A economia possui diferentes frentes de atuação com os pesquisadores desenvolvendo diversos estudos para entender a atuação das firmas, famílias e Governo. Uma das divisões fundamentais existente na economia é entre microeconomia e macroeconomia. Em relação à microeconomia, o foco é dado para interação entre a firma e o agente econômico por meio das forças de oferta e demanda para posterior equilíbrio via mecanismo de preço.
Nesse contexto, existem diversos conceitos que são importantes para que a análise microeconômica seja bem fundamentada, dadas as diferentes estruturas de mercado existentes nas sociedades e os impactos decorrentes do processo produtivo de diferentes organizações ao longo do tempo.
Em uma economia de mercado existem diversos agentes econômicos, famílias, empresas e Governo que interagem entre si para a compra e venda de bens e serviços. De um lado, as famílias ofertam fatores de produção (terra, capital e trabalho) para serem utilizados na produção de bens e serviços que serão negociados posteriormente no mercado. De outro lado, os agentes econômicos demandam os bens e serviços para a satisfação de suas necessidades ao longo do tempo.
Nesse sentido, dois conceitos são fundamentais para a análise econômica e compreensão do funcionamento da sociedade que tem como base economias de mercado: as curvas de oferta e demanda. Nessa linha, Pindyck e Rubinfeld (2013) abordam a curva de oferta e demanda como um dos fatores elementares para a compreensão da economia. Basicamente, no equilíbrio, a oferta e a demanda ditarão a quantidade de bens e serviços negociados no mercado e o preço com que os produtos foram negociados rumo ao equilíbrio entre a oferta e a demanda.
Portanto, a interação entre os agentes econômicos no livre mercado permite a definição da quantidade e preço de equilíbrio, sendo resultado da oferta e demanda por bens e serviços. Como ressaltam Samuelson e Nordhaus (2012), as preferências dos agentes econômicos consumidores é a responsável por determinar a demanda de bens e serviços; já os custos das empresas, responsáveis pela produção de bens e serviços, são a base da oferta nas economias de mercado.
Prezado(a) estudante, como estamos focados em analisar mercados de forma separada e/ou a interação entre poucos agentes no mercado, como é o escopo da teoria microeconômica, faz-se necessário compreender o papel da expressão Coeteris Paribus. Essa é uma expressão em latim que significa “tudo o mais constante”, ou seja, quando vamos analisar o papel da oferta e demanda, dadas modificações no preço e/ou quantidade, estamos considerando que as demais variáveis da economia não foram modificadas (VASCONCELLOS, 2017).
A oferta de bens e serviços nas economias de mercado são proporcionadas pelas empresas (organizações) que visam produzir diferentes produtos para negociação no mercado de modo a obter lucros. Assim, Samuelson e Nordhaus (2012, p. 44) explicam a curva de oferta da seguinte forma: “A função oferta (ou curva de oferta) de um bem mostra a relação entre o seu preço de mercado e a quantidade desse bem que os produtores estão dispostos a produzir e a vender, mantendo‑se tudo o mais constante”.
Como as organizações produzem bens e serviços para a sociedade com o intuito de obter lucro, os custos de produção têm um elemento central para que a empresa tenha viabilidade econômica de se manter no mercado ao longo do tempo. Nesse contexto, em momentos em que o custo de produção é baixo em relação ao preço praticado no mercado, é bastante lucrativo para os produtores manter ou aumentar a quantidade produzida. Por outro lado, em momentos em que os custos de produção são elevados em relação ao preço, as empresas produzem uma quantidade inferior de bens e serviços para posterior oferta no mercado (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
Prezado(a) estudante, esta é uma questão crucial: os custos de produção dos diferentes produtos negociados no mercado têm um caráter central na dinâmica da economia, não é mesmo? Imagine como é difícil para uma organização se manter no mercado se os custos produtivos são elevados em relação ao preço praticado no mercado. Poucas empresas teriam incentivos para entrar no mercado, correto?
Por isso, os custos de produção são fundamentais para compreender a inserção das empresas no mercado. Mas quais são esses custos? Samuelson e Nordhaus (2012) explicam que os custos são basicamente determinados pelos preços dos fatores de produção (capital, trabalho e terra, também chamados de recursos naturais). Logo, os custos da organização acabam sendo determinados a partir dos preços pagos por esses fatores de produção e pelos avanços tecnológicos.
Por essa perspectiva analisada, observe a Figura 2.1, a seguir, para melhor compreensão sobre o funcionamento da curva de oferta em uma economia de mercado, com as empresas que atuam para ofertar bens e serviços para o consumo dos demais agentes econômicos envolvidos no mercado (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Na Figura 2.1, é possível observar que, quanto maior o preço, maior será a vontade dos produtores de ofertar bens e serviços para a sociedade, consequentemente, a curva de oferta tem a sua inclinação voltada para cima. Desse modo, o objetivo da análise gráfica da curva de oferta é demonstrar que a quantidade ofertada de uma mercadoria é modificada de acordo com as alterações no preço da mercadoria (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Outro ponto importante a ser ressaltado é sobre os possíveis deslocamentos que a curva de oferta pode sofrer (mudanças da curva S para a curva S’ na Figura 2.1). Esses deslocamentos podem ocorrer a partir de mudanças tecnológicas que ampliem a produtividade da organização, ou seja, podem produzir mais com o mesmo preço de mercado ou produzir a mesma quantidade com um preço menor. Assim, a curva de oferta se desloca para a direita (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
A análise pelo lado da firma está relacionada à oferta de produtos nas economias, quanto maior o preço do produto, mais atrativo é para as organizações ofertarem produtos, correto? E, em relação aos consumidores, como ocorre sua interação no mercado para o consumo de produtos (bens e serviços)? Como se dá a relação com o preço praticado no mercado?
