Vivemos em um período da história marcado por muitas transformações que ocorrem em uma velocidade impressionante. Todas essas mudanças têm impactado fortemente nas diferentes áreas de convívio humano, em especial no âmbito educacional. A escola contemporânea, como instituição, tem vivido momentos de verdadeiro caos: alunos que agridem professores; professores que agridem alunos; pais descomprometidos com os filhos; professores descomprometidos com os alunos; crianças que não querem aprender; educadores que não querem ensinar, enfim, uma realidade lamentável. Desse modo, torna-se urgente que a escola busque compreender o novo modelo de aluno contemporâneo, as variáveis que influenciam as inúmeras formas de ser criança e, a partir de então, crie estratégias eficazes que possibilitem o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno. Hoje, mais do que nunca, é preciso que a escola se transforme em um ambiente inovador, motivador, que valorize a diversidade humana e a realidade do aluno e que, acima de tudo, priorize o processo de ensino e aprendizagem de todos, indiscriminadamente.
Já vimos em nossa disciplina algumas das teorias que explicam como ocorre o desenvolvimento humano, não é mesmo? Destacamos as teorias de Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e Erik Erikson, que consideram que o desenvolvimento é caracterizado por fases, as quais estabelecem relação entre a idade cronológica e o processo de desenvolvimento do sujeito. Atualmente, essa forma de pensar o desenvolvimento infantil vem sofrendo críticas de alguns autores, por estabelecer uma concepção de desenvolvimento linear, homogênea e cumulativa, como se a trajetória da criança pudesse ser explicada de forma universal. Esses autores consideram que essa visão acaba por minimizar o impacto das diferenças entre as crianças a partir da sua realidade histórica e social.
Na tentativa de romper com essa temporalidade pressuposta por algumas teorias, a Psicologia do Desenvolvimento Humano contemporânea tem se preocupado em produzir novas formas de se pensar a infância. Ela tem buscado destacar a importância de se refletir sobre o significado atribuído à infância no decorrer da história. A concepção do conceito infância vem se modificando ao longo dos anos, a partir de seu contexto social e cultural. Desse modo, para se compreender melhor a relação estabelecida entre sociedade, adulto e criança, faz-se necessário conhecermos esses diferentes conceitos.
Cada época estabelece uma forma de compreender a criança e, consequentemente, produz modelos na sua forma de se relacionar, que interferem no processo de constituição infantil. Ou seja, a partir do conceito que se forma sobre a infância, vão se estabelecendo como as crianças devem ser, o que devem fazer, interferindo diretamente em seus comportamentos e modelando formas de ser e agir, de acordo com o entendimento de sua época.
Por exemplo, durante a Idade Média e em períodos remotos, o índice de mortalidade infantil era alto e influenciava na relação entre adultos e crianças. Por isso, era muito comum o desapego à criança. Dos séculos XIV até o XVIII, a expectativa de vida era de aproximadamente até 14 anos de idade e a metade das crianças morria antes dos 7. Isso contribuía para que as crianças tivessem pouco valor, quase como os animais e, por isso, eram aproveitadas apenas como mão de obra, pelo período em que vivessem (RAMOS, 2002).
O infanticídio (assassinato de crianças) era uma prática cotidiana. Vários eram os motivos para determinar aquelas que deveriam morrer. Por exemplo: algumas eram mortas porque haviam nascido com deficiência, outras por chorar demais, ou por serem do sexo feminino (o que as tornavam muito frágeis), pelo interesse da viúva em casar-se novamente, entre outros. Essa realidade nos faz pensar sobre como o ser humano é reflexo de seu contexto cultural e histórico. Se analisarmos a atitude das pessoas nesse período a partir de nossos valores morais de hoje, tenderemos a nos revoltar e/ou acreditar que aquelas pessoas poderiam ter algum tipo de transtorno mental, não é mesmo? No entanto, essa era uma prática comum da época e, portanto, considerada pelas pessoas daquele contexto com algo normal. Assim, podemos refletir que é impossível entender o ser humano, descontextualizando-o de sua realidade social, cultural e histórica.
Do ano de 1549 em diante, ocorreram muitas transformações no conceito sobre a infância. Foi nesse ano que chegaram ao Brasil os Jesuítas (religiosos vindos de Portugal), que pretendiam evangelizar o povo brasileiro. Uma das primeiras iniciativas dos padres era catequizar as crianças a partir dos dogmas da Igreja. Afinal, seriam eles os futuros propagadores da doutrina cristã. Para isso, foram criados os colégios, que objetivavam disseminar esses valores e, com isso, o conceito de infância foi ressignificado, como resposta das mudanças nas relações entre grupo e sujeito, o que possibilitou novas formas de afetividade. A expectativa dos religiosos da época era de que as crianças constituíssem uma nova cristandade:
[...] Para o padre Nóbrega, os moços, ‘bem doutrinados e acostumados na virtude’, seriam ‘firmes e constantes’. Ocorreria, assim, algo que poderíamos chamar de ‘substituição de gerações’: os meninos, ensinados na doutrina, em bons costumes, sabendo falar, ler e escrever em português terminariam ‘sucedendo a seus pais’ (CHAMBOULEYRON, 2002, p. 59-60).
