Caro(a) aluno(a), para darmos continuidade aos conhecimentos sobre a ginástica, nesta unidade, compreenderemos os processos histórico-culturais e técnico-pedagógicos das ginásticas competitivas, lembrando que esta envolve modalidades como a Ginástica Artística, a Ginástica Rítmica, a Ginástica Acrobática e a Ginástica de Trampolim. Em um segundo momento, perpassaremos pelas concepções coreografias, como elas se constituíram e suas possibilidades de variações, no que diz respeito a direções, trajetórias, formações e colaborações. Em um terceiro momento, falaremos sobre os movimentos gímnicos a mãos livres e os movimentos que são realizados com e em aparelhos. Para encerrar a unidade, verificaremos as possibilidades para o ensino e a pesquisa das manifestações gímnicas.
Neste tópico, compreenderemos os conhecimentos histórico-culturais e técnico-pedagógicos das ginásticas competitivas. Para isso, perpassaremos pelo histórico e pela constituição da Ginástica Artística, da Ginástica Rítmica, da Ginástica Acrobática e da Ginástica de Trampolim, além de compreendermos a constituição técnico-pedagógica dessas ginásticas. Tais modalidades foram selecionadas por serem regulamentadas pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) e já possuírem tradição em sua prática.
A primeira ginástica apresentada será a Ginástica Artística, pois foi a partir dela que houve os desdobramentos para as outras modalidades.
O termo Ginástica Artística (GA) surgiu no início dos anos 1800 para se distinguir dos estilos de técnicas utilizadas no treinamento militar influenciado pelo professor alemão Johann Friedrich Ludwig Jahn. As competições de ginástica começaram a ser realizadas nas escolas e nos clubes da Europa, e a modalidade ganhou destaque quando foi introduzida nos primeiros Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896 (NUNOMURA; TSUKAMOTO, 2009). Nesse período, a Ginástica Artística era denominada Ginástica Olímpica, por ser a única modalidade presente nos Jogos Olímpicos. Com a inserção da Ginástica Rítmica no programa dos Jogos Olímpicos, na década de 1980, a modalidade passou a ser denominada Ginástica Artística.
A partir de então, a Ginástica Artística esteve presente em todas as evoluções dos Jogos Olímpicos; inicialmente, com participação exclusivamente masculina. Somente em 1928 as mulheres foram incluídas nos Jogos Olímpicos realizados em Amsterdã. Acredita-se que, devido ao ingresso tardio da figura feminina, as competições femininas tornaram-se mais disputadas e admiradas, destacando-se dentre as modalidades do esporte (NUNOMURA; TSUKAMOTO, 2009).
No Brasil, a chegada da ginástica ocorreu em 1824, devido à colonização alemã no Rio Grande do Sul. A modalidade foi oficializada em 1951, no mesmo ano em que ocorreu o primeiro Campeonato Brasileiro de Ginástica. Atualmente, o Brasil tem obtido destaque internacional expressivo, fato que ajudou a popularizar a ginástica no país (NUNOMURA; TSUKAMOTO, 2009).
Ao longo da história, a modalidade foi dominada, principalmente, pela União Soviética, desde 1952. Em 2008, nos Jogos Olímpicos de Pequim, a China passou a ser a maior detentora de medalhas de ouro do mundo na Ginástica Artística (GYMNASTICS…, 2015).
A GA tem como principal característica a utilização de aparelhos, os quais constituem as provas; dessa forma, a criação e a execução dos movimentos gímnicos são influenciadas pelas características de tais aparelhos. Como já elucidado em unidades anteriores, a GA é subdividida em provas femininas e masculinas, cada qual com seus aparelhos. Por isso, a FIG possui dois comitês, os quais configuram-se quase como duas modalidades distintas: um comitê para a Ginástica Artística Masculina (GAM); e outro para a Ginástica Artística Feminina (GAF).
Por mais que as provas masculinas e femininas possuam suas similaridades, por se tratarem da mesma modalidade, as práticas masculina e feminina possuem seus aparelhos particulares, além de um código de pontuação específico para cada uma delas, com as regras e especificidades dos aparelhos. Atualmente, na modalidade GAM, são realizadas seis provas, constituídas em solo (sem música), cavalo, argolas, salto, barras paralelas simétricas e barra horizontal ou fixa. Na modalidade GAF, são realizadas quatro provas, compostas de solo (com música) salto, barras paralelas assimétricas e trave de equilíbrio.
Em relação aos conhecimentos técnico-pedagógicos da GA, é importante destacar que essa modalidade tem potencial de favorecer o processo de crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, pois demanda de diversas capacidades para sua prática, como capacidade de condicionamento físico e de coordenação, além de necessitar de diversas habilidades motoras (NUNOMURA; TSUKAMOTO, 2009). Dentre os fundamentos técnicos, encontram-se rolamentos (grupados, afastados e carpados), paradas de mãos com e sem rolamento para frente, oitava, parada de cabeça, roda, rodante, reversão, além de composição coreográfica com esses elementos. Dentre os aparelhos, estão trave de equilíbrio, mesa de salto, barra fixa, argolas e paralelas assimétricas; além disso, há, ainda, saídas, impulsos, balanços, giros, suspensão, apoios, equilíbrio estático, saltos, elementos com voos e inversões de eixo.
Todos esses componentes fazem parte do desenvolvimento técnico-pedagógico da GA. É necessário assegurar que os fundamentos básicos estejam bem desenvolvidos e aprendidos pelos alunos, para que seja realizada a evolução para habilidades mais complexas e para que haja avanço do aprendizado (NUNOMURA; TSUKAMOTO, 2009).
A Ginástica Rítmica é uma categoria de competição que combina o balé e a dança moderna com a ginástica, o que dá forma a uma versão fluida e graciosa do esporte. Os ginastas usam um conjunto de aparelhos manuais para suas apresentações (corda, arco, bola, maças ou fita), em uma rotina coreografada definida para a música. Os três elementos característicos da modalidade (elementos corporais, manejo de aparelhos e acompanhamento musical) são trabalhados em conjunto, estando sempre presentes e de maneira harmônica.
A Ginástica Rítmica (GR) surgiu em decorrência das ideias de Jean-Georges Noverre (1727-1810), François Delsarte (1811-1871) e Rudolf Laban (1881-1970), os quais acreditavam que a dança era o meio para se expressar e exercitar o corpo. Foi Peter Henry Ling, porém, que desenvolveu a ideia da metodologia sueca de exercício livre, no século XIX; nessa metodologia, os alunos expressavam seus sentimentos e suas emoções por meio do movimento corporal. Catharine Beecher, com os mesmos ideais, fundou o Instituto Feminino Ocidental, em Ohio, nos Estados Unidos, no ano de 1837. No programa de ginástica de Beecher, denominado “Dança Sem Dança", as moças, a partir da música, realizavam desde movimentos simples de calistenia até atividades mais extenuantes (TOLEDO, 2009).
Durante a década de 1880, Émile Jaques-Dalcroze, da Suíça, desenvolveu uma forma de treinamento físico para músicos e dançarinos. George Demeny de France criou exercícios com música que foram projetados para promover a benevolência do movimento, a flexibilidade muscular e a boa postura. Todos esses estilos foram combinados em torno de 1900, na Escola Sueca de Ginástica Rítmica; mais tarde, seriam acrescentados elementos de dança da Finlândia. Por volta dessa época, Ernst Idla, da Estónia, estabeleceu um grau de dificuldade para cada movimento. Em 1929, Hinrich Medau fundou a escola Medau, em Berlim, para treinar ginastas em Ginástica Moderna e para desenvolver o uso de aparelhos ginásticos.
Somente em 1940, a Ginástica Rítmica iniciou suas primeiras competições na União Soviética; entretanto, a Federação Internacional de Ginástica não reconheceu o esporte até 1962 e, quando o fez, reconheceu-o primeiramente como Ginástica Moderna, depois como Ginástica Desportiva Rítmica e, finalmente, como Ginástica Rítmica. O primeiro Campeonato Mundial de Ginastas Rítmicas Individuais foi realizado em 1963, em Budapeste. As competições em grupos foram introduzidas em 1967, em Copenhaga, na Dinamarca. A Ginástica Rítmica foi adicionada aos Jogos Olímpicos de Verão de Los Angeles, em 1984, como uma competição individual. A competição de grupo foi adicionada aos 1996, nos Jogos Olímpicos de Verão, em Atlanta. A primeira campeã mundial de Ginástica Rítmica foi Ludmila Savinkova, da União Soviética (GYMNASTICS…, 2015).
