Ao longo dos anos, vários pesquisadores buscaram compreender como ocorre o desenvolvimento humano, criando diferentes abordagens teóricas. Essas teorias contribuíram fortemente para o desenvolvimento de metodologias pedagógicas que até hoje favorecem o processo de ensino e aprendizagem de crianças e adolescentes em fase escolar. Entender como o homem se desenvolve ao longo da vida, portanto, tornou-se um pré-requisito fundamental para a atuação de profissionais na área da educação; afinal, sabemos do grande desafio que é a arte de ensinar. Por meio dos conhecimentos da ciência que estuda o desenvolvimento humano, torna-se possível que os atores do contexto escolar direcionem suas práticas pedagógicas pautados em um novo olhar sobre o aluno e seu modo de aprender. Para isso, apresentaremos a você, nesta unidade, os pressupostos teóricos de quatro grandes autores da Psicologia do Desenvolvimento, que deixaram um grande legado à contemporaneidade. Esses estudiosos revolucionaram a sociedade de seu período histórico, com suas formas inovadoras e particulares de compreender o homem. Iniciaremos apresentando-lhe Jean Piaget, o criador da Teoria Cognitivista da Aprendizagem. Na sequência, explanaremos sobre Lev Vygotsky, da abordagem Interacionista. Finalmente, Sigmund Freud e Erik Erikson, da Teoria Psicanalítica.
Jean Piaget foi um psicólogo suíço (1896-1980) e um importante teórico do desenvolvimento humano, considerado um dos estudiosos de maior impacto na área educacional contemporânea, por trazer implicações práticas para o campo da educação. Seus trabalhos são mundialmente conhecidos e reconhecidos, dada à exemplar dedicação que destinou às suas pesquisas. Por meio de observação direta, sistemática e cuidadosa com crianças de diferentes idades, criou uma das mais relevantes teorias do desenvolvimento humano, que destacou os elementos cognitivos da aprendizagem.
Piaget nasceu na Suíça em 1896 e seu falecimento ocorreu em setembro de 1980, quando tinha 84 anos de idade. Desde criança foi precoce em seu desenvolvimento intelectual, mostrando interesse pelas Ciências Naturais, fato esse que o levou a graduar-se em Biologia mais tarde.
As leituras que fez na área de sociologia, religião e filosofia despertaram seu interesse para entender como o conhecimento é obtido, ou seja, a epistemologia do conhecimento. Para isso, foi buscar respostas na Psicologia, abandonando a Suíça à procura de laboratórios, clínicas e universidades na Europa que pudessem sanar suas inquietações. Durante seus trabalhos, ficou fascinado com a forma pela qual crianças e adolescentes respondiam aos testes propostos e iniciou um estudo para compreender como funcionavam seus processos mentais e qual era a profundidade e extensão de suas ideias. Seu interesse não eram as respostas corretas ou incorretas, mas, sim, como se chegava a elas.
Piaget queria compreender, portanto, como crianças e adolescentes raciocinavam e adquiriam o conhecimento. A princípio, observou seus próprios filhos, Jacqueline, Laurent e Lucienne. Posteriormente, ampliou sua pesquisa, passando a observar diversas outras crianças, o que permitiu que publicasse inúmeros livros e artigos e produzisse uma vasta produção literária sobre o desenvolvimento perceptivo e intelectual das crianças. Os trabalhos desenvolvidos por Piaget foram influenciados por sua formação em Ciências Naturais, pois ele compreendia que capacidade de pensar era resultado de uma base fisiológica. Nessa perspectiva, a inteligência era fruto da adaptação biológica do homem.
Piaget chamou sua teoria de epistemologia genética, estudo da aquisição, transformação e desenvolvimento dos pensamentos e de habilidades abstratas biológicas ou herdadas. No ano de 1955, ele criou o Centro Internacional de Epistemologia Genética, onde desenvolveu uma relevante teoria acerca do desenvolvimento cognitivo.
Antes de prosseguirmos com a apresentação da teoria de Piaget, estudante, é preciso entendermos o que é a cognição e como ela ocorre. O termo “cognição” significa o ato ou ação de conhecer, a aquisição de um conhecimento. Para adquirirmos esse conhecimento, é preciso ativar um conjunto de processos mentais, entre eles: percepção, atenção, memória, raciocínio, pensamento e linguagem etc., que devem funcionar harmonicamente durante o ato de conhecer, de aprender.
Nesse sentido, Piaget enfatiza que o desenvolvimento cognitivo ocorre de acordo com uma organização, uma estruturação cognitiva, que é o processo de conhecer e aprender os fatos da vida de maneira previsível. Esse desenvolvimento ocorre a partir do momento em que a criança vai adquirindo sucessivamente estruturas lógicas mais complexas. Ou seja, o crescimento e o desenvolvimento ocorrem por meio de estágios sucessivos, cada qual construído a partir do domínio eficaz do outro e em uma idade média específica da criança, que apresenta um nível maior de organização cognitiva sucessiva. Isso mostra que, à medida que o ser humano cresce, suas estruturas lógicas se ampliam e sua habilidade em adquirir conhecimentos novos também. Desse modo, torna-se possível executar tarefas cada vez mais complexas.
