Caro(a) aluno(a), nesta unidade, trataremos de um dos conteúdos mais importantes para o profissional de Educação Física: a recreação. Essa relevância se deve à aplicabilidade dos conteúdos da recreação em diversas áreas de atuação. Para tanto, o conteúdo desta unidade foi dividido em três tópicos.
Iniciamos com os aspectos históricos, conceituais e a didática da recreação, expondo aspectos de cunho mais teórico. Na sequência, apresentamos diversos tipos de atividades sistematizadas, como gincanas, brincadeiras cantadas, etc. Por último, tratamos das atividades recreativas em diferentes áreas: acampamentos (natureza) e acantonamentos, clubes, empresas e em hospitais.
Bons estudos!
A história da recreação pode ser contada com o nascimento da civilização humana. Na cultura ocidental, o termo encontrado foi o “lúdico”, aceito por estudiosos da área por representar o mesmo significado de recreação e lazer. A palavra “lúdico” pode ser compreendida como algo que proporciona prazer ou divertimento, que significa jogo, uma atividade de entretenimento (AURÉLIO, 2018).
De acordo com Larizzatti (2014), o lúdico não deve se referir somente às crianças, mas deve ser comum a todas as idades. Nesse contexto, segundo Cavallari e Zacharias (2001), o lúdico é tudo aquilo que leva uma pessoa somente a se divertir, se entreter, se alegrar, passar o tempo. Assim, a recreação foi ganhando sua identidade, principalmente na condição de se educar para alguma coisa, característica presente desde os estudos de Aristóteles (AWAD; PIMENTEL, 2015).
Antes, Platão acreditava que essas atividades recreativas estavam ligadas à formação do caráter e da personalidade e as considerava uma forma alternativa de promover o desenvolvimento cognitivo no contexto educacional (LIMA, 2015). Na Idade Média, a recreação aparece em figuras criadas para a diversão e o entretenimento, como o bobo da corte, que direcionava suas apresentações aos nobres. Entre os plebeus, a diversão se dava em torno da cultura religiosa (AWAD; PIMENTEL, 2015).
Na Europa e, em seguida, nos Estados Unidos, durante algum tempo, a recreação foi associada às práticas higienistas, que tentavam educar a população em relação aos hábitos básicos de higiene, na tentativa de torná-la mais saudável e civilizada. Nesse contexto, a recreação foi propagada por associações, como a Associação Cristã de Moços e Moças (ACM), difundida em vários países, inclusive, na América Latina (AWAD; PIMENTEL, 2015).
Apesar das práticas lúdicas, dos jogos e das brincadeiras, é apenas no período moderno que a recreação se legitima. Na França (século XVII), investiu-se no combate à indiferença e à inércia que havia em relação às crianças acometidas pela pobreza extrema e que eram colocadas em depósitos infantis. Nesses locais, além das tarefas e da aprendizagem de algum ofício, as crianças tinham acesso a momentos de recreação, com jogos e brincadeiras que tinham o princípio de formar cidadãos civilizados (AWAD; PIMENTEL, 2015).
Ainda no século XVII, no Brasil, somente a Igreja patrocinava algum tipo de diversão para a sociedade agrária do período colonial, com festejos em praça pública, óperas e touradas. A vida urbana brasileira, com teatros e bailes, só começou com a vinda da família real, a partir de 1808 (SENAC, 1998). A recreação como uma ferramenta educativa, que tinha como característica a combinação da educação e da religiosidade em um ambiente alegre, chegou ao Brasil somente 50 anos mais tarde (AWAD; PIMENTEL, 2015).
A recreação foi se firmando nessa mesma linha e, nos anos 1920, com a Escola Nova, foi inserida como disciplina nos cursos de formação de professores. Assim, a recreação estabelece uma estreita relação como o ambiente escolar (AWAD; PIMENTEL, 2015). Na segunda metade do século XIX, surgiram os parques infantis, legitimando o direito à recreação em face dos interesses e das necessidades pessoais (RODRIGUES; MARTINS, 2002). No Brasil, podemos acompanhar a trajetória da recreação conforme o volume da fundamentação teórica, pois, a partir de 1970, a recreação foi incluída nos estudos do lazer (AWAD; PIMENTEL, 2015). Desse modo, segundo Cavallari e Zacharias (2001), o conceito de recreação de corresponde ao momento ou à circunstância em que o indivíduo escolhe, espontaneamente, satisfazer suas vontades relacionadas ao seu próprio lazer.