Dentre os fundamentos técnico-pedagógicos da GR está a combinação harmônica dos elementos corporais, com o manejo dos aparelhos e do ritmo musical. Os elementos corporais envolvem diferentes formas de andar, correr, saltar e girar, além de saltos grupados, verticais, tesoura, passo pulo, cossaco, carpado e afastado. Os equilíbrios incluem passé, prancha facial e perna à frente, além de pivots, movimentos de flexibilidade e onda com música e manejo do aparelho, por meio de circundações, rotações, movimentos de oito, rolamento, lançamentos e recuperações.
A Ginástica Acrobática, também conhecida como Esporte Acrobático, é uma modalidade da ginástica competitiva na qual os ginastas trabalham juntos e executam figuras que consistem em movimentos acrobáticos, dança e tumbling (sequência de exercícios acrobáticos), ajustados à música.
Três princípios fundamentais caracterizam a Ginástica Acrobática, sendo o primeiro a execução de acrobacias, ou seja, elementos de força, flexibilidade e equilíbrio para transitar de uma figura a outra; o segundo princípio diz respeito à formação de figuras ou pirâmides humanas; e o terceiro se relaciona à execução de elementos de dança, saltos e piruetas ginásticas como componentes coreográficos (MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008).
Essa modalidade foi, em grande parte, desenvolvida ao longo do século VII, devido à criação do circo. O primeiro uso de acrobacias como esporte específico ocorreu na antiga União Soviética, na década de 1930, e os primeiros campeonatos mundiais se davam em 1974, quando foi fundada a Federação Internacional de Esportes Acrobáticos (IFSA). Em 1998, a IFSA se fundiu à FIG. Embora a Ginástica Acrobática seja uma modalidade competitiva, ainda não faz parte do programa dos Jogos Olímpicos.
Atualmente, o esporte regido pela FIG possui quatro categorias a nível internacional, sendo as competições definidas por idades: 11-16, 12-18, 13-19 e 15 + (sênior). As modalidades de competição incluem: dupla feminina, dupla masculina, duplas mistas (base masculina e parte superior feminina), grupo feminino (três ginastas) e grupo masculino (quatro ginastas). Na competição, os ginastas realizam uma rotina de movimentos acrobáticos, combinados com a dança, em um determinado tempo, juntamente com uma música.
As séries da ginástica acrobática têm duração máxima de dois minutos e trinta segundos para as séries estáticas e dinâmicas; e três minutos para as séries combinadas. Em cada modalidade de competição, os ginastas devem seguir uma rotina e elementos individuais.
Os elementos individuais que cada ginasta deve executar durante as séries são o tumbling (exercícios acrobáticos), a flexibilidade, o equilíbrio (manutenção de dois segundos) e os coreográficos. Os exercícios estáticos ou de equilíbrio se resumem em uma série composta por pirâmides estáticas que formam uma figura, e os ginastas devem permanecer em contato durante todo o tempo de duração da figura.
Os exercícios dinâmicos compõem uma série de pirâmides dinâmicas. Os exercícios dinâmicos têm que demonstrar fases de voo, lançamentos e recepções, o que inclui lances e capturas. Os ginastas devem utilizar a maior variedade de rotações (frente, trás e piruetas) e diferentes posições corporais (grupado, carpado, estendido). Para esses exercícios, são definidas cinco categorias de elementos: (1) de parceiro para parceiro; (2) do chão para o parceiro; (3) do parceiro para o chão; (4) do parceiro para o chão, após um breve contato com o parceiro; e (5) do chão, com uma breve assistência do parceiro, para o chão, outra vez.
Por último, há a rotina combinada, que é uma série composta por elementos individuais e exercícios estáticos e dinâmicos combinados.
As pirâmides humanas, realizadas nas rotinas de apresentação, são formadas por ginastas com funções específicas. Por exemplo, a base da pirâmide é formada por ginastas capazes de suportar o peso e projetar seus companheiros; a parte intermediária é formado por ginastas capazes de realizar a função dos ginastas da base e executar posições intermediárias; e o volante é o ginasta que deve ser projetado e suportado pelos outros ginastas, geralmente encontrando-se no topo da pirâmide. Cada pirâmide pode conter um ou mais ginastas de cada função, de acordo com o número de participantes e com o desenho que se pretende formar no espaço. Em cada dupla, os diferentes tamanhos e habilidades dos ginastas são equilibrados para se complementarem, a fim de que sejam realizados movimentos complexos (MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008).
A principal diferença entre a Ginástica Acrobática e outras modalidades ginásticas está relacionada à formação de trabalho e à modalidade de apresentação em grupo. A Ginástica Acrobática não é realizada em ou com aparelhos, e seu principal elemento é o trabalho ginástico em grupo, apesar de possuir elementos comuns das outras ginásticas, como o tumbling (sequência de exercícios acrobáticos), a força, a flexibilidade, o equilíbrio e a presença de uma coreografia (MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008).
Em relação aos conhecimentos técnico-pedagógicos da Ginástica Acrobática, além dos elementos citados anteriormente, em relação à composição das séries, são necessários conhecimentos sobre alguns termos técnicos específicos, como monte e desmonte e técnicas de pegas e suportes (MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008).
O monte se refere a um elemento técnico no qual o ginasta dobra sobre o parceiro, podendo descrever uma fase de voo ou aproveitando os segmentos do parceiro com apoios para a subida, sem perder o contato com ele. O desmonte é o momento no qual o ginasta perde o contato com o parceiro, com uma fase de voo prévia entre a projeção e a queda (MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008).
Em relação às técnicas de pegas e suportes, elas não são avaliadas diretamente nas séries ginásticas, mas sua boa execução é primordial para a correta execução das pirâmides. Existem várias formas de pegadas ou suportes, as quais serão escolhidas de acordo com o movimento realizado. Algumas das técnicas são: pega de punhos, pega de mãos, pega frontal, pega facial, aperto de mãos, pega de pé/mão, pega de braço e pega de cotovelo (MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008).
Em geral, os fundamentos técnicos da ginástica acrobática se resumem em exercícios de equilíbrio corporal dinâmico e estático, exercícios individuais de solo, pegas, figuras acrobáticas estáticas em duplas e trios, contrapesos, posições básicas e de complexibilidade média da base, do volante e do intermediário, figuras acrobáticas estáticas e dinâmicas, quedas, posições fundamentais de base e posições fundamentais do volante.
O primeiro trampolim moderno foi construído por George Nissen e Larry Griswold, por volta de 1934, na Universidade de Iowa. Inicialmente, o trampolim foi usado para treinar astronautas e como uma ferramenta de treinamento para desenvolver e aprimorar habilidades acrobáticas para outros esportes, como mergulho, ginástica e esquiadores. Logo, o equipamento tornou-se tão popular que as pessoas descobriram a enorme quantidade de truques que se pode executar sobre ele, o que fez nascer o esporte (ROVERI, 2016).
O trampolim foi, rapidamente, adotado por programas escolares nos EUA; no entanto, o conhecimento insuficiente da prática e de sua formação levou a um alto número de lesões, o que ajudou no declínio da popularidade do esporte competitivo. As rotinas longas causaram muitos ferimentos; assim, o esporte foi codificado por regulamentos para a segurança. Na década de 1950, a rotina 10 Bounce tornou-se obrigatória em todas as competições e foi testada no primeiro Campeonato Mundial de Londres, em 1964. Os americanos dominaram o ranking mundial; no entanto, as nações europeias e os atletas chineses começaram a ultrapassar as posições dos americanos (ROVERI, 2016).
A Ginástica de Trampolim fez sua primeira aparição olímpica nos Jogos Olímpicos de 2000, com duas categorias: competições individuais masculinas e femininas. Mais tarde, outros programas foram adicionados ao esporte que, hoje, é constituído pelo trampolim individual, trampolim sincronizado, trampolim duplo, minitrampolim e tumbling.
No trampolim individual, os atletas realizam rotinas (10 Bounce) compostas por 10 elementos conectados em uma série, sem saltos intermitentes. A contagem dos elementos é feita a cada toque na rede; além disso, os elementos não devem ser repetidos na mesma rotina. Os juízes avaliam quão bem as habilidades são executadas e o grau de dificuldade, ao somarem o número de voltas e as torções executadas. Atletas de nível nacional são cronometrados durante toda a rotina para estabelecer o "tempo de voo" que cria incentivo para saltar tão alto quanto possível, acrescentando emoção ao evento (BROCHADO; BROCHADO, 2009).
No trampolim sincronizado, uma equipe de dois atletas executa rotinas de dez habilidades conectadas em uma série semelhante ao trampolim individual. Ambos os atletas devem fazer as mesmas dez habilidades, em uníssono. Os atletas são avaliados sobre como as rotinas são sincronizadas (BROCHADO; BROCHADO, 2009).
No minitrampolim duplo, os atletas realizam duas habilidades em uma série. O minitrampolim duplo é mais estreito do que um trampolim típico, o que aumenta a necessidade de precisão do atleta durante a prova. Os juízes de execução avaliam quão bem as habilidades são executadas e como o atleta pousa cada passagem sincronizada (BROCHADO; BROCHADO, 2009).