Piaget acreditava que as crianças tentam naturalmente entender o mundo. Durante a infância e a adolescência, tentam entender tanto o mundo físico quanto o social. Por exemplo, os bebês querem conhecer os objetos: “O que acontece quando empurro esse brinquedo para fora da mesa?” Querem também conhecer as pessoas: “Quem é essa pessoa que me alimenta e cuida de mim?” Piaget afirmava que, no esforço por compreender seu mundo, as crianças agem como cientistas que criam teorias sobre os mundos físico e social. Elas tentam reunir tudo o que sabem sobre os objetos e as pessoas em uma teoria completa (KAIL, 2004, p. 12).
Compreender as estruturas lógicas das crianças é essencial para que o profissional da educação possa entender como se processa o desenvolvimento cognitivo de seu aluno e, assim, articular tarefas de aprendizagem condizentes com seu nível de desenvolvimento. Não basta saber quais recursos de ensino escolher para a criança ou como ensiná-la, mas, principalmente, quando ela está pronta para aprender as diversas tarefas intelectuais. Esse é um aspecto do processo de ensino e aprendizagem que não pode ser desconsiderado; afinal, a criança deve aprender quando está pronta para isso.
Para explicar o desenvolvimento cognitivo da criança, Piaget separou o desenvolvimento humano em estágios, em que cada um deles é compreendido como requisito essencial para a aquisição do outro, ou seja, em cada fase do desenvolvimento, a criança consegue realizar tarefas mais difíceis mantendo também as mais simples, o que torna possível antever as dificuldades próprias de cada uma delas.
Esse processo de desenvolvimento vai depender do ritmo de cada criança; porém, todas passarão por esses estágios. O início e o término dependerão das características biológicas e das circunstâncias ambientais.
Os estágios divididos por Piaget são:
I) estágio sensório-motor;
II) estágio do pensamento pré-operatório;
III) estágio das operações concretas; e
IV) estágio das operações formais.
No início do estágio sensório-motor (0 a 2 anos), o bebê não manifesta função simbólica, isto é, não apresenta afetividade nem pensamentos em relação a pessoas e objetos. Sua vida mental é sustentada pelos reflexos hereditários, como a sucção, por exemplo, que vão ficando cada vez mais elaborados à medida que seu sistema nervoso central vai atingindo sua maturação e o bebê passa a relacionar-se com o meio (LAKOMY, 2014).
Ao término dessa fase, a criança já é capaz de utilizar um instrumento para alcançar um objeto; por exemplo, percebe que, se puxar a toalha da mesa, a lata de bolacha que está em cima dela ficará mais próxima. Isso ocorre porque o bebê faz uso da inteligência sensório-motora ou inteligência prática, que permite que ele perceba e controle seus movimentos.
Durante esse estágio, a criança passa a progressivamente diferenciar seu “eu” do mundo externo. Se no início o mundo era percebido como uma continuação de seu corpo, o desenvolvimento da inteligência permite que ela perceba um elemento entre outros no meio. Assim, a criança por volta de 1 ano de idade compreende que um objeto existe mesmo que ele não esteja em seu campo visual. Desse modo, continua a procurá-lo por saber que, mesmo não conseguindo enxergá-lo, ele continua existindo.
A mesma diferenciação também acontece com o afeto, pois o bebê transita “das emoções primárias (os primeiros medos, quando [...] se enrijece ao ouvir um barulho muito forte) para uma escolha afetiva de objetos [...], quando já manifesta preferências por brinquedos, objetos, pessoas etc.” (BOCK et al., 2018, p. 125). Durante o curto período dessa fase, portanto, a criança evolui de um comportamento passivo em relação às pessoas à sua volta e seu meio ambiente, para um comportamento mais ativo e participativo.
Na segunda fase do desenvolvimento, o estágio pré-operatório (2-7 anos), inicia-se o desenvolvimento da habilidade simbólica, ou seja, a criança começa a distinguir um significante – palavra, imagem ou símbolo – do que ele significa, um “objeto ausente”. Por exemplo, nessa fase, a criança pode chorar ao ver que a mãe está segurando uma bolsa, porque consegue inferir que ela sairá de casa. A aquisição mais importante desse período é a linguagem, pois, por meio das palavras, a criança passa a exteriorizar sua vida interna. Isso provoca grandes transformações em seus aspectos afetivos, sociais e intelectuais.
Sua maneira de pensar é transdutiva, isto é, seu raciocínio vai do particular ao particular. Por exemplo, se a criança acredita que bananas verdes dão dor de barriga, logo acreditará que abacates também darão, pois ambos são da mesma cor. Seu pensamento é antropomórfico e animista e, por isso, atribui vida e habilidades humanas a animais, objetos e seres inanimados. Por exemplo, acredita que gatos falam ou que bonecas choram porque sentem frio etc. (LAKOMY, 2014).
Os afetos evoluem, surgindo os sentimentos interindividuais, entre eles, o respeito que as crianças nutrem por pessoas que julgam ser superiores, como professores e pais. Em relação às regras, consideram-nas imutáveis e determinadas externamente, mas, com o passar do tempo, adquirem uma ideia mais elaborada sobre elas, considerando-as essenciais para a organização das brincadeiras. Esse período é marcado pela maturação neurofisiológica, que permite que a criança adquira novas habilidades, que são fundamentais para a aprendizagem escolar. Como exemplo, podemos citar a coordenação motora fina, que permite que a criança segure adequadamente o lápis e faça os movimentos exigidos pela escrita (BOCK et al., 2018).