Atualmente, um aspecto deve ser inserido, de forma significativa, na recreação: a didática, que contextualiza a recreação, baseando-se no planejamento, elaborado antecipadamente, para estabelecer uma conexão entre o conteúdo e o contexto cultural em que as pessoas ou os grupos estão inseridos. A didática compreende, ainda, o domínio dos conteúdos e da metodologia, com responsabilidade e senso crítico em relação à população atendida.
Além disso, o termo “recreação” denota ocupações diferenciadas das atividades de trabalhos profissionais ou sistemáticos, traduz ação lúdica, regulamentada ou livre, descompromissada com trabalhos profissionais (ANDRADE, 2001). No que diz respeito à etimologia da palavra, recreare, do latim, significa algo que pode proporcionar recreio, divertir, causar prazer, alegria, sentir prazer ou satisfação, folgar, brincar.
Ainda, a recreação compreende as atividades que são escolhidas de forma livre, pelo prazer e pela satisfação pessoal, que o indivíduo desenvolve durante seu tempo livre (AWAD, 2004). Nesse sentido, torna-se relevante compreender o tempo livre, que corresponde ao tempo que temos para nós, depois de atendidas as necessidades da vida e as obrigações de trabalho (SENAC, 1998). Conforme expõe Santini (1993), trata-se do tempo linear, marcado pelo relógio, e que cada um de nós tem para si, após o cumprimento das atividades profissionais e sociofamiliares.
Outras ideias precisam ser descritas, caro(a) aluno(a), para que não haja dúvida quanto ao entendimento da recreação, como compreender os conceitos de ócio e ociosidade. Enquanto o ócio é “nada fazer” de forma lúdica, positiva e opcional, podendo até ser uma opção de lazer, a ociosidade é “nada fazer” de modo negativo, compulsório; ocorre quando o indivíduo preferiria estar fazendo algo, mas é impedido, ou seja, não tem opção (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001). No Quadro 3.1, há algumas considerações a respeito dos conceitos de lazer e recreação, conforme alguns estudiosos da área.
Quadro 3.1 - Considerações sobre o lazer e a recreação
Fonte: Elaborado pela autora.
Considerando os aspectos históricos da recreação no Brasil, verifique as alternativas a seguir e assinale aquela que corresponde corretamente a tal contexto.
No Brasil (século XVII), investiu-se no combate à indiferença e à inércia que havia em relação às crianças acometidas pela pobreza extrema.
Foi na França do século XVII que se investiu no combate à indiferença e à inércia que havia em relação às crianças acometidas pela pobreza extrema.
No século XVII, no Brasil, somente a Igreja patrocinou algum tipo de diversão para a sociedade agrária.
Segundo Awad e Pimentel (2015), no século XVII, no Brasil, somente a Igreja patrocinou algum tipo de diversão para a sociedade agrária.
No século XVII, no Brasil, a Igreja, os fazendeiros e os trabalhadores patrocinaram algum tipo de diversão para a sociedade agrária.
No século XVII, no Brasil, os fazendeiros e os trabalhos não patrocinaram a diversão, apenas a Igreja.
A vida urbana brasileira, em 1808, com a vinda da família real, tem como foco a aprendizagem de algum ofício.
A vinda da família real fez a vida urbana brasileira ocorrer em torno de teatros e bailes, a partir de 1808.
No século XVII, no Brasil, a Igreja e a realeza patrocinaram algum tipo de diversão para a sociedade agrária.
Segundo Awad e Pimentel (2015), no século XVII, no Brasil, somente a Igreja patrocinou algum tipo de diversão para a sociedade agrária.
As atividades recreativas sistematizadas são colocadas em um sistema ou seguem uma ordem, com um sistema. Para esclarecer, elegemos algumas dessas atividades para descrever o conteúdo deste tópico. Estamos cientes de que existem inúmeras opções, mas este material tem a pretensão de demonstrar apenas algumas, para que você, caro(a) aluno(a), busque outras atividades ou desenvolva as que serão expostas, adaptando-as a sua realidade.
Nesse sentido, apresentaremos atividades de socialização e para os dias de chuva, além de gincanas, matroginástica, brincadeiras cantadas e de roda. Devemos salientar que os estudiosos e profissionais da área nomeiam as mesmas atividades de forma diferente, por exemplo, a atividade para dias de chuva pode ser denominada jogos de salão ou jogos em pequenos espaços, dentre outros exemplos.