Para responder a essas perguntas, podemos utilizar Samuelson e Nordhaus (2012), que explicam a relação entre preço e quantidade comprados no mercado pelos consumidores como a função demanda. Ao contrário dos produtores que estão no mercado em busca do maior preço possível para seu produto, os consumidores estão no mercado em busca de pagar o menor valor possível pelos bens e serviços que desejam consumir ao longo do tempo.
Desse modo, a própria curva de demanda é bem diferente da curva de oferta. Isso porque a quantidade demandada de bens e serviços pelos consumidores aumenta conforme o preço diminui (negativamente relacionada), enquanto, para a empresa, quanto maior o preço, maior a oferta de bens e serviços. Dessa própria relação, também podemos começar a pensar sobre como ocorre o equilíbrio de mercado na sociedade com base nas economias de mercado. Por enquanto, vamos observar uma definição mais científica sobre a lei da demanda.
Lei da demanda negativamente inclinada: quando o preço de um bem sobe (mantendo‑se o tudo o mais constante), os compradores tendem a consumir menos desse bem. De forma similar, quando o preço baixa, mantendo‑se o tudo o mais constante, aumenta a quantidade demandada (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 41).
Além do preço de mercado, existem outros diferentes fatores que podem influenciar a demanda na sociedade, como: I) renda do consumidor; II) tamanho do mercado; III) existência de bens próximos; e IV) conjuntura (como guarda-chuva em um dia chuvoso); como apontam Samuelson e Nordhaus (2012). Enquanto modificações no preço fazem com que ocorra um movimento ao longo da curva de demanda, outros fatores que não o preço, como os apresentados, acabam por resultar em um deslocamento da curva de demanda, como pode ser observado na Figura 2.2, a seguir.
Prezado(a) estudante, a Figura 2.2 apresenta a curva de demanda negativamente inclinada ou descendente (D). Fica claro que, quanto menor o preço, maior a quantidade demandada pelos consumidores Coeteris Paribus. Portanto, os consumidores sempre buscam preços mais baixos para ampliar o seu consumo. Outro ponto importante é que demonstra o possível deslocamento na curva da demanda (D’), como apontam Pindyck e Rubinfeld (2013).
Esse processo ocorre quando existem modificações em variáveis como a renda, ou seja, o aumento da renda tem o poder de deslocar a curva de demanda para direita, podendo ocorrer duas formas de modificações: I) o preço ser mantido e aumentar a quantidade demandada; II) manter a quantidade ofertada e a maior renda permitir que os consumidores paguem mais pelo produto (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Os consumidores vão até o mercado para a aquisição de bens e serviços que desejam consumir e, assim, maximizar o seu bem-estar social. Nessa ida ao mercado, o preço dos produtos influencia a tomada de decisão, contudo alguns outros fatores podem influenciar. Você já ouviu falar sobre bens substitutos e complementares? Por exemplo, os bens são substitutos se o aumento no preço de um bem aumenta o consumo de outro. Já os bens complementares são aqueles em que o aumento no preço de um bem reduz o consumo de outro. Você consegue imaginar produtos assim na economia?
Por meio da interação entre ofertantes (empresas) e demandantes (consumidores), é possível chegar ao equilíbrio de mercado, seja para um bem ou para toda a economia. Assim, em uma economia de livre mercado, existe um mecanismo de interação entre os agentes que resulta em modificações no preço até atingir o equilíbrio (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Um equilíbrio de mercado ocorre com o preço no qual a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada. Nesse equilíbrio, não há tendência para o preço subir ou descer. Diz‑se também que o preço de equilíbrio é o preço de ajuste de mercado. Isso significa que todas as ordens de compra e de venda foram satisfeitas, as carteiras de encomendas foram zeradas e os consumidores e os fornecedores estão satisfeitos (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 47).
Nessa perspectiva, agora vamos analisar o equilíbrio entre a oferta e a demanda a partir da Figura 2.3, a seguir, que apresenta ambas as curvas: I) curva de oferta positivamente inclinada; e II) curva de demanda negativamente inclinada.
Na Figura 2.3, o ponto de encontro (intersecção) entre oferta e demanda fornece o preço e quantidade de equilíbrio, nesse local não existem forças que modifiquem o preço ou a quantidade. Dadas as condições de mercado, todos os agentes econômicos participantes estão satisfeitos. Como bem apontam Pindyck e Rubinfeld (2013), se existe um preço maior (P1), há um excesso de oferta e o preço tende a diminuir, mantido tudo o mais constante. Por outro lado, se existe um preço mais baixo (P2), há escassez de oferta e o preço tende a subir, mantido tudo o mais constante.
A microeconomia é uma importante ferramenta na análise econômica para compreender o funcionamento de nossa sociedade por meio da interação dos agentes econômicos no mercado, a oferta e a demanda de bens e serviços ao longo do tempo. Desse modo, no ponto de encontro entre oferta e demanda, o que é definido?
Expansão da produção para a melhoria do bem-estar das organizações produtoras.
Incorreta: pois, no encontro entre as duas curvas, ocorre o equilíbrio de mercado que foi obtido a partir das livres forças de mercado. Assim, não é possível melhorar a situação do produtor a partir da expansão da produção.
Expansão do consumo para maior nível de compra de bens e serviços pelos produtores.
Incorreta: pois, no equilíbrio, não é possível ampliar o consumo. Ademais, a frase apresenta apenas a possibilidade de consumo dos produtores que estão no mercado, na realidade, para a oferta de bens e serviços.
A partir das forças de mercado são definidos os preços e a quantidade de equilíbrio.
Correta: pois, na interação entre os compradores (demanda) e produtores (oferta) de bens e serviços no mercado, as negociações ocorrem de maneira que, no encontro entre as duas curvas, temos o preço e a quantidade de equilíbrio.
No encontro entre as curvas e os preços, a quantidade ofertada tende a diminuir.