No terceiro estágio, das operações concretas (7 a 11-12 anos), a criança começa a pensar de forma lógica, mas ainda está vinculada à realidade concreta. Nessa fase,
No quesito afetivo, a criança desenvolve o senso de cooperação com os outros e, portanto, já é capaz de realizar trabalhos grupais e, ao mesmo tempo, apresentar autonomia. Nessa fase, ocorre o aparecimento de valores como respeito mútuo, justiça, companheirismo e honestidade. Por exemplo, ela já é capaz de analisar que, se quebrou o vaso da mãe por acidente, não é merecedora de punição.
Os grupos de amizades começam a ter papel importante na vida da criança, os quais progressivamente passam a satisfazer suas necessidades de afeto e segurança. No início, reúne-se indistintamente com meninas e meninos, mas, no final da fase, o agrupamento com pessoas do sexo oposto tende a diminuir. Com o fortalecimento do grupo, a criança, que até então muito considerava a opinião dos adultos, passa gradativamente a enfrentá-los.
A partir desse vínculo criado com o grupo de amigos, sua noção de cooperação se desenvolve cada vez mais, o que facilita seu trabalho em grupo. As crianças começam a elaborar suas maneiras próprias de organização grupal, cujas normas e regras são vistas como legítimas e válidas, desde que construídas com a aprovação de todos. À medida que surgem novas demandas, novas regras e novos acordos também podem surgir, desde que tenham o aval de todos (BOCK et al., 2018).
O quarto e último estágio, das operações formais (11-12 anos em diante), é a fase em que o sujeito começa a pensar de forma lógica, mesmo se a situação for ilógica. Podemos dizer que seu pensamento se separa da realidade concreta, permitindo que trabalhe com um raciocínio hipotético-dedutivo. Desse modo, lida com os problemas vividos de maneira sistemática, como um cientista que é capaz de conduzir seu experimento, examinando as mudanças e considerando uma variável de cada vez. Essa capacidade de excluir alguns elementos das situações marca o estágio do pensamento operatório formal (FELDMAN, 2015).
No aspecto interpessoal, ocorre um processo que inicialmente é caracterizado por um período de interiorização, sugerindo um perfil antissocial. O jovem se afasta da família e não aceita conselhos dos adultos, no entanto, seu alvo reflexivo é a sociedade, vista por ele como passível de transformação. Posteriormente, no momento em que percebe a necessidade de refletir sobre sua ação no mundo, alcança o equilíbrio entre realidade e pensamento.
Já no aspecto afetivo, vivencia conflitos, pois, ao mesmo tempo em que almeja libertar-se dos pais, depende deles. Além disso, o jovem deseja ser aceito pelos amigos e, portanto, suas roupas, seu vocabulário etc. são moldados a partir dos grupos que frequenta. Por meio desses fatores, o adolescente completa seu processo cognitivo e continua a desenvolvê-lo ao longo da vida, sendo influenciado pelo meio social em que vive.
Piaget separou o desenvolvimento humano em fases, sendo que cada uma delas caracteriza-se como um requisito fundamental para a aquisição da outra. Esses estágios do desenvolvimento foram divididos em: sensório-motor; pensamento pré-operatório; operações concretas; e operações formais. Nesse sentido, leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponde às características do estágio pré-operatório.
A criança começa a pensar de maneira lógica.
Incorreta. Pois essa é uma característica da fase das operações concretas, dos 7 aos 11-12 anos de idade. Nessa fase, a criança, embora passe a pensar de maneira lógica, ainda está vinculada à realidade concreta e necessita de comprovação empírica das elaborações mentais.
Inicia-se o desenvolvimento da capacidade simbólica.
Correta. Pois, nessa fase, que vai dos 2 aos 7 anos de idade, a criança passa a distinguir um significante – palavra, imagem ou símbolo – do que ele significa, um “objeto ausente”. Por exemplo, a criança pode chorar ao ver que a mãe está segurando uma bolsa, porque consegue inferir que ela sairá de casa.
A criança não apresenta afetividade em relação a pessoas e objetos.
Incorreta. Pois essa característica corresponde ao estágio sensório-motor (0 a 2 anos). Nesse período, o bebê não apresenta função simbólica e, por isso, não tem afetividade nem pensamentos em relação a pessoas e objetos. Sua vida mental é sustentada pelos reflexos hereditários.
É capaz de cooperar com os outros e realizar trabalho em grupo.
Incorreta. Pois essa característica corresponde à fase das operações concretas (7 a 11-12 anos de idade). No aspecto afetivo, a criança é capaz de cooperar com os outros, realizar trabalhos em grupo e, ao mesmo tempo, ter autonomia.
O pensamento se separa da realidade concreta.
Incorreta. Pois corresponde ao estágio das operações formais, que se inicia dos 11-12 anos em diante. É quando o sujeito passa a pensar de forma lógica, mesmo se a situação for ilógica. O pensamento se separa da realidade concreta, permitindo que trabalhe com um raciocínio hipotético-dedutivo.
Lev Semenovich Vygotsky também foi um importante teórico do desenvolvimento humano. Nascido em 1896 em Orsha, na Bielo-Rússia, viveu por muito tempo com seus pais e sete irmãos em Gomel, cidade da Bielo-Rússia. Faleceu em 1934 vítima de tuberculose.
