Caro(a) acadêmico(a), nesta unidade, abordaremos a história do lazer e alguns conceitos e termos relevantes, para que você compreenda a área, tornando-se ator de suas atividades de lazer. Nossa intenção é proporcionar um conhecimento científico que favoreça sua formação para o mercado de trabalho e o seu desenvolvimento pessoal.
Nesse contexto, descreveremos as classificações do lazer e apresentaremos o lazer no contexto socioambiental e os direitos humanos envolvidos nessa temática. Por fim, apresentaremos os aspectos relevantes a respeito dos principais consumidores do lazer.
Os aspectos históricos relacionados ao lazer são relevantes para sua prática profissional, caro(a) aluno(a), na democratização do lazer em diferentes contextos e faixas etárias. Cronologicamente, os períodos não são precisos, mas apresentaremos algumas épocas e alguns fatos marcantes na história, bem como as características semelhantes. Nesse contexto, podemos tratar da Pré-história ou da Sociedade Primitiva (por volta de 3500 a 4000 a.C.), da Antiguidade (4.000 a.C. a 476 d.C) e da Idade Média (476 a 1453 d.C.).
As Sociedades Primitivas deixaram sinais de que suas atividades foram inúmeras, prazerosas e criadoras, visto que demonstravam interesse em cerimônias festivas junto ao fogo, em dança, música, enfeites pelo corpo, tecelagem e cerâmica, atividades que acompanham a humanidade desde muito cedo (SENAC, 1998). Essas são algumas atividades demonstradas por vestígios arqueológicos da Idade da Pedra, nas quais não há diferença entre tempo de lazer e tempo de trabalho.
A sociedade traz consigo costumes e hábitos da humanidade, a qual tem diferentes formas de trabalho, religiosidade, assim como diversas maneiras de jogar, brincar e de se divertir (MELO; ALVES JUNIOR, 2003). Essas práticas do cotidiano são indissociáveis e se transformam conforme as mudanças que ocorrem continuamente, devido às ordens política, ambiental, dentre outras.
Em relação ao lazer na Antiguidade, verifica-se o apreço dos egípcios pela música e pela escultura, enquanto os chineses preferiam os jogos, as lutas corporais e a pintura. Os gregos, por sua vez, valorizavam a poesia, a música e o teatro, enquanto os romanos divertiam-se em hipódromos e arenas (SENAC, 1998). Tais atividades acompanharam a história humana com diversas denominações. No surgimento da civilização grego-romana, o termo “lazer” (do latim licere, “ser permitido”) referia-se a algo oposto ao trabalho. Nessa perspectiva, o ideal de cidadão livre era a plena expressão de si mesmo, nos planos físico, artístico e intelectual (CAMARGO, 1998).
Na Grécia Antiga, a valorização da contemplação e o cultivo de valores nobres, como verdade, bondade e beleza, eram vistos como princípio de vida. Além disso, havia uma divisão de classes, pois somente a elite possuía tempo livre para ser destinado à contemplação como uma oportunidade de crescimento espiritual. O trabalho cotidiano era algo que atrapalhava o completo desenvolvimento humano da elite, devendo ser realizado, exclusivamente, pelos escravos (MELO; ALVES JUNIOR, 2003).
No Império Romano, o povo guerreiro utilizava o tempo em que não estava trabalhando para a recuperação e a preparação do corpo e do espírito; compreendia que o homem trabalhador deveria estar a serviço do estado, cujas ações, em tempos de paz, seriam o treinamento e as tarefas militares para os tempos de guerra.
Assim, os intelectuais e artistas eram considerados parasitas e vagabundos, pois desenvolviam a diversão popular, que tinha o objetivo de dominar e controlar a massa (política de “pão e circo”) (SENAC, 1998; CAMARGO, 1998; MELO; ALVES JUNIOR, 2003). Um espaço muito representativo do Império Romano é o Coliseu, local em que muitas pessoas se reuniam para assistir batalhas entre guerreiros.
O cristianismo, no início, condenava o “não fazer nada” e valorizava o trabalho, que não deveria servir para o acúmulo de bens materiais, mas para o sustento do indivíduo. Nessa perspectiva, o tempo livre deveria ser utilizado para as orações (CAMARGO, 1998). Antes do cristianismo, as atividades prazerosas foram substituídas por eventos do calendário religioso (SENAC, 1998).