Incorreta: pois, no equilíbrio de mercado, sem que ocorra alguma modificação que impacte o equilíbrio, tanto o preço quanto a quantidade devem ser mantidos os mesmos, visto que produtores e consumidores estão satisfeitos.
O modelo de oferta e demanda aponta para o papel do governo em controlar a produção.
Incorreta: pois o modelo de oferta e demanda pode considerar apenas os agentes econômicos privados ou o governo. Contudo, não existe uma diretriz no modelo sobre o controle produtivo por parte do governo.
A oferta e a demanda por bens acabam por determinar o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado. Para avançar no modelo, deixando-o mais próximo da realidade, também se faz necessário conhecer o papel da elasticidade para a dinâmica do mercado. Por exemplo, quando o preço aumenta em determinado valor, quanto vai variar a quantidade vendida no mercado? Essa é uma questão que a elasticidade responde.
Nessa perspectiva, Vasconcellos (2017) define a elasticidade como a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra, mantido tudo o mais constante. De forma semelhante, Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 33) definem a elasticidade da seguinte forma:
A elasticidade mede quanto uma variável pode ser afetada por outra. Mais especificamente, é um número que nos informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável como reação a um aumento de um ponto percentual em outra variável. Por exemplo, a elasticidade preço da demanda mede quanto a quantidade demandada pode ser afetada por modificações no preço. Ela nos informa qual será a variação percentual na quantidade demandada de uma mercadoria após um aumento de 1% no preço de tal mercadoria.
Desse modo, a primeira análise de elasticidade já está posta: elasticidade-preço da demanda. Essa elasticidade procura compreender a variação da quantidade dada a variação no preço. Em notação matemática, fica da seguinte forma (o símbolo Δ significa variação):
Ep\(_d\) = (%ΔQ)/(%ΔP) (1)
Sendo que:
Ep = elasticidade preço da demanda.
Q = quantidade
P = preço
Prezado(a) estudante, note que, a partir dessa divisão, a elasticidade-preço da demanda pode ser: I) igual a zero; II) menor que zero; ou III) maior que zero. Apesar de normalmente o resultado final ser um número negativo em decorrência do aumento dos preços, em geral, reduz a quantidade demandada (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Cada uma dessas possibilidades de elasticidade possui nomenclaturas específicas. Quando o resultado da elasticidade é maior que 1, o resultado aponta para a demanda é elástica ao preço (elástica). Isso porque o percentual da queda da quantidade demandada é maior que o percentual de aumento no preço (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
No extremo oposto, quando a elasticidade preço for menor que 1, o resultado aponta para a demanda é inelástica ao preço (inelástica). Ou seja, o aumento do preço resulta em uma queda percentual menor na quantidade demandada. Por fim, quando a elasticidade é igual a um, a nomenclatura dada é da elasticidade unitária (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
Para facilitar a compreensão do papel da elasticidade nas curvas de demanda, a Figura 2.4 apresenta os dois casos extremos de elasticidade. Na Figura 2.4(a), é apontado o caso da demanda infinitamente elástica; nesse mercado, o produtor não consegue modificar o preço praticado, dado que pequenas variações no preço resultariam em queda total da quantidade demandada.
Já na Figura 2.4(b), a demanda é completamente inelástica. A demanda continua igual, mesmo quando ocorrem modificações nos preços pelo produtor. Prezado(a) estudante, mas o que ajuda a definir a elasticidade? Existem fatores no mercado que tornam as modificações nos preços e quantidades diferentes? A resposta é sim.
Samuelson e Nordhaus (2012) explicam que a existência de bens substitutos torna a elasticidade desses produtos no mercado mais elástica em relação aos produtos sem substitutos próximos. De forma mais específica, Pindyck e Rubinfeld (2013) apontam os produtos substitutos próximos como aqueles em que o aumento no preço desloca a compra do consumidor para o outro produto. Assim, após compreender a relação da elasticidade-preço da demanda, também é importante avançar na compreensão de outras elasticidades, como as expostas no Quadro 2.1, a seguir.
Quadro 2.1 - Elasticidade
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2017, p. 65).
No Quadro 2.1, a primeira linha apresenta a definição da elasticidade-renda da demanda, apontando para o impacto de modificações no nível da renda do consumidor sobre a demanda de determinado bem na economia. Na mesma direção, Mankiw (2017, p. 95) define a elasticidade-renda da demanda da seguinte forma: “mede o quanto a quantidade demandada varia conforme a renda do consumidor varia”. A fórmula a seguir apresenta a relação da elasticidade-renda da demanda.
Ep\(_d\) = (%ΔQ)/(%ΔR) (2)
A fórmula (2) apresenta características próximas à primeira, visto que sempre que se lida com elasticidade estamos falando em variações percentuais. O destaque aqui é que a relação envolve a quantidade (Q) e a renda do consumidor (R).
Nessa análise, é possível compreender como funciona o impacto da renda sobre dois tipos de produtos: I) bens normais; e II) bens inferiores. Os bens normais são aqueles em que o aumento no nível de renda faz com que também aumente a quantidade demandada. Os bens inferiores são aqueles que, quando ocorre o aumento na renda do consumidor, este acaba diminuindo seu consumo (MANKIW, 2017).
Ainda no Quadro 2.1, a elasticidade-preço cruzada da demanda proporciona a relação entre dois produtos distintos, medindo a mudança na quantidade demandada de um bem ou serviço quando existem modificações no preço de um segundo bem ou serviço. Como estamos lidando com elasticidade, o cálculo busca também encontrar a variação percentual entre os bens ou serviços (MANKIW, 2017).