Desde a infância, Vygotsky foi um estudante muito dedicado, mostrando interesse em leituras na área de literatura e artes de maneira geral. Foi educado até os 15 anos por professores particulares domiciliares e, aos 17, concluiu o curso secundário e uma escola privada na cidade de Gomel, onde recebeu medalha de ouro pelo brilhante desempenho acadêmico. Vygotsky estudou Literatura e Direito na Universidade de Moscou, entre 1914 e 1917, desenvolvendo pesquisas que já demonstravam sua habilidade em realizar análises psicológicas.
Ele também cursou Filosofia e História e, graças ao seu interesse pelo desenvolvimento psicológico do homem, cursou Medicina, em Moscou e Kharkov. Seu percurso acadêmico, portanto, foi interdisciplinar, transitando por várias áreas do conhecimento. Seu interesse pela área da Psicologia surgiu a partir de seu contato com crianças com defeitos congênitos (termo utilizado à época), em um trabalho que realizou para a formação de professores. Esse trabalho levou-o a procurar alternativas que auxiliassem o desenvolvimento de crianças com deficiências.
O ano de 1924 foi o grande marco na sua carreira intelectual e profissional, período em que Vygotsky dedicou-se sistematicamente à Psicologia, abordando temas complexos e pensamentos revolucionários, como o estudo acerca do comportamento humano consciente. No mesmo ano, mudou-se para Moscou, a fim de trabalhar no Instituto de Psicologia e, posteriormente, fundou seu próprio Instituto: o Instituto de Psicologia das Deficiências.
De 1924 até o momento de sua morte, Vygotsky realizou inúmeras produções intelectuais, em um ritmo surpreendente, apesar de sua enfermidade, que o acompanhou durante 14 anos. Iniciou seu projeto de trabalho estudando os mecanismos de transformação do desenvolvimento em sua dimensão ontogenética, histórico-social e filogenética, e os mecanismos psicológicos mais sofisticados, conhecidos como funções psicológicas superiores: atenção, lembrança, memória, pensamento, raciocínio, entre outras.
Vygotsky tentou entender as transformações do homem ocorridas durante a longa trajetória de seu desenvolvimento, por meio de sua interação com o meio. Despertou várias reflexões sobre o papel da educação no desenvolvimento do homem. Sua principal preocupação era estudar a infância, não para desenvolver uma nova teoria sobre o desenvolvimento infantil, mas para compreender o comportamento humano. Para ele, a criança se encontrava no centro da pré-história do desenvolvimento da cultura.
Seus estudos contribuíram para a criação de uma abordagem inovadora da Psicologia e da ciência soviética da época, destacando como um dos principais temas a relação entre as funções mentais superiores do homem e seu contexto sociocultural. Para ele, a complexidade da estrutura cognitiva humana é proveniente do processo de desenvolvimento fortemente enraizado nas ligações entre a história individual e social do sujeito.
De maneira geral, Vygotsky estudou e apresentou temas inovadores para sua época, como a relação entre o pensamento e a linguagem humana, a natureza do desenvolvimento infantil e o papel da educação no desenvolvimento humano.
Para ele, linguagem e pensamento possuem relação estreita, pois, embora nos primeiros dois meses de vida se desenvolvam de forma independente, por volta do segundo ano de vida as curvas de evolução da linguagem e do pensamento se encontram e passam a exercer uma relação de dependência mútua. A partir de então, começam a interferir no processo cognitivo da criança.
Para ele, a aquisição da linguagem passa por três estágios, conforme apresentado no quadro a seguir.
Quadro 2.1 - Estágios da aquisição da linguagem
Fonte: Silva et al. (2018, p. 133).
Além dos estágios da aquisição da linguagem, Vygotsky apresentou três estágios de desenvolvimento do pensamento. Confira-os no quadro a seguir.
Quadro 2.2 - Estágios do desenvolvimento do pensamento
Fonte: Silva et al. (2018, p. 133-134).
A teoria de Vygotsky, mais do que as demais teorias do desenvolvimento cognitivo, considera como o contexto social e cultural do sujeito afeta seu desenvolvimento intelectual. Assim, segundo Vygotsky, a maneira como as crianças compreendem seu mundo é determinada pelas pessoas de seu convívio: pais, professores, crianças, entre outras. Sua teoria tem uma visão interacionista, uma vez que, em seus estudos sobre a origem das funções superiores, como pensamento, memória, atenção etc., destacou a influência das relações sociais estabelecidas pelo homem. Vygotsky via o homem como um sujeito ativo, atuante sobre seu mundo, que estabelecia uma relação contínua com seu meio social.
Sua teoria, caracterizou o comportamento humano, buscou entender como as características do homem são formadas ao longo da trajetória histórica e se desenvolvem no percurso da vida. Para Vygotsky, certas funções mentais não são inatas, antes se desenvolvem por meio da internalização de modelos comportamentais de comportamento.
Um exemplo seria o desenvolvimento da linguagem: nós, seres humanos, podemos nascer com condições maturacionais para falar, mas a linguagem só será desenvolvida se tivermos vivência com uma sociedade falante, ou seja, é preciso participar efetivamente do processo cultural de determinado grupo para aprendermos a linguagem. Para ele, portanto,
as funções psicológicas emergem e se consolidam no plano de ação entre pessoas e tornam-se internalizadas, isto é, transformam-se para constituir o funcionamento interno. O plano interno não é a reprodução do plano externo, pois ocorrem transformações ao longo do processo de internalização. Do plano interpsíquico, as ações passam para o plano intrapsíquico. Vygotsky considera, portanto, as relações sociais como condição para o desenvolvimento e também as concebe como constitutivas das funções psicológicas do homem (BOCK et al., 2018, p. 132).