As atividades de socialização têm o objetivo de promover o primeiro contato e a integração do grupo. Assim, o profissional deve realizar bem o trabalho e considerar algumas atitudes que devem estar implícitas nas regras de uma atividade, como:
Podemos utilizar a atividade de cumprimento como sugestão para a socialização de um grupo. Em um local delimitado, o recreador diz para todos andarem em diferentes sentidos, se possível, com uma música agradável, e desenvolvendo os seguintes comandos: andar rápido, lento, com a mão no nariz, dançando e imitando um bêbado. Ao encontrar uma pessoa, é preciso que o participante a cumprimente, dizendo seu próprio nome e apertando uma das mãos da outra pessoa. Depois, o cumprimento é feito com um dos pés e dizendo o nome, o local onde mora e outras informações (AWAD, 2004).
Nessa atividade, além de ir acrescentando o que se fala a seu respeito, o participante pode aumentar as formas de cumprimento. É importante salientar que essas não são atividades exclusivas, visto que outras podem ser adaptadas para a socialização (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001).
Outro aspecto que deve ser considerado nesse tipo de atividade é o fato de os participantes serem ou não totalmente desconhecidos, qual é o grau de intimidade entre eles, além da faixa etária, dos interesses comuns, da finalidade do grupo e do nível de compreensão. Esses aspectos contribuem para que a atividade seja planejada de forma adequada. Com base nas pessoas que participam, o profissional deve aumentar ou diminuir a complexidade da atividade de socialização. No caso da socialização entre bebês, a atividade deve ser a mais simples possível e com o mínimo de intervenção.
No que se refere às atividades para dias de chuva, elas correspondem a uma programação alternativa, pois não é possível prever as condições do tempo, mas que devem ser previamente elaboradas (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001). As possibilidades são inúmeras e algumas exigem materiais específicos, como dado, folhas em branco, caneta, etc. Outras não exigem tais materiais, por exemplo, é possível utilizar baralhos, quebra-cabeças, jogos de tabuleiro e outros que já estão prontos para o uso.
Uma sugestão de atividade sem materiais, com pouca movimentação e em um espaço reduzido, é a brincadeira do maestro, adequada para um grupo de até 40 pessoas. Em alguns livros, essa brincadeira é classificada como jogos de salão, por ser realizada em um espaço reduzido, assim como os jogos de mímica, as atividades em círculo, etc.
A atividade apresentada aqui é uma adaptação de Awad (2004), classificada como atividade para dias de chuva. Primeiramente, define-se quem é o maestro que fará os movimentos e sons que deverão ser repetidos por todos do grupo. Uma pessoa não deve saber quem é o maestro, para poder adivinhar. Se o participante acertar quem é o maestro, retorna para o grande grupo, deixando de fora o maestro que foi descoberto.
Dentre as atividades sistematizadas, há a matroginástica, que consiste em uma ginástica realizada entre pais e filhos, que teve origem na Espanha (mater, mãe; ginástica, exercício) e que foi sistematizada na Alemanha (PIMENTEL, 2003). Esse tipo de ginástica tem o objetivo de fortalecer o relacionamento entre familiares, por meio de movimentos corporais. Assim, pode ser utilizada em ocasiões especiais, como dia dos pais, término ou início do ano letivo, dentre outras datas (AWAD, 2004).
A matroginástica foi perdendo sua característica e se tornando a macroginástica, ginástica recreativa e, até mesmo, ginástica maluca (PIMENTEL, 2003). Os exercícios da matroginástica não foram criados exclusivamente para seu objetivo; a maioria dos exercícios é adaptada pelo profissional. Por exemplo, em uma aula, a mãe, para não faltar, leva o filho e o professor envolve-o nos exercícios. Os movimentos podem ser um simples agachamento segurando, com as mãos e os braços estendidos, a criança, menor de um ano, ou pode-se colocar a criança sobre as costas, para realizar uma flexão de braço no solo.
Há, ainda, as gincanas como atividades sistematizadas, que podem ser classificadas como: gincana cultural, gincana de solicitações, gincana de habilidades (aquáticas, esportivas e outras), gincana de circuito e gincanas mistas. A participação pode ser individual, em duplas ou em equipes (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001; AWAD, 2004). Nesse tipo de atividade, é possível inserir as provas surpresas entre uma ou mais tarefas.
As gincanas, geralmente, têm um caráter competitivo, mas podem ser realizadas com outras características; é importante que haja regras ou informações comuns para todos os participantes. Além disso, esse tipo de atividade é composto por várias provas que devem ser cumpridas (AWAD, 2004). As particularidades de cada uma das gincanas citadas estão expostas a seguir, de acordo com Cavallari e Zacharias (2001).
As gincanas costumam ser bastante aceitas e apreciadas pelos participantes, quando são bem trabalhadas. Assim, é importante estabelecer a premiação, no caso de a atividade ser competitiva.
