Caro(a) aluno(a), essa unidade tem o objetivo de apresentar as possibilidades do lazer, considerando espaços, equipamentos, bem como as formas de lazer. Também serão apresentadas, de forma prática, as características do profissional de lazer e recreação. Para tanto, dividimos a Unidade II em três subtópicos, sendo o primeiro a respeito de equipamentos e espaços para o lazer; abordando os equipamentos específicos e dialogando com estudiosos da área sobre seu melhor aproveitamento, e os equipamentos não específicos, trazendo característica e reflexões do cotidiano atual. O segundo tema refere-se às características do profissional de lazer e recreação, de forma mais prática. Por último, serão abordadas as formas de lazer, descrevendo as propriedades que as caracterizam como tal.
As possibilidades do lazer dizem respeito aos espaços e equipamentos do lazer, pois entendemos que muitas formas de lazer requerem um componente importante: o espaço. Assim, é necessário que você reflita sobre o seguinte questionamento: o que são espaços e equipamentos do lazer?
Antes de nos aprofundarmos nos conceitos, é importante deixar claro que são diversas as classificações apresentadas por outros autores, que dividem os equipamentos em social, público ou urbano, no geral, e também em equipamento cultural, além da classificação dos equipamentos de lazer sob três aspectos: população, interesses e dimensão física (MARCELLINO, 1996).
Melo e Alves Junior (2003) citam que a cidade pode ser como um equipamento de lazer, e utilizam o Rio de Janeiro como exemplo, destacando como a cidade pode ser dividida em zonas ricas e subúrbios e periferias. Observa-se concentração de equipamentos culturais na região mais rica e privatização dos espaços públicos, como consequência, uma parte da população desconhece a própria cidade. Cenário este que dificulta o processo coletivo entre cidadão e cidade, para promover mudanças, no intuito de diminuir desigualdades, violência e outras mazelas resultantes do desordenamento econômico global que afeta as cidades em todo o Brasil.
Renato Requixa e Luiz Camargo (2004) dividem os equipamentos em duas classificações: equipamentos específicos e não específicos. Os equipamentos de lazer específico seriam aqueles que foram construídos com a finalidade de abrigar atividades e programas de lazer (LARIZZATTI, 2014). Como exemplo, podemos citar cinemas e teatros, que são considerados microequipamentos especializados de lazer, denominação esta que advém da dimensão do espaço e pelo fato de ele atender somente a um dos conteúdos culturais do lazer (MARCELLINO, 1996).
Os espaços e equipamentos de lazer localizados nos grandes centros urbanos apresentam novos problemas em relação ao acesso. Tal problemática reflete nas implicações para elaboração de políticas públicas setoriais de lazer, para dar mais ênfase aos espaços e equipamentos. Assim, esperamos que, ao ler esse artigo, você possa conhecer um pouco mais sobre essa temática (MARCELLINO; BARBOSA; MARIANO, 2008).
Além de microequipamentos, eles podem ser divididos em equipamentos médios e macroequipamentos. Clubes e centros esportivos são considerados equipamentos médios, pelo mesmo motivo, tamanho e atender a um único ou vários interesses do lazer. Os macroequipamentos polivalentes são grandes parques que atendem turismo social, urbano, entre outros, e têm construções variadas (MARCELLINO, 1996).
Os equipamentos especialmente concebidos para a prática de diferentes atividades de lazer, geralmente construídos como empreendimentos lucrativos, não têm seu espaço otimizado e a maioria da população não tem acesso a eles (MARCELLINO, 1996). Nesse sentido, devemos pensar em otimizar os já existentes, bem como sua manutenção e democratização, para que seja eles sejam acessíveis para mais pessoas.
Mas é importante fazermos a seguinte reflexão, tais equipamentos não podem causar danos aos recursos existentes, sendo necessário planejamento e organização, além de uma educação ambiental (SENAC, 1998). Outro aspecto que evita danos ambientais é a manutenção, para que não se destrua outro espaço, no caso de destruição ou vandalismo. Um exemplo foi o lamentável ocorrido com o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que pegou fogo no início de setembro de 2018, cujas supostas causas foram falta de manutenção.