Na Grécia Antiga e no Império Romano, havia uma divisão entre tempo de trabalho e tempo para o lazer. Em um primeiro momento, valorizava-se o tempo livre (lazer) e desprezava-se o trabalho, entretanto, no Império Romano e no cristianismo, valorizava-se o trabalho.
A segunda vertente do cristianismo surgiu com a Reforma Protestante. Nesse momento, tentava-se conciliar a fé e o capitalismo, o qual considerava o produto do trabalho (riqueza) uma benção divina, enquanto a ausência de trabalho ou de dinheiro representava a falta da sintonia com Deus (CAMARGO, 1998). Além disso, havia restrições quanto aos prazeres da diversão, segundo as crenças religiosas (SENAC, 1998). Em seguida, houve uma mudança em relação ao tempo de não trabalho.
Na Idade Média, para os nobres, o tempo de não trabalho passou a ser considerado um tempo de exibição social, conhecido como ócio. Para a população em geral, no entanto, esse tempo continuava como tempo de descanso e festa, com limites instituídos pela Igreja Católica (MELO; ALVES JUNIOR, 2003).
No fim da Idade Média, os servos libertos abandonaram a vida rural e foram para as cidades, a fim de se dedicarem ao artesanato e ao comércio. Nessa época, surgiu o carnaval, que permitia todos os excessos em prol do divertimento, como uma válvula de escape (CAMARGO, 1998). Ademais, nesse momento, o divertimento dos nobres era responsabilidade do bobo da corte.
Um novo marco na história aconteceu com a implantação do trabalho em fábricas, na Revolução Industrial, no século XVIII. Atrelado à fase inicial do capitalismo, o tempo de vida diário passou a ser delimitado pela jornada de trabalho (MELO; ALVES JUNIOR, 2003). Além do tempo, toda atividade humana passou a ter o trabalho como ponto central. De acordo com Camargo (1998), os preconceitos em relação ao lúdico eram resquícios de concepções de outras épocas.
No Brasil, na época colonial, somente a igreja patrocinou algum tipo de diversão para a sociedade agrária, mas, com a vinda da família real, também vieram os teatros e bailes para a vida urbana brasileira (SENAC, 1998). Além disso, no fim do século XIX, no Brasil, teve início o movimento de reivindicação da redução da jornada de trabalho, devido à industrialização (MELO; ALVES JUNIOR, 2003). Tais acontecimentos contribuíram para o desenvolvimento do lazer no contexto mais moderno.
Esse período foi caracterizado pela exploração e pelas péssimas condições de trabalho; a pobreza, que era notável, e a qualidade de vida ruim fizeram as camadas populares se organizarem na luta por melhores condições. Diante dessa situação, a preocupação passou a ser o controle das camadas populares para um novo modelo de trabalho, para que o sistema que estava sendo implantado se concretizasse (MELO; ALVES JUNIOR, 2003). A supervalorização do trabalho e o controle da diversão dos menos favorecidos foram aspectos importantes para o sistema capitalista e a manutenção dele até o presente momento.
O capitalismo tem sido muito criticado por estudiosos do lazer, principalmente por considerar o lazer subordinado a esse sistema. Esses estudiosos criticam, de diferentes formas, o sistema capitalista, porque ele afirma que as atividades de lazer só têm sentido se forem para restaurar a energia para o trabalho. Além disso, há a propagação de que o lazer pode ser vivenciado apenas quando há recurso financeiro suficiente para realizar viagens, passeios em parques temáticos, frequentar hotéis, cinemas e teatros. Também, um dos aspectos criticados é o fato de as organizações públicas promoverem atividades ditas de lazer, com a exclusiva intenção de controlar o divertimento de populares, para manutenção da ordem e imposição de valores, não se preocupando com o desenvolvimento da humanidade (MELO; ALVES JUNIOR, 2003, ANDRADE, 2001; CAMARGO, 1998).
Você pode estar pensando, caro(a) aluno(a), que tudo o que aconteceu no passado foi ruim, mas a intenção é demonstrar uma breve parte da história do lazer e o que foi bom em períodos anteriores, para que você utilize esse conhecimento para não cometer os mesmos erros. Muitos aspectos foram essenciais para a trajetória do lazer, como as festividades, um dos pontos positivos da Sociedade Primitiva. Na Antiguidade, podemos mencionar a valorização da contemplação e da música e, no Império Romano, a diversão das camadas populares, que passou a ser uma preocupação do estado (MELO; ALVES JUNIOR, 2003).
