Para estudar a economia, é preciso buscar e compreender as diferenças entre agentes econômicos e sociedades (famílias, empresas e governo), assim como identificar alternativas que melhor adaptam-se à sociedade, levando em consideração o ambiente, seja este físico, disponível na natureza, de comportamento e de formação cultural, bem como as possibilidades climáticas, ou seja, compreender tanto as interações entre as variáveis que compõem a construção da riqueza quanto os meios de sobrevivência para a humanidade.
Levando em consideração as suas necessidades, bem como cada sociedade, cada indivíduo enxerga as formas da busca dos meios para a sua sobrevivência e consequente criação dos excedentes para a garantia da sobrevivência das gerações futuras. Considerando as questões relacionadas, torna-se necessária uma viagem pelo tempo econômico, para identificar como as épocas, o pensamento, os autores e as práticas econômicas contribuíram para o bem-estar da humanidade, bem como se foram atendidas ou não as suas necessidades, para buscar um modelo ou forma que satisfaça as necessidades do presente e do futuro. Para tanto, torna-se necessária a formação da base teórica, com vistas à fundamentação econômica e suas variáveis, para a sua aplicação na busca dos melhores desempenhos econômicos e sociais, diante dos desafios e necessidades humanas.
A economia está presente em toda relação humana nos dias atuais, dado que toda relação social está presente no ambiente econômico, que tem, como base, o mercado (economia de mercado ou economia capitalista). Mas o que é economia? Quais os princípios e leis que a regem? Em que esta é fundamentada? De acordo com Vasconcellos e Garcia (2005), a palavra economia é derivada do grego Oikonomía (de óikos, casa, nómos, lei), que tem o seu significado como a administração de um estado ou casa.
A economia é a vista como uma ciência social, a qual estuda a forma que os agentes econômicos (famílias, empresas e governo) utilizam os fatores de produção (capital, trabalho e terra) e recursos (todos escassos) na produção de bens e serviços ao longo do tempo. Também é estudada a forma que ocorre a distribuição da produção entre os agentes econômicos envolvidos na produção das economias de mercado.
Assim, observe, a seguir, os conceitos de suma importância para compreender a análise econômica.
A escassez tem um caráter central, na análise econômica, visto que a impossibilidade de utilizar os recursos de maneira ilimitada implica, necessariamente, na utilização “inteligente” destes, para não ocorrer desperdícios durante os processos produtivos. Estudante, por utilização “inteligente”, é importante compreender a sua ligação com a eficácia e a eficiência da atuação dos agentes econômicos no mercado.
Se não existisse limitação dos recursos, todas as pessoas que interagem na sociedade poderiam ter todo e qualquer tipo de produto na quantidade e no momento que desejassem. Pense bem, com a possibilidade ilimitada de utilização de recursos, tudo seria facilitado, à medida que não seria necessário realizar escolhas entre alternativas pelas famílias, empresas e governo, ao longo do tempo. Por isso, na economia de mercado, existe a busca pela eficiência econômica, como aponta Samuelson e Nordhaus (2012).
A eficiência econômica exige que uma economia produza a mais elevada combinação de quantidade e qualidade de bens e serviços dados a sua tecnologia e seus recursos escassos. Uma economia produz de maneira eficiente quando o bem‑estar econômico de nenhum indivíduo pode ser melhorado sem que o de outro indivíduo fique pior (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 3).
Assim, Samuelson e Nordhaus (2012) definem a economia como a atuação econômica dos agentes de uma sociedade que, na produção de bens e serviços, utilizam recursos escassos e, após a produção, devem distribuir o valor produzido entre os diferentes agentes da sociedade. O que pode ser incluída à análise é a utilização, de forma eficiente, dos recursos escassos.
Portanto, de forma complementar, Vasconcellos (2017, p. 3) aponta o problema da escassez na definição de economia, que é apresentada, em sua concepção, como “a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade”. Ainda, o autor ressalta a importância de essa produção satisfazer as necessidades das famílias que pertencem à economia de mercado.
Atenção, estudante, nesse contexto apresentado, existe um conflito: por um lado, os recursos são escassos e, por outro, existe a necessidade dos agentes econômicos em maior nível de consumo. Consequentemente, a economia precisa equilibrar as necessidades entre consumo limitado, recursos ilimitados ou escassos (VASCONCELLOS, 2017).