Ao refletirmos a respeito da democratização do lazer, devemos ter claro que essas áreas devem ser destinadas a todos os habitantes e visitantes (SENAC, 1998), embora, muitas vezes, encontremos reservas naturais, museus ou mesmo prédios antigos tombados como patrimônio público cobrarem ingressos para a visitação, com inúmeras justificativas para esse fato. Essa problemática exclui apenas os menos favorecidos, pois os que têm recursos financeiros não encontram barreiras para frequentarem esses espaços.
A segunda classificação, a de equipamento não específico de lazer, diz respeito a locais que não foram construídos para esse fim, mas acabaram sendo usados para isso, como o fato de uma antiga prisão, hoje, ser um ponto turístico de visitação (LARIZZATTI, 2014). Um exemplo é o Forte Marechal Luz, construído para outra finalidade, mas atualmente um espaço de lazer, com belas paisagens.
Equipamentos não específicos de lazer não foram construídos, de modo particular, para a função de lazer, mas eventualmente podem cumpri-la. Grande parte da população urbana desenvolve suas atividades de lazer em ambiente doméstico, sendo o lar o principal equipamento não específico de lazer e um dos poucos equipamentos disponíveis a quase todas as parcelas da população (MARCELLINO, 1996). Destacando que o direito à moradia é defendido na Constituição Federal, porém, nem todas as pessoas têm acesso a ela.
A problemática apontada nos remete a considerar situações em que famílias se abrigam em espaços que foram construídos com muitas restrições de legalidade, de ventilação, de segurança, entre outros. Esses imóveis ocupam um espaço que foi destinado para um único lar, mas a necessidade faz com que ele seja ocupado por duas, três ou até quatro famílias. Assim, devemos nos indagar se é possível ter espaço para uma atividade de lazer nessas condições, onde havia um imóvel para determinado terreno em condições legais, e este passa a acomodar mais 4 ou 8 cômodos, conforme o tamanho do terreno.
Além dos lares, podemos classificar como equipamentos não específicos as ruas, bares, escolas etc. As ruas, concebidas como locais de acesso, passagem e locomoção, podem ser, mediante autorização, utilizadas para a realização de festas, desfiles etc. Problemas como a violência e o trânsito são empecilhos para a utilização das ruas como espaço de lazer (MARCELLINO, 1996). Já houve um tempo em que, nas cidades consideradas menores, pelo número inferior a cinquenta mil habitantes, as ruas eram utilizadas como um local apropriado para a prática de atividades de lazer e recreação, pelas crianças da região, pois permitiam que elas pudessem brincar de forma segura.
As escolas oferecem grandes possibilidades para o lazer, em termos de espaço, períodos ociosos de férias, feriados e fins de semana, e reforçam os vínculos com a comunidade próxima, mas, normalmente o acesso não é liberado, por conta dos riscos de depredação. Uma possibilidade que pode amenizar a depredação desse local seria a abertura mediante um contrato de responsabilidade com um indivíduo que representasse o grupo de pessoas que fariam uso do espaço, além disso, poderiam ser arrecadados recursos financeiros, por meio de cobrança de taxas para a manutenção do próprio espaço (MARCELLINO, 1996). Nesse sentido, espera-se que as pessoas que aderirem à utilização desse espaço, nas condições descritas anteriormente, contribuam não só com o dinheiro da taxa, mas com o cuidado de preservar o local e fiscalizar outros usuários.
Uma das preocupações dos estudiosos do lazer é o fato de ele estar relacionado diretamente ao poder aquisitivo, sendo necessário que as pessoas compreendam que o lazer pode ser adquirido em situações pagas ou não, como é o caso de usufruir os parques públicos, praças, praias, entre outros. Esses espaços normalmente são oportunidades gratuitas para toda a população (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001), mas que, muitas vezes, não são utilizados devido ao nível de compreensão e consciência dos benefícios da prática do lazer para uma vida saudável.
Diante do exposto, podemos compreender que o mais importante é a educação para o lazer, e que o local ou equipamento, específico ou não, é uma parte importante, mas a utilização dele deve ser consciente. Além disso, toda atividade desenvolvida nesse local tenha como um dos seus propósitos educar para o lazer, no ato de contemplar, realizar, preservar, criar e cuidar do espaço e/ou equipamentos como um bem pessoal e comunitário. Nesse sentido, surge a preocupação com as características do profissional de recreação, que deverá, com responsabilidade e senso crítico, atender à população. Esse profissional deverá se respaldar em teorias que abordam esses temas, adaptando-as didaticamente para a prática, buscando o conhecimento científico.