Em relação aos conhecimentos técnico-pedagógicos do trampolim, é necessário o entendimento sobre as fases dos saltos no trampolim, as formas de aterrissagem e as posições de salto no trampolim (grupada, carpada, semigrupada, estendida) (BROCHADO; BROCHADO, 2009).
Até agora, vimos como a ginástica competitiva surgiu e foi estruturada como uma prática única e diferenciada. A ginástica em si surgiu na Grécia e teve desdobramentos de acordo com as necessidades da época, dando origem à Ginástica Artística, Rítmica, Acrobática, Aeróbica Esportiva, Parkour e de Trampolim, regulamentadas pela FIG, além de outras ginásticas não regulamentadas, como Roda Ginástica, Ginástica Estética de Grupo e Rope Skipping, cada qual com suas peculiaridades.
Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica Acrobática e Ginástica de Trampolim são as modalidades competitivas da ginástica. Levando em consideração os conhecimentos histórico-culturais e técnicos dessas modalidades, assinale, a seguir, a alternativa correta.
A Ginástica Rítmica é uma modalidade olímpica com participação feminina e masculina, diferindo-se quanto à utilização dos aparelhos.
Incorreta. A Ginástica Rítmica é uma modalidade exclusivamente feminina.
A Ginástica de Trampolim é considerada a ginástica mais antiga dos jogos olímpicos, com participação em dezenas de eventos.
Incorreta. A Ginástica de Trampolim é a modalidade mais nova incorporada aos jogos olímpicos.
Na Ginástica Acrobática, na categoria em grupo, os ginastas devem realizar somente uma rotina individual, sem adição de rotinas dinâmicas e de força.
Incorreta. Além de realizar rotinas dinâmicas e de força, os atletas devem, obrigatoriamente, realizar uma rotina individual.
Na Ginástica Artística, as mulheres realizam suas séries e rotinas de exercícios com aparelhos como corda, arco, bola, maças e fita.
Incorreta. A ginástica que se refere a esses aparelhos é a Ginástica Rítmica.
Na Ginástica Rítmica, as ginastas executam movimentos como saltos, elementos de flexibilidade, manejo de aparelhos e danças que fluem ao ritmo de uma música preestabelecida.
Correta. A Ginástica Rítmica é uma categoria de competição que combina o balé e a dança moderna com a ginástica, o que dá forma a uma versão fluída e graciosa do esporte.
Caro(a) aluno(a), neste tópico, entenderemos o conceito de composição coreográfica e como ela se constituiu na ginástica. É importante termos consciência de que as composições coreográficas fazem parte de um universo vasto, sendo constituídas pelas artes cênicas, pelas artes plásticas, pela dança e pela ginástica.
Na ginástica, as composições coreográficas estão presentes em suas diferentes práticas e seus desdobramentos, sendo muito presentes nas ginásticas competitivas, como a Ginástica Artística, a Ginástica Rítmica, a Ginástica Acrobática e a Ginástica Aeróbica Esportiva; ademais, as coreografias fazem parte das ginásticas não competitivas, como a Ginástica para Todos e a Ginástica de Condicionamento Físico, presentes nas academias. Todas essas modalidades contemplam a composição coreográfica, relacionando-se com o número e o valor das dificuldades corporais e do aparelho, a combinação entre música e movimento, a escolha dos elementos corporais e dos aparelhos, a distribuição dos elementos durante toda a coreografia, as variações rítmicas e a utilização espacial em diferentes níveis, planos e direções.
Devido ao fato de todas as modalidades envolverem a composição coreográfica, é imprescindível compreender seu conceito. A composição coreográfica pode ser entendida como um conjunto de movimentos que produzem alternativas de sentidos e que justificam sua efetuação, ou seja, a composição coreográfica nada mais é do que uma sequência de movimentos dotados de sentidos e significados que passarão uma mensagem. Além disso, a composição coreográfica pode ser entendida como uma dança constituída de uma sequência de movimento, formada e estruturada em um tempo e em um espaço, possuindo relações corporais, movimentos dotados de qualidade, sentimentos e significados.
Ambas as definições (a primeira advinda da dança; a segunda, da arte do hip hop) podem ser utilizadas ao pensarmos na concepção coreográfica no universo da ginástica. Mais, especificamente, Santos (2009) define muito bem como as coreografias podem ser entendidas na ginástica. Segundo o autor, as coreografias podem ser entendidas como composições de uma apresentação da modalidade, composta fundamentalmente de elementos corporais, predominantemente ginásticos, interligados entre si, com uma sequência lógica e harmoniosa, com início, meio e fim, em que os aparelhos podem ou não ser utilizados.
Assim, podemos entender a composição coreográfica como uma sequência de movimentos com infinitas possibilidades de variações, direções, trajetórias, formações e colaborações, que possuem um sentido e um significado, que possibilitam a elaboração de impressões, de concepções, representação de experiências e projeção de valores.
Até agora, vimos o quanto é importante a composição coreográfica, pois ela busca transmitir ideias ao público, de maneira que este compreenda e aprecie a obra de arte que está vendo. Dessa forma, o tema, a música, o figurino e os materiais devem estar em perfeita sintonia, para que consigam transmitir uma ideia ao público. A escolha do tema pode ter muita relevância, e o tema pode ser desenvolvido a partir de uma história ou estar fundamentado em um conceito abstrato, com possibilidades infinitas de interpretação.
Daiane Garcia dos Santos (Porto Alegre, 10 de fevereiro de 1983) é uma ex-ginasta brasileira que conquistou nove medalhas de outro para o Brasil, além de medalhas de prata e bronze. Daiane, além de ser lembrada pelas suas conquistas, é lembrada, também, por ter dois movimentos ginásticos com seu nome; isso porque ela foi a primeira ginasta no mundo a realizá-los: o duplo twist carpado (ou Dos Santos I) e a evolução deste primeiro, ou seja, o duplo twist esticado/estendido (ou Dos Santos II).
Apesar de ter ficado em 6º lugar na apresentação de solo nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, Daiane dos Santos, ao som de “Brasileirinho”, performou seu segundo movimento, intitulado Dos Santos II. O link do YouTube a seguir contém a apresentação completa da ex-ginasta: https://www.youtube.com/watch?v=81hloMXvdmM. Acesso em: 15 jan. 2020.
É interessante prestar atenção na composição coreográfica da apresentação, em como a atleta se move e explora todo o tablado e realiza movimentos em compasso com o ritmo da música. Além disso, devemos pensar na escolha da música para essa apresentação: o choro “Brasileirinho” foi composto em 1947 por Waldir Azevedo (1923-1980) e representa um dos símbolos do Brasil (o samba).
Para mais informações sobre os saltos nomeados da atleta, assista ao vídeo contido no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=ex0Suj4w-x8. Acesso em: 15 jan. 2020.
As coreografias são montadas de acordo com as características do ginasta ou do grupo, levando-se em consideração o número de participantes, o grau de experiência motora, a faixa etária e as características pessoais:
Ao elaborar uma coreografia, é importante atentar para que a distribuição dos movimentos pela mesma ofereça a maior variedade possível de gestos (para frente/para trás/para cima/para baixo/para a esquerda/para a direita, grupado/estendido, giros nos diferentes eixos, unido/afastado, individualmente/em grupos, etc...), da mesma forma estes movimentos devem ser realizados em situações também variadas (veloz/lento, curto/longo), devendo estas possibilidades estarem distribuídas de forma intercalada, o que certamente proporcionará momentos motivantes para os ginastas e para a plateia, colaborando para tornar o trabalho bastante atraente (SANTOS, 2009, p. 50).
Dessa forma, conseguimos verificar a importância das alternâncias durante a coreografia, pois elas promovem variedade no trabalho coreográfico. Além disso, a música também deve possuir oscilações, intercalando ritmos e andamentos musicais, bem como favorecendo a criação de expectativa para o público durante toda a coreografia:
Outro ponto importante a ser considerado no desenvolvimento coreográfico é a ocupação espacial, que deve ser ampla e, na medida do possível, total. Dessa forma, a distribuição dos movimentos durante a coreografia deve prever a ocupação do espaço tridimensional (altura, largura e profundidade), utilizando diferentes níveis (alto, médio e baixo), em todas as direções (frente, para trás, em diagonais), e se possível combinando e alternando essas variáveis espaciais durante todo o trabalho (SANTOS, 2009, p. 61).
Assim, todos os aspectos coreográficos, como o ritmo, os movimentos, as formações e as transições devem ser apresentados em variações dinâmicas, diversificando os movimentos entre deslocamentos, saltos, saltito, giros, lançamentos, balanceamento, ondas corporais e elementos acrobáticos, com ou sem a utilização de aparelhos, nunca se esquecendo de que a qualidade de execução dos movimentos deve prevalecer sobre todos os aspectos.