Por fim, apresentaremos as brincadeiras cantadas e de rodas, que são muito aceitas, principalmente, por crianças pequenas. As brincadeiras cantadas ou rodas cantadas (muitas são no formato de círculo) têm como característica predominante a música e consistem em três elementos: letra, melodia e movimentação (AWAD, 2004). Trata-se de uma atividade sem ocasião específica, ou seja, que pode ser realizada em qualquer momento, mas é importante seguir o procedimento para ensinar a roda cantada (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001).
Primeiramente, deve-se cantar toda a música. Depois, canta-se verso por verso junto com os participantes, até que todos aprendam a melodia. Por último, pouco a pouco, são incluídos os gestos. Ao ensinar, é importante que o profissional evite bater palmas, pois isso pode atrapalhar a compreensão da letra ou da melodia da música (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001).
A brincadeira cantada proporciona momentos de divertimento, contribui para o desenvolvimento corporal e estimula a socialização e outros aspectos, conforme a música escolhida. Essa atividade está bastante relacionada à localização das pessoas, pois as cantigas de roda brasileiras sofreram influências dos portugueses e africanos principalmente, como a “Ciranda, cirandinha”, de procedência portuguesa (AWAD, 2004).
Neste tópico, seria possível apresentar inúmeras atividades direcionadas, no entanto é preciso encerrar este texto, mas não o conteúdo. Assim, caro(a) aluno(a), você pode buscar outras referências bibliográficas e fazer a leitura integral dos livros dos autores que foram citados.
Na sequência, iniciaremos o último tópico, que é tão interessante quanto este. Para algumas pessoas, a experiência com as atividades que apresentaremos é muito significativa, devido ao fato de serem atividades recreativas realizadas em diferentes locais.
Tendo em vista as gincanas, seus tipos, características e especificidades, assinale a alternativa que corresponde corretamente a quais são os tipos de gincanas citadas por Cavallari e Zacharias (2001)
São cinco: gincana cultural, de imaginação, de habilidades, de circuitos e mista.
A alternativa está incorreta, porque a gincana de imaginação não faz parte dos cinco tipos apresentados por Cavallari e Zacharias (2001).
São cinco: gincana cultural, de solicitações, de habilidades, de circuitos e mista.
A alternativa está correta, porque Cavallari e Zacharias (2001) apresentam cinco tipos de gincana: cultural, de solicitações, de habilidade, de circuitos e mista.
São quatro: gincana cultural, de solicitações, de habilidades e de circuitos.
A alternativa está incorreta, porque faltou a gincana mista, ou seja, são cinco tipos.
São cinco: gincana maluca, de reciclado, de habilidades, de circuitos e mista.
A alternativa está incorreta, porque as gincanas maluca e de reciclado não fazem parte dos cinco tipos definidos por Cavallari e Zacharias (2001). Os nomes corretos são: cultural, de solicitações, de habilidades, de circuitos e mista.
São quatro: gincana cultural, de solicitações, de habilidades e mista.
A alternativa está incorreta, porque faltou a gincana de circuitos.
Na área da recreação e do lazer, as atividades recreativas podem ser aplicadas conforme os locais em que as práticas são desenvolvidas. Dentre as áreas específicas de atuação para um profissional das atividades recreativas, podemos citar os acampamentos (natureza) e acantonamentos, os clubes, as empresas e os hospitais.
Em relação aos acampamentos e acantonamentos, é importante diferenciá-los quanto à atitude e ao espaço físico. Há o acampamento quando uma ou mais pessoas estão acomodadas em um local aberto e utilizam barracas para pernoitar. Por sua vez, no acantonamento, duas ou mais pessoas se dirigem para um local com um ou mais desejos em comum, a fim de pernoitar em um local pré-construído, como chalés, sítio, galpões, ginásio, etc. (AWAD, 2012).
As atividades de acampamentos surgiram, possivelmente, do escotismo, sob a influência militar, que tinha como características marcantes o seguimento de regras, o enfrentamento de situações difíceis na natureza e o senso de disciplina. No Brasil, os acampamentos existem desde 1940, tendo como forte influência o movimento ecológico, que visa promover a interação do homem com a natureza, de forma harmônica (PIMENTEL, 2003).
Os aspectos que devem ser considerados para as atividades recreativas em acampamentos são inúmeros e merecem total atenção de quem promove a atividade e de todas as pessoas envolvidas na prática. Há aspectos que devem ser considerados em todas as atividades recreativas, como a idade dos participantes, o espaço/local, a segurança, a alimentação, o tempo disponível, o transporte, as despesas, ou seja, são aspectos necessários em qualquer lugar em que uma atividade é realizada. A seguir, descreveremos somente as particularidades da atividade de acampamento.