Assim, a Igreja teve forte influência nas mudanças ocorridas no conceito de infância ao longo dos séculos. As maneiras pelas quais ela disciplinava as crianças eram impondo leis, castigos etc. A doutrinação era árdua, sendo que o prazer era completamente criticado e o sofrimento entendido como forma de alcançar a purificação do corpo. A aprendizagem religiosa passou a interferir na relação entre crianças e adultos, levando a uma forma de afeto condicionado entre eles (MULLER, 2001).
Após a chegada dos europeus no país, ao longo dos séculos, as diversidades culturais foram se mesclando de muitas maneiras, criando a cultura brasileira. Porém, as diversidades sociais, especialmente a de crianças ricas e escravas determinavam vários aspectos das infâncias coloniais, que acabavam por definir seus lugares sociais.
Existia uma relação de poder perceptível nos próprios nomes pelos quais eram chamados. As crianças brancas eram o sinhozinho e a sinhazinha, diminutivos de senhor e senhora. Eram os pequenos senhores, os filhos do patrão. Os escravos adultos e crianças assim os chamavam. O mesmo não ocorria com negros e índios: os pequenos escravos negros eram chamados moleques e os indígenas, curumins, por todas as crianças e adultos que os rodeavam. E seus nomes tinham origem na procedência étnica e não na condição social (MULLER, 2001, p. 20-21).
Os moleques (meninos escravos) valiam por sua mão de obra, em especial quando cresciam. Já as meninas escravas eram consideradas ventres reprodutores de novos trabalhadores, ou seja, tinham seu valor apenas por representar mais mão de obra e, consequentemente, mais lucro aos senhores. Afinal, as crianças escravas não tinham acesso à escola e começavam a trabalhar desde os 7 e 8 anos.
Vale lembrar que, mesmo após a Constituição do Império entrar em vigor, no ano de 1824, criando o conceito de igualdade e liberdade, mais da metade da população brasileira continuou sendo escrava. A Constituição não garantiu às crianças seus direitos constitucionais. Assim, a concepção de infância sofreu transformações radicais após a chegada da Corte no país, as imposições do que era certo e errado na perspectiva do colonizador foram se incorporando aos hábitos e costumes brasileiros e as diversidades sociais foram se potencializando cada vez mais.
Dessa forma, para pensar sobre o processo de desenvolvimento da criança na contemporaneidade, é importante refletir sobre os significados da infância e como as crianças se relacionam hoje com o mundo. Alguns autores discutem sobre os novos desafios impostos ao desenvolvimento da criança na atualidade, pois alegam que, diferentemente do que acontecia em outras épocas, em que a criança estava misturada com os adultos em diversas situações como trabalho, passeios etc., hoje crianças e adultos não se misturam. Isso cria uma tendência de separar o mundo próprio de adultos e o mundo próprio das crianças. Um efeito disso é o distanciamento entre eles, diminuindo a participação da criança na vida dos adultos e iniciando um processo de isolamento de ambas as partes.
Um outro desafio contemporâneo é o aumento acelerado da evolução tecnológica, que potencializa esse distanciamento entre adulto e criança, exigindo novas atitudes e posturas, como, por exemplo, a criança de classe média e alta, que desde muito cedo, já possui uma agenda lotada, acumulando em seu currículo, além das obrigações escolares, cursos de inglês, informática, música etc. A pressa e a ansiedade dos adultos acabam repercutindo na vida das crianças, levando-as a terem mais compromissos e obrigações, comprometendo, inclusive, seu tempo para brincar.
Estudante, ao pensarmos sobre a infância contemporânea, nos deparamos não apenas com um, mas com inúmeros significados. Nosso país tem uma pluralidade de contextos sociais, culturais e econômicos que retratam diversas formas de ser criança. O documentário “Pro Dia Nascer Feliz”, gravado em 2005, mostra um pouco da realidade de nosso sistema educacional brasileiro.
Nele, vários alunos e professores foram ouvidos, desde os da luxuosa escola privada do estado de São Paulo, onde jovens relatam o sofrimento e a ansiedade vividos por eles devido à sobrecarga de responsabilidades para além da escola, até a precária escola pública no sertão do Nordeste, onde jovens precisam andar vários quilômetros a pé até chegarem à escola. Fique por dentro acessando o link disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nvsbb6XHu_I. Acesso em: 13 jul. 2020.
Essa realidade pode gerar novos tipos de violência, influenciados pelas novas tecnologias, e impactar diretamente a relação da criança com o adulto e o desenvolvimento infantil e com a sociedade de forma geral. Ultimamente, a televisão e o computador têm se tornando as babás da criança, que possui pais ausentes em função do trabalho e que muitas vezes substitui o afeto por objetos inanimados. Vale lembrar que:
as crianças nascem com curiosidade, o que as motiva a conhecer o que as rodeia, a sintonizarem-se com a beleza da realidade, a procurar sentido (motivação interna ou transcendente). Quando a criança está sobre-estimulada pelas telas, essa curiosidade apaga-se pouco a pouco. A fonte externa de motivação (externa) substitui a sua curiosidade e pode, inclusive, criar comportamentos de dependência ou de vício na criança (L’ECUYER, 2019, p. 167).
Além disso, a ausência do outro pode desencadear na criança uma postura individualista, um sentimento de solidão ou, ainda, uma tendência a querer mandar nos próprios pais, rompendo, assim, o contato afetivo e o diálogo entre eles.