Outro aspecto que podemos considerar positivo foi o vínculo das pessoas com a sociabilidade herdada do cristianismo, resultante da obrigatoriedade de se frequentar cultos comunitários (ANDRADE, 2001). A Idade Média, por sua vez, teve fundamental importância no desenvolvimento de habilidades voltadas ao artesanato e à valorização do momento de não trabalho (CAMARGO, 1998). Por fim, mesmo o tão criticado capitalismo tem sua relevância no desenvolvimento do lazer, visto que houve um aumento nos tipos de atividades de lazer, junto da lucratividade de investidores nesse campo.
As críticas e os aspectos positivos são estritamente relacionados à concepção do que é o lazer. Nesse sentido, no próximo tópico, apresentaremos algumas definições de lazer, de acordo com as reflexões apresentadas neste tópico. Além disso, abordaremos conceitos e significados de alguns termos utilizados na área, como o tempo livre, o tempo de trabalho e o ócio.
A Idade Média teve fundamental relevância no desenvolvimento de habilidades voltadas ao artesanato e à valorização do momento de não trabalho, importantes para o lazer. Isso porque, no fim da Idade Média, os servos libertos abandonaram a vida rural e foram para as cidades se dedicar ao artesanato e o comércio (CAMARGO, 1998). Nesse contexto, em que épocas e/ou sistemas houve a valorização do trabalho?
Na Idade Média e no Império Romano.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois a Idade Média valorizava o momento de não trabalho; o ócio era destinado aos nobres. O Império Romano valorizava o trabalho, enquanto os intelectuais e artistas eram considerados parasitas e vagabundos.
No Império Romano e no sistema capitalista.
Justificativa correta: O Império Romano e o capitalismo valorizaram o momento de trabalho. O Império Romano valorizava o trabalho, mas considerava intelectuais e artistas parasitas e vagabundos.
Na Grécia Antiga e no Império Romano.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois a Grécia Antiga não valorizava o momento de trabalho e o lazer era sinônimo de nobreza. O Império Romano valoriza o trabalho, enquanto os intelectuais e artistas eram considerados parasitas e vagabundos.
Na Grécia Antiga e na Idade Média.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois a Grécia Antiga não valorizava o momento de trabalho e o lazer era sinônimo de nobreza. O Império Romano valoriza o trabalho, enquanto os intelectuais e artistas eram considerados parasitas e vagabundos.
Na Idade Média e no sistema capitalista.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois a Idade Média não valorizava o momento de trabalho e o lazer era sinônimo de nobreza, sendo mais valorizado do que o trabalho. Somente o capitalismo valoriza o momento de trabalho.
As reflexões realizadas neste tópico têm o objetivo de definir lazer, segundo alguns autores renomados, e esclarecer os significados dos termos fundamentais para a construção do lazer e de seus conceitos. Por isso, definimos o lazer de acordo com Dumazedier (1976), para quem o lazer “é um conjunto de ocupações livremente escolhidas após o trabalho e as obrigações”.
Na etimologia da palavra lazer (licere), a característica de liberdade já está implícita (CAMARGO, 1998), mas o importante é a percepção de quem vivencia o momento de lazer. Conforme expõem Cavallari e Zacharias (2001), o lazer é um estado de espírito em que uma pessoa se encontra, instintivamente, dentro do seu tempo livre, em busca do lúdico, que é a diversão, a alegria, o entretenimento. Ainda, para Requixa (1980, p. 35), “o lazer é uma ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social”.
Essa última definição reforça a característica da liberdade de escolha e aponta a importância do desenvolvimento. Por sua vez, Marcellino (1990, p. 31) vai além dessas definições, ao inserir cultura e fluidez em seu conceito, visto que, para esse autor, “lazer é como a cultura, compreendida no seu sentido mais amplo, vivenciada (praticada ou fruída) no tempo disponível”.
Todas essas definições são clássicas e relevantes para área; podem ser complementares, mas nunca dispensáveis. Ademais, Mascarenhas (2005) e os autores supracitados acreditam que o lazer é um fenômeno moderno que teve origem nas sociedades urbano-industrial. Outros estudiosos, no entanto, acreditam que o lazer sempre existiu nas sociedades mais antigas.