As ações organizadas em acampamentos e acantonamentos precisam ter o objetivo de promover novas experiências, a superação de limites, estimular a cooperação e a autodisciplina, momentos de aventura ou contato com a natureza, socialização, além de ensinarem valores ecológicos e democráticos, para que o acampante faça algo diferente da sua rotina (SILVA; KUSTER, 2015; LARIZZATTI, 2014). O profissional ou a equipe responsável devem conhecer esses objetivos e atender, pelo menos, a um deles em cada atividade programada.
Uma particularidade do acampamento é o local, que não deve ser muito afastado dos recursos humanos, como mercado, padaria, farmácia, etc. Além disso, é fundamental ter os contatos diretos dos bombeiros, da polícia, de um hospital, e ter um ou mais profissionais qualificados para o atendimento de primeiros socorros e os materiais necessários para emergências (SILVA; KUSTER, 2015). Também, nas proximidades, deve haver um local seco no qual, em caso de chuva ou sol muito forte, os acampantes possam se abrigar com segurança.
As atividades recreativas em acampamentos devem ser adequadas aos objetivos, à hora, ao local e ao número de participantes, mas é importante que haja um recreador ou monitor para cada grupo de seis a sete pessoas, no máximo (CIVITATE, 2000). Todas as programações de acampamentos e acantonamentos devem contemplar momentos de tempo livre, para que haja a escolha e a autonomia do acampante. Ademais, os passeios em rios e trilhas são expectativas da maioria dos participantes, assim como as atividades noturnas, que podem ser jantares, shows, festas ou a reunião em torno de uma fogueira (LARIZZATTI, 2014).
Não abordamos todos os aspectos do planejamento e da execução das atividades recreativas em acampamentos e acantonamentos, mas ressaltamos os conhecimentos gerais e algumas particularidades dessas atividades que despertam o interesse de muitas pessoas (crianças, adultos ou idosos). Esperamos ter despertado em você, caro(a) aluno(a), a curiosidade e o interesse pelas atividades recreativas em acampamentos, para que, assim, você se aprofunde nesse campo de estudos.
Antes de apresentarmos os tipos de atividades recreativas que acontecem nos clubes, precisamos explicar a constituição e o objetivo atual desses locais. Para Silva (2015), os clubes sociorrecreativos são um espaço de socialização, mas a participação nesse espaço é para uma parcela restrita da sociedade. Apesar disso, nesses locais, ampliam-se, qualitativa e quantitativamente, as oportunidades de lazer além dos espaços públicos.
Os clubes, atualmente, são constituídos como pessoa jurídica, conhecidos como associações sem fins lucrativos, apoiados pelo Código Civil Brasileiro de 2002, Título II, Capítulo II, Artigo 53. Para frequentar esse espaço, o indivíduo deve contribuir, periodicamente, com o pagamento de uma taxa ou mensalidade para a manutenção do clube, além de adquirir um título para pertencer ao quadro de associados (SILVA, 2015).
Os clubes são locais específicos de lazer que alguns estudiosos criticam por promoverem somente atividades esportivas, quando poderiam oferecer outros tipos de lazer, como pintura, teatro e confecções de artesanatos, para atender aos outros interesses do lazer (artístico, cultural, etc.), e não apenas ao aspecto físico. Esse espaço foi concebido para a realização das práticas lúdicas no tempo livre, cujo principal objetivo é proporcionar a socialização (SILVA, 2015). No intuito de atender a esse objetivo, a responsabilidade passa a ser do profissional de recreação, que deve atender aos diferentes interesses dos associados de um clube, no que se refere ao lazer.
É importante que o profissional de recreação conheça os tipos de atividades que são comuns em diferentes clubes, as quais são nomeadas como permanentes, de apoio, de impacto, de eventos especiais e de programação de férias.
As atividades permanentes têm como principal característica a frequência semanal. Em alguns clubes, essas atividades são conhecidas como escolinhas (de futebol, tênis, etc.) (SCHWARTZ, 2004). Nesse tipo de atividade, geralmente, não se cobra uma taxa extra, visto que ela é considerada uma atividade de apoio.
As atividades de apoio são direcionadas com base nas atividades permanentes, para estimular a motivação dos que participam dessas escolinhas e divulgar a atividade permanente, para que mais pessoas participem (SCHWARTZ, 2004). Esse tipo de atividade pode ser uma palestra com personalidades de destaque para o contexto. Por exemplo, no caso de escolinhas de futebol, pode-se promover uma roda de conversa com um atleta profissional. As atividades de apoio também podem ser visitas em locais que desenvolvem determinada prática que se relaciona à atividade permanente ou a realização de festivais de uma modalidade esportiva realizada no clube.