Os equipamentos específicos de lazer são todos aqueles que foram construídos com a finalidade de abrigar atividades e programas de lazer, geralmente são construídos como empreendimentos lucrativos (LARIZZATTI, 2014; MARCELLINO, 1996). Nesse sentido, indique a alternativa correta a respeito dos equipamentos específicos de lazer e sua divisão.
Cinemas, bares e clubes são considerados microequipamentos especializados de lazer.
Justificativa: Alternativa incorreta. Bares são equipamentos não específicos, os clubes são considerados equipamentos médios e somente os cinemas são considerados microequipamentos.
Os equipamentos podem ser divididos em médios, macros e microequipamentos, sendo que clubes são considerado equipamento médio.
Justificativa: Alternativa correta. Os equipamentos específicos são divididos em médios, macros e microequipamentos. Os clubes e centros esportivos são considerados equipamentos médios, devido a sua capacidade de espaço físico para atender pessoas e um ou vários interesses de lazer.
Os equipamentos podem ser divididos em médios, macros e microequipamentos, sendo que centros esportivos são considerados macroequipamentos.
Justificativa: Alternativa incorreta. Centros esportivos são considerados equipamentos médios, devido a sua capacidade de espaço físico para atender pessoas e um ou vários interesses de lazer.
Os equipamentos podem ser divididos em mini e macroequipamentos, sendo que cinemas e clubes são considerados miniequipamentos.
Justificativa: Alternativa incorreta. Os equipamentos são divididos em micro, médio e macro equipamentos. Os cinemas são considerados micro equipamentos, e não mini, e os clubes são considerados equipamentos médios.
Teatros, bares, cinemas, clubes e centros esportivos são considerados microequipamentos especializados de lazer, essa denominação advém da dimensão do espaço e por atender somente um dos conteúdos culturais do lazer.
Justificativa: Alternativa incorreta. Bares são equipamentos não específicos e clubes e centros esportivos são considerados equipamentos médios, e não micro. Somente os teatros são considerados microequipamentos de lazer.
Caro(a) aluno(a), você chegou no segundo tópico da segunda unidade desta disciplina, e quero te provocar a seguinte reflexão, antes de iniciarmos esse tópico: para ser um profissional da recreação ou do lazer, basta ter uma aparência divertida e uma linguagem engraçada?
Qualquer pessoa pode ser um profissional do lazer? Algumas características pessoais, história de vida e personalidade serão relevantes para se tornar um bom profissional de recreação e lazer, mas o essencial é que esse profissional adquira determinadas habilidades com o passar dos anos, com dedicação aos estudos e práticas contínuas, moldando-se conforme o ambiente e o público com que irá trabalhar (AWAD, 2008).
O profissional que atua com a recreação e o lazer possui muitas denominações, como recreador, monitor, animador, coordenador, recreacionista, programador, entre outras. Assim, uma mesma pessoa pode ocupar funções diferentes em momentos diversos, em um mesmo evento. Cavallari e Zacharias (2001) afirmam que todo profissional envolvido com a recreação é chamado de recreacionista, porém, ele assume diferentes papéis, conforme a necessidade do momento, e sugerem que são três: animador, supervisor e técnico em recreação. Os autores reforçam que o perfeito funcionamento de qualquer setor na recreação e lazer deve buscar a harmonia do trabalho desses três profissionais.
Melo e Alves Junior (2003) preferem utilizar a denominação animador cultural, mas admitem que outras denominações são comuns, como agente cultural, recreador, dinamizador, entre outros. Esses autores chamam atenção para a problemática envolta na formação desse profissional.
A respeito de diferentes denominações, podemos verificar três campos: o recreacionismo, a animação sociocultural e a recreação educativa. Para cada um desses termos, estabeleceu-se origem, características e ideologia (WAICHMAN, 2008).
Leia mais sobre esse tema no link a seguir: <http://eduem.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/viewFile/3418/2442>.