O lazer é um fenômeno social que faz parte de uma longa e intensa cadeia de processos sociais, que foram se constituindo no decorrer da história da humanidade. Algumas características do lazer permaneceram ao longo do tempo, enquanto outras desapareceram, transformaram-se ou se adaptaram, devido às modificações sociais (REIS; CAVICHIOLLI; STAREPRAVO, 2009).
Dentre os conceitos importantes para se compreender o lazer, devemos esclarecer a concepção de tempo descrita por estudiosos do lazer. Dumazedier (1975) classificou o tempo em: ocioso, desocupado, liberado e livre. O tempo ocioso é a ausência de trabalho por opção própria; há o tempo desocupado quando estamos desempregados; o tempo liberado ocorre quando podemos trabalhar menos, mas produzindo mais e melhor; o tempo livre refere-se ao tempo liberado de qualquer obrigação religiosa, familiar ou doméstica (LARIZZATTI, 2014).
Para Cavallari e Zacharias (2001), o tempo total de uma pessoa é caracterizado por todo o seu tempo, e pode ser subdividido em três partes, que não precisam ter a mesma duração, mas que dependem das prioridades do indivíduo. Essas partes são: tempo de trabalho, caracterizado como obrigação, compromisso e responsabilidade e que envolve retorno financeiro; tempo de necessidades básicas vitais, representado pelo tempo destinado aos hábitos de higiene, alimentação, sono e necessidades fisiológicas; tempo livre, que corresponde ao
[...] que sobra em termos de tempo em relação às outras subdivisões, ou seja é o tempo total de uma pessoa diminuído daí o tempo de trabalho e o tempo de necessidades básicas vitais. É no tempo livre que as pessoas têm seu tempo de lazer (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2011, p. 13-14).
Por seu turno, Waichman (1997) afirma que o tempo livre é algo que existe totalmente fora do trabalho e de outras obrigações. Nesse contexto, caro(a) estudante, é interessante que você saiba diferenciar tempo livre e ócio, pois esse último pode ser uma opção de lazer. O ócio é o “não fazer nada” de forma lúdica, positiva e opcional. Ao contrário da ociosidade, que é algo negativo e que ocorre quando a pessoa não faz algo por ser impedido, e não por opção, visto que gostaria de estar fazendo alguma coisa (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2001).
Não é simples conceituar o ócio, o qual implica diversas interpretações, considerando-se moral, religião, economia e outros âmbitos da humanidade. Alguns autores afirmam que o ócio é a relação entre o sujeito e a atividade, a qual pode ser realizada no tempo livre, facilitando a compreensão de que os termos são diferentes (WAICHMAN, 1997).
Nessa perspectiva, Waichman (1997) apresenta as três funções do ócio segundo Dumazedier. Essas funções são:
Ambas as funções devem coexistir, mesmo sendo interdependentes. Essas funções também são denominadas 3-D, devido às iniciais das palavras utilizadas por Larizzatti (2014).
A conquista do tempo livre iniciou com as reivindicações da redução da jornada de trabalho, defendida por educadores que acreditavam que a pessoa com mais tempo livre teria interesse pelos estudos. Os religiosos, por sua vez, acreditavam que haveria mais fiéis dedicados à religião e os reformadores políticos acreditavam que esse tempo faria com que houvesse mais militantes sindicais e políticos (CAMARGO, 1998).
Como a ciência contribuiu para a manutenção do tempo livre após as conquistas dos movimentos sociais? A evolução das ciências do trabalho (engenharias, administração e outras) determinou que, para o homem produzir mais, deveria trabalhar cada vez menos. No sistema capitalista, esse parece ter sido o aspecto mais relevante para manter o tempo livre da classe trabalhadora (CAMARGO, 1998).
Os direitos conquistados, algumas influências e alguns autores serão discutidos no próximo tópico desta unidade, devido à importância e aos vários aspectos impregnados nessa temática que, nos dias atuais, faz parte do interesse da população trabalhadora brasileira.