Outro tipo são as atividades de impacto que, na maioria das vezes, têm a finalidade de atender a um grande número de associados (crianças ou adultos). Essas atividades podem ser um show de um artista famoso, festivais recreativos para crianças de diferentes idades, festas, etc. (SCHWARTZ, 2004). O sucesso desse tipo de atividade está relacionado às preferências dos associados, a uma ótima organização, a uma atenta divulgação, aos contratos e aos recursos financeiros, ambientais, pessoais e estruturais disponíveis para a realização do evento. Esse tipo de atividade deve acontecer anualmente, e não é indicada a organização de mais de três atividades de impacto em um único ano.
Por sua vez, os eventos especiais são atividades relacionadas ao calendário anual e que também devem considerar as características cultural e histórica dos sócios. Além disso, esses eventos podem ocorrer ao mesmo tempo em que um evento de grande porte, como a Olimpíada ou a Copa do Mundo de Futebol. Dentre as atividades desenvolvidas, podemos citar as festas em comemoração aos dias das mães e das crianças, as festas de carnaval, etc. (SCHWARTZ,2004). O profissional que promove a atividade deve ter conhecimento das agendas culturais de outros clubes ou de organizações públicas, e deve manter a frequência anual dos eventos.
Por fim, no Brasil, as atividades recreativas da programação de férias acontecem nos meses de janeiro e julho (SCHWARTZ, 2004), e são muito apreciadas quando são direcionadas às crianças ou aos jovens. Essas atividades podem acontecer em algumas tardes, no próprio clube, em um acampamento de alguns dias ou até em uma reunião, para que as pessoas passem um tempo juntas, como em uma viagem, uma visita a um ponto turístico, etc. No caso desse tipo de atividade, geralmente, os pais contratam o serviço, para que, enquanto trabalham, seus filhos se divirtam.
Assim, cabe salientar que o universo das atividades recreativas é vasto. Semelhante aos clubes, devido ao fato de ser um local considerado um microequipamento específico de lazer, há os hotéis turísticos e as pousadas.
Como é a atuação do profissional da recreação em hotéis? Quais atividades podem ser oferecidas? As respostas para esses questionamentos você pode encontrar no livro “Recreação Total”, em que Robson Mian aborda a recreação na atividade turística e hoteleira. Nesse livro, além das respostas para essas perguntas, há sugestões de atividades, com a descrição detalhada de objetivos, recursos, desenvolvimento e idade apropriada para cada uma das atividades (AWAD; PIMENTEL, 2015).
Para preenchermos a lacuna a respeito das atividades recreativas em diferentes locais, apresentaremos esse tipo de atividade em um local promissor, mas ainda pouco explorado e que desperta o interesse de empreendedores que visam à inovação. Trata-se das atividades recreativas em empresas ou recreação em treinamento empresarial.
As atividades recreativas em empresas têm o principal objetivo de melhorar a qualidade de vida dos funcionários e familiares (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001), mas o objetivo final da empresa que contrata esse tipo de serviço ou profissional é obter lucro. Assim, o profissional que atua nesse local deve utilizar ferramentas que o auxiliem a monitorar e avaliar os ganhos em longo prazo para o contratante, o dono da empresa ou responsável direto. Isso é importante para a permanência do contrato ou a divulgação dos resultados positivos acerca da atuação desse profissional ou, ainda, para a conscientização da empresa de que nem tudo pode ser medido.
O treinamento pautado na recreação deve ser um processo contínuo, cujo objetivo é a construção de uma sociedade melhor, de pessoas mais harmoniosas, dentro de uma perspectiva de desenvolvimento pessoal, adoção de um estilo de vida saudável e desenvolvimento do potencial de cada indivíduo pertencente ao grupo (AWAD; PIMENTEL, 2015). Dessa forma, a recreação nas empresas já extrapolou as atividades que aconteciam em finais de semana ou após o expediente, como festas, jogos esportivos, dentre outros eventos.
As atividades recreativas são necessárias em muitos momentos, como durante a permanência do trabalhador na empresa e, inclusive, nos horários de almoço (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001). Outras atividades como confraternizações, treinamento de integração ou de motivação, comemorações de datas especiais, aniversários ou conquista de uma meta, também podem acontecer nos pequenos intervalos de descanso ou pode haver uma parada rápida na atividade laboral para uma atividade de entretenimento, diversão, integração ou descanso, sendo mais simples, porém com maior frequência.