Claro que a definição da nomenclatura da profissão é importante, mas queremos discutir aspectos mais profundos que permeiam o contexto desse profissional. Como o fato de alguns fatores dificultaram a implementação de uma formação de qualidade para esse profissional, que Melo e Alves Junior (2003) apontam como seis:
Ainda a respeito da formação, podemos discutir a falta de identidade e de formação (CAMARGO, 1998). Mas Pimentel (2003) nos lembra que o processo de formar um profissional consciente, crítico, capaz, criativo e competente não é um problema exclusivo de uma única área, é um problema generalizado das instituições de ensino superior, apontado por diversos pesquisadores.
Diante das discussões apresentadas, podemos citar algumas atitudes importantes para o profissional do lazer, como buscar conhecimentos gerais, participar de grupo de estudo, acessar revistas científicas especializadas e ler livros, participar de eventos acadêmicos e ser ciente de que a formação é um processo sem fim, que não se encerra com a graduação (PIMENTEL, 2003).
Para darmos continuidade ao assunto, apresentaremos outras características e perfil do profissional do lazer e recreação que ainda não foram citadas, como ter comportamento e atitude com todas as pessoas, indistintamente, com simpatia e naturalidade, seja individualmente ou em pequenos e grandes grupos. Ainda, o profissional do lazer deve utilizar a capacidade de raciocinar, de imaginar e intuir, além de ter a capacidade de transformação, cooperativismo entre a equipe de trabalho, ser capaz de incentivar e estimular pessoas para desenvolverem suas capacidades, cumprir e respeitar as normas do grupo, ter dedicação, boa comunicação (expressar e escutar) entre outras (RODRIGUES; MARTINS, 2003).
Mian (2003) aponta que o profissional de lazer e recreação deve ter diversas características como: ser organizado, alegre, carismático, ser imparcial em tomar decisões, maleável, desinibido, divertido, não possuir vícios de linguagem e ter conhecimento de primeiros socorros e aspectos pedagógicos.
Awad (2004) descreve algumas atitudes para ser um bom profissional e atender às exigências do mercado do lazer e recreação:
O profissional que contemplar em sua prática essas quinze atitudes/comportamentos certamente terá mais chances de alcançar um bom desempenho em sua função e se destacar no mercado de trabalho. Mas uma característica em comum apresentada pelos autores foi que o profissional do lazer deve sempre se atualizar, na área e em conhecimentos gerais (PIMENTEL, 2003; RODRIGUES; MARTINS, 2003; MIAN, 2003; MARCELLINO, 2000).
Para se manter atualizado, o profissional poderá buscar o conhecimento em cursos de formação acadêmica, especialização strictu e latu sensu, leitura de livros, grupos de estudos entre profissionais relacionados à recreação e lazer, viagens, congressos, pesquisa de campo, entre outros, o importante é estar disposto a aprender sempre.
Esse tópico, a respeito do profissional do lazer e recreação, foi elaborado para você refletir sobre suas características, buscar desenvolver as habilidades que acredita ser importantes para sua atuação profissional, ter noção do que o mercado espera do profissional de lazer e, ainda, incentivá-lo ao autoconhecimento, tão fundamental para a vida profissional e pessoal nos dias atuais. Assim, você terá condições e liberdade para exercer sua profissão em uma área que lhe traga satisfação e supra suas necessidades e interesses, sendo uma pessoa de sucesso.
No próximo tópico, abordaremos alguns tipos e formas de lazer e também os conceitos que tratam das propriedades que uma atividade deve contemplar para ser considerada lazer.
A implementação de uma formação de qualidade para o profissional da recreação e lazer possui fatores que a dificultam, como a tradição histórica, as características de personalidade, o mercado de atuação, o caráter não disciplinar, a desvalorização profissional e o perfil exigido do profissional. Assinale a alternativa correta a respeito da desvalorização profissional.
A desvalorização profissional se dá devido à falta de uma formação que ofereça ao estudante inúmeras atividades recreativas.
Justificativa: Alternativa incorreta. Falta de uma formação que ofereça inúmeras atividades recreativas não é o motivo da desvalorização profissional.