Consoante à ideia de que o lazer deve ser de livre escolha, cada pessoa realiza seu lazer conforme suas próprias características e seus próprios anseios. Nesse sentido, com uma função didática, apresentamos a classificação do lazer proposta por Joffre Dumazedier, que descreve cinco interesses: físico, artístico, manual, intelectual e social (LARIZZATTI, 2014). Para Camargo (1998), o interesse turístico deveria ser incorporado nessa classificação.
Muitas pessoas têm o interesse físico, por meio da prática de esporte, sendo a manifestação cultural mais procurada. É importante, porém, que o profissional do lazer esteja comprometido em oferecer uma variedade de atividades para atender aos anseios das pessoas e que desenvolva pensamentos críticos, a fim de demonstrar os sentidos e significados dessa prática na ordem social (MELO; ALVES JUNIOR, 2003).
Os interesses manuais podem ser vivenciados por meio do manuseio, da exploração e da transformação de diferentes matérias-primas, como madeira, metais, dentre outras. Os interesses intelectuais, por sua vez, caracterizam-se pela busca de conhecimento e do aprendizado de coisas novas, adquirindo-se informações em jornais, pesquisas na internet, visitas em museus e exposições (LARIZZATTI, 2014).
Os interesses artísticos estão em centros culturais, como bibliotecas e cinemas, mas também em espaços não convencionais. A arte na cultura popular pode estar nas tradições folclóricas, em diferentes formas de linguagens e, ainda, na contemplação do belo para estimular a ampliação dos limites (MELO; ALVES JUNIOR, 2003).
Os interesses sociais têm o caráter de relacionamento entre pessoas, visto que há atividades desenvolvidas em grupo, família, associações, sindicatos e em igrejas, para que seja possível conhecer novas pessoas e criar novos vínculos (LARIZZATTI, 2014).
Para Camargo (1998), há, ainda, o interesse turístico, que deve ultrapassar o que a indústria turística oferece, quando promove viagens com grupos fechados, sem contato com as sociedades visitadas. Esse interesse deve pretender a integração do turista com as comunidades, o que pode ser denominado turismo sociocultural.
De acordo com Waichman (1997), o lazer pode ser classificado em funcional e contrafuncional.
O lazer funcional é a superação da contrafuncionalidade, pois pode nos proporcionar formas de entender a realidade, enquanto cidadãos cultural e politicamente organizados em sociedade. Esse tipo de lazer busca promover os seres humanos, para a criação de algo para nós mesmos, de forma plena e consciente. Por sua vez, o lazer contrafuncional é libertinagem, alienação, contrafunção, redutor de conflitos, apaziguador, reequilibrador e necessidade de se libertar do tédio (WAICHMAN, 1997). É interessante para os indivíduos a prática do lazer funcional, a qual não deve, necessariamente, ser melhor do que a do contrafuncional, pois isso depende da pessoa que realiza o lazer. Assim, o mais importante é estar ciente do tipo de lazer praticado.
A realização do lazer em sua plenitude deve ser um anseio da humanidade. Diante de tantas possibilidades, no próximo tópico, apresentaremos o lazer no contexto socioambiental e dos direitos humanos. Não serão discutidos aspectos da lei, mas serão apresentadas reflexões a respeito da relação das leis com o lazer.
Na tentativa de conceituar o tempo livre e o ócio, Waichman (1997) apresenta as três funções do ócio, segundo Dumazedier. Quais são essas funções?
Descanso, diversão e entretenimento.
Justificativa: Alternativa incorreta, porque entretenimento não é a palavra que dá sentido para Dumazedier apresentar as três funções do ócio. Para Dumazedier, o descanso, a diversão e o desenvolvimento são as três funções do ócio.
Descanso, diversão e desenvolvimento.
Justificativa correta: De acordo com Dumazedier, o descanso, a diversão e o desenvolvimento são as três palavras que dão sentido às funções do ócio:
Diversão, recreação, repouso.
Justificativa: Alternativa incorreta, porque recreação e repouso não são palavras que dão sentido às funções do ócio, segundo Dumazedier. Para esse autor, o descanso, a diversão e o desenvolvimento são as três funções do ócio.
Diversão, descanso e distinção.
Justificativa: Alternativa incorreta, porque distinção não é uma função do ócio. Essa palavra não faz sentido para Dumazedier apresentar as três funções do ócio, que, para ele, são: descanso, diversão e desenvolvimento.
Descanso, recreação e distinção.