Um outro ponto importante a ser considerado são as diferentes infâncias constituídas a partir das diversas condições em que as crianças são criadas, por exemplo: abrigos, orfanatos, lares violentos ou de pais separados, com tios ou avós, em duplos lares de guarda compartilhada etc. A diversidade nos relacionamentos familiares e sociais faz com que o jovem interaja com diversos grupos distintos, que, por sua vez, também influenciam em seu processo de desenvolvimento.
Precisamos analisar, ainda, a forma como vivem essas crianças, as suas condições socioeconômicas e culturais. Ao olharmos ao nosso redor, nos deparamos com várias realidades infantis, desde a de crianças que nascem em lares com boas condições de vida até as que moram em favelas e passam frio e fome; desde as que são bem tratadas até as que sofrem vários tipos de agressão. Ou seja, são múltiplas as realidades infantis e não podemos considerar que há uma única infância. São várias infâncias que precisam ser consideradas de modo particular e crítico. Sendo assim, profissionais que trabalham diretamente com a infância não podem ficar alheios a todas essas variáveis que envolvem o ser criança hoje em dia e devem considerar as particularidades de cada sujeito de forma individual.
Na tentativa de romper com a temporalidade pressuposta em algumas abordagens teóricas, a Psicologia do Desenvolvimento Humano contemporânea tem se preocupado em produzir novas formas de pensar, ser e agir sobre a infância. Nesse sentido, assinale a alternativa que corresponde à ênfase que a Psicologia do Desenvolvimento Humano tem buscado dar à infância hoje em dia.
Que a infância se trata de uma fase difícil.
Incorreta. Pois a Psicologia do Desenvolvimento Humano não enfatiza que a infância se trata de uma fase difícil, mas, sim, que é importante se refletir sobre o significado atribuído à infância ao longo da história.
Sobre a importância de seu significado.
Correta. Pois ela destaca a importância de se refletir sobre o significado atribuído à infância ao longo da história. A concepção de infância vem se modificando a partir de cada contexto social e cultural. Entender esses diferentes conceitos nos ajuda a compreender a relação: sociedade, adulto e criança.
A respeito das influências hereditárias.
Incorreta. Pois ela busca destacar a importância de se refletir sobre o significado atribuído à infância ao longo da história e não apenas a influência dos aspectos hereditários.
Sobre a importância da visão evolucionista.
Incorreta. Pois a Psicologia do Desenvolvimento Humano não pretende enfatizar a importância da visão evolucionista do desenvolvimento infantil, mas, sim, busca destacar a importância de se refletir sobre seu significado ao longo da história.
Que a infância se trata de um período tranquilo.
Incorreta. Pois a Psicologia do Desenvolvimento Humano não enfatiza que a infância é um período tranquilo, mas, sim, busca destacar a importância de se refletir sobre seu significado ao longo da história.
Estudante, como vimos, os fatores sociais exercem grande influência no desenvolvimento e na aprendizagem infantil. Afinal, é a partir das relações com o outro que a criança internaliza e aprende sobre o mundo à sua volta. As raízes do desenvolvimento moral, por exemplo, são construídas por meio da socialização e da internalização. De acordo com Papalia e Feldman (2013, p. 228, grifos das autoras):
Socialização é o processo pelo qual a criança desenvolve hábitos, habilidades, valores e motivações que a tornam membro responsável e produtivo de uma sociedade. A aquiescência às expectativas parentais pode ser vista como um primeiro passo em direção à submissão aos padrões sociais. A socialização depende da internalização desses padrões. Crianças bem-sucedidas na socialização não mais obedecem a regras ou comandos apenas para obter recompensas ou evitar punições: elas fazem dos padrões da sociedade seus próprios padrões.
As atividades compartilhadas pelas crianças permitem que elas internalizem a forma de pensar da sociedade. Com isso, tais hábitos aos poucos passam a ser os seus. Desse modo, as relações sociais influenciam fortemente vários aspectos do desenvolvimento da criança, inclusive a construção de sua personalidade. Por exemplo, apesar de os bebês apresentarem padrões comportamentais muito próximos uns dos outros, cada um exibe uma personalidade diferente. Isso os torna únicos, uma vez que a personalidade representa a combinação relativamente coerente de temperamento, comportamento, pensamentos e emoções.
Estudante, tente se lembrar dos bebês com quem você teve contato mais próximo ao longo da vida. Cada um deles não tinha sua maneira própria de ser? Alguns eram mais sorridentes, outros, mais sérios; uns, irritados, e outros, bem-humorados; entre outras características que os diferenciavam. Essas maneiras próprias de ser, pensar e agir, que são influenciadas por fatores tanto inatos quanto ambientais, afetam a forma como a criança reage às pessoas e ao mundo à sua volta. A partir da primeira infância, o desenvolvimento da personalidade infantil se entrelaça com as relações interpessoais, e essa aliança é chamada de desenvolvimento psicossocial.
Veja no quadro a seguir os aspectos mais relevantes do desenvolvimento psicossocial das crianças, desde o nascimento até os 3 anos de idade.
Quadro 4.1 - Desenvolvimento psicossocial de 0 a 3 anos de idade
Fonte: Papalia e Feldman (2013, p. 209).