Ep\(_d\) = (%ΔQ1)/(%ΔP\(_2\)) (3)
A fórmula (3) é bem parecida com a primeira, a modificação se dá apenas entre a relação o preço que tem como foco o segundo bem. Mankiw (2017) ressalta que o valor pode ser positivo ou negativo a depender de os bens serem substitutos ou complementares. Quando são substitutos, o valor é positivo porque o aumento no preço do bem 2 aumenta a quantidade demandada do bem 1. Já quando os bens são complementares, o resultado é negativo, dado que o aumento no preço do bem 2 reduz a quantidade demandada do bem 1.
Independente do modelo de elasticidade analisado, existe a possibilidade de serem elástica, inelástica ou unitária, seguindo os conceitos apresentados na elasticidade-preço da demanda. Agora, vamos para o último tipo de elasticidade que tem relação direta com o produtor na economia: a elasticidade-preço da oferta.
As elasticidades de oferta são definidas de modo semelhante. A elasticidade preço da oferta corresponde à variação percentual da quantidade ofertada em consequência do aumento de um ponto percentual no preço. Essa elasticidade normalmente é positiva, pois um preço mais alto incentiva os produtores a aumentar a produção (PINDYCK; RUBINFELD, 2013, p. 36).
Uma diferença básica, mas central, entre a elasticidade da demanda e da oferta é que a primeira é negativa, enquanto a segunda é positiva. Isso ocorre porque os consumidores desejam consumir por um menor preço, enquanto os produtores desejam vender por um preço maior. Consequentemente, o equilíbrio de mercado ocorre quando os dois tipos de agentes estão satisfeitos, apontando para um preço e uma quantidade de equilíbrio na sociedade.
Ep\(_o\) = (%ΔQ)/(%ΔP) (4)
Assim como a fórmula de oferta é igual à da demanda, a análise gráfica também é a mesma quando se analisa os dois extremos: I) oferta infinitamente elástica; e II) oferta completamente inelástica. A modificação principal entre ambas as análises é decorrente dos valores intermediários da elasticidade.
Nesse sentido, como aponta a Figura 2.5, a curva de demanda tem uma relação negativa entre preço e quantidade, ou seja, é voltada para baixo. A curva de oferta tem relação positiva entre preço e quantidade, sendo voltada para cima. Prezado(a) estudante, agora vamos fazer um exercício reflexivo. Observe a inclinação das curvas da Figura 2.5 em relação aos extremos expostos na Figura 2.4, agora imagine modificações na inclinação em uma curva de cada vez e depois em ambas as curvas. Você consegue notar como pode ocorrer as modificações entre preço e quantidade, considerando a elasticidade? Ainda, pode notar que, dependendo da inclinação, a curva aponta para modificações inelásticas ou elásticas?
A partir da análise da oferta e da demanda, é possível compreender o papel dos produtores e consumidores no mercado. De forma a compreender os possíveis impactos da modificação dos preços, a elasticidade proporciona maior precisão nos cálculos econômicos. Assim, o que significa a elasticidade-preço da demanda em uma situação elástica?
Alterações no preço impactam alterações sobre a quantidade em proporção menor.
Incorreta: pois a demanda elástica significa que os agentes econômicos respondem fortemente a alterações do preço, modificando ainda mais (proporcionalmente) a quantidade demandada.
Modificações no preço diminuem proporcionalmente mais a quantidade demandada.
Correta: pois, se o agente decide aumentar o preço e a demanda é elástica, os agentes econômicos respondem com maior redução na quantidade consumida do produto.
O aumento no preço do produto faz com que os agentes desloquem o consumidor para outro similar.
Incorreta: pois, apesar de o conceito estar correto, não tem ligação com a elasticidade-preço da demanda no mercado, mas com a elasticidade-preço cruzada da demanda.
O aumento no preço do produto faz com que a renda do consumidor seja maior, maximizando seu bem-estar.
Incorreta: pois existe a confusão entre conceitos, apontando as modificações no preço como um impacto sobre a renda do consumidor. Contudo, a elasticidade-renda da demanda é a responsável por compreender o papel da renda.
Procura compreender as modificações no preço que acabam por aumentar a produção pelos produtores.
Incorreta: pois a relação entre o preço e a oferta é proporcionada pela elasticidade-preço da oferta na economia, diferentemente do enunciado que procura entender as preferências do consumidor.
A análise microeconômica envolve diferentes pontos sobre o comportamento do consumidor e do produtor e, também, da interação de cada agente no mercado. O papel das empresas é a produção de bens e serviços para serem transacionados com os demandantes de seu produto, definindo o preço e a quantidade de equilíbrio.
Contudo, em uma análise mais ampla sobre a microeconomia, não deveriam ser consideradas diferentes estruturas de empresas? Nas economias modernas existe uma única estrutura de mercado para todas as empresas? Questionamentos nessa direção apontam para a necessidade de compreensão sobre as organizações e sua interação no mercado.
Ainda nessa perspectiva, dependendo da empresa e da estrutura em que está inserida, pode existir maior ou menor poder de influenciar os demais agentes que compõem o mercado? É justamente para responder a esses tipos de questionamentos que a análise microeconômica de estrutura de mercado existe. Basicamente, existem dois tipos de estruturas de mercado extremas: I) mercado competitivo; e II) monopólio. Além desses, também são importantes as estruturas de oligopólio e concorrência monopolista.
Contudo, antes de avançar no entendimento sobre as diferentes estruturas de mercado, uma questão central para as empresas em qualquer estrutura de mercado é sua maximização dos lucros. Assim, o objetivo das organizações é impulsionar ao máximo seus benefícios econômicos de atuação no mercado, sendo esse processo decorrente da maximização do lucro (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Note que não basta um lucro qualquer, a empresa que visa seu bem-estar máximo deve maximizar o lucro em qualquer tipo de estrutura de mercado.
A concorrência perfeita é um mercado clássico para a análise microeconômica, referindo-se à estrutura em que existem diversos consumidores (compradores) e produtores (vendedores) atuando no mercado (mercado atomizado), de modo que nenhum consiga influenciar o preço de mercado (sem poder de mercado).