A desvalorização profissional é notada na falta de regulamentação explícita de jornada de trabalho, salário, entre outras condições que o profissional precisa superar no seu cotidiano.
Justificativa: Alternativa correta. Mello e Alves Junior (2003) apontam seis fatores que dificultam a implementação de uma formação de qualidade para o profissional da recreação e lazer, e que a desvalorização profissional é notada na falta de regulamentação explícita de jornada de trabalho, salário, entre outras condições.
A desvalorização profissional é notada pela falta de profissionais para atuarem na área.
Justificativa: Alternativa incorreta. Falta de profissionais para atuarem na área não faz parte da desvalorização profissional.
A desvalorização profissional é notada devido à comparação com a atuação do pedagogo.
Justificativa: Alternativa incorreta. A atuação do pedagogo não é comparada com a desvalorização profissional de quem atua com recreação e lazer.
A desvalorização profissional é notada pela falta de uniformes padronizados para esses profissionais.
Justificativa: Alternativa incorreta. A falta de uniformes padronizados não está relacionada à desvalorização profissional da recreação e lazer.
As principais formas do lazer serão abordadas neste tópico, mas antes de descrevermos cada uma delas, é necessário esclarecermos as características do lazer, assim, você poderá atuar nesse campo com o intuito de proporcionar experiências de lazer para inúmeras pessoas. Diante desse desafio, surge o seguinte questionamento: como identificar o que é ou não é lazer? Observe, por exemplo, a figura a seguir, é possível identificar se essa pessoa está realizando uma atividade de lazer?
Sabemos que a sociedade contemporânea interage com o lazer, influenciando e sendo influenciada, e é importante compreender que três elementos foram marcantes para essa interação: a urbanização, a industrialização e a comunicação de massa (BACAL, 2003). Tais interações foram modificando concepções, tempo, rotinas, atitudes, formas, costumes e outros comportamentos, resultados de um fenômeno que faz parte do cotidiano da humanidade e que está em constante processo de desenvolvimento. Atualmente, nosso cotidiano sentiu o impacto do avanço da tecnologia, que permite a comunicação rápida e cada vez mais abrangente em espaços físicos e quantidade de pessoas que estão conectados a uma rede.
Para apontarmos as características do lazer, podemos citar o clássico conceito de lazer de Dumazedier (1976, p. 34):
[...] o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Assim, podemos identificar quatro propriedades que caracterizam a atividade do lazer: liberatório, desinteressado, pessoal e busca por satisfação (hedonístico), que serão apresentadas a seguir.
Liberatório: está presente na atividade livre de obrigações (profissionais, políticas, familiares etc.), na liberdade de escolha e voluntária.
Desinteressado: diz respeito à prática de alguma atividade sem finalidade alguma (sem fins lucrativos, utilitários, ideológicos), a atividade de lazer não tem um fim imediato, mas pode proporcionar desenvolvimento.
A busca por um estado de satisfação: resume-se a evitar atividades desagradáveis e realizar atividades que proporcionem prazer e alegria.
Propriedade pessoal: significa realizar uma atividade em que o sujeito pode ser autêntico na ação, algo que envolva toda a personalidade de quem realiza a atividade.
Essas são orientações para que você promova atividades de lazer que possibilitem aos participantes essa experiência, mas como o lazer tem muito da percepção do sujeito e do estado em que ele se encontra, na mesma atividade, podemos ter pessoas realizando o lazer e outras não. Para fins didáticos, vamos apresentar tipos de lazer segundo Andrade (2001), o lazer físico, psíquico, espontâneo, programado, esporádico e habitual. O autor alerta que a interpretação das expressões humanas deve ser feita com cautela e prudência, pois nem sempre os atos exteriorizados como lazer representam os reais sentidos e são espontâneos.
O lazer físico envolve toda a corporalidade humana (movimento e todos os sentidos) e o lazer psíquico tem a ação intelectual, prazerosa e íntima como características marcantes. O lazer espontâneo é consequência não prevista de alguma ação, vinda de atos rotineiros ou eventos, podendo ser decorrente de circunstâncias ou situações previstas ou imprevistas, o interessante é que esse tipo não é raro de acontecer, porém, na maioria das vezes, não é percebido (ANDRADE, 2001).