Sabemos que as primeiras experiências sociais da criança ocorrem na família e que os padrões de interação e as práticas educativas mudam muito de acordo com cada cultura. Por exemplo, em Bali, acredita-se que os bebês são ancestrais reencarnados ou deuses em forma humana e, por isso, precisam ser tratados com muito respeito e dignidade. Em contrapartida, os povos do Atol de Ifaluk, na Micronésia, não costumam conversar com eles, porque acreditam que não conseguem compreender nenhuma língua.
Em certas sociedades, os bebês possuem vários cuidadores. Entre o povo de Efé, da África Central, por exemplo, eles são cuidados por até cinco pessoas ao mesmo tempo e são amamentados não apenas pelas mães, mas por outras mulheres também. Em uma região ocidental do Quênia, onde o índice de mortalidade infantil é alto, os pais costumam manter seus bebês sempre próximos a eles e respondem rapidamente quando eles choram. Já os agricultores ngandu, na África Central, que costumam viver separados uns dos outros e permanecer no mesmo lugar por longo período, costumam deixar os bebês sozinhos, permitindo que chorem, brinquem, vocalizem etc. sem interferências.
Nesse sentido, ao discutirmos a interação entre adulto e bebê, precisamos levar em conta os diferentes padrões de origens culturais. Como mencionado, a diversidade entre as distintas sociedades e culturas influencia a construção da identidade da criança, interferindo em vários aspectos de seu desenvolvimento infantil. Portanto, o desenvolvimento humano deve ser entendido como um todo, ou seja, nenhuma pessoa reflete apenas aspectos sociais ou apenas biológicos. Somos uma soma de vários aspectos, entre eles: hereditariedade, personalidade, temperamento, fatores biológicos, vivências e experiências, entre outros elementos que, juntos, formam nossa subjetividade humana.
O processo de aprendizagem também está relacionado à subjetividade do sujeito construída a partir de seu contexto sociocultural, e não apenas a aspectos biológicos, como a cognição que é desenvolvida na escola. Afinal, não é apenas ela que ensina: a família, o trabalho, os rituais, as atividades de lazer e culturais também ensinam. “Todos são instrumentos ou espaços educativos, porque em cada um desses grupos se aprende aspectos da vida social: a moral, os conhecimentos, as habilidades [...]” (BOCK et al., 2018, p. 276). Portanto, a família e os grupos sociais dos quais as pessoas participam, seja político, religioso, artístico, de lazer etc., são sempre educativos.
É importante entendermos que os grupos sociais definem o que ensinar, tendo como referência a formação de um tipo de pessoa. Não é uma escolha tranquila ou consensual, pois as relações de poder nos grupos sociais, e entre eles, são importantes determinantes dos modelos escolhidos como hegemônicos/dominantes que deverão ser tomados como padrão (BOCK et al., 2018, p. 276).
A educação, portanto, ocorre o tempo todo; afinal, estamos aprendendo a agir, pensar e ser em todos os espaços em que nos relacionamos. É por meio das relações sociais estabelecidas e mediadas pelos adultos que as crianças aprendem e se desenvolvem. Logo que a pessoa nasce, é exigido dela que “aprenda um mundo que preexiste [...] e esta apropriação desencadeia três processos: de humanização (tornar-se humano), socialização (tornar-se membro de um grupo social e cultural) e singularização (tornar-se um sujeito único, singular)” (BOCK et al., 2018, p. 275).
Pense comigo, estudante: cada sujeito possui a sua história, suas vivências e experiências que influenciam em sua forma de ver e interpretar o mundo, e a escola deveria estar atenta a essas diferenças. Afinal, ela é a responsável por educar esses sujeitos. Desse modo, é imprescindível que o profissional da educação reflita sobre o que é ser criança na atualidade e compreenda as diferentes condições de vida de cada uma delas e como essas condições podem influenciar em seu desenvolvimento. Pensar nesses vários contextos sociais, culturais, históricos e psicológicos da criança permite que o profissional repense em suas práticas com seus alunos, aproximando ao máximo possível os conteúdos trabalhados da realidade do aluno, potencializando, assim, seu desenvolvimento e aprendizagem. A escola precisa ensinar a todos de maneira crítica,
ensinar às crianças a historicidade dos modelos sociais e políticos, como eles foram se modificando no tempo, conforme os homens foram se transformando, mudando suas necessidades e o mundo. A simples inserção da criança e do jovem no meio social não garantirá um aprendizado crítico dos modelos. A Escola, nessa perspectiva, torna-se fator de mudança, de movimento, de transformação. Ela pode e deve assumir esse papel com vistas ao exercício da cidadania por todos (BOCK et al., 2018, p. 285).
É preciso aproximar a realidade cotidiana do aluno aos ensinamentos escolares, mas essa realidade é raramente articulada. É necessário falar do dia a dia do aluno. Afinal, o conhecimento ensinado na escola deve ampliar o conhecimento acerca do mundo e, com isso, torná-lo um lugar melhor para se viver. Deve ser o espaço onde o educador ensina o jovem a pensar, refletir, aprender, estudar, autoavaliar-se e tornar-se conhecedor de si mesmo. Ela deve também se preocupar se os saberes ali presentes estão ligados à realidade cotidiana do aluno e não apenas buscar assimilar os conteúdos disciplinares.
A partir da primeira infância, o desenvolvimento da personalidade infantil se entrelaça com as relações interpessoais e essa aliança é chamada de desenvolvimento psicossocial, que pode ser dividido em fases (de 0 a 3 anos) caracterizadas pelos aspectos mais relevantes em cada uma delas. Nesse sentido, assinale a alternativa que corresponde à fase do desenvolvimento psicossocial da criança de 6 a 9 meses.