Com sua teoria, Vygotsky buscou superar as concepções mecanicistas e idealistas da Psicologia, tomando como base os pressupostos do materialismo dialético, ou seja, entendendo o homem a partir de uma relação entre mente e corpo, entre processos biológicos e sociais, e como um membro da espécie humana e participante de um processo social.
Durante sua trajetória profissional e de pesquisa, Vygotsky apresentou muitas ideias inovadoras (conforme algumas já destacadas nesta unidade). Na sequência, destacaremos as principais ideias desse autor, que foram consideradas por ele como sendo fundamentais para se compreender o desenvolvimento humano. A primeira diz respeito à relação entre homem e sociedade. Vygotsky defendeu que as características específicas da espécie humana não são resultantes das pressões do ambiente externo nem tampouco são inatas, antes resultam da interação do homem com seu meio sociocultural. Ou seja, a medida que o homem transforma seu meio, transforma-se a si mesmo.
A segunda ideia de Vygotsky se refere à origem cultural das funções psíquicas. Seguindo a mesma lógica da concepção anterior, o teórico acredita que as funções mentais específicas da espécie humana se originam nas relações do sujeito com seu meio social e cultural. Ou seja, o desenvolvimento da mente do homem também não é imutável, universal e passivo nem tampouco é construído de maneira separada do desenvolvimento histórico e social da humanidade. Desse modo, a cultura torna-se porção constitutiva da natureza do homem; afinal, “o mundo da cultura se abre paulatinamente para a criança, em que ela vai se apropriando do que foi sendo constituído ao longo das gerações” (PILETTI et al., 2014, p. 39).
A terceira ideia do autor, envolve os aspectos biológicos do funcionamento psicológico, sendo o cérebro entendido como o principal órgão da atividade mental. Ele é visto como produto da história da evolução humana, ou seja, mesmo o cérebro sendo o material essencial para a atividade psíquica presente desde o nascimento do indivíduo, seu funcionamento não pode ser entendido como uma base fixa e imutável. O cérebro pode estabelecer novas funções, sendo modeladas a partir do desenvolvimento individual e da história do desenvolvimento da espécie humana, sendo produto, portanto, da interação entre o meio social e físico.
O quarto importante pensamento de Vygotsky refere-se ao tipo de mediação que existe em toda ação humana. Para ele, são os signos e as ferramentas técnicas criadas ao longo da história que permitem a mediação do homem com seu mundo e consigo mesmo. Um dos signos de mediação mais relevantes é a linguagem, pois transmite os conceitos desenvolvidos e generalizados da cultura, fundamental para a construção do pensamento humano. Foi por meio das ideias apresentadas que Vygotsky embasou suas pesquisas sobre o desenvolvimento infantil, enfatizando que, desde o nascimento, as crianças estão se relacionando com as pessoas e com o mundo ao seu redor. Para ele, inicialmente as crianças estabelecem relações por meios naturais, ou seja, a partir de suas características herdadas, posteriormente, com a mediação dos adultos, seus processos mentais mais sofisticados começam a se desenvolver.
Assim, a relação que a criança estabelece com o adulto assegura a sua sobrevivência e também media sua relação com o mundo. São os adultos, portanto, que facilitam a incorporação da cultura nas crianças, fato esse que permite que elas atribuam significados às atitudes das pessoas e aos objetos culturais. Por exemplo: é com a ajuda de uma pessoa adulta que a criança de uma certa cultura urbana entende que deve dormir no berço, usar talheres para comer, usar sapatos para andar, tomar líquidos em copos etc.
Um outro exemplo dessa facilitação da incorporação da cultura e da compreensão de seus significados pode ser visto quando um pai sai com o filho de dois anos de idade, mostrando-lhe todos os carros que encontra no caminho, falando sobre suas marcas, cores e modelos. Em outro momento, essa criança pode mostrar a incorporação dessas informações, ao brincar com os amigos na escola e nomear os carros ilustrados em revistas, mencionar as diferentes cores de seus lápis etc. Desse modo, podemos perceber que é por intermédio de um processo de compartilhamento (interpsíquico/pai-filho) que as conquistas individuais são produzidas (intrapsíquicas).
A visão interacionista de Vygotsky nos leva a refletir sobre a função do professor no processo de ensino e aprendizagem. Quanto mais condições de aprendizagem são oferecidas às crianças, mais possibilidades de desenvolvimento surgirão e vice-versa. Em sua teoria, Vygotsky defendeu que, apesar da criança iniciar sua aprendizagem antes mesmo de frequentar o ensino formal, a escola assume um papel essencial; afinal, é ela que apresenta vários novos estímulos à criança, que favorecem seu desenvolvimento.
Nesse sentido, torna-se necessário que a escola e os demais adultos do convívio da criança ofereçam estímulos adequados que possam favorecer seu desenvolvimento global. Professores e pais que não são comprometidos (somente se envolvem e adotam práticas de interação insuficientes em disciplina e afetividade) provocam baixa autoestima nas crianças e nos adolescentes. As interações não podem ser baseadas simplesmente em controles, castigos e ameaças. Elas precisam estar focadas em reciprocidade emocional, troca de experiências, segurança, conforto, limites razoáveis etc. Os mediadores do conhecimento da criança devem interpor-se entre os acontecimentos de seu mundo externo e interno, transformando-a em consonância com suas necessidades de desenvolvimento.