Os agentes econômicos em uma estrutura de mercado de concorrência perfeita devem tomar o preço como dado a partir das forças de oferta e demanda, ou seja, a interação entre diversos compradores e vendedores é o que acaba definindo o preço de mercado. Atenção, estudante: é importante destacar a inexistência do poder de mercado nessa estrutura que acaba sendo justificada em decorrência de algumas características do mercado, são elas: I) empresas tomadoras de preço; II) homogeneidade de preços; e III) livre entrada e saída (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Por meio dessas características, as empresas atuam no mercado para maximizar os seus lucros a partir da oferta de seus produtos.
Regra para a oferta de uma empresa em concorrência perfeita: uma empresa maximizará o lucro quando a produção estiver no nível em que o custo marginal é igual ao preço [...] Uma empresa que queira maximizar o lucro fixará a sua produção no nível em que o custo marginal é igual ao preço (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 134).
Assim, para a maximização do lucro, a empresa deve notar seu custo marginal, ou seja, quanto aumenta o custo decorrente do aumento em uma unidade extra de produto. A empresa aumentará sua produção até que esse aumento no custo seja igual ao preço (que a organização não consegue influenciar). Nesse ponto, existe a maximização do lucro da organização, com os produtos e consumidores ampliando seu bem-estar social.
Se por um lado existe a concorrência perfeita, sem qualquer agente conseguir influenciar a estrutura do mercado, no extremo oposto existe o mercado de monopólio (concorrência imperfeita) com uma única empresa que domina todo o mercado. Essa empresa consegue influenciar o mercado em decorrência da inexistência de outros agentes que possam impor concorrência no mercado.
Em um mercado monopolista, a oferta de produtos é dada pela única empresa produzindo o bem ou serviço nesse setor de atividade. Um destaque importante é que não pode existir outro setor que produza um substituto próximo (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Mas por que não pode existir produtos substitutos próximos? Na existência de substitutos, o poder de mercado é reduzido para o monopolista na medida em que o aumento no preço de seu produto desloca parcela do consumo para o bem que é substituto próximo.
Nesse contexto, é preciso compreender quais características estão relacionadas aos mercados monopolistas para compreender o porquê da existência de um setor em que uma única empresa pode dominar toda a oferta de bem ou serviço, são elas: I) existência de barreiras à entrada de novas empresas; II) não existem produtos substitutos próximos; e III) uma empresa produz para todo o mercado (VASCONCELLOS, 2017).
Essas barreiras à entrada podem ocorrer por diferentes motivos. Por exemplo, o caso clássico são os monopólios naturais em que os elevados custos e necessidade de alta escala de produção exige uma única empresa, como é o caso de energia elétrica, água e esgoto. Outra forma de criar barreiras é a existência de patentes que protegem o mercado para a empresa que descobriu certo produto. Também podem existir mecanismos de controle ao fornecimento de insumos ou mesmo a questão da tradição da empresa no mercado (VASCONCELLOS, 2017).
No caso brasileiro, a Petrobrás é uma empresa de capital aberto nos dias atuais, com participação do Estado. Contudo, já foi uma empresa totalmente estatal com exclusividade em toda a cadeia de petróleo no país, sendo um monopólio estatal (barreira à entrada). A história dessa gigante monopolista brasileira é bastante interessante. Fique por dentro acessando o link disponível em: https://petrobras.com.br/pt/quem-somos/trajetoria/. Acesso em: 08/06/2020.
De forma semelhante aos demais mercados, o monopolista tem como objetivo maximizar a sua atuação no mercado por meio do lucro, chegando ao seu bem-estar máximo. Apesar de existir poder de mercado no mercado monopolista, não significa que a organização possa cobrar qualquer preço. Como ressaltam Samuelson e Nordhaus (2012), no mercado monopolista o lucro máximo ocorre quando a receita marginal é igual ao custo marginal, ou seja, quando a receita extra de uma unidade de produto a mais é igual ao custo de produção dessa unidade.
Um detalhe é importante nesse processo: essa relação está abaixo do preço praticado no mercado, por isso existem lucros extraordinários nesse mercado. Logo, as empresas possuem um excedente extra (excedente do produtor), enquanto os consumidores perdem parte de seu excedente (bem-estar social) devido aos preços mais elevados do que na concorrência perfeita, por exemplo.
Os dois extremos de estrutura de mercado são a concorrência perfeita e o monopólio. Contudo, na sociedade moderna, as estruturas mais comuns nas economias de mercado são as intermediárias, como é o caso dos oligopólios. Essa estrutura aponta para poucos produtos no mercado, conseguindo influenciar o preço praticado no mercado (existe poder de mercado), como apontam Samuelson e Nordhaus (2012). De forma complementar, Pindyck e Rubinfeld (2013) destacam que um caráter essencial no oligopólio é que existem barreiras à entrada de novas organizações no mercado.
Na análise da estrutura de mercado oligopolista, podem existir diferentes tipos de empresas, como as que produzem produtos homogêneos, como pode ser o caso do alumínio e cimento ou as empresas que produzem produtos diferenciados, sendo o exemplo da indústria automobilística (VASCONCELLOS, 2017). Estudante, pode observar: existem poucas empresas de automóveis no planeta, assim como existem poucas empresas que trabalham com minério de ferro e produção de alumínio.
Desse modo, o que garante o poder de mercado nessa estrutura é a existência de barreiras à entrada que impedem o aumento da concorrência, o que, por sua vez, poderia reduzir o preço de mercado e caminhar para uma estrutura competitiva. Isso porque um dos critérios para o mercado competitivo existe no oligopólio: possibilidade de produtos homogêneos.