Outro ponto a ser considerado na composição coreográfica refere-se às formações coreográficas, que devem ser as mais variadas possíveis. A variedade de formações proporciona desenhos diferentes, por meio do posicionamento dos ginastas e dos aparelhos utilizados. A formação deve ter sempre como referência o centro e as frentes da área da apresentação, e pode ser realizada de diferentes maneiras: círculos, semicírculos, retas (linhas/colunas), espirais, quadrados, triângulos, formação em “X”, formato oval, formações em “V”, dentre outras diversas possibilidades. A Figura 3.2 representa algumas das formações coreográficas possíveis.
Ainda, um outro aspecto a ser considerado refere-se às transições coreográficas, as quais, segundo Santos (2009, p. 42), são
a passagem de um movimento a outro, de uma parte a outra, de uma música a outra e de um ritmo a outro, devem fluir harmoniosamente, permitindo que o ‘fio condutor’ da coreografia não seja interrompido, mantendo a homogeneidade e a unidade do trabalho, de forma harmoniosa.
Dessa forma, as transições são os deslocamentos que os ginastas utilizam para passarem de uma formação a outra, ou seja, são os momentos de uma coreografia em que os ginastas não estão formando uma figura acrobática ou em formação coreógrafa. As transições devem ser suaves e fluentes, possibilitando harmonia com a coreografia, podendo ser enfatizadas ou atenuadas com o ritmo da música, impondo ritmos fortes ou fracos ou, ainda, efeitos que favoreçam as transições (SANTOS, 2009).
Além disso, outro aspecto a ser considerado, tão importante quanto os citados anteriormente, refere-se às vestimentas e aos aparelhos. As vestimentas das ginastas devem ser belas e condizentes com a proposta de trabalho e o tema da coreografia, com a utilização de aparelhos interessantes e bem manuseados, com uma composição musical integrada ao trabalho e com um tema que suscite emoções. Dessa forma, percebemos que compor uma coreografia não é uma tarefa fácil, visto que são muitos os elementos que devem ser levados em consideração, trabalhados de forma integrada (SANTOS, 2009).
A Federação Internacional de Ginástica (FIG), nos códigos de pontuações das modalidades, avalia e exige que esses fatores coreográficos (transição, variações, direções, trajetórias, formações e colaborações) estejam presentes e sejam realizados da maneira mais perfeita possível. Na Ginástica Rítmica (GR), por exemplo, a FIG exige que, além da utilização de aparelhos (corda, arco, bola, maças e fita), devem ser enfatizados alguns elementos corporais que vão constituir uma série ginástica. Esses elementos são divididos em dois grupos: os elementos fundamentais, que são os saltos, os equilíbrios, os pivots, a flexibilidade e as ondas; e outros grupos de movimento, como deslocamentos variados, giros, saltitos, balanceamentos, circunduções, deslocamentos e passos rítmicos. Todos esses elementos são utilizados na apresentação em si e na ligação entre um movimento e outro, com e sem o aparelho (BARBOSA-RINALDI; MARTINELI; TEIXEIRA, 2009).
Perpassando por outras modalidades competitivas da ginástica, podemos perceber que a FIG, em seu código de pontuação, exige algumas obrigatoriedades na composição da coreografia, ou seja, na série. Em termos gerais, a FIG exige os elementos apresentados na sequência.
Em geral, a coreografia é desenvolvida pensando na altura da execução dos elementos, na flexibilidade ao executar elementos gímnicos, na utilização de todo o tablado, no controle de transições e na aterrissagem, além da coerência entre o estilo da música com os movimentos escolhidos, com ampla variedade de direções, sentidos, planos e níveis de movimentos.
Todos esses fatores devem ser levados em consideração ao montar uma coreografia, pois eles serão avaliados e julgados por uma banca de arbitragem. Em competições oficiais, por exemplo, a banca de arbitragem é composta por árbitros de dificuldade, de execução e artístico. A banca de arbitragem artística é aquela que julgará o valor artístico da composição da série, como o acompanhamento musical e a coreografia, o manejo dos aparelhos e a utilização dos elementos dos aparelhos, ou seja, “tudo que envolve a beleza das séries” (SANTOS, 2009, p. 76). Além do valor avaliativo da composição coreográfica, vale ressaltar a importância da coreografia para a riqueza e a beleza das séries, pois ela representa a arte dentro da modalidade ginástica: a criatividade aliada ao movimento ao som de uma música.
Até aqui, vimos a importância da composição coreográfica e como ela se constituiu dentro de uma rotina de apresentação ginástica. No próximo tópico, veremos os elementos constituintes das ginásticas, bem como os movimentos gímnicos a mãos livres, com aparelhos e em aparelhos.
As coreografias são compostas, fundamentalmente, de elementos corporais, predominantemente ginásticos, interligados entre si, com uma sequência lógica e harmoniosa, com início, meio e fim, em que os aparelhos são utilizados ou não. Sobre composições coreográficas, assinale, a seguir, a alternativa correta.
Para que uma coreografia possa transmitir uma ideia ao público, deve-se adequar o tema, a música, o figurino, os materiais e os elementos gímnicos.
Correta. O tema, a música, o figurino e os materiais devem estar em perfeita sintonia para que consigam transmitir uma ideia ao público.
A composição coreográfica é um elemento fundamental somente da Ginástica Artística, principalmente na modalidade solo.
Incorreta. Na ginástica, as composições coreográficas se encontram em suas diferentes práticas e seus desdobramentos, sendo muito presentes nas ginásticas competitivas, como Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica Acrobática e Ginástica Aeróbica, fazendo parte e perpassando pelas ginásticas não competitivas, como a ginástica de condicionamento físico presente nas academias.
A música em uma coreografia não deve possuir oscilação de ritmos ou batidas, devendo ser a mais pacata possível.
Incorreta. A música deve possuir oscilações, intercalando ritmos e andamentos musicais, favorecendo a criação de expectativa para o público durante toda a coreografia.
As formações coreográficas em uma apresentação devem, na medida do possível, manter-se em linha reta ou coluna.
Incorreta. As formações podem ser realizadas de diferentes maneiras: círculos, semicírculos, retas (linhas/colunas), espirais, quadrados, triângulos, formação em “X”, formato oval, cardume, formações em “V”, dentre outras diversas possibilidades.
Formações coreográficas são deslocamentos que os ginastas utilizam para passarem de uma formação a outra.
Incorreta. Essa definição pertence a transições. As transições são os deslocamentos que os ginastas utilizam para passarem de uma formação a outra; são os momentos de uma coreografia em que os ginastas não estão formando uma figura acrobática ou uma formação coreógrafa.
Caro(a) aluno(a), neste tópico, aprenderemos sobre os movimentos gímnicos a mãos livres, com aparelhos e em aparelhos. Pensando na ginástica em relação aos seus elementos constitutivos, podemos perceber a enorme variedade de movimentos, aparelhos e elementos corporais que podem ser realizados. Sobre o assunto, Souza (1997, p. 28) elucida que uma das principais características da ginástica é em relação à enorme variedade de aparelhos que podem ser utilizados, “desde aparelhos de grande porte como trampolim acrobático, a trave de equilíbrio, as rodas ginásticas, as barras paralelas os aparelhos portáteis, como a corda, bola, maças e aparelhos adaptados e alternativos”.
A Figura 3.3 exemplifica os elementos constitutivos da ginástica em relação às suas formas de utilização.
Por meio da análise da Figura 3.3, podemos perceber que os elementos corporais, acrobáticos e de condicionamento físico podem ser executados a mãos livre, com aparelhos e em aparelhos. Dessa forma, serão apresentadas, a seguir, no aspecto geral da ginástica, formas manipulativas de aparelhos e da ginástica em aparelhos.
Primeiramente, serão apresentados os elementos corporais mais comuns nas práticas ginásticas.
A ginástica possibilita aos seus praticantes a combinação de elementos corporais, movimentos gímnicos e de dança, com o uso de aparelhos manipulativos e em aparelhos. A seguir, serão apresentados quais são esses aparelhos, bem como seu manejo ou sua utilização, além de sugestões de adaptações.
O arco é um aparelho circular que deve possuir certa rigidez. Oficialmente, ele é feito de madeira ou material plástico que não se deforme durante o movimento, com um diâmetro de 80 a 90 cm, peso mínimo de 300 g e sendo de qualquer cor, exceto ouro ou prata.
As principais características das séries com o aparelho arco são a realização de rotações do aparelho ao redor do corpo, a passagem pelo solo com o arco e a passagem do ginasta sobre e por dentro do arco. Outra característica é que os saltos e os pivots são os principais elementos corporais do aparelho arco, com manejo que inclui balanços, lançamentos e recuperações, movimentos em oito e rotação do arco no chão. Os movimentos técnicos com o arco (sem e com arremesso) devem ser realizados em vários planos, direções e eixos.