Estudante, ao observar o atual panorama do Sistema Educacional Brasileiro, você consegue vislumbrar o modelo de educação proposto por Vygotsky? Possivelmente sua resposta é não! De fato, a maioria das escolas hoje em dia ainda adotam o modelo tradicional de ensino, em que o professor é a autoridade total e o aluno é apenas um receptor do conhecimento. Esse modelo de ensino não conta com um trabalho pedagógico empático e afetuoso, antes, com métodos punitivos e desmotivadores.
Esse triste cenário nos leva a uma importante reflexão sobre a prática do professor. Partindo da perspectiva de Lev Vygotsky, o educador deve assumir um papel de agente mediador do conhecimento e conduzir seu aluno ao desenvolvimento humano. Para isso, precisa oferecer estímulos e mediação adequados, para oferecer um ensino de qualidade, que seja realmente eficaz.
Pense nisso!
Em uma aprendizagem mediatizada, o mediador (professor, pai, mãe etc.) situa-se entre o organismo do sujeito mediatizado (filha, filho, aluno etc.) e os estímulos (tarefas, imagens, objetos etc.), de forma a mudá-los, interpretá-los, selecioná-los, ampliá-los, usando estratégias de interação para criar significações que possam ir além das necessidades específicas daquela situação. O mediador precisa propor à criança situações para que ela possa interagir de maneira ativa e, assim, desenvolver suas estruturas cognitivas (FONSECA, 2011).
Vygotsky foi um autor de grande influência para os pesquisadores do desenvolvimento humano, oferecendo inúmeras contribuições à área educacional. Para saber mais sobre ele, fique por dentro acessando o link disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/teoria-de-vygotsky/45715. Acesso em: 22 jun. 2020.
As mediatizações auxiliam na aquisição de funções cognitivas fundamentais que favorecem, por meio da educação, a base para o desenvolvimento cultural e civilizado. Os processos cognitivos podem ser ensinados e significativamente modificados no decorrer do desenvolvimento do sujeito. Sua privação pode acarretar um entrave do desenvolvimento e da capacidade de aprender a aprender. O cérebro, portanto, determina a aprendizagem humana, mas a aprendizagem mediatizada determina sua plasticidade funcional.
Para Vygotsky, a linguagem e o pensamento possuem uma relação estreita, pois, embora nos primeiros meses de vida se desenvolvam de forma independente, por volta do segundo ano as curvas de evolução da linguagem e do pensamento se encontram e passam a exercer uma relação de dependência mútua. Para ele, a linguagem passa por três estágios. Nesse sentido, leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponde ao estágio da linguagem interior.
A criança pensa as palavras, sem precisar dizê-las.
Correta. Pois esse período do desenvolvimento da linguagem ocorre quando se inicia o declínio da linguagem egocêntrica da criança e ela adquire a capacidade de apenas pensar nas palavras, sem precisar dizê-las em voz alta.
Uma de suas principais funções é acompanhar as ações da criança.
Incorreta. Pois essa característica trata-se da linguagem social, e não da linguagem interior. A linguagem social surge ainda no nascimento, permanecendo até os 3 anos de idade. Tem como função principal denominar, informar e acompanhar as atitudes gerais da criança, porém, de forma caótica e dispersa.
Fica bem próximo ao pensamento.
Incorreta. Pois essa característica não corresponde ao estágio da linguagem interior, mas, sim, da linguagem egocêntrica. Essa fase é marcada pela transição da linguagem social para a linguagem interna, ou seja, da função comunicativa para a intelectual.
Envolve a linguagem da pessoa para a própria pessoa.
Incorreta. Pois essa característica relaciona-se ao estágio da linguagem egocêntrica, e não da linguagem interior. É a fase que a criança costuma falar sozinha. Ela é essencial porque auxilia à criança a organizar as ideias e planejar suas ações.
Esse período marca a curiosidade da criança.
Incorreta. Pois essa característica corresponde à fase da linguagem egocêntrica, e não interior. Na fase egocêntrica, que vai até os 6 anos de idade, a criança faz inúmeras perguntas.
Sigmund Freud, nascido na Áustria em 1856, foi um autor de renome amplamente discutido até os dias atuais. Formou-se em Medicina pela Universidade de Viena, no ano de 1881 e, posteriormente, estudou Neurologia em Paris com o famoso Jean-Martin Charcot, cujo prestígio na “medicina francesa igualava-se ao de Louis Pasteur na química. Charcot dizia-se um neuropatologista, mas era reconhecido como ‘o maior neurologista do mundo’” (HOTHERSALL, 2019, p. 255). Freud trabalhou por algum tempo na clínica do Dr. J. Breuer em Viena, tratando de pessoas com transtornos mentais, fazendo uso da técnica da hipnose. Porém, após algum tempo, ficou insatisfeito com a sugestão hipnótica, mudando sua maneira de atuar com seus pacientes.
A partir de seus estudos, Freud alterou a forma de se pensar a vida psíquica, contribuindo para o entendimento dos processos do psiquismo humano e da vida mental do sujeito por meio de temas como mecanismos de defesa, sonhos, fantasias, esquecimentos, interioridade do homem etc. Com base em suas descobertas acerca dessas temáticas, desenvolveu uma nova teoria, denominada Psicanálise.
Freud contribuiu para o estudo do desenvolvimento humano, ao fundar sua teoria psicossexual, na primeira década do século XX.