As atividades podem ser compreendidas como compensatórias, voltadas, principalmente, para os trabalhadores da linha de produção, para compensar o esforço dedicado à função de sua atividade laboral. Esse tipo de atividade pode ser a oferta de ginástica, de uma sala de jogos e massagem terapêutica (PIMENTEL, 2003). Há locais que oferecem ginástica laboral, sala de descanso com televisão, poltronas, livros e revistas para seus colaboradores, aspectos que podem ser de responsabilidade do profissional da recreação.
Além disso, há a oferta de atividades de lazer para todos os trabalhadores e seus familiares, promovendo vivências culturais diversificadas, bons relacionamentos pessoais, pertencimento ao grupo e satisfação em participar das atividades laborais e de lazer promovidas pela empresa empregadora. É importante que o profissional ofereça atividades que desenvolvam a criatividade, a liberdade e o pensamento crítico e que estimule o trabalhador a almejar seus direitos da classe e o lúdico em outros momentos da vida. Assim, em sua atuação, o profissional deve orientar o trabalhador para a participação democrática em vários contextos, e não gerar situações de passividade e alienação (PIMENTEL, 2003).
Outro lugar semelhante às empresas tradicionais, pelo fato de acreditar que o universo da recreação está distante da realidade diária, é o hospital. Um ambiente hospitalar remete ao acolhimento, ao silêncio, à tristeza e à doença, mas abordaremos esse assunto, demonstrando o quanto as atividades recreativas em hospitais podem ser enriquecedoras.
A recreação hospitalar foi muito divulgada pela atuação dos “Doutores da Alegria”, uma organização que se dedica a levar alegria às crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais da saúde, por meio da arte do Teatro Clown (PIMENTEL, 2003). Mesmo antes de Cristo, de acordo a história, o tratamento de doentes misturava arte, filosofia e medicina. Os enfermos eram levados a espetáculos musicais, teatrais, apresentações de piadas e histórias engraçadas, pois os sábios acreditavam que a alegria trazia fortalecimento e funcionava como um dilatador e aquecedor do organismo (AWAD; PIMENTEL, 2015).
Atualmente, o profissional da recreação tem o objetivo de proporcionar a retomada da alegria, elevar a autoestima, amenizar situações de estresse e ansiedade e oportunizar um ambiente mais humanizado, almejando a recuperação da saúde e a reabilitação física, mental e social, para que o paciente retorne, o mais rápido possível, à vida em comunidade (AWAD; PIMENTEL, 2015).
As intervenções devem ser direcionadas conforme o ambiente, considerando o espaço, as características dos pacientes e seus diagnósticos, buscando provocar o riso, a diversão ou despertar a imaginação e a criatividade (AWAD; PIMENTEL, 2015). Tudo isso deve ser feito respeitando-se as normas e o tempo disponível para permanência no local, visto que a mudança da rotina deve ser algo positivo para todas as pessoas que compartilham o espaço.
As atividades podem ser: contação de história, piadas, mímicas, momentos para rir de si mesmo ou da situação do paciente, feitas com a utilização de fantasias ou de objetos lúdicos. Essas atividades podem ser desenvolvidas nos leitos, nas salas de espera ou em ambientes próprios, como uma brinquedoteca. Há muitos desafios e podem surgir diferentes barreiras para realização das atividades recreativas em hospitais, mas a expressão facial de satisfação, alegria ou gratidão faz todo o esforço ser recompensado.
O profissional de lazer e recreação pode atuar de diferentes formas, pois esse serviço é contratado por vários motivos, como a falta de tempo e comodismo dos donos da festa, possibilidade de melhor organização, dentre outros (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001). Há vários tipos de festas, além das comemorações de aniversários. Para Cavallari e Zacharias (2001), os principais tipos de festas são: folclóricas, religiosas, familiares, cívicas, escolares, empresariais, de clubes, comerciais, de datas especiais, etc. Ao oferecer o serviço de lazer e recreação, o profissional pode encarar grandes desafios, mas, por meio do conhecimento, da atualização e da dedicação, superará qualquer dificuldade.
As festas infantis estão ganhando o mercado de entretenimento, devido à existência de inúmeros buffets (AWAD, PIMENTEL, 2015), mas devemos olhar para as festas buscando compreender sua abrangência. Segundo Cavallari e Zacharias (2001, p. 40), “festas são reuniões de pessoas para fim de divertimento, solenidade, comemoração ou celebração de acontecimentos. As pessoas vão às festas com interesses que podem ser semelhantes ou diferentes”.