O arco pode ser confeccionado com conduíte (material emborrachado resistente, com construção para se passar fiação), microfibra, madeira ou metal. A dimensão do arco pode ser adaptada de acordo com o público-alvo.
A bola é um aparelho muito popular, podendo ser de borracha ou de material sintético, tendo um diâmetro de 18 a 20 cm, com peso mínimo de 400 g. A apresentação com esse aparelho caracteriza-se pelo permanente movimento da bola pelo corpo e pelos movimentos de equilíbrio da bola. Seu manuseio é caracterizado por movimentos contínuos de controle e recuperações da bola com precisão, além de rolamentos, saltos e giros com a bola, que podem ser realizados sobre o corpo e/ou sobre o chão, combinando a flexibilidades, sempre, em movimentos dinâmicos que valorizem a série do ginasta. Além disso, largadas e retomadas, movimentos em oito, quicadas e rebotes são os manejos mais típicos desse aparelho. É importante destacar que não é permitido segurar a bola com a pressão dos dedos ou com os pulsos.
A confecção da bola pode ser adaptada com meia preenchida com jornal e bexiga cheia de areia ou painço, envolvida em jornal e fita crepe.
A corda é um aparelho individual, pois deve possuir quase o dobro da altura do participante. Deve ser de material flexível, como cânhamo, ou material sintético, semelhante ao cânhamo. A corda não pode conter empunhaduras; apenas nós nas pontas. Os principais exercícios realizados pelas ginastas com o aparelho corda são saltos, saltitos pela corda e rotações. A principal forma de manejo do aparelho é por meio de balanços, círculos, lançamentos e recuperações, rotações da corda e figuras em oito. A corda pode ser manuseada aberta ou dobrada, presa em uma ou em ambas as mãos.
Para saber o tamanho ideal a cada pessoa, para a prática da corda, sugere-se que o indivíduo pise com os dois pés sobre o meio da corda e puxe suas extremidades, cada uma em uma mão, até perto dos ombros. O tamanho ideal é aquele em que as extremidades chegam até as axilas ou até o nível superior dos ombros.
A confecção da corda pode ser adaptada com sisal (material rústico de palha) ou nylon (cordas náuticas). Também, a corda pode ser confeccionada por meio de jornal enrolado e torcido, envolvido com fita adesiva larga, com tranças de barbante grosso, de elásticos ou de tecido (toalhas ou lençóis velhos cortados em tiras).
A fita é composta por um material rígido, denominado vareta ou estilete, que pode ser de madeira ou de material sintético, tendo 1 cm de diâmetro com o máximo de 50 a 60 cm de comprimento. A outra parte que compõe esse aparelho é mais flexível, sendo composta de tecido, como cetim, seda ou outro tecido semelhante, com uma largura de 4 a 6 cm e 6 m de comprimento. Os exercícios realizados com a fita devem criar uma ampla gama de figuras no espaço durante os exercícios, círculos, serpentinas, espirais e figuras em oito, que exigem do ginasta coordenação, leveza, agilidade, plasticidade e flexibilidade. O movimento pivot, que consiste em o ginasta realizar movimentos em um pé só, é o principal movimento realizado pelas ginastas com esse aparelho, sendo apresentado de forma integrada com os diferentes tipos de manejo. Além disso, os lançamentos e as recuperações da fita podem ser feitos com diferentes partes do corpo.
Sugere-se que, na prática, com a fita, o aparelho seja utilizado com um comprimento de 3 m para crianças pequenas, 4 m para crianças maiores e adolescentes e 5 m para adultos com um pouco mais de vivência.
A confecção da fita pode ser adaptada com estilete (cabinho do mata-moscas ou um bambu fino, cortado do tamanho necessário), tiras de tecido ou de lençol, além de toalhas de mesa, TNT, papel crepom e jornal.
As maças são uma dupla de aparelhos feita de madeira, borracha ou material sintético, de formato muito específico, semelhante às claves de malabares, com um comprimento de 40 a 50 cm. Cada parte do aparelho possui uma denominação distinta: cabeça, pescoço e corpo.
A característica técnica típica desse aparelho consiste em manipular as duas maças juntas, sendo as séries caracterizadas por círculos, batidas rítmicas e equilíbrios coordenados a rotações. Os lançamentos e as recuperações das duas maças podem ser realizados ao mesmo tempo ou no estilo em cascata.
O manejo estilo molinete (ou moinho) consiste na manipulação das maças unidas pelas extremidades, com o giro alternado dos braços, formando pequenos círculos.
A confecção das maças pode ser adaptada com garrafas PET de 600 ml e meias velhas com uma bolinha de tênis usada ou um saquinho de areia por dentro, na ponta.
Agora que já sabemos um pouco sobre os aparelhos e suas possibilidades de confecções adaptadas ao contexto escolar, serão apresentadas algumas formas de manejo desses aparelhos. O Quadro 3.1, a seguir, apresenta algumas possibilidades de manejos dos aparelhos da Ginástica Rítmica, segundo a visão da autora Eliana Toledo (2009). O quadro foi formulado pela autora, baseado em sua experiência como técnica e professora de Ginástica Rítmica em escolas, clubes e faculdades.
Quadro 3.1 - Possibilidade de manejo de aparelhos
Fonte: Adaptado de Toledo (2009).
A seguir, serão apresentados exemplos e descrições de como os movimentos podem ser realizados com esses aparelhos. É interessante pensarmos nas possibilidades de desenvolvimento desses movimentos com materiais alternativos, confeccionados pelos próprios estudantes.
Balancear: é um movimento pendular no qual o eixo fixo ocorre em uma articulação, normalmente orientado pelos braços e pelas mãos, podendo ser executado com o aparelho em outros segmentos corporais, como nas pernas ou nos pés (bola) (TOLEDO, 2009).
Batidas: consistem em mover, intencionalmente, um aparelho de encontro a outro ou ao solo, provocando um pequeno impacto (atrito), podendo causar um som específico, uma única vez ou em sequências rítmicas. Exemplos: segurar uma maça em cada mão e batê-las entre si, arco no solo, bola no corpo (TOLEDO, 2009).
Circundar: caracteriza-se pela condução do aparelho a uma volta de 360º, com um segmento corporal que possui um eixo fixo, desenhando um círculo no ar com o aparelho, sendo, geralmente, um movimento realizado com os braços e as mãos (TOLEDO, 2009). Exemplos: circundução da corda dobrada em duas partes, circundução do arco ao lado do corpo durante um salto, circundução da fita ao redor do corpo etc.
Dobra: consiste em criar angulações em um mesmo aparelho flexível, apresentando-o em partes de tamanhos iguais ou diferentes, em que as partes do mesmo aparelho estão sobrepostas ou não (TOLEDO, 2009). Exemplos: dobrar a fita ou a corda em diferentes partes etc.
Envolver no corpo: consiste em envolver o corpo em um de seus segmentos com o aparelho, de forma que este fique por inteiro, ou em sua maioria, em contato com o corpo (TOLEDO, 2009). Exemplos: corda no pescoço ou no pé, fita no tronco ou no braço etc.
Equilibrar: consiste em manter o equilíbrio do aparelho sobre qualquer segmento corporal, o que exige controle e consciência corporal (TOLEDO, 2009). Exemplos: maças sobre a perna, arco sobre o dorso da mão, bola sobre a sola do pé etc.
Espirais: movimentos arredondados que formam um círculo. Tais movimentos podem ser consecutivos e interligados, geralmente executados pelas mãos, com intenso trabalho de circundução do punho (TOLEDO, 2009). Exemplos: espiral com a corda ao lado do corpo, com uma das extremidades solta; e espiral com a fita, com pequena amplitude.
Formar figuras: movimento realizado somente com aparelho flexível (corda ou fita) que consiste em formar desenhos geométricos, abstratos ou associados a alguma imagem, estando estático e em contato com algumas partes do corpo (TOLEDO, 2009).
Lançar: esse manejo possui três fases: impulsão, fase aérea e recuperação. A impulsão é feita quando o ginasta aplica força no aparelho; a fase aérea é a fase em que não há contato do aparelho com o corpo do ginasta; e a fase de recuperação é a fase na qual o ginasta captura novamente o aparelho. Exemplos: lançar a corda, lançar o arco e lançar a fita (TOLEDO, 2009).
Molinete: é a combinação da execução do aparelho em cada segmento corporal, sendo realizado, principalmente, com as maças e o bambolê. Exemplos: molinetes à frente do corpo no plano vertical, molinete atrás das costas, molinetes desenhando circunduções etc. (TOLEDO, 2009).