Ele acreditava que todo indivíduo progride por meio de certo número de estágios - oral, anal, fálico, de latência e genital - com cada estágio caracterizado por um conflito entre a gratificação dos instintos e as limitações do mundo externo. Se a criança recebe muito pouca ou demasiada satisfação em cada estágio, ela pode não ser capaz de ir como facilidade para o estágio de desenvolvimento seguinte. Sub ou super gratificação também pode resultar em fixação ou em um investimento de uma porção de energia libidinal nesse estágio, levando, posteriormente na vida, a comportamentos que são característicos do conflito durante esse estágio específico. (HOTHERSALL, 2019, p. 264)
De acordo com as observações de Freud, as primeiras manifestações da sexualidade ocorrem desde o nascimento, em uma atividade de autoerotismo, mas essa sexualidade é basicamente não sexual, ou seja, está associada com as funções corporais, como amamentação, controle fecal e urinário. Estudante, veja as fases de desenvolvimento psicossexual descritas por Freud, no quadro a seguir.
Quadro 2.3 - Estágios do desenvolvimento psicossexual
Fonte: Bock et al. (2018, p. 41).
Em cada fase do desenvolvimento psicossexual, ocorrem diversos processos, entre eles: o Complexo de Édipo, que acontece durante a fase genital, quando a criança tem entre 3 e 5 anos de idade. Para Freud, o Complexo de Édipo é responsável pela estruturação da vida psíquica da criança. Nele, o objeto de desejo do menino é a mãe, e o pai é visto como o rival que impede que ele acesse o objeto desejado. O menino, então, procura ser como o pai para obter a atenção da mãe, identificando-se com ele e elegendo-o como modelo-padrão a ser seguido. A partir de então, a criança passa a incorporar as regras e normas da sociedade, impostas e representadas pela autoridade paterna.
Após certo período, o menino “desiste” da mãe por temer perder o “amor” do pai e, desse modo, ele a troca pelo mundo social e cultural. Assim, a criança passa a explorar o mundo à sua volta; afinal, por meio da identificação com o pai, já internalizou as regras básicas exigidas para o convívio social. Esse mesmo processo ocorre com as meninas, no entanto, nesse caso, o objeto de desejo é a figura paterna (BOCK et al., 2018).
Para Freud, as três primeiras fases, que são os cinco primeiros anos de vida, são essenciais para o desenvolvimento da personalidade, pois
se as crianças receberem pouca ou muita gratificação em qualquer uma dessas fases correrão o risco de desenvolver fixação – uma interrupção no desenvolvimento que pode aparecer na personalidade adulta. Bebês cujas necessidades não são satisfeitas durante a fase oral, quando a alimentação é a principal fonte de prazer sensual, poderão, na idade adulta, ter o hábito de roer as unhas, fumar ou desenvolver personalidades agressivamente críticas. A criança que, na primeira infância, teve um treinamento higiênico muito rígido pode fixar-se na fase anal, quando a principal fonte de prazer era o movimento dos intestinos. Essa pessoa poderá ter obsessão por limpeza, ser rigidamente ligada a horários e rotinas ou mesmo tornar-se provocadoramente desleixada (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 59).
Freud destacou a importância de sentimentos, pensamentos e motivações inconscientes, o papel fundamental das experiências infantis na formação da personalidade. Ele sustentou que a personalidade é resultante da interação entre as necessidades externas e os conflitos internos do sujeito e que há impulsos fora da consciência, que guiam nossa maneira de agir.
Ele argumentou que grande parte de nosso comportamento é motivada pelo inconsciente, uma porção da personalidade que contém memórias, conhecimentos, crenças, sentimentos, desejos, impulsos e instintos dos quais o indivíduo não está consciente. Assim como a massa maior de um iceberg flutuante não é vista, o conteúdo do inconsciente ultrapassa em quantidade as informações em nosso consciente. Freud argumentava que, para entender a personalidade, é necessário expor o que está no inconsciente. Mas como o inconsciente disfarça o significado do material que ele contém, o conteúdo do inconsciente não pode ser observado diretamente. É, portanto, necessário interpretar os sinais do inconsciente – lapsos de linguagem, fantasias e sonhos – para compreender os processos inconscientes que direcionam o comportamento (FELDMAN, 2015, p. 385-386).
A Teoria Psicanalítica de Freud, portanto, explica o funcionamento do ser humano desde os comportamentos observáveis até os pensamentos reprimidos, passando pelas experiências traumáticas e transtornos mentais, que tiveram início no nascimento.
Esse autor deixou um importante legado para a Psicologia do Desenvolvimento. No entanto, vale lembrar que sua teoria foi desenvolvida em uma determinada sociedade e em um período específico da história. Ele se baseou não em uma média de crianças, mas, sim, em um público adulto de classe média alta, em sua grande maioria mulheres que faziam terapia com ele. Além disso, a ênfase que deu às experiências infantis desconsiderou os aspectos culturais como influenciadores no desenvolvimento humano, assim como fizeram alguns psicanalistas que o sucederam, como, por exemplo, Erik Erikson, cujo pensamento apresentaremos na sequência.
Para Freud, as primeiras manifestações da sexualidade ocorrem desde o nascimento em uma atividade de autoerotismo. No entanto, essa atividade está associada a funções como controle fecal e urinário e amamentação, sendo, portanto, basicamente não sexual. Freud separou o desenvolvimento humano em fases. Nesse sentido, leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponde à fase anal, descrita por Freud.
