitos, principalmente quando se faz a inclusão de instrumentos, fazendo com que esse momento seja utilizado para solucionar os problemas que poderão surgir durante a fase de experimentação. A terceira etapa de construção ocorreria durante o desenvolvimento lúdico, durante a realização da prática, quando todos os elementos contemplados anteriormente, passariam a ser experimentados pelo grupo, tornando uma atividade dinâmica e proveitosa para todos os indivíduos que ali realizam a ação.
Um dos pontos que traz uma distinção bastante clara entre os técnicos e coreógrafos dos outros tipos de Ginástica em relação aos coordenadores/professores que trabalham com a Ginástica para Todos, repousa sobre o fato de que a principal função dos coordenadores durante a elaboração de coreografias é estimular os alunos a solucionarem os problemas de maneira dinâmica, criativa e lúdica (OLIVEIRA, 2007), distinguindo-se de formulações técnicas específicas dos outros tipos de Ginástica, permitindo, assim, que se desenvolvam tanto os aspectos físicos quanto os aspectos cognitivos e sociais.
Por fim, temos a seleção da música que será utilizada durante a apresentação, processo que usualmente ocorre no início da elaboração da coreografia, juntamente com a seleção dos temas e dos aparelhos. A seleção da música ocorre a partir das possibilidades de movimentos ofertados pelos aparelhos selecionados para a encenação coreográfica; porém, fatores como o tema escolhido e a mensagem que os praticantes buscam passar também influenciam a maneira como os movimentos e as formações serão organizados dentro da coreografia proposta.
O processo do ensino da Ginástica para Todos quebra com os padrões tradicionais da Ginástica, permitindo que seus praticantes desenvolvam a criatividade e o lúdico. Leia atentamente as alternativas a seguir e assinale a resposta correta.
Durante o momento de exploração livre, deve-se averiguar todas as possibilidades de movimento oferecidas pelo material utilizado.
Correta. É durante a exploração livre que a criatividade atua sobre os movimentos, possibilitando a criação de diferentes ações gímnicas durante o ato ginástico.
O ensino da Ginástica Geral acaba sofrendo uma influência bastante técnica durante a elaboração de suas coreografias.
Incorreta. O ensino da Ginástica Geral se difere das Ginásticas Competitivas pelo fato de não privilegiar a técnica, fazendo com que esta não seja influenciada de maneira direta por aspectos técnicos inerentes às outras Ginásticas.
A construção de coreografias de Ginástica para Todos não permite a participação dos atletas/alunos no processo de construção.
Incorreta. Durante o processo de elaboração de coreografias na Ginástica para Todos, torna-se evidente o papel do aluno/atleta no desenvolvimento desse processo, pois é por meio do destacamento de problemas que surgem durante o processo (feito pelos alunos/atletas) que soluções são elaborados em conjunto (professor/aluno), a fim de solucionar as barreiras relacionadas à prática da coreografia específica.
Um dos principais pontos negativos da Ginástica Geral é que ela não considera as características individuais, apresentando um caráter excludente.
Incorreta. A Ginástica Geral busca propiciar a maior variedade fenotípica em suas práticas, portanto, diversidade é um dos principais objetivos.
Durante as coreografias da Ginástica para Todos, podemos afirmar que o número de materiais é sempre igual ao número de alunos/ginastas.
Incorreta. Um dos principais pontos destacados na Ginástica para Todos é que usualmente materiais grandes precisam ser manuseados por mais de um indivíduo, fazendo com que muitas vezes o número de materiais seja menor, quando comparado ao número de alunos.
Muitas vezes, no decorrer de nossas aulas, observamos que os alunos insistem em praticar modalidades que já possuem certo domínio, fazendo com que outras modalidades não sejam tão apreciadas quando são apresentadas pelos professores.
Um dos principais pontos negativos encontrados nessa prática recorrente é que, muitas vezes, os alunos se desestimulam em decorrência da repetição do mesmo tipo de modalidade, pois a ausência de desafios relacionados à prática faz com que exista uma perda de interesse. Nessa perspectiva, surgem os festivais e/ou as competições, que buscam propiciar momentos de emoção e desafio aos alunos (BARBOSA-RINALDI, 2017), de modo que eles voltem a se sentir estimulados durante a realização da prática.
É importante ressaltar que, na elaboração e organização de eventos, especialmente dos eventos ginásticos, certo cuidado precisa ser tomado no que se refere à complexidade de sua execução, pois diversos fatores precisam ser considerados no momento da organização. O primeiro passo que precisa ser seguido nesse protocolo é a elaboração de um projeto que leve em consideração aspectos relacionados ao ambiente necessário e ao tipo de atividade que será realizado.
Segundo Poit (2006), a organização de eventos esportivos usualmente segue uma sequência cronológica, como podemos observar na Figura 4.14.
De maneira geral, podemos dizer que todo e qualquer evento esportivo surge a partir da criação de uma ideia, na qual são concebidos pontos que poderiam ser destacados durante a realização de festivais ou de competições. A partir do momento em que se constata a viabilidade de uma determinada ideia, acabamos evoluindo para a elaboração de um projeto que deve levar em consideração as principais características objetivadas a partir do que foi pensado (RUBIO, 2007).