Justificativa: Alternativa incorreta, porque recreação e distinção não são palavras que dão sentido para as três funções do ócio, segundo Dumazedier. Para ele, descanso, diversão e desenvolvimento são as três funções do ócio.
Neste tópico, apresentaremos reflexões acerca dos direitos humanos atrelados ao lazer e ao contexto socioambiental. Apesar de sabermos que o direito ao lazer está previsto, como direito fundamental e social, no art. 6 da Constituição Federal de 1988, não faremos um discurso no âmbito do Direito.
“O Estado brasileiro caracteriza-se como Estado socioambiental e democrático de direito. Nesse modelo estatal, busca-se conciliar as agendas social e ambiental, de forma a assegurar, com a máxima efetividade possível, os direitos fundamentais” (CARDOSO, 2011, p. 29).
Nosso enfoque é tratar o lazer no Brasil e as relações dele com os direitos humanos e o contexto socioambiental. Assim, partiremos da industrialização e da mudança dos trabalhadores do campo para as cidades.
No Brasil, começou a legislar, na virada do século XIX para o XX, “algum direito social para crianças e adolescentes, com o intuito de promover a estabilidade social que permitisse o capitalismo avançar. Como exemplo disto, podemos citar o Decreto de 1.313/1891, que regulamenta o trabalho dos menores nas fábricas da capital federal” (DIAS; SANTOS, 2011, p. 298).
A classe trabalhadora sofreu inúmeras injustiças, mas elas foram pilares para fazer as pessoas à margem da sociedade se organizarem para reivindicar seus direitos (PIMENTEL, 2003). Camargo (1998) descreve o processo de conquista, afirmando que, primeiro, lutou-se pela jornada de 8 horas de trabalho, a qual fez surgir um tempo diário de lazer. Depois, com a jornada semanal de 40 horas, surgiu o repouso semanal remunerado e o direito à pausa anual, ou seja, às férias. Por último, houve o estabelecimento do direito à aposentadoria na velhice.
Essas reivindicações tiveram o apoio dos setores esclarecidos da sociedade, que se decepcionaram com o desenrolar dessas reivindicações, pois o tempo livre passou a ser utilizado, quase 100%, para o entretenimento e a diversão (CAMARGO, 1998). Outros aspectos mais atuais contribuem para o distanciamento da classe trabalhadora do lazer, como o tempo gasto com o deslocamento até o trabalho, os baixos salários, o tipo de trabalho (intenso, exaustivo, sentado, etc.) e a manutenção das tarefas de limpeza da casa, consertos ou ampliação de cômodos (LARIZZATTI, 2014).
O lazer sempre fez parte das lutas de movimentos sociais, como a Pastoral da Criança e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (PIMENTEL, 2003). Muitas mudanças foram positivas para o lazer, como o fato de o tempo livre ser igual ou maior do que o tempo de trabalho, mas essas conquistas estão longe de representar uma civilização do lazer, em que as pessoas saibam se ocupar com atividades que, efetivamente, proporcionem divertimento e contribuam para o desenvolvimento pessoal (CAMARGO, 1998).
Conforme expõe Pimentel (2003), o tempo livre, como consequência da redução da jornada de trabalho, já era uma preocupação de Marx, para que os trabalhadores tivessem uma vida emancipatória. No Brasil e em outros países, porém, há um agravante, pois o indivíduo aumenta a carga de trabalho, fazendo “bicos” em outros empregos após o expediente normal, para ter uma renda maior ou, simplesmente, para suprir as necessidades da família (LARIZZATTI, 2014). Diante de todo o tempo dedicado ao trabalho e às demais atividades, para que seja possível manter uma renda suficiente para a sobrevivência familiar, parece que quase não sobra tempo livre.
Nesse contexto, é preciso instrumentalizar os estudantes quanto à democratização do lazer, por meio de experiências que possam favorecer a conscientização política, ambiental e social desses indivíduos. As dificuldades apresentadas são informações que podem fazer os futuros profissionais aprenderem o que não devem fazer.
Ademais, em relação ao lazer no contexto socioambiental, de acordo com os Censos, desde a década de 1970, o processo de urbanização mostra a concentração da população nas grandes áreas urbanas. O uso excessivo do solo urbano implica problemas para o meio ambiente. Além disso, há o aumento do tempo de deslocamento para o trabalho, visto que a maioria das pessoas não tem condições de morar perto do trabalho (LARIZZATTI, 2014).