Começa a demonstrar curiosidade.
Incorreta. Pois essa fase corresponde ao bebê de 0 a 3 meses e não de 6 a 9. Nesse período, a criança está mais aberta para a estimulação e já começa a demonstrar curiosidade e interesse, passando a sorrir para os outros.
Explora seu ambiente por meio das pessoas.
Incorreta. Pois essa fase corresponde a 12 a 18 meses e não de 6 a 9. Nesse período, as crianças costumam explorar seu meio utilizando as pessoas que são consideradas por elas como base segura. A partir de então, vão gradativamente tornando-se mais confiantes.
Identifica-se com os adultos.
Incorreta. Pois essa fase diz respeito à faixa etária de 18 a 36 meses e não de 6 a 9. Nesse período, a criança às vezes fica ansiosa porque sabe, por exemplo, quando a mãe vai sair. Ela passa a elaborar suas limitações por meio das brincadeiras, fantasias e identificação com pessoas adultas.
Passa a se decepcionar.
Incorreta. Pois essa é a fase de 3 a 6 meses e não de 6 a 9. É nesse período que o bebê antecipa o que acontecerá e se decepciona quando acontece o contrário do que ele havia previsto. Costumam sorrir, rir e arrulhar.
Tenta obter respostas das pessoas.
Correta. Pois, nessa fase, os bebês fazem uso dos jogos sociais e buscam obter respostas das pessoas à sua volta. Eles costumam expressar emoções diferenciadas, como medo, raiva, alegria e surpresa.
Estudante, como você já deve ter percebido, são muitos os estudos contemporâneos que têm buscado compreender o impacto das novas tecnologias (NTs) na aprendizagem da criança. Afinal, cada vez mais cedo, elas estão tendo acesso às diversas ferramentas metodológicas, o que tem causado inquietações em muitos pais, professores e demais adultos que convivem com crianças menores.
Um estudo realizado no ano de 2012, no Reino Unido, constatou que 27% das crianças entre 0 a 4 anos de idade fazem uso de computadores e 23% acessam a internet. É isso mesmo! As crianças hoje em dia estão praticamente nascendo com a tecnologia em suas mãos. Esse estudo constatou, ainda, que a principal atividade das crianças que usam a internet é jogar em rede (74%) e que o site mais acessado é o Cbeebies (61%), no qual são encontrados conteúdos infantis que, de acordo com seus organizadores, possibilitam com que a criança se divirta e, ao mesmo tempo, estimule a aprendizagem.
No entanto, podemos nos questionar: será que crianças de apenas 0 a 4 anos de idade conseguem aprender a partir da tela de um computador? Para responder a essa pergunta, alguns estudos foram realizados e apontaram que crianças pequenas não aprendem novas palavras e/ou outros idiomas por meio de telas. Alguns estudos evidenciaram, ainda, uma relação entre o consumo dos DVDs da Cbeebies e a redução no vocabulário e no desenvolvimento cognitivo de bebês e entre o uso de telas aos três primeiros anos de idade e os deficits de atenção aos sete.
Alguns dos psiquiatras norte-americanos mais prestigiados também alertaram à comunidade científica sobre a urgência de se desincentivar o uso de telas na infância. Após a publicação desses estudos,
um grupo de pais pediu à Baby Einstein que retirasse dos DVDs dirigidos a crianças pequenas as alegações de que eram educacionais, A Baby Einstein concordou em fazê-lo, devolvendo o dinheiro aos pais que tinham comprado os seus produtos (L’ECUYER, 2019, p. 44).
Realmente, a Academia Americana de Pediatria orienta que crianças antes de dois anos de idade não acessem telas, pois considera que seus efeitos são mais negativos do que positivos. A Academia destaca que várias pesquisas alertam para o risco à saúde e ao bom desenvolvimento de crianças dessa faixa etária que usam esses aparelhos eletrônicos. A orientação que ela dá aos pais de crianças acima de 2 anos de idade é que a exposição a telas não deve ultrapassar duas horas por dia e que os conteúdos também precisam ser monitorados.
Para que haja um desenvolvimento saudável da criança nos seus primeiros anos de vida, ela necessita estabelecer relações interpessoais com seus cuidadores. O tempo que ela fica exposta ao mundo virtual é um período em que ela se priva dessas experiências humanas e, desse modo, as telas transformam-se em obstáculos para a criação dos laços afetivos. Quando uma criança está manuseando uma tela, ela está perdendo a oportunidade de realizar inúmeras outras atividades no mundo real. Então, surge a pergunta: o que ela ganha com essa troca? Na verdade, pelo que vimos não há nenhum ganho, apenas perdas.
A criança necessita de realidade, do olhar de seus pais, professores, familiares e colegas. Vamos imaginar, por exemplo, que um adulto adentra a uma sala de aula de educação infantil para arrumar uma lâmpada que está queimada. Ao subir na escada, deixa cair uma de suas ferramentas no chão e solta um palavrão em voz alta. Estudante, para onde você acha que as crianças olharão? Para o chão? Para o homem? Para a escada? Não. Elas olharão diretamente para o rosto da professora para ver sua reação. Caso a professora não dê importância ao ocorrido, elas também não darão; se ela rir, elas a imitarão e, se ela franzir a testa em desaprovação, elas chegarão à mesma conclusão que ela. No final, ainda por cima, ao chegarem em suas casas contarão todo o ocorrido a seus pais, adotando as mesmas reações apresentadas pela professora.