A estrutura de mercado em concorrência monopolista possui um número elevado de produtores que fabricam bens e/ou serviços diferenciados. Por um lado, há uma parcela da estrutura de concorrência perfeita, dado o número de produtores; por outro lado, a diferenciação dos produtos tem diferença com a concorrência perfeita, dado que não existe outro produtor com o mesmo produto (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
De forma complementar, Vasconcellos (2017) define o mercado em concorrência monopolística da seguinte forma: I) muitas empresas no mercado; II) produtos diferenciados, mas com substitutos próximos; e III) cada organização possui algum controle sobre os preços. Nessa linha, Pindyck e Rubinfeld (2013) ressaltam que, diferentemente do mercado oligopolista, na concorrência monopolista não existem barreiras à entrada de novas empresas.
Em muitos setores, os produtos são diferenciados entre si. Por uma razão ou outra, os consumidores veem a marca de cada empresa como algo diferente, distinguindo-se das outras marcas. Nota-se que o creme dental Crest, por exemplo, é considerado diferente do creme dental Colgate, do Aim e de vários outros. A diferença está parcialmente no aroma, na consistência e na reputação — por exemplo, a imagem que o consumidor tem (correta ou não) da relativa eficácia do creme dental Crest na prevenção de cáries. Em consequência, alguns consumidores (mas não todos) estão dispostos a pagar mais por ele (PINDYCK; RUBINFELD, 2013, p. 448).
Uma diferença elementar entre o oligopólio e a concorrência monopolista é o fato de existirem barreiras à entrada. Como no oligopólio novas empresas têm dificuldade de entrar no mercado, o preço praticado está acima do ponto de encontro entre o custo e a receita marginal, permitindo lucros extraordinários no longo prazo.
Já no mercado de concorrência monopolística, o fato de existir diferenciação do produto com substitutos próximos, mas não barreiras à entrada, impede que o preço praticado pelas empresas seja elevado no longo prazo, considerando que essa questão permite que novas empresas achem atraente entrar no mercado, aumentando a concorrência e diminuindo os lucros (lucros normais iguais ao da concorrência perfeita).
Quadro 2.2 - Síntese das estruturas de mercado
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2017, p. 187).
A partir do Quadro 2.2 é possível observar as similaridades e diferenças entre as diferentes estruturas de mercado, no tocante ao objetivo e número de empresas atuantes no mercado, os tipos de produtos que são fabricados por essas organizações para oferta no mercado e a possibilidade ou não de novas entrantes no mercado para ampliação da concorrência. Com base nessas características é possível identificar a possibilidade de lucros em cada estrutura de mercado existente.
Nas economias modernas existem diferentes estruturas de mercado que acabam por impactar o modo como os agentes econômicos atuam ao longo do tempo. Desse modo, pode-se dizer que cada estrutura possui características próprias para os produtores e consumidores. Assim, qual é o tipo de estrutura em que o agente econômico tem a possibilidade de maior poder de mercado?
Concorrência perfeita.
Incorreta: pois, na concorrência perfeita, nenhum agente econômico, seja produtor ou consumidor, consegue definir o preço de mercado. Portanto, nenhum agente tem poder de mercado.
Oligopólio.
Incorreta: pois, apesar de ser um mercado com poucas empresas, ainda assim pode existir concorrência, o que, por sua vez, impacta sobre a possibilidade de poder de mercado. Logo, pode existir poder de mercado, mas não tão grande quanto em uma situação monopolística
Concorrência monopolística.
Incorreta: pois, como os produtos são similares (diferenciados mas com substitutos próximos) e não existem barreiras à entrada, as empresas não conseguem diferenciar seu preço fortemente, impactando em menor poder de mercado.
Estruturas competitivas.
Incorreta: pois, quanto mais competitiva é uma estrutura de mercado, menor é o poder de mercado que as empresas podem exercer ao longo do tempo, diminuindo seu controle sobre o preço.
Monopólio.
Correta: como existe uma única empresa no mercado, não existe concorrência e, assim, a organização tem maior poder para decidir o preço praticado no mercado, mas considerando a sua maximização de lucro.
Nas economias de mercado as famílias demandam produtos enquanto as empresas ofertam, correto? Até o momento, a ideia básica é a produção de bens e serviços para negociação no mercado, não é mesmo? Não existiu um debate sobre os efeitos da atuação dos agentes econômicos, principalmente as organizações fora seu ramo principal de oferta de bens e serviços. Esse é um importante ponto para ser destacado, recebendo o nome de externalidades.
Segundo Mankiw (2017), as externalidades existem quando a atuação de um agente econômico impacta o bem-estar de outro agente que não faz parte daquela ação ou negociação. Em outras palavras, as externalidades existem quando, em sua atuação principal, os agentes econômicos acabam causando outros efeitos para a sociedade. Por exemplo, na produção de agrotóxicos ou em sua própria utilização, pessoas podem ser contaminadas no processo e acabar desenvolvendo doenças.
Outro tipo de externalidade pode ser relacionado à educação, agentes com maior grau de instrução normalmente receberão salários elevados (benefício principal). Contudo, outros benefícios podem ser provenientes da educação, como é o caso de um eleitor e cidadão mais consciente. Conseguinte, pode-se dizer que existem externalidades negativas e positivas na atuação dos agentes econômicos no mercado.
Se o impacto sobre o terceiro é adverso, é denominado externalidade negativa. Se é benéfico, é chamado externalidade positiva. Quando há externalidades, o interesse da sociedade em um resultado de mercado vai além do bem-estar dos compradores e dos vendedores que participam do mercado; passa a incluir também o bem-estar de terceiros que são indiretamente afetados (MANKIW, 2017, p. 184).
De forma semelhante, Vasconcellos (2017) aponta as externalidades como “efeitos colaterais” positivos ou negativos ligados ao consumo ou produção de bens ou serviços na sociedade. Em decorrência desse efeito, o sistema de mercado com os agentes tomando suas decisões de forma descentralizada não consegue, sozinho, alocar os recursos escassos de maneira eficiente e eficaz ao longo do tempo.