É atingida na puberdade.
Incorreta. Pois a fase que corresponde à puberdade é a fase genital, e não anal. Nessa fase, ocorre o desenvolvimento sexual e o desejo não se encontra mais no próprio corpo, mas, sim, no corpo do outro.
Relacionada ao controle esfincteriano.
Correta. Pois, na fase anal, a zona erógena é o ânus, vinculada à função de defecar da criança, tanto na expulsão das fases como em sua retenção. Desse modo, ela se vincula ao controle dos esfíncteres da criança.
Há diminuição das atividades sexuais.
Incorreta. Pois a fase que se caracteriza pela diminuição das atividades sexuais é chamada de período de latência, e não fase anal. Essa fase ocorre entre os 5 ou 6 anos de idade, período em que a criança desenvolve curiosidade sobre o mundo.
Corresponde à primeira fase do desenvolvimento.
Incorreta. Pois essa fase corresponde à fase anal, e não oral. Nesse período, a zona de erotização está na boca e ligada, no primeiro momento, ao ato de sucção e, desse modo, à sua alimentação.
Corresponde ao ápice e ao declínio do Complexo de Édipo.
Incorreta. Pois essa característica corresponde à fase fálica, e não anal. Nessa fase, a zona erógena é o órgão genital, desse modo, a masturbação é uma prática comum e considerada como um comportamento exploratório.
Assim como Freud, Erik Erikson também foi um teórico psicanalítico que se preocupou em estudar o desenvolvimento humano. Erikson nasceu na cidade de Frankfurt, na Alemanha, em 15 de julho de 1902. Tinha interesse pela produção artística e, desse modo, seu primeiro trabalho foi como pintor de retratos. Em 1933, ele se mudou-se para os Estados Unidos e, a partir de então, começou a desenvolver pesquisas na Harvard, Universidade da Califórnia e Yale.
Sua relação com a psicanálise iniciou-se com o trabalho com crianças. A partir daí, passou a estabelecer contato com a família de Freud, o que despertou seu interesse pela Psicanálise. Fez formação psicanalítica e, posteriormente, foi convidado por Freud para se inscrever no Instituto Psicanalítico de Viena. Apesar de ter recebido influências do pai da Psicanálise, Erikson criou suas próprias ideias, ampliando a teoria da sexualidade proposta por Freud e focando seus estudos no desenvolvimento infantil para além da puberdade. Com isso, ele desenvolveu sua própria teoria, que foi chamada de Teoria do Desenvolvimento Psicossocial.
Erik Erikson descreveu oito fases do desenvolvimento humano, marcadas por uma ou mais crises internas. Para ele, quando o indivíduo consegue dominar essas crises com sucesso, é capaz de avançar para o próximo estágio. Seus estágios propostos não são fixos no tempo e propõe um desenvolvimento contínuo. Estudante, a seguir apresentaremos a você os oito estágios do desenvolvimento de Erik Erikson:
A teoria de Erik Erikson ficou conhecida pela ênfase que deu às influências culturais e sociais no desenvolvimento humano, para além da adolescência. Outro aspecto que contribuiu para o reconhecimento desse autor na área da Psicologia do Desenvolvimento foi a criação do conceito de crise de identidade, que até os dias atuais gera pesquisas e debates públicos (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Erik Erikson foi um importante psicanalista, que, assim como Freud, contribuiu com os estudos na área do desenvolvimento humano. No entanto seus estudos deram ênfase às experiências infantis considerando alguns aspectos que não haviam sido abordados por Freud. Nesse sentido, leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponde a um desses aspectos.
Sexuais.
Incorreta. Pois os aspectos estudados por Erikson que não foram considerados na teoria freudiana foram os aspectos culturais e sociais enquanto influenciadores no desenvolvimento humano.
Biológicos.
Incorreta. Pois os aspectos enfatizados na teoria de Erikson que não foram destacados por Freud foram os aspectos culturais e sociais como elementos influenciadores no desenvolvimento.
Maternos.
Incorreta. Pois não foram os aspectos maternos que foram enfatizados por Erikson e não por Freud, mas, sim, os aspectos culturais e sociais como influenciadores no desenvolvimento da personalidade.
Paternos.
Incorreta. Pois Erikson enfatizou os aspectos culturais e da sociedade como influenciadores no desenvolvimento da personalidade humana, elemento que não foi considerado na teoria de Freud.
Culturais.
Correta. Pois a ênfase que Freud deu às experiências infantis desconsiderou os aspectos culturais e sociais como elementos influenciadores no desenvolvimento humano, assim como Erik Erikson.
Nome do livro: Psicologia do Desenvolvimento
Editora: Pearson Education do Brasil
Autor: Wilson Ferreira Coelho
ISBN: 9788543012193
Comentário: Esse livro apresenta teorias que traçam conjecturas sociais, psicológicas e biológicas para explicar a maneira como os seres humanos aprendem e se desenvolvem. Apresenta uma linguagem simples, objetiva e concisa, que possibilita uma experiência prazerosa de leitura acerca das principais teorias do desenvolvimento humano.
Nome do filme: Freud além da alma
Gênero: Drama
Ano: 1962
Elenco principal: Montgomery Clift e Susannah York
Comentário: Essa polêmica narrativa fílmica apresenta a biografia de Sigmund Freud (pai da Psicanálise), assim como seus casos mais conhecidos e a relação que mantinha com seus pacientes.