Podemos concluir, portanto, que o adulto serve de mediador entre a criança e sua realidade, pois é ele quem dá sentido às aprendizagens infantis. As telas não conseguem assumir essa função porque não calibram a informação à criança, fazendo com que ela receba as mensagens sem filtro, do mesmo modo que elas as emitem. Assim, dependendo do conteúdo que for exposto na tela, sérios comprometimentos ao desenvolvimento e aprendizagem da criança podem ocorrer.
Pesquisas recentes sugerem que a regra dos dois anos poderia eventualmente, passar a ser de três ou quatro anos. [...] um estudo longitudinal (realizado ao longo de dez anos) estabelece uma relação entre o consumo de televisão por crianças de 29 e de 53 meses e uma diminuição na motivação para aprender na escola, uma diminuição nos resultados de matemática, um aumento das vítimas de assédio escolar e da massa corporal das crianças de 10 anos. Noutro estudo, faz-se a relação entre o consumo de televisão por crianças de 5 anos com problemas de atenção e concentração aos 11. Esses estudos indicam que os efeitos da televisão não são apenas prejudiciais em crianças abaixo dos 2 anos, mas também podem perdurar no tempo (L’ECUYER, 2019, p. 47-48).
A exposição a telas, portanto, não favorece o desenvolvimento de crianças menores de dois anos de idade nem tampouco de outras faixas etárias; pelo contrário, causam prejuízos. Essa realidade se torna ainda mais preocupante se levarmos em conta que os jovens de hoje em dia veem a tela do celular, tablet etc. em modo multitarefa, ou seja, fazem uso de várias tecnologias de uma única vez.
Nos Estados Unidos, por exemplo, aproximadamente um terço do uso das NTs são em modo multitarefa, o que totaliza em tempo real, uma média de 7,38 horas diárias. Enquanto fazem o dever de casa, respondem às mensagens pelo WhatsApp; enquanto jogam videogame, assistem à TV etc. Mas, afinal, é possível que esses nativos digitais consigam lidar com tantas informações ao mesmo tempo? No primeiro momento, a resposta intuitiva pode ser: sim, pois se trata de nativos digitais. “A etiqueta ‘nativo digital’ é uma espécie de passaporte que lhes permite aceder a atividades às quais nós, os seus pais não tínhamos acesso quando tínhamos a sua idade” (L’ECUYER, 2019, p. 25).
Alguns estímulos demandam maior foco de atenção e, por isso, basicamente desligam a capacidade de prestar atenção em qualquer outro estímulo. Imagine que você esteja lendo este material e, repentinamente, sinta uma forte dor de cabeça. A dor demandará sua atenção e, desse modo, a leitura passa a não fazer mais parte de sua consciência, enquanto você foca em sua cabeça (GAZZANIGA et al., 2018). Da mesma maneira, quando o jovem faz a tarefa e responde a mensagens pelo WhatsApp ao mesmo tempo, uma das atividades executadas ficará em segundo plano, não é mesmo? Tornando a execução das duas tarefas uma ação superficial, sem aprofundamento em nenhuma delas.
Nos últimos anos, muitos aplicativos foram lançados no mercado a fim de estimular a inteligência da criança de maneira precoce, com a justificativa de que é necessário estimular ao máximo possível sua cognição antes dos 3 anos de idade, período em que ela se encontra com uma janela de oportunidades e consegue desenvolver 80% de suas conexões neurais. Além disso, as empresas que distribuem essas ferramentas tecnológicas no mercado alegam que seus produtos se baseiam no conhecimento da neurociência. Enfatizam também que os adultos não possuem a mesma agilidade dos nativos digitais e, por isso, devem incentivá-los a realizar várias atividades ao mesmo tempo, porque eles são basicamente uma raça distinta da nossa. No entanto, o que muitos não sabem é que essas ferramentas eletrônicas lançadas no mercado não possuem um fundamento educacional científico.
Sabemos da importância da estimulação precoce, bem como da necessidade de estimular o potencial cognitivo de crianças e adolescentes. No entanto, o problema emerge quando a sociedade se convence de que é importante para a criança aprender chinês durante o primeiro ano de vida, deixando em segundo plano uma outra dimensão essencial para o desenvolvimento humano: a afetiva. Além da importância de se oferecer vários estímulos reais à criança, é importante também que ela receba a atenção afetiva de seu mediador. Afinal, é o adulto que faz a mediação entre o mundo e a criança e, portanto, são as relações humanas que dão sentido às aprendizagens e configuram seu sentido de identidade.
Estudos mostram que a memória biográfica, responsável pelos acontecimentos vividos por meio da experiência e a memória semântica, responsável pelos conhecimentos conceituais, vão se diferenciando gradativamente ao longo da adolescência até chegar à fase adulta, o que corrobora o entendimento de que crianças não aprendem por meio de discursos, telas interativas, fichas etc., mas, antes, necessitam de experiências reais.
Diante dessa realidade, ou seja, desse novo modelo de aluno que tem adentrado as escolas, é preciso que esta reveja sua maneira de ensinar e consiga balancear sua prática, trazendo inovações para a sala de aula e priorizando a realidade do aluno e as relações humanas. É preciso, portanto, que a escola compreenda que o jovem de hoje em dia possui uma nova configuração de aprendizagem e não se interessa mais pelo modelo tradicional de ensino.