Movimentos assimétricos: da mesma forma que o molinete, os movimentos assimétricos só são possíveis com dois aparelhos, sendo que um deles é movimentado de maneira diferente do outro, simultaneamente (TOLEDO, 2009). Exemplos: circundução de um aparelho e lançamento do outro; batida de um aparelho no solo e movimento de oito com o outro etc.
Movimentos em oito: é a combinação de dois movimentos circulares, realizados em planos ou lados opostos, executados de forma sequencial (consecutiva) e por um aparelho manipulado no mesmo segmento corporal, desenhando no ar o número oito (TOLEDO, 2009). Exemplo: oito com a fita no plano horizontal, à frente do corpo, segurando-se, na outra mão, a ponta dela.
Pequeno círculo: é um movimento circular de pequena amplitude, impulsionado por um único segmento corporal (geralmente, o punho), que fica fixo como eixo de circunferência (TOLEDO, 2009). Exemplos: com a mão, no plano horizontal, ao lado do corpo, com o pé etc.
Prensar: é um manejo de precisão que consiste em posicionar o aparelho entre dois segmentos corporais, ou entre um segmento e o solo, com certa força, de forma que tal aparelho fique estático, ou seja preso entre eles (TOLEDO, 2009). Exemplos: prendar a maça entre o solo e o pé; prensar a bola no meio das pernas, ou entre as pernas agrupadas, e o solo na posição sentada; prensar o arco entre a mão e o solo, ou entre o tronco e o solo etc.
Quicar: movimento executado, normalmente, com a bola e o arco, consistindo em uma ação em que o aparelho cai ou é impulsionado intencionalmente em direção ao solo ou a outra superfície (TOLEDO, 2009). Exemplos: quicar a bola com o pé ou sob mão, quicar o arco no braço ou nas costas etc.
Rotação: consiste no movimento de giro de todo aparelho em torno de seu próprio eixo, impulsionado por algum segmento corporal (TOLEDO, 2009). Exemplos: rotação do arco sobre a cabeça ou a frente do corpo, rotação das maças ou do arco no ar ou no solo etc.
Serpentinas: consistem num movimento oscilatório constante (contínuo), em que o aparelho desenha no ar um “zigue-zague” em diferentes amplitudes e planos de movimento (TOLEDO, 2009). Exemplos: serpentina com a fita no solo, serpentina atrás do corpo, serpentina sob a cabeça etc.
Solturas: pernas momentâneas de contato do aparelho com a mão, movimento esse executado exclusivamente com a fita ou a corda (TOLEDO, 2009). Exemplos: soltura da corda com o impulso dos pés e balanceio das pernas; soltura da fita no plano horizontal ou vertical à frente do corpo.
Normalmente, esses manejos possuem suas variações de execução com relação ao eixo de movimento, ao plano, à trajetória percorrida, ao local de contato do aparelho, à amplitude de movimento e à posição do aparelho em relação aos planos anatômicos de orientação. É importante lembrar que todos esses manejos possuem possibilidades de serem educativos para a aprendizagem.
Outra forma de praticar a ginástica é por meio de aparelhos. Na ginástica, existem aparelhos específicos para a realização de séries e existem aparelhos auxiliares, que ajudam na segurança e no aprendizado dos elementos ginásticos. Na Unidade 2, foram apresentados diversos elementos corporais, e estes são utilizados na realização das séries ginásticas. A seguir, serão apresentados aparelhos específicos e curiosidades sobre a utilização deles em competições.
As barras assimétricas, ou barras paralelas, são aparelhos ginásticos compostos por duas barras paralelas posicionadas em diferentes alturas. Em competições oficiais, a participação é exclusivamente feminina. Além disso, o ginasta inicia a apresentação com a entrada no aparelho por meio de trampolim ou pela impulsão do ginasta em uma das duas barras.
Em geral, a série nesses aparelhos se caracteriza por movimentos rápidos e contínuos com o apoio de mãos e suspensões, utilizando elementos como impulso, voo, giros e balanços. A realização desses movimentos ocorre com a troca de barra durante a série, por meio de diferentes empunhaduras. O ginasta também realiza mudanças de direções e saltos durante a série. A saída do aparelho é feita por meio de um salto.
No Quadro 3.2, estão apresentados alguns dos movimentos típicos das barras assimétricas.
Quadro 3.2 - Movimentos típicos das barras assimétricas
Fonte: Elaborado pela autora.
O Quadro 3.2 descreve alguns dos movimentos realizados na execução de uma série nas barras assimétricas. É importante notar que alguns movimentos, como as empunhaduras, são utilizados em outras provas, como a argola.
A trave de equilíbrio, ou trave olímpica, é um aparelho composto por uma trave de madeira revestida com material aderente, como couro ou camurça, situada a 1,25 m de altura do solo, com comprimento de 5 m e largura de 10 cm. Pode-se dizer que a trave é um dos aparelhos mais complexos e de difícil realização, devido ao tamanho reduzido da área de contato com o aparelho (apenas 10 cm).
Em competições oficiais, a trave é um aparelho utilizado somente pela ginástica feminina, havendo muitas quedas e desequilíbrios.
As séries nesse aparelho podem ser iniciadas por meio de trampolim, saltos ou acrobacias. A série, com duração máxima de 90 segundos, deve conter elementos ginásticos e acrobáticos, como pivots, saltos e equilíbrio. Além disso, a série deve conter, pelo menos, uma ligação acrobática de, no mínimo, dois elementos. Conexões diretas realizadas entre os elementos são pontuadas como bonificações.
Em relação à possibilidade de realização na escola, podemos adaptar a vivência desse aparelho utilizando um banco, sempre lembrando de colocar materiais de segurança em torno, como colchonetes.
O aparelho argola é composto por duas argolas de 18 cm de diâmetro e 28 mm de espessura, com distância de 50 cm entre elas. As duas argolas são posicionadas a 2,8 m do solo.
Em competições, somente os homens realizam essa prova. A entrada no aparelho é realizada, normalmente, com o auxílio do treinador, e a série deve ser iniciada com os braços esticados e o corpo ereto. A saída do aparelho é realizada por meio de um salto. A série consiste em uma sequência de exercícios de força, equilíbrio estático e impulso para apresentar uma série caracterizada por balanços, apoios e suspensões que devem ser mantidos estáticos por, no mínimo, dois segundos.
Nessa prova, os árbitros valorizam o controle do aparelho do ginasta, além do nível de dificuldade dos elementos constituintes da coreografia, elementos esses que devem ser realizados em suspensão, com transições entre balanço e força, feitos, sempre que possível, com os braços estendidos.
Em relação à possibilidade de realização na escola, a vivência nesse aparelho pode ocorrer por meio de adaptações do aparelho. Pode-se utilizar cordas presas ao teto com argolas nas pontas. Ademais, deve-se tomar cuidado com a segurança na realização dessa atividade.
Esse aparelho consiste em uma base com o formato de prisma, com duas alças fixas na parte superior. Nas competições oficiais, é um aparelho exclusivo da competição da ginástica artística masculina, sendo considerado o mais difícil da competição, devido ao seu formato de prisma, com duas alças fixadas em sua parte superior.
Nas séries, os ginastas devem percorrer todo o corpo do aparelho, realizando apoios variados, movimentos circulares e movimentos pendulares, com uma ou ambas as pernas. Os ginastas intercalam o apoio de braços, segurando nas alças do cavalo ou mantendo as mãos abertas sobre o corpo do aparelho. Os elementos da série devem ser apresentados de forma ininterrupta e contínua.
Em relação à possibilidade de realização na escola, esse aparelho pode ser adaptado por meio de bancos ou plintos.
Esse aparelho consiste em uma barra suspensa a 2,8 m do solo, a qual tem 2,40 m de comprimento e diâmetro de 28 mm. Em competições oficiais, é realizada por homens e mulheres, sendo a série iniciada com o auxílio do treinador ou por meio de impulsão do próprio ginasta.
A série é constituída em movimentos rápidos e contínuos, em que o ginasta necessita executar elementos de giros, impulsos, voos, largadas e retomadas, com diferentes empunhaduras e em diferentes trajetórias e direções. A saída do aparelho é feita por meio de um salto.
Em relação à possibilidade de ensino na escola, é possível substituir a barra por uma corda presa a duas extremidades, ou utilizar traves de futebol, caso haja segurança.
O aparelho é composto por duas barras metálicas idênticas de 3,5 m de comprimento, as quais são posicionadas paralelamente a uma distância de 42 cm a 52 cm, dependendo da largura ombro a ombro do atleta, e a uma altura de 2 m do chão.
Em apresentações oficiais, o ginasta deve realizar movimentos giratórios e de impulso, como largadas e balanços, equilibrando-se nas barras, Tais movimentos devem ter uma duração média de 15 a 30 segundos. A série é iniciada com a entrada do ginasta no aparelho por uma das extremidades ou pela lateral do aparelho, a partir da posição em pé. A saída do aparelho é realizada com um salto mortal. As rotinas variam entre os ginastas, porém é obrigatório que cada série contenha um elemento realizado em somente uma barra.