No que diz respeito à elaboração do projeto, é necessário apresentar uma boa justificativa para a realização da atividade desejada, seguido pela descrição dos principais objetivos do evento. Após esse processo, iniciam-se as explanações referentes à forma como esse evento vai ser organizado, considerando todos os fatores relacionados à efetivação desse processo. Outro passo importante é o orçamento previsto para a realização do evento, assim como os retornos esperados após a realização do mesmo, podendo esse retorno ser monetário ou não (REVERDITO et al., 2008). Dessa forma, na Figura 4.15, sugerimos um cronograma de execução que deve ser seguido para elaboração de projetos para eventos ginásticos.
Durante o processo de organização do evento, é possível fazer algumas definições, principalmente com relação ao tipo de evento que será realizado (Festival ou Competição). A partir desse ponto, inicia-se o processo de definição de comissões e responsabilidades para a execução do evento, usualmente, criam-se comissões responsáveis pela coordenação das atividades, comissões de organização estrutural, comissões responsáveis pelas atrações do evento e, por fim, comissões responsáveis por administrar os recursos disponíveis. Os passos que devem ser seguidos consistem na organização, execução e avaliação do evento em sua íntegra (OLIVEIRA; STADNIK, 2006).
Podemos, então, definir que as comissões apresentam objetivos específicos e são imprescindíveis ao que se refere ao sucesso do evento, sendo importante ressaltar que o número de comissões e número de membros por comissões depende do tamanho e da natureza do evento realizado. Podemos dizer que durante a elaboração das comissões é comum, tanto para festivais quanto para competições, a ocorrência das comissões gerais, comissões de atividades, comissões disciplinares, comissões de apoio, comissões de atletas e tesouraria, com uma única distinção para as comissões de competições, nas quais ocorrem a adição de uma comissão responsável pela arbitragem, para a qual será necessário fornecer notas (scores) para as atividades realizadas.
O trabalho em equipe é fundamental para a realização e organização de um bom evento ginástico, dessa forma, o processo de interação entre os membros organizadores pode ser uma estratégia a ser explorada, a fim de proporcionar um ambiente no qual é preciso existir respeito mútuo com relação a todas as ideias, além da necessidade de se instituir metas claras e consistentes no que diz respeito à realização do evento (POIT, 2006).
Os festivais ginásticos podem possuir diversas funções e objetivos, variando principalmente de acordo com a época, local e meta dos organizadores. Segundo a definição que encontramos no dicionário, os festivais são definidos como uma série de acontecimentos e/ou espetáculos artísticos ou esportivos que ocorrem com um determinado fim, podendo ele ser competitivo ou demonstrativo (FERREIRA, 2011).
A organização de festivais possibilita outras oportunidades além das atividades programáticas formais (PATRÍCIO, 2012), oferecendo uma atmosfera que pode ser aproveitada para o desenvolvimento de novas vivências e conhecimentos. Nos eventos de ginásticas, podemos notar a presença de diversos participantes das mais distintas regiões. Essa característica específica propicia um ambiente no qual podem ser trocadas experiências e vivências, ultrapassando a simples aprendizagem relacionada à execução de uma sequência gímnica.
Uma das principais características dos festivais ginásticos, portanto, repousa sobre o fator intercâmbio de experiências. Nesse intercâmbio, as ideias e os conhecimentos técnicos são discutidos e testados. Atentando para a característica demonstrativa dos festivais, os participantes que realizam as sequências gímnicas sentem-se à vontade para executar e recriar movimentos de acordo com a particularidade do grupo em que estão inseridos.
Dentre os principais festivais ginásticos, podemos destacar o Gymnaestrada, realizado desde 1953. A principal característica desse evento é que não se trata de uma competição formal, ou seja, não existem perdedores. O último Gymnaestrada ocorreu em Dornbirn, em 2019. Os organizadores reportaram que mais de 400 mil pessoas e atletas passaram pelo evento.
Pensando-se em um viés competitivo, podemos ressaltar a existência dos Jogos Pan-americanos e dos Jogos Olímpicos como grandes representantes de eventos da Ginástica no mundo. No ano de 2016, as Olimpíadas foram realizadas no Brasil e a organização do evento informou que aproximadamente 80 mil pessoas estiveram nas instalações olímpicas em todos os dias durante a realização dos jogos olímpicos. Naquele ano, a Ginástica recebeu um lugar de destaque nos olhares do público, chamando bastante a atenção, junto ao atletismo e ao futebol.
Por fim, ao longo desta unidade, foi possível verificar diversas características relacionadas ao complexo processo de organização de eventos ginásticos, que começam a ser fundamentados com o surgimento de uma ideia; partindo para os passos seguintes que precisam levar em consideração a forma como o evento será realizado (festival/competição); definindo de maneira clara e direta os objetivos, a fim de elaborar um evento que seja condizente com as propostas e o orçamento existentes para a realização da atividade, e até que se chegue à última etapa, que consiste em uma análise crítica sobre os resultados obtidos/esperados com o evento.