A Academia Americana de Pediatria orienta que crianças antes dos 2 anos de idade não acessem telas, por considerar que seus efeitos são mais negativos do que positivos. Ela apresenta, ainda, um período máximo de tempo que crianças maiores de 2 anos de idade devem permanecer em frente às telas. Nesse sentido, assinale a alternativa que corresponde ao tempo máximo sugerido pela Academia Americana de Pediatria.
Uma hora por dia.
Incorreta. Pois não é 1 hora por dia, mas, sim, 2 horas que a Academia Americana de Pediatria orienta que crianças maiores de 2 anos de idade permaneçam em frente às telas. Além disso, devem ter os conteúdos monitorados por um adulto.
Duas horas por dia.
Correta. Pois várias pesquisas alertam para o risco à saúde e ao bom desenvolvimento de crianças de 2 anos que acessam telas. Já para crianças com mais de 2 anos, ela recomenda a exposição de, no máximo, 2 horas por dia, monitorando os conteúdos que elas assistem.
Três horas por dia.
Incorreta. Pois a orientação da Academia Americana de Pediatria é que crianças maiores de 2 anos de idade permaneçam apenas durante 2 horas em frente à tela e não 3 horas.
Meia hora por dia.
Incorreta. Pois a Academia Americana de Pediatria orienta que crianças maiores de 2 anos de idade permaneçam, no máximo, até 2 horas por dia em frente a tela e não meia hora.
Oito horas por dia.
Incorreta. Pois o tempo máximo que uma criança com mais de 2 anos de idade deve permanecer em frente a uma tela, de acordo com a Academia Americana de Pediatria, é 2 horas e não 8 horas.
O tema educação nunca foi tão questionado como os dias atuais, isso porque as demandas do mundo de hoje estão muito além do que as escolas conseguem oferecer. Infelizmente, a educação não acompanhou o desenvolvimento do século XXI, ela estagnou no modelo tradicional de ensino do século XIX, não apenas na questão estrutural, mas também em relação à postura e métodos adotados pelos profissionais da área.
Ao longo dos anos, a educação focou no raciocínio, desconsiderando as realizações da criança. Os conteúdos escolares que sempre foram massificados e guardados no cérebro (como se fosse possível retirá-los de lá quando quiséssemos) estão hoje disponíveis na internet. O aluno que sempre foi visto como passivo, sem precisar refletir sobre o para que ou o porquê, hoje necessita do seu intelecto para lidar com as NT.
Fazendo uma análise da trajetória histórica, tanto da educação quanto da economia e política, podemos perceber que tudo decorreu até hoje para atender à necessidade minoritária de uma única camada da sociedade, e não a favor de todos. Nunca houve a preocupação de garantir condições igualitárias de escolarização, moradia, trabalho etc. Desse modo, uma mudança de paradigma torna-se necessária e, para que isso ocorra, é preciso uma mudança curricular, tanto no campo teórico como prático.
Bittencourt (2018) afirma que o processo de ensino e aprendizagem deste milênio não pode mais ocorrer centrado no educador. O estudante se motiva quando busca suas próprias descobertas. A demanda por uma transformação no sistema educacional é grande, e uma boa estratégia é ensinar os alunos a adquirirem não somente conhecimentos acadêmicos, mas também habilidades fundamentais para a vida, como: saber falar, pensar, ouvir, ver, fazer etc.
Se pensarmos sob o ângulo de qual seria a necessidade mais urgente para prepararmos a atual geração, podemos dizer sem sombras de dúvidas, que é no contexto escolar. Para que isso ocorresse, sabemos que o início seria uma mudança curricular tanto na teoria como na prática. Porém, não basta se não tivermos uma visão mais centrada no sentido de um significado mais amplo e assertivo dentro de um olhar para uma ressignificação na educação, saindo dessa estagnação voltada para o século XIX. Só assim poderemos dar conta das conquistas tecnológicas e utilizá-las em prol da educação, necessárias às demandas deste século (CONEGLIAN, 2018, p. 56).
Para ressignificar a educação, é preciso ter em mente, primeiramente, uma ressignificação do papel do professor neste contexto de revolução tecnológica. A velocidade com que ocorrem as mudanças tecnológicas não leva anos, meses, dias, mas, sim, segundos! Para isso, é urgente uma transformação interior, que contemple mudanças de paradigmas, novos conhecimentos, novas estratégias metodológicas etc. É preciso reconhecer que a educação já evoluiu das quatro paredes e que o professor não é mais o conhecedor de tudo. Afinal, “o aluno, hoje, traz consigo, além de um histórico de vida mais abrangente que o professor, uma experiência mais ativa e interativa que conquistou através de interações e experiência com a tecnologia e o social” (CONEGLIAN, 2018, p. 57).
Desse modo, o professor deixa o papel de autor para ser coadjuvante no processo de ensino e aprendizagem, passando a mediar o conhecimento que não é único e muito menos estanque. Diante dessa realidade, o professor deve fazer dos conteúdos a serem trabalhados ferramentas que qualificam os alunos para a vida, estimulam seus diferentes tipos de inteligências e despertam suas potencialidades e competências. Para isso, foram desenvolvidas as metodologias de aprendizagem ativa.