O salto sobre a mesa faz parte das competições da ginástica artística feminina e da masculina. As dimensões do aparelho mudam nas modalidades femininas e masculinas. Na prova masculina, a dimensão é de 1,35 m de altura; e 1,25 m na prova feminina, com comprimento fixo de 1,20 metros e 95 centímetros de largura.
A prova é iniciada a partir de uma corrida a uma distância de 25 m. A chegada na mesa deve ser realizada com os dois pés e o contato deve ser feito com as duas mãos simultaneamente, para, então, ser dado o impulso para o salto. O salto pode conter rotações simples ou múltiplas em torno dos eixos corporais, em que são avaliadas a altura, a dificuldade de execução e a maneira como o ginasta chega ao solo. A chegada ao solo deve ser realizada sobre os dois pés, próximo à área demarcada no colchão no solo.
As provas solo são disputadas nas categorias masculina e feminina, em um tablado com dimensão de 12 x 12 m, feito de material elástico e rodeado por uma área de segurança de 2 m, no caso da Ginástica Artística. Para as provas de Ginástica Rítmica, o tablado possui a dimensão de 14 x 14 m; e para as provas da Ginástica Aeróbica, suas dimensões são 10 x 10 m. Assim, esse aparelho é utilizado em quase todas as modalidades, com exceção da Ginástica de Trampolim.
Na Ginástica Artística, as séries masculinas possuem uma duração máxima de 70 segundos; as femininas, 90 segundos. Uma diferença entre as provas é que na masculina não há acompanhamento musical, enquanto na feminina as rotinas são acompanhamento de música.
O interessante desses aparelhos é que eles compartilham de padrões básicos de movimento. Esses padrões podem ser explorados durante as aulas e aplicados nos aparelhos específicos (cada padrão com sua particularidade).
Nesse sentido, Russel e Kinsman (1986) apresentam uma síntese desses padrões básicos de movimentos, com base na Confederação Canadense de Ginástica. Esses padrões podem ser utilizados como educativos de atividades e para vivenciar a variedade de movimentos em diferentes eixos, planos e direções. Por exemplo, os autores apontam que as aterrissagens podem ser realizadas sobre os pés, sobre as mãos, com rotação e sobre as costas; que os deslocamentos podem ser realizados sobre os pés, em apoio ou em suspensão; que as posições estáticas podem ser realizadas em apoios, em suspensões ou em equilíbrios; que as rotações pode ser realizadas em diferentes eixos, como longitudinal, transversal e anteroposterior; que os saltos podem ser realizados com as duas pernas, com uma perna ou com as mãos; por último, que os balanços podem ser realizados em suspensão ou em apoio.
A Figura 3.22, a seguir, exemplifica movimentos de apoio, suspensão, sustentação e equilíbrio em diferentes aparelhos.
Da mesma forma, a Figura 3.23, a seguir, apresenta formas de deslocamento. Esses deslocamentos podem ser realizados no solo, em aparelhos (como barras) e até como forma de início de saltos.
Além desses exemplos, podemos destacar que modalidades específicas, como Trampolim Acrobático e Ginástica Acrobática, utilizam os mesmos movimentos, sendo que cada modalidade possui suas particularidades. É interessante notar que os elementos ginásticos podem ser experienciados e desenvolvidos nos mais diversos contextos da Educação Física, independentemente das diversidades populacionais e regionais.
A ginástica é um esporte de precisão, no qual os atletas precisam apresentar uma série composta por elementos ginásticos e acrobáticos. Esses elementos e movimentos gímnicos podem ser realizados a mãos livres, com e em aparelhos. As figuras a seguir representam manejos realizados por aparelhos ginásticos, denominados:
circundar, envolver o copo e lançar, respectivamente.
Incorreta. A sequência é: molinetes, dobrar e prensar, respectivamente
circundar, dobrar e prensar, respectivamente.
Incorreta. A sequência é: molinetes, dobrar e prensar, respectivamente.
formar figuras, sobrar e equilibrar, respectivamente.
Incorreta. A sequência é: molinetes, dobrar e prensar, respectivamente.
molinetes, dobrar e prensar, respectivamente.
Correta. Esses são os manejos apresentados nas figuras.
molinetes, dobrar e rolar, respectivamente.
Incorreta. A sequência é: molinetes, dobrar e prensar, respectivamente.
Caro(a) aluno(a), neste tópico, perpassaremos pelas possibilidades para o ensino e a pesquisa das manifestações gímnicas. Entretanto, antes de pensarmos nas possibilidades de ensino da ginástica no contexto escolar, compreenderemos como a Educação Física está inserida no campo de pesquisa.
Historicamente, a Educação Física está inserida em uma área do conhecimento fundamentada em duas importantes ciências: a Humana e a Biológica:
Na esfera institucional, a Educação Física é classificada como pertencente às Ciências da Saúde tanto pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Nesses três órgãos de fomento à pesquisa, a classificação em Ciências da Saúde engloba também as áreas de Medicina, Odontologia, Farmácia, Enfermagem, Nutrição, Saúde Coletiva, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. Isso significa que a Educação Física está incluída entre as chamadas “ciências duras”, pois nesse núcleo predominam disciplinas como a Biologia, Bioquímica, Fisiologia, Imunologia, Histologia, Patologia, Anatomia, Biomecânica, Cinesiologia, entre outras (MARCO, 2010, p. 29).
Por meio da classificação da Capes, da CNPq e da Fapesp, podemos perceber o grande benefício do cunho biológico que a Educação Física possui, por meio do grande número de pesquisas desenvolvidas nessa área. Porém, do ponto de vista epidemiológico, essa classificação não contribuiu para o desenvolvimento de conhecimento acerca da Educação Física, em relação às Ciências Humanas.
Sabemos que a Educação Física (em específico, a ginástica) pode ser desenvolvida em um campo vasto de conhecimento, como biodinâmica do movimento humano, atividade física e saúde, psicologia, pedagogia do esporte, no campo sociocultural e no aspecto pedagógico. Entretanto as pesquisas acerca da ginástica, normalmente, são desenvolvidas do ponto de vista da saúde, não sendo desenvolvidos conhecimentos relacionados à ginástica do ponto de vista humano e social.
Esse fato pode ser percebido quando se realiza uma breve pesquisa acerca dos conhecimentos envolvendo a ginástica nos últimos cinco anos. Por exemplo, se buscarmos o termo “Ginástica e Educação Física escolar” no Google Acadêmico (uma ferramenta de pesquisa que permite consultar trabalhos acadêmicos, literatura escolar e artigos científico de temas específicos), encontramos um total de 5.470 trabalhos variados que possuem em seu título, resumo e/ou tema a palavra “ginástica” ou o termo “Educação Física escolar”. Porém, se realizamos novamente a busca com as palavras-chave “ginástica” e “saúde”, o número aumenta para 16.200 trabalhos publicados.
Nesse sentido, lançamos o desafio: busque revistas científicas da área ou pesquise no próprio Google Acadêmico artigos que retratem a temática “ginástica”. Em seguida, aponte quais são as áreas específicas de pesquisa (campos de biodinâmica, atividade física e saúde, psicologia, pedagogia do esporte e sociocultural, bem como aspectos pedagógicos, escolares, dentre outros).
Agora que já temos ciência da ampla área de conhecimento que envolve a ginástica, será dado enfoque específico nos trabalhos desenvolvidos no contexto escolar.
A ginástica como um todo, um dia, representou e foi sinônimo do que, hoje, temos como Educação Física, a qual era constituída exclusivamente por atividades relacionadas à ginástica. Após o movimento de sistematização e organização de conhecimentos, a ginástica passou a ser um dos pilares da Educação Física, juntamente com a luta, a dança, o esporte e o jogo. Apesar disso, muitas vezes, a ginástica está ausente das práticas escolares.
Os motivos pelos quais a ginástica não é desenvolvida na escola são diversos, podendo ter relação com a formação descontinuada de professores, o esvaziamento dos conteúdos e a realização de atividades desconectadas. Vale lembrar, porém, que a presença da ginástica na escola se afirma por contribuir para que o aluno constate, interprete, compreenda, explique e possa transformar a realidade social em que vive (GAIO; GÓIS; BATISTA, 2010).
Nesse sentido, diversos autores e diretrizes curriculares estabelecem conteúdos e conhecimentos com os quais os alunos devem ter contato em relação à ginástica. Em tais documentos, a ginástica é pensada e percebida a partir de uma ótica histórica, sociológica, antropológica, filosófica e biológica, não se atentando para aspectos técnicos.