A fim de atender às necessidades do lazer no contexto socioambiental, Camargo (1998) sugere que as virtudes do contato social podem se realizar intensamente no turismo. As pessoas podem participar dos locais que visitam, relacionando-se com os moradores e vivenciando a natureza local, mediante os passeios, o consumo de alimentos típicos e os hábitos de preservação do patrimônio local.
Há muitos desafios, mas a intervenção profissional nesse contexto deve ser a de educar para o lazer, seja nas relações sociais, seja nas ambientais, para que, no futuro, as novas gerações possam desfrutar do lazer no contexto socioambiental. Na esperança de superar os desafios, o SESC, o SENAI, o SENAC e outras notáveis agremiações sindicais, culturais e artísticas estimulam, mantêm e fazem a gestão de programas de educação completa e complementar, promovendo atividades sociais, culturais e de lazer (ANDRADE, 2001). Diante dessa afirmação, caro(a) estudante, você pode estar se questionando: quem são os principais consumidores do lazer? Essa pergunta será respondida no último tópico desta unidade.
Segundo Andrade (2001), há diferenças universais na diversificação das faixas etárias. Nesse contexto, responda: qual é a faixa etária em que a fantasia faz parte das preferências em atividades de lazer?
Adolescentes e adultos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os adolescentes e os adultos que priorizam a fantasia em atividades de lazer. Ademais, crianças e pré-adolescentes dedicam-se, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Infância e pré-adolescência.
Justificativa correta: As crianças e os pré-adolescentes dedicam-se, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Adolescentes e idosos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os adolescentes e os idosos que preferem a fantasia em atividades de lazer. As crianças e os pré-adolescentes se dedicam, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Idosos e adultos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os idosos e os adultos que preferem a fantasia em atividades de lazer. As crianças e os pré-adolescentes se dedicam, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Bebês e adultos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os bebês e os adultos que preferem a fantasia em atividades de lazer. As crianças e os pré-adolescentes se dedicam, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Antes de apresentarmos as reflexões a respeito dos principais consumidores do lazer, uma situação deve ser analisada. O excesso de estímulos, de interesse exclusivamente comercial, ocorre para que a sociedade consuma o lazer (ANDRADE, 2001). Nesse contexto, espera-se que o Estado mantenha áreas de lazer para todos os habitantes e visitantes de uma localidade, e não apenas nas cidades dedicadas, essencialmente, ao turismo e ao lazer e que têm sua economia baseada nesse ramo (SENAC, 1998).
A discussão não se baseia em lazer público ou privado, mas o lazer mercadológico é criticado, porque muitas organizações, que prestam serviço de lazer e para o lazer, não atendem às necessidades individuais e dos grupos que procuram pela natureza e, nela, redescobrir-se, de forma simples e espontânea (ANDRADE, 2001). Devido à pluralidade relacionada à escolha do lazer, não é simples compreender a motivação para determinado tipo de lazer, mas é possível direcionar tendências e preferências, conforme as faixas etárias. Ainda em relação às escolhas, Andrade (2001) afirma que
as opções individuais por tipos, formas e modos de lazer procedem de motivações e convivências internas e externas, que dependem da formação de cada indivíduo, e variam de acordo com suas habilidades, idéias a respeito da vida e seus conceitos de tempo de trabalho e de tempo livre, de diversão (ANDRADE, 2001, p. 128).
Também podemos citar os fatores que mais influenciam as opções de lazer, os quais foram constatados por Andrade (2001); são eles:
O lazer tornou-se uma grande fonte a ser explorada pela indústria do entretenimento, e essa
“perspectiva avança para formas mais tangíveis de práticas de lazer. Os avanços tecnológicos têm transferido as relações humanas para o isolamento na multidão[...]. Se, por um lado, as tecnologias, como a internet, impõem contatos nunca considerados possíveis entre as pessoas separadas geograficamente [...], por outro, têm trazido novas sociabilidades que deslocam o contato humano para o contato estabelecido pela tela” (DIAS; SANTOS, 2011, p. 295).
Acesse o material completo dos autores citados acima em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2011v23n36p291/19655>.