Se analisarmos o lazer programado como um recurso para recompor energias físicas e psíquicas, ele se mostra pouco eficiente. Mas é um dos mais conhecidos, devido aos interesses comerciais, que podem ser superados quando há respeito pela opção da pessoa que o realiza perante as alternativas da oferta. O profissional do lazer não tem como garantir o sucesso desse tipo de lazer, mas pode tomar alguns cuidados que previnem fracassos indiscutíveis, como dar atenção às capacidades pessoais, em termos individuais e de grupo, para garantir uma convivência social sadia, construtiva e simpática, durante esse tipo de lazer (ANDRADE, 2001).
O profissional responsável pelo lazer programado, com pensamento crítico e conhecimento científico, será capaz de proporcionar atividades que satisfaçam à maioria do grupo que irá participar, oferecendo uma atividade adequada, com segurança para os que desejam participar. Por exemplo, uma atividade de rapel durante um acampamento de jovens pode ser interessante, mas não seria agradável oferecer esse tipo de atividade para idosos em um hotel fazenda.
O lazer esporádico é um conjunto de atividades em que não são determinadas a duração (tempo) e a periodicidade, sendo um lazer de oportunidade. Esse tipo não exige planejamento, porém, há um risco maior de fracasso. Mas é um tipo de lazer que satisfaz à pessoa que deseja apenas fazer algo diferente da sua rotina, devido à variação de locais e épocas, bem como à variedade de relacionamentos pessoais (ANDRADE, 2001).
Como exemplo desse tipo de lazer podemos considerar a prática de um resort que disponibiliza algumas atividades que não necessitam intervenção diretiva de um profissional durante sua realização, mas ele pode agir estimulando as pessoas que não se conhecem a participar de uma atividade a que foram atraídas, como um jogo de biribol entre frequentadores de uma piscina.
Já o lazer habitual funciona como um estado psicológico de suspensão das preocupações e limitações, no sentido de descompromisso. Ele tem como característica a repetitividade, podendo apresentar variações, sendo conhecido também como hábitos de lazer, em geral praticado por pessoas conservadoras, sem cansar ou entediar quem o pratica (ANDRADE, 2001). A pessoa que escolhe esse tipo de lazer sente prazer e não cansa e nem se sente obrigada a realizá-lo, mas faz repetidas vezes porque gosta, como é o caso de praticantes de futevôlei na praia.
Mesmo diante da diversidade dos tipos de lazer apresentados, devemos ressaltar que há inúmeras possibilidades que não foram descritas neste tópico. Há outros tipos de lazer classificados conforme o espaço de sua realização, período ou característica da atividade, mas não os consideramos mais ou menos importantes dos que foram descritos aqui, apenas não temos a pretensão de esgotar o assunto e sim a de estimular o interesse pela área de atuação vislumbrada pelos seus adeptos.
Ao abordarmos as diferentes formas de lazer, vale destacar que as propriedades que o caracterizam são importantes. Considerando esse tema, assinale a alternativa correta.
As duas propriedades que caracterizam as atividades de lazer são pessoal e liberatório.
Justificativa: Alternativa incorreta. São quatro propriedades que caracterizam as atividades de lazer: pessoal, liberatório, hedonístico e desinteressado.
As quatro propriedades que caracterizam as atividades de lazer são liberatório, hedonístico, pessoal e desinteressado.
Justificativa: Alternativa correta. Essas são as quatro propriedades que caracterizam as atividades de lazer: liberatório, hedonístico, pessoal e desinteressado. Quando há essas propriedades podemos afirmar que é uma atividade de lazer autêntica.
As quatro propriedades que caracterizam as atividades de lazer são a liberdade, o divertimento, o entretenimento e o descanso.
Justificativa: Alternativa incorreta. O divertimento, o entretenimento e o descanso não são propriedades que caracterizam o lazer. As quatro propriedades que caracterizam as atividades de lazer são liberatório, hedonístico, pessoal e desinteressado.
A propriedade liberatório está presente na atividade livre de obrigações, nas atividades ilícitas e na busca por prazer, podendo ser na política e com familiares.
Justificativa: Alternativa incorreta. A propriedade liberatório não está presente nas atividades ilícitas e na busca por prazer, nem pode ser na política e com familiares.