Diversos estudos têm relatado o resultado de projetos envolvendo a ginástica, que são aplicados na escola. Na sequência, serão apresentados alguns desses resultados, para que consigamos ver as possibilidades do ensino da ginástica no contexto escolar, com diferentes infraestruturas, materiais e habilidade motoras dos alunos.
Daniel Teixeira Maldonado e Daniel Bocchini são professores da rede municipal de ensino de São Paulo. No artigo “Ensino da ginástica na escola pública: as três dimensões do conteúdo e o desenvolvimento do pensamento crítico”, os professores descrevem a experiência de um projeto de ginástica nas aulas de Educação Física para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, em uma escola municipal localizada na zona leste do município de São Paulo. O projeto foi desenvolvido com o pensamento nas três dimensões do conteúdo:
Na dimensão procedimental os alunos vivenciaram algumas ginásticas (rítmica, artística e acrobática) de acordo com as possibilidades de material, infraestrutura e habilidade motora no contexto escolar. Na dimensão conceitual foram realizadas aulas expositivas, análise de filmes e debates para que os alunos compreendessem o contexto histórico, as principais provas e as capacidades físicas utilizadas nessas práticas corporais. Na dimensão atitudinal foram realizadas discussões envolvendo as relações de gênero e de preconceito racial (MALDONADO; BOCCHINI, 2015, p. 164).
As imagens apresentadas na Figura 3.24, a seguir, são alguns dos registros do trabalho dos professores. A primeira imagem retrata uma coreografia da ginástica; já a segunda é o registro realizado a partir do trabalho envolvendo a dimensão atitudinal, sobre discussões acerca de gênero, preconceito racial e relação entre ganhador/perdedor.
Você sabia que a ginástica é considerada uma forma de expressão não verbal de valores, ideias, concepções, saberes e práticas sociais, devendo ser apreciada, experimentada, problematizada e transformada no contexto da Educação Física? Assim, a apreciação, a exploração e a experimentação das possibilidades corporais da ginástica devem ser desenvolvidas por meio de ações com e sem o uso de aparelhos, com a possível realização da construção de materiais alternativos (MARCASSA, 2006).
Os professores Cristiane Makida e Marcelo Alexandre Merce também registraram experiência com a Ginástica Rítmica no 1° ano do Ensino do Fundamental em uma escola municipal de São Paulo. Eles partem do pressuposto de que a quase inexistência da Ginástica Rítmica nas aulas Educação Física é “[...] justificada pela falta de formação dos profissionais, inexistência de materiais, desvalorização da modalidade pelos professores, desinteresse dos alunos e por ser predominantemente feminina” (MAKIDA; MERCE, 2012, p. 1). A partir disso, os professores mostram que é possível incluir a Ginástica Rítmica no ambiente escolar, tirando-a da forma midiática, esportivista e tecnicista.
Para isso, foram utilizadas
[...] estratégias pedagógicas onde foram realizadas atividades como a exploração dos ambientes da escola a partir de movimentos básicos, identificação dos ritmos corporais presentes na ginástica rítmica e a exploração de movimentos através da dramatização de contos infantis (MAKIDA; MERCE, 2012, p. 1).
Também, foram utilizados materiais oficiais e não oficiais, confeccionados pelos alunos. Para o registro, foi realizada a confecção de cartazes, por parte dos alunos, sobre os conhecimentos adquiridos. Segundos os professores, utilizando essas estratégias pedagógicas, é possível desenvolver as habilidades motoras básicas e específicas da Ginástica Rítmica, bem como conhecer e compreender a ginástica como prática corporal.
A ginástica como conteúdo escolar também foi tema do projeto de conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da professora Cristiane Boelhouwer, em 2016. Em seu trabalho intitulado “Ginástica para todos na Educação Física: desafios de conteúdo escolar”, a professora propõe sugestões de atividades para aulas com a temática ginástica. Esse trabalho é dividido em módulos. O Módulo I traz o conteúdo de ginástica, a história e os tipos de ginástica; no Módulo II, os alunos experimentarão as práticas de alguns tipos de ginástica (Ginástica Rítmica, Ginástica Artística e Ginástica Acrobática); por fim, o Módulo III traz o conhecimento do conteúdo de Ginástica para Todos e suas vivências corporais, explorando a criatividade e a elaboração de coreografias.
Cada módulo é composto de três passos que caracterizam a metodologia de ensino. Primeiro Passo: identificando o conhecimento dos alunos sobre o tema; Segundo Passo: problematizando e instrumentalizando; Terceiro Passo: avaliando o que os alunos aprenderam. Ao final de cada módulo, a professora apresenta sugestões de aulas e atividades sobre o tema abordado (BOELHOUWER, 2016).
A partir da descrição da prática desses professores, percebemos que a ginástica como conteúdo da Educação Física escolar se consolida como uma prática de expressão não verbal de ideias, valores, concepções, saberes e práticas sociais que devem ser apreciados, experimentados, problematizados e transformados no contexto escolar (MARCASSA, 2006). É sempre importante utilizar a prática da ginástica como um objeto de conhecimento do corpo, dos sentidos e dos gestos, sendo uma linguagem essencial no trabalho com os alunos.
O universo da ginástica no contexto escolar é diverso e deve ser explorado de maneira que desenvolva os pilares procedimentais, atitudinais e conceituais. Sobre as possibilidades para o ensino e a pesquisa das manifestações gímnicas no contexto escolar, é correto afirmar que:
a ginástica não pode ser inserida no contexto escolar, uma vez que sua prática é realizada única e exclusivamente para competição.
Incorreta. A ginástica é uma forma de expressão corporal que faz parte da cultura corporal do movimento e deve ser inserida na escola.
a ginástica deve ser desenvolvida na escola somente pensando na dimensão procedimental do conteúdo, ou seja, somente com a realização da prática corporal.
Incorreta. A ginástica pode ser trabalhada pensada nas três dimensões do conhecimento: procedimental, atitudinal e conceitual.
a ginástica deve ser ensinada na escola em sua forma midiática, esportista e tecnicista.
Incorreta. A ginástica na escola deve ser ensinada partindo da cultura corporal do movimento, com práticas que levem a uma reflexão, não havendo, apenas, reprodução de gestos motores.
não é possível inserir a ginástica na escola pois não há estrutura física e materiais para a sua prática.
Incorreta. A ginástica pode ser ensinada em qualquer ambiente, podendo os materiais serem construídos pelos alunos.
é possível ensinar a ginástica na escola por meio de diferentes estratégias pedagógicas.
Correta. Ao longo do tópico, foram apresentados relatos de experiência de professores que inseriram a ginástica no contexto escolar.
Nome do livro: Fundamentos das ginásticas
Autores: Myrian Nunomura e Mariana Harumi Cruz Tsukamoto (org.)
Editora: Fontoura (2009)
ISBN: 978-85-87114-59-4
Esse livro apresenta noções sobre o aprimoramento e os conhecimentos sobre as manifestações ginásticas. É um livro interessante, pois foi escrito por professores e técnicos que estão ativamente envolvidos na prática e na disseminação da ginástica, porém não é um livro de receitas. Os autores passam dicas de como os profissionais podem ampliar as propostas de atividades relacionadas à ginástica, além de conseguirem identificar oportunidades de aplicação dos conhecimentos para ampliar as experiências dos alunos sob uma ótica desafiante e enriquecedora. Vale a pena a leitura!
Nome do livro: Ginástica geral e Educação Física Escolar
Autor: Eliana Ayoub
Editora: Unicamp (2004)
ISBN: 852-68-0972-5
Esse livro é uma excelente ferramenta para pensarmos e discutirmos a Educação Física no contexto escolar, no sentido de superar os equívocos da maneira como a ginástica era aplicada antigamente, pensando em uma ginástica contemporânea e no desenvolvimento pessoal, social e político das crianças. Além disso, o livro apresenta um apanhado histórico da construção da ginástica na escola, com um posicionamento de ideologia pedagógica. Vale a pena a leitura!
Nome do filme: A história de Gabby Douglas
Gênero: Biografia, drama
Ano: 2016
Elenco principal: Regina King, Imani Hakim e Sydney Mikayla
O filme conta a história da infância e da adolescência de Gabby Douglas, a primeira ginasta negra das Olimpíadas. Superando todas as adversidades, ela foi a primeira campeã individual das Olimpíadas e a primeira ginasta norte-americana a ganhar medalha de ouro nas competições individuais e em grupo.
Nome do filme: Poder além da vida
Gênero: Drama
Ano: 2016
Elenco principal: Scott Mechlowicz, Nick Nolte e Amy Smart
O filme conta a história de Dan Millman, um ginasta adolescente que sonha em participar dos Jogos Olímpicos. Entretanto, apesar de ter tudo que um garoto da sua idade quer, ele sofre uma grave lesão que o impossibilita de seguir seu sonho. Dan conhece um misterioso estrangeiro chamado Socrates (Nick Nolte), que o ajuda a se recuperar.