Aprendizagem ativa é qualquer atividade que o estudante realize e conduza a uma reflexão sobre o que fez. Essa estratégia tem como principal objetivo desenvolver habilidades de pensamento crítico; processamento de informações; análise; reflexão e questionamento. A aprendizagem ativa ocorre quando o aluno interage ativamente com o assunto em estudo, sendo estimulado a construir o conhecimento, ao invés de recebê-los de forma passiva, o professor deve atuar como facilitador do processo de aprendizagem e não apenas como fonte única de informação e conhecimento (ESTENDER, 2018, p. 13).
É preciso pensar no futuro e isso implica compreender a maneira como os jovens de hoje em dia expõem suas formas de pensar: com maior segurança. Eles são mais questionadores, irreverentes, querem participar e interagir, e o professor precisa facilitar esse processo. O educador tem a responsabilidade de mostrar a seus alunos novas possibilidades de ser e agir no mundo e conscientizá-los sobre como são importantes para o futuro do país. “Uma educação não se constrói com poderes, mas com perseverança, dignidade, sabedoria e, sobretudo com direitos de igualdades” (CONEGLIAN, 2018, p. 59).
Como permitir que o aluno tenha acesso à amplitude de suas potencialidades, ao acúmulo de suas capacidades e ao estímulo de suas inteligências? É possível vislumbrar a existência de novas formas de aprender? O educador pode experimentar novas possibilidades de ensinar? Esses são os questionamentos para uma nova era, um novo modelo de educação. Muitas são as implicações que permeiam o sistema educacional brasileiro. No entanto, mudanças podem e devem ocorrer, mas não aquelas impostas por normas, leis, decretos etc., mas, antes, aquela mudança que o professor leva à sala de aula a partir de sua ação, sua alma (ANTUNES, 2007).
Estudante, veja no quadro a seguir os relatos de uma professora que buscou priorizar em sua prática profissional os significados das aprendizagens de seus alunos em sala de aula.
Quadro 4.2 - Relatos de sala de aula
Fonte: Vieira (2018, p. 186-187).
É preciso lembrar que a aprendizagem é um processo interno, voluntário e pessoal, realizado pelo sujeito à medida que ele se constrói, assumindo-se como sujeito de seu processo cognitivo. Desse modo, o sentido no aprender é a chave fundamental para o sucesso da aprendizagem, e as metodologias ativas se caracterizam como excelentes ferramentas para se alcançar esse objetivo.
A escola não pode se caracterizar somente como centro epistemológico. Ela precisa possibilitar a seus alunos a compreensão de suas capacidades cognitivas, motoras e emocionais. Deve ser o espaço onde o educador ensina o jovem a pensar, refletir e tornar-se conhecedor de si mesmo. Nesse sentido, assinale a alternativa que corresponde a qual deve ser uma das maiores preocupações da escola.
Se o que ela ensina está relacionado com o cotidiano do aluno.
Correta. Pois a escola precisa se preocupar se os saberes ali presentes estão ligados à vida cotidiana do aluno e não apenas buscar assimilar os conteúdos disciplinares, pois, quando o aluno vê sentido na aprendizagem, ele consegue aprender.
Se o aluno está morando ou não com os pais biológicos.
Incorreta. Pois a preocupação da escola deve ser se o que ela ensina se relaciona com o cotidiano do aluno e não se a criança mora com os pais biológicos. Afinal, ela aprende quando vê sentido na aprendizagem.
Saber se o aluno está obedecendo os professores em sala de aula.
Incorreta. Pois a escola deve se preocupar se o que ela ensina relaciona-se com a vida cotidiana do aluno. Afinal, quando a criança percebe um sentido na aprendizagem, ela aprende melhor.
Certificar-se de que as crianças estão saindo da sala durante o recreio.
Incorreta. Pois a escola não precisa se certificar se a criança sai ou não da sala durante o recreio, mas, sim, se os conteúdos que ela ensina se relacionam com a realidade do aluno. Afinal, quando a criança vê um sentido para a aprendizagem, consegue aprender com maior facilidade.
Cantar o Hino Nacional ao menos uma vez por semana.
Incorreta. Pois a escola deve se preocupar se os conteúdos que ela ensina estão relacionados com a vida cotidiana do aluno. Afinal, quando a criança percebe um sentido na aprendizagem, consegue aprender mais facilmente.
Nome do livro: Aprendizagem e emoção: estudos na infância e adolescência
Editora: Casa do Psicólogo
Autoras: Carla Alexandra da Silva M. Minervino e Juliana das Neves Nóbrega
ISBN: 9788580402254
Comentário: O livro traz uma nova perspectiva acerca do estudo dos processos cognitivos, destacando dois temas importantes para o desenvolvimento humano: a aprendizagem e a emoção.
Nome do filme: O milagre na cela 7
Gênero: Drama
Ano: 2020
Elenco principal: Nisa Sofiya Aksongur e Aras Bulut İynemli
Comentário: Esse emocionante filme retrata um modelo de família que foge dos padrões determinados pela sociedade. Trata-se de uma família pobre, composta por uma filha, seu pai com deficiência intelectual e a avó. A narrativa fílmica nos apresenta um cenário que possibilita uma reflexão sobre as inúmeras formas de ser criança, de se relacionar com os adultos e vivenciar as experiências do meio.