Em um mercado em que existem externalidades, a oferta e demanda não define o preço de maneira correta, dadas as diferenças entre benefícios e custos privados e sociais (VASCONCELLOS, 2017). Prezado(a) estudante, observe bem a diferença entre custos privados e sociais que acabam sendo divergentes em um mercado com externalidades. Isso ocorre porque as externalidades estabelecem custos ou benefícios de maneira involuntária (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
Em um ambiente de externalidade, o sistema de preços não funciona da maneira adequada nas economias de mercado. Nesse contexto, pense em possibilidades de intervenções na economia que possa reduzir externalidades negativas da atuação dos agentes econômicos. Por exemplo, os carros emitem fumaça (poluição), como evitar? A indústria química também pode emitir poluição ou dejetos em sua atividade, é possível evitar?
Como a livre iniciativa não consegue regular o mercado por meio da força de oferta e demanda de maneira eficiente, na presença de externalidades, faz-se necessário que exista um terceiro poder que consiga regular o mercado de modo a amenizar os efeitos negativos das externalidades na sociedade ou amplificar os efeitos positivos. Nesse contexto, o Estado, no papel do setor público, pode garantir o funcionamento mais eficiente do sistema.
Como ponto positivo, o governo pode atuar de modo a amplificar o bem-estar social por meio da regulação ou da oferta de bens e serviços que os agentes econômicos privados não têm interesse em produzir, dada a dificuldade de cobrança pelo bem. Esses produtos são conhecidos como bens públicos, ou seja, não é possível cobrar individualmente pela quantidade utilizada desses bens. Por exemplo, como cobrar tarifa individualizada de uma praça? Como cobrar exatamente igual pelo tanto que utiliza da energia elétrica dos postes? Quanto utilizou pela rua ou calçada da cidade?
Um caso extremo de externalidade é um bem público, que é um bem final que pode ser proporcionado a todos de uma forma tão fácil quanto é proporcionado a cada um [...] Bens públicos são aqueles cujos benefícios são indivisivelmente distribuídos a toda a comunidade, quer as pessoas queiram, quer não, consumi-los (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 240).
Nessa mesma direção, Vasconcellos (2017) explica os bens públicos como o seu consumo sendo não excludente e não rival. Em outras palavras, o consumo do bem público por um agente não impede que outro também usufrua os seus benefícios, diferentemente de um bem privado que o consumo por um agente impede o consumo do mesmo produto por outro.
Agora, vamos ao foco das externalidades negativas, dado o prejuízo que causam a grande parcela da sociedade que não tem relação com a negociação do mercado em que o produto está localizado. Para evitar que os agentes econômicos do mercado prejudiquem o restante da sociedade, o Estado tem papel crucial na regulação das atividades, de modo a evitar prejuízos crescentes à sociedade.
Samuelson e Nordhaus (2012) explicam que o Estado pode utilizar programas governamentais voltados para controles diretos sobre as atividades produtivas que causam externalidades negativas por meio de uma legislação específica que torna obrigatório o cumprimento de determinadas diretrizes. Desse modo, o controle direto envolve regulações do tipo “comando‑e‑controle, o regulador ordinária simplesmente à empresa cumprir, dando instruções detalhadas sobre qual tecnologia de controle da poluição aplicar e onde” (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 244).
Esse modelo é um tipo de intervenção direta do Estado nas decisões dos agentes econômicos, o que, por sua vez, pode ocasionar alguns ruídos entre o setor público e privado dos países, inclusive gerando problemas em escala internacional. Por exemplo, um país fortemente regulamentado com controles contra a poluição pode ver a indústria sair do país e ir para algum outro com menor nível de regulação.
Outra forma de o Estado intervir na economia para diminuir os efeitos negativos das externalidades é por meio de mecanismos de mercado que desestimulem o avanço das organizações na produção de bens ou serviços que causem externalidades negativas. Por mecanismos de mercado entende-se cobranças de taxas ou tarifas que incidem sobre o nível de produção ao longo do tempo. Esse mecanismo é capaz de desincentivar o aumento da produção, como exemplo pode-se dizer as cobranças por emissões de poluição (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
Vasconcellos (2017) explica que essa solução de mercado recebe o nome de tributo “pigouviano”, sendo um imposto (externalidade negativa) ou subsídio (externalidade positiva) que procura internalizar a externalidade na tomada de decisão dos agentes econômicos. Agora que já existe uma consistência sobre o impacto das externalidades sobre a sociedade e o papel do governo para auxiliar os agentes econômicos a internalizar essas externalidades, vamos avançar na análise gráfica.
As externalidades não são computadas nos cálculos dos agentes econômicos de maneira natural, portanto, é necessário que exista um terceiro agente, normalmente o Estado, para que seja possível internalizar essas externalidades na tomada de decisão dos agentes econômicos. De acordo com Vasconcellos (2017), na presença de externalidades, os custos (benefícios) privados são diferentes dos custos (benefícios) sociais.
Nesse contexto, o setor público tem um grande papel em mercados que possuem externalidades, seja positiva ou negativa, atuando a partir de políticas de controle via regulamentação ou tributos para corrigir as falhas (como o tributo pigouviano) e os subsídios para incentivar determinadas áreas (MANKIW, 2017). Com esse contexto geral em mente, vamos analisar dois tipos de externalidades (positiva e negativa) nas figuras a seguir, com o intuito de facilitar a assimilação desse importante conceito econômico.
A Figura 2.6 apresenta o mercado de alumínio e o funcionamento do equilíbrio de mercado. Durante a produção desse importante item para a sociedade moderna, surge a poluição decorrente do processo produtivo (fumaça tóxica que acaba prejudicando o meio ambiente), portanto, a produção de alumínio acaba por gerar uma externalidade negativa para os demais agentes econômicos da sociedade.