A característica desinteressado diz respeito à prática de alguma atividade sem finalidade alguma, mas buscando sempre obter lucros, e não proporcionar desenvolvimento.
Justificativa: Alternativa incorreta. A característica desinteressado é uma prática sem finalidade alguma, mas está incorreta porque deve buscar não obter lucros e pode proporcionar desenvolvimento.
Trabalho e lazer na infância e adolescência no século XXI: direito social ou inclusão excludente?
Revista: Motrivivência
Autores: Graziany Penna Dias e Marcelo Silva dos Santos
Ano: 2011
ISSN: 2175-8042
Comentário: A leitura desse artigo tem por intenção atualizar o profissional sobre as problemáticas que envolvem as relações entre trabalho, lazer, infância e adolescência, com base nas mudanças pelas quais os países do capitalismo vêm passando. Fica evidente a necessidade de resgatar, a partir da infância e da adolescência, a visão do ser humano enquanto sujeito coletivo e histórico capaz de produzir e transformar a realidade que o cerca. O artigo ainda aborda reflexões sobre os direitos garantidos na constituição brasileira e fornece subsídios teóricos para as próximas discussões apresentadas ao longo desta unidade.
Nome do livro: Recreação Total
Editora: Fontoura
Autor: Hani Zehdi Amine Awad e Giuliano Gomes de Assis Pimentel
ISBN: 9788583340218
Comentário: O livro é indicado por abordar muitas experiências práticas de sucesso, que servem para exemplificar o conteúdo teórico e fornecer ferramentas para os futuros profissionais. Mas, especificamente, para essa parte da Unidade II, seria interessante explorar o conteúdo do último capítulo desse livro “Promoção de eventos recreativos e de lazer no ensino superior, espaços públicos e comunitários”, que foi escrito por Vera Lúcia da Costa Fernandes. A leitura de quatorze páginas irá enriquecer e estimular práticas profissionais em formação para as atividades de lazer e recreação que visem à participação ativa e consciente de todos os envolvidos nessa prática.
Nome do filme: O fabuloso destino de Amélie Poulain
Gênero: Romance/Comédia
Ano: 2001
Elenco principal: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Robert Gendreu, Clotilde Mollet, Jamel Debbouze, Isabelle Nanty, Rufus e Yolande Moreau.
Comentário: Esse filme tem cenas que demonstram atividades de lazer que contemplam as quatro propriedades: pessoal, hedonístico, liberatório e desinteressado. O filme conta a história de Amélie, uma jovem do interior que se muda para Paris e logo começa a trabalhar em um café. Em um belo dia, ela encontra uma caixinha dentro do seu apartamento e decide procurar o dono. A partir daí, sua perspectiva de vida muda radicalmente.
Nome do filme: Um banho de vida
Gênero: Drama/Comédia
Ano: 2018
Elenco principal: Mathieu Amalric, Guillaume Canet e Benoît Poelvoorde.
Comentário: Esse filme demonstra uma atividade que pode ser considerada como um lazer físico, mas, nessa história, o lazer também é psíquico, espontâneo e, no desenrolar da narrativa, passa a ser até um lazer programado. O personagem principal, aos quarentas anos de idade, sofre de depressão. Depois de uma série de medicamentos que não surtiram efeito, ele começa a frequentar a piscina municipal do seu bairro. O grupo de frequentadores se junta e forma uma equipe de nado sincronizado masculina e decide participar do Campeonato Mundial de Nado Sincronizado, encontrando um novo propósito para sua vida.
Nome do filme: Leisure
Gênero: Curta/Animação
Ano: 1976
Comentário: Esse filme contextualiza a relação do trabalho e do lazer em sua trajetória histórica, antes de se falar em “ócio criativo” e em conexões entre lazer e ócio na sociedade pós-industrial. Esse curta foi premiado, em 1976, antecipando essas discussões que surgiram depois. O filme nos faz recordar algumas divisões da sociedade, concepções sobre o tempo livre e o tempo de lazer planejado. Ao assistir esse filme, esperamos que você retome questões históricas de uma forma mais descontraída e que consiga compreender a situação do lazer na atualidade e suas raízes.