Assim, a organização de uma festa deve ser planejada como um evento de lazer e recreação, com algumas particularidades mais atuais, que podemos observar em festas infantis. Os buffets, por exemplo, estão cada vez mais completos, pois cuidam de tudo, desde convites, comida, decoração até oficinas de origami e argila, fotos, filmagem e lembrancinhas (AWAD, PIMENTEL, 2015).
Cavallari e Zacharias (2001) lembram que a principal característica de uma festa é o imaginário, composto pela elaboração da fantasia, simulação do belo, representação social, vestimenta, gestualidade, postura física e linguagem. Atualmente, os buffets oferecem opções de alta tecnologia, como os jogos eletrônicos, porém a piscina de bolinhas e o pula-pula resistem ao tempo (AWAD; PIMENTEL, 2015). Outras atividades estão se tornando atrativas, como esculturas de balões, pintura facial, dentre outras, e sem deixar a segurança de lado.
As atividades recreativas realizadas em buffets não são a única opção para atuação do profissional, pois, em outros locais, como hotéis, escolas e academias, também pode haver a prática dessas atividades recreativas. Apesar de esses locais não serem abordados neste texto, sabemos da importância do conhecimento de cada um deles como campos de trabalho. Se você, caro(a) aluno(a), ficou interessado nesse assunto, pode desenvolver uma pesquisa para aprofundar seu conhecimento.
Os clubes são considerados aspectos específicos do lazer. Nesse sentido, é fundamental que o profissional de recreação conheça os tipos de atividades comuns em diferentes clubes. Assinale a alternativa que apresenta quais são essas atividades.
As atividades comuns em clubes são: permanentes, de apoio, de impacto, eventos especiais e feiras artesanais.
As feiras não são atividades comuns em clubes. A alternativa estaria correta se, no lugar das feiras, citasse a atividade de programação de férias.
As atividades comuns em clubes são: permanentes, de apoio, de impacto, eventos especiais e programação de férias.
Segundo Schwartz (2004), as atividades permanentes, de apoio, de impacto, os eventos especiais e a programação de férias são atividades comuns em clubes.
As atividades comuns em clubes são: permanentes, de improvisação, de impacto, os eventos especiais e a programação de férias.
A atividade de improvisação não é comum em clubes; o correto seria acrescentar a atividade de apoio.
As atividades comuns em clubes são: surpresas, de confecção de materiais, de impacto, eventos especiais e programação de férias.
As atividades surpresas e de confecção de materiais não são comuns em clubes; o correto seria acrescentar as atividades permanentes e de apoio.
As atividades comuns em clubes são: permanentes, de apoio, de circuito, eventos de inclusão social e programação de férias.
As atividades de circuito e os eventos de inclusão social não são comuns em clubes; o correto seria acrescentar as atividades de impacto e os eventos especiais.
Nome do filme: Os estagiários
Gênero: comédia.
Ano: 2013.
Elenco principal: Vince Vaughn e Owen Wilson.
Comentário: Esse filme exemplifica uma empresa moderna que investe na qualidade de vida de seus colaboradores. No filme, os atores principais são vendedores de relógios que ficam desempregados quando a empresa resolve fechar as portas. Então, candidatam-se para vagas de estagiários em uma das empresas mais atraentes do mundo digital, a Google. Lá, deparam-se com mentes novas e avançadas, com espaços de lazer e gastronomia incríveis e com um processo de seleção que é, praticamente, uma gincana.
Nome do livro: Acampamento: organização e atividades
Editora: Sprint.
Ano: 2000.
Autor: Hector Civitate.
ISBN: 8573321016.
Comentário: Esse livro apresenta algumas atividades que podem ser realizadas em um acampamento. Para os profissionais que pretendem se especializar em acampamentos, essa obra deve ser lida diversas vezes. O livro contém a classificação dos tipos de acampamentos, modelos de fichas para inscrição de acampantes, além de detalhar aspectos da programação geral.
Nome do filme: Patch Adams – o amor é contagioso
Gênero: comédia dramática.
Ano: 1998.
Elenco principal: Robin williams.
Comentário: Esse filme demonstra a importância das atividades recreativas em hospitais, baseando-se na vida real de um médico bastante conhecido nos Estados Unidos por sua forma humanizada de tratar os pacientes. Após passar por episódios traumáticos e tentar o suicídio, o personagem principal decide se internar, voluntariamente, em um sanatório, no qual descobre que tem o dom de cuidar das pessoas. Então, ele deixa a instituição para cursar medicina. Sua forma de lidar com os pacientes é pouco convencional, pois, além de um tratamento humanizado, proporciona momentos de alegria e descontração.