Quando realizados em escolas, esses eventos ginásticos geralmente não têm lucros como resultados obtidos/esperados. Em outras palavras, na grande maioria das vezes, o foco principal desse tipo de atividade é promover e desenvolver a afinidade dos alunos com as mais diversas modalidades relacionadas à Educação Física, tendo como principal resultado o trabalho em equipe que elaboram as atividades e a socialização inerente à qualquer tipo de evento esportivos (BARBOSA-RINALDI, 2017; BRACHT; ALMEIDA, 2013).
Organizar eventos ginásticos pode ser uma excelente forma de se trabalhar com processos de integração e socialização em uma turma. Quando realizamos qualquer tipo de evento esportivo, torna-se indispensável traçar claramente os objetivos e as metas, pois é através deles que todo o processo de organização de evento será constituído, permitindo, assim, a efetivação de um evento de sucesso, no qual todos os envolvidos poderão usufruir dos benefícios relacionados à organização e à realização dos eventos ginásticos.
Nesta unidade, verificamos o processo de organização de eventos ginásticos e percebemos que esse processo apresenta um elevado nível de complexidade, entretanto, quando se possuem objetivos claros e pessoas dispostas a trabalhar, os festivais e as competições Ginásticas tornam-se elementos fundamentais para a promoção dessa modalidade. Considerando-se os conhecimentos adquiridos sobre a organização de eventos, leia atentamente as alternativas a seguir e assinale a correta.
Podemos dizer que durante a elaboração das comissões em festivais ocorre a adição de uma comissão responsável pela arbitragem.
Incorreta. As comissões de arbitragem são necessárias apenas nas competições e não nos festivais.
A primeira etapa inerente à organização de um evento ginástico consiste na escrita do projeto do evento.
Incorreta. A primeira etapa para um evento ginástico é o surgimento de uma ideia que seja possível para os seus organizadores. Somente após diversas discussões e delimitações de objetivos é que se inicia a escrita do projeto do evento esportivo.
O processo de organização de eventos ginásticos ocorre da seguinte forma: ideia, projeto, organização, orçamento e retorno.
Correta. Esse é o protocolo seguido no processo de organização de eventos ginásticos. De maneira geral, podemos dizer que todo e qualquer evento esportivo surge a partir da criação de uma ideia, e, quando se constata a viabilidade de uma determinada ideia, evoluímos para a elaboração de um projeto que deve levar em consideração as principais características e objetivos. Deve-se haver uma boa justificativa para a realização da atividade desejada, seguida pela explanação sobre as principais metas do evento. Após esse processo, iniciam-se as explanações referentes à forma como esse evento vai ser organizado, considerando todos os fatores relacionados à efetivação desse processo. Outro passo importante é o orçamento previsto para a realização do evento, assim como os retornos esperados com a sua realização, podendo esse retorno ser monetário ou não.
Os festivais não são interessantes para o desenvolvimento da criatividade devido ao seu caráter competitivo.
Incorreta. Os festivais não possuem caráter competitivo e caracterizam-se pela plena exploração de movimentos e atividades.
Um dos principais pontos da organização de eventos escolares é o retorno financeiro esperado.
Incorreta. Embora alguns eventos busquem um retorno financeiro, os eventos realizados nas escolas normalmente objetivam apenas o retorno social, como a interação e o desenvolvimento lúdico oferecidos pelas atividades e pelos elementos presentes nas competições e festivais.
Nome do livro: Ginástica Geral: experiências e reflexões
Editora: Phorte
Autora: Elizabeth Paoliello
ISBN: 9788576552031
Nesse livro, é possível verificar o resultado de trabalhos realizados pelo Grupo de Pesquisa em Ginástica Geral da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ao longo dos capítulos, são transmitidos conhecimentos relacionados às formas que a Ginástica para Todos é aplicada, além de proporcionar um melhor entendimento sobre os principais resultados obtidos quando esse método é utilizado.
Nome do livro: Organização de eventos: teoria e prática
Editora: Cengage Learning
Autora: Maria Cecília Giacaglia
ISBN: 8522103011
Nessa obra, são abordadas as principais características que são levadas em consideração no momento de se planejar um evento esportivo, permitindo, por meio de extensas explanações, compreender o complexo processo de organização de eventos.
Nome do filme: Uma segunda chance
Gênero: Drama
Ano: 2011
Elenco principal: Emilly Morris, Nina Pearce e Adam Tuominen
O filme conta a história de uma jovem ginasta que tem a chance de entrar para a equipe nacional. Com a ajuda de uma nova treinadora e colegas de treino, uma bonita história de superação relacionada à Ginástica Artística é contada.
Nome do filme: Coach Carter - treino para vida
Gênero: Drama
Ano: 2005
Elenco principal: Samuel L. Jackson, Channing Tatum e Robert Richard
O filme em questão evidencia o papel de um bom professor de Educação Física no processo de desenvolvimento de jovens da periferia. Nesse filme, é possível visualizar como os aspectos culturais e sociais podem influenciar a forma como encaramos a realização de atividades físicas.