Prezado(a) estudante, lembre-se de que, na presença de uma externalidade negativa, o custo privado é menor do que o custo social, resultando em uma produção acima do ótimo social. Isso ocorre porque o custo social considera tanto o custo privado quanto o custo dos demais agentes afetados pela poluição do processo produtivo (MANKIW, 2017).
Na Figura 2.6, esse processo fica bem claro pelos diferentes pontos de equilíbrio existentes entre o ponto de “equilíbrio” e o “ótimo” social. Estudante, lembre-se de que o objetivo da empresa é maximizar seu lucro e, para tal, o custo privado de atuação é considerado, por isso o ponto de “equilíbrio” de encontro entre a oferta e a demanda (privada) é o que ocorre quando o mercado é guiado apenas pela iniciativa privada (MANKIW, 2017).
Contudo, o equilíbrio do mercado privado produz a externalidade negativa ligada à poluição, sendo necessária a intervenção do governo para deslocar para a esquerda a curva de oferta (redução da produção), para que o custo social seja considerado. O resultado desse processo é uma menor quantidade produzida e um preço praticado no mercado superior, contudo, a externalidade acaba sendo internalizada. Agora, vamos compreender o papel das externalidades positivas em uma economia de mercado e seu impacto sobre a oferta e a demanda socialmente ótimas.
Atualmente, é praticamente unânime o papel da educação para qualificar a mão de obra da sociedade e permitir maior desenvolvimento econômico e social, correto? Por isso a educação é considerada um mercado em que existem externalidades positivas, podendo ser incentivadas com subsídios do governo para que uma maior parcela da sociedade tenha acesso a um maior nível educacional.
Na Figura 2.7 é possível observar que os agentes privados no mercado de educação, por meio da oferta e da demanda, possuem um ponto de equilíbrio inferior ao ótimo social. As vantagens do maior acesso à educação é uma população mais consciente, com menor criminalidade, melhor sistema eleitoral, maior produção tecnológica, dentre outras (MANKIW, 2017).
Nesse contexto, para internalizar a externalidade, o setor público pode atuar com subsídios para que a maior parcela da população tenha acesso ao sistema educacional, proporcionando um deslocamento da curva da demanda para a direita e resultando em maior quantidade e preço de mercado, mas com um ponto de equilíbrio considerado socialmente ótimo (MANKIW, 2017).
As externalidades negativas levam os mercados a produzir uma quantidade maior do que a socialmente desejável. Por sua vez, as externalidades positivas permitem que os mercados produzem uma quantidade menor que a socialmente desejável. Para solucionar esse problema, o governo pode internalizar a externalidade tributando bens que carregam externalidades negativas e subsidiando os bens que trazem externalidades positivas (MANKIW, 2017, p. 187).
Isso posto, o pensamento econômico voltado à microeconomia é de suma importância para compreender como ocorre a relação entre os agentes econômicos na sociedade. O mecanismo básico para entender as possibilidades de consumo e produção é dado pela lei elementar do mercado: a partir da oferta e da demanda, os agentes econômicos interagem na economia até que sejam encontrados um preço e uma quantidade de equilíbrio.
Esse preço e essa quantidade dependem da estrutura do mercado em que os agentes econômicos estão inseridos, sendo os dois extremos a concorrência perfeita e o monopólio (poder de mercado pela organização). Além disso, também deve ser considerada a possibilidade de externalidades positivas (devem ser incentivadas) e negativas (devem ser retirados incentivos) na atuação dos agentes econômicos ao longo do tempo, com a presença do governo auxiliando a tomada de decisão dos agentes econômicos.
A atuação dos agentes econômicos pode gerar “efeitos colaterais” além da relação entre oferta e demanda por bens e serviços, ou seja, na interação entre os agentes podem surgir efeitos secundários à atividade econômica principal. Desse modo, como é definida a situação em que os benefícios
Externalidades ao consumidor.
Incorreta: pois, na presença de externalidades sociais, ambos os agentes saem ganhando, dado que a quantidade e o preço de equilíbrio são maiores do que sem a presença da externalidade.
Externalidade positiva.
Correta: pois, quando a atuação dos agentes produz um ótimo social superior ao equilíbrio de mercado, existe a criação de externalidades positivas nas relações econômicas do mercado.
Externalidades negativas.
Incorreta: pois a externalidade negativa tem relação com um custo social superior ao custo privado dos agentes econômicos, fazendo com que o equilíbrio de mercado seja com quantidade superior ao ótimo social.
Externalidades.
Incorreta: pois de fato existe uma externalidade quando o benefício privado e social são diferentes, contudo, essa questão só responde parte da questão na medida em que é preciso saber a diferença entre externalidade positiva e negativa.
Externalidade ao produtor.
Incorreta: pois os produtores são apenas uma parte do mercado, sendo que também é necessário compreender o papel e o impacto sobre os consumidores que, na presença de externalidades positivas, também são beneficiados.
Nome do livro: Princípios de microeconomia
Editora: Cengage Learning
Autor: Nicholas Gregory Mankiw
ISBN: 978-85-221-1189-3
Comentário: O livro apresenta as principais questões econômicas que estão voltadas ao escopo microeconômico com bastante didática e exemplos que facilitam a compreensão dessa importante vertente da economia. Assim, é um livro que mesmo não economistas conseguem ler e entender o funcionamento da microeconomia em uma economia de mercado.
Nome do filme: Freakonomics
Gênero: Documentário
Ano: 2010
Elenco principal: Stephen J. Dubner, Steven Levitt e Morgan Spurlock.
Comentário: O filme/documentário foi baseado em um livro do mesmo nome que apresenta diversas facetas da economia, como são os lados ocultos e inesperados que normalmente não são analisados à luz de questões econômicas em um primeiro momento. Assim, este documentário é bastante interessante para avançar na compreensão da relação entre a economia e a sociedade com base no mercado e mecanismo de preço.