Segundo Andrade (2001), há diferenças universais na diversificação das faixas etárias. As crianças e os pré-adolescentes se dedicam, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e autonomia para falar, gritar e correr, sem preocuparem-se com limites convencionais. Essa faixa etária precisa de locais espaçosos, de novos recursos e da fantasia. De acordo com Cavallari e Zacharias (2001), qualquer atividade pode ser adaptada a qualquer faixa etária, mas é preciso conhecer a atividade e os sujeitos que irão vivenciá-la.
Os adolescentes e os jovens fazem questão de escolher seus tipos preferidos de lazer, visto que têm sono profundo e demorado em plena luz do dia e valorizam as atividades para as quais são convidados (ANDRADE, 2001). Os aspectos psicomotores, afetivo-sociais, psicológicos e cognitivos devem ser considerados na oferta do lazer, a fim de promover algo adequado para as necessidades de cada pessoa (LARIZZATTI, 2014). Esses aspectos não são importantes, exclusivamente, para adolescentes e jovens, mas para todas as pessoas, independente de faixa etária.
Os adultos, por sua vez, aceitam derrotas e vitórias, o sexo oposto na atividade, preferem atividades em grupo e têm medo do ridículo (CAVALLARI, ZACHARIAS, 2001). Essa faixa etária tende a buscar o lazer em função de modelos sugeridos por outras pessoas; é bastante sistemática em seus modos de repouso e foge das pressões (ANDRADE, 2001). Tais conhecimentos podem ajudá-lo, caro(a) aluno(a), a elaborar atividades de lazer que satisfaçam às necessidades dos adultos.
Os adultos na terceira idade, em geral, apresentam algumas ou várias limitações orgânicas e gostam de realizar o lazer de um jeito próprio (ANDRADE, 2001). No Brasil, em 2050, espera-se 30% da população seja de idosos e 15% de jovens. Esses idosos podem sofrer a perda da autonomia social ou financeira e, principalmente, pode haver insegurança quanto à realização de qualquer atividade do cotidiano ou de lazer (LARIZZATTI, 2014). Nesse contexto, as atividades devem proporcionar prazer, satisfação e alegria aos idosos, e respeitar as capacidades motoras e psicológicas dessa população.
Segundo Andrade (2001), para a escolha de determinado lazer, há aspectos que motivam as pessoas de forma unificada, sem considerar as características específicas e a relevância das atividades; esses aspectos são: liberdade, paz de espírito, companhia agradável, ausência de problemas, situações novas, amor, poder aquisitivo, etc.
Por fim, é importante ressaltar que descrevemos de forma breve cada faixa etária. Desse modo, para o profissional ter ciência acerca da população que atenderá, deve conhecer mais sobre as características, as preferências e os cuidados específicos relacionados a cada população.
Segundo Andrade (2001), há diferenças universais na diversificação das faixas etárias. Nesse contexto, responda: qual é a faixa etária em que a fantasia faz parte das preferências em atividades de lazer?
Adolescentes e adultos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os adolescentes e os adultos que priorizam a fantasia em atividades de lazer. Ademais, crianças e pré-adolescentes dedicam-se, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Infância e pré-adolescência.
Justificativa correta: As crianças e os pré-adolescentes dedicam-se, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Adolescentes e idosos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os adolescentes e os idosos que preferem a fantasia em atividades de lazer. As crianças e os pré-adolescentes se dedicam, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Idosos e adultos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os idosos e os adultos que preferem a fantasia em atividades de lazer. As crianças e os pré-adolescentes se dedicam, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Bebês e adultos.
Justificativa: Alternativa incorreta, pois não são os bebês e os adultos que preferem a fantasia em atividades de lazer. As crianças e os pré-adolescentes se dedicam, com entusiasmo, a todo tipo de atividade que envolve movimento e fantasia.
Nome do livro: O direito à preguiça
Editora: eBooksBrasil
Autor: Paul Lafargue
ISBN: 85-88386-08-9
Comentário: Esse livro foi publicado em Paris, em 1880, e foi reconhecido como uma crítica ao regime capitalista. Paul Lafargue, autor da obra, tornou-se um dos primeiros marxistas, pois tinha proximidade suficiente com Karl Marx para compreender seus ideais, apesar do exílio de Marx na Inglaterra. Essa leitura deve ter a finalidade de compreender o contexto histórico e político de uma parte da história que é discutida, até hoje, por estudiosos do lazer.