Nessa perspectiva, a análise econômica busca a eficiência por meio da combinação de fatores de produção, os quais levem à produção máxima (maximização da produção). Em outras palavras, por meio da combinação de fatores de produção, é preciso atingir o máximo de produção de bens e serviços para a disponibilização no mercado. Essa eficiência pode acontecer quando o bem‑estar econômico de nenhum indivíduo pode ser melhorado sem que o bem-estar de outro indivíduo fique pior (equilíbrio de Pareto), como apontam Samuelson e Nordhaus (2012, p. 3).
A Economia, hoje, está dividida em duas grandes subáreas: a microeconomia e a macroeconomia. Adam Smith é considerado o fundador da microeconomia, o ramo da economia que trata do comportamento de entidades individuais como os mercados, as empresas e as famílias [...] O outro ramo importante da nossa matéria é a macroeconomia, relacionada ao desempenho global da economia. A macroeconomia nem sequer existia na sua formulação moderna antes de 1936, quando John Maynard Keynes publicou a sua obra revolucionária Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda.
Desse modo, é possível observar a evolução da economia para compreender a relação entre os agentes econômicos de maneira individual, bem como sua contribuição para o movimento geral (agregado) da economia ao longo do tempo. Enquanto a microeconomia está envolvida com aspectos de pesquisa ligados à atuação individual dos agentes econômicos no mercado, a macroeconomia procura entender o “movimento geral” da economia por meio da análise agregada dos agentes econômicos.
Em algumas situações, o foco de análise econômica está voltado para as variáveis econômicas agregadas, como é o caso de analisar os dados de um país como produto (Produto Interno Bruto - PIB), desemprego agregado, nível geral de preços (inflação), dentre outras relações que são mais importantes do que analisar cada indivíduo. No entanto, é de suma importância ressaltar que essa é uma análise equivocada.
Ambas as análises são importantes para entender a interação dos indivíduos na sociedade e como ocorre o crescimento econômico ao longo do tempo. Por esse motivo, nos dias atuais, existem amplas pesquisas que procurar fundamentar, microeconomicamente, os aspectos que envolvem a análise macroeconômica. Em vista disso, cada área do pensamento econômico tem sua contribuição para ampliar o bem-estar da sociedade, viabilizando estudos econômicos para o desenvolvimento do país.
Em relação à economia de mercado, Vasconcellos (2017, p. 9) explica que essas economias apresentam “maior eficiência alocativa, em virtude da menor interferência do governo nas decisões de produção e, portanto, na alocação de recursos, permitindo que as forças de mercado estabeleçam as prioridades da sociedade”. Com isso, temos uma nova questão posta ao debate entre economia e sociedade: o papel do governo.
Ao longo da análise, o foco está dado para a economia de mercado, visto que a maioria dos países, nos últimos séculos, tem esse modelo de produção, como é o caso brasileiro. Contudo, também já existiram tentativas de outros modelos de produção, como é o caso do socialismo, em que as relações de produção são direcionadas pelo Estado (governo).
Basicamente, nesse sistema de produção, o Estado é o responsável por direcionar todas as diretrizes que a sociedade seguirá, no tocante à produção e distribuição de bens e serviços para os agentes econômicos. Assim, é um sistema centralizado, enquanto as economias de mercado (capitalismo) ocorrem de maneira pulverizada, ou seja, descentralizada.
Ademais, nos dias atuais, o desenvolvimento do pensamento econômico permitiu a existência de estratégias mistas de atuação entre Estado e agentes privados. De outro modo, o governo pode auxiliar os agentes nas economias de mercado, com o intuito de promover a maximização do bem-estar social, mas sem intervir diretamente em todas as relações privadas dos agentes econômicos.
Nesse sentido, o Estado busca atuar como regulador das atividades sociais e econômicas, bem como na própria produção de alguns bens e serviços. A questão, aqui, é o Estado não intervir em todas as atividades, somente naquelas que considera essenciais para o desenvolvimento da sociedade, de maneira geral, mantendo as questões da liberdade de escolha e alocação dos recursos pelas próprias negociações privadas. Você consegue notar a diferença?
O estudo da economia é bastante amplo, sendo ramificado em diferentes áreas para analisar os problemas específicos que afligem a sociedade, de maneira geral. Por isso, os cientistas econômicos procuram focalizar suas pesquisas em determinados temas, como é o caso dos macroeconomistas. Assim, considerando o conteúdo abordado no texto-base, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, quem foi o responsável pela sistematização da macroeconomia.
Adam Smith.
Incorreta: pois Adam Smith tem seu nome gravado na história como um economista clássico, o qual dedicou o seu tempo aos estudos ligados ao comportamento individual dos agentes econômicos, sendo mais relacionado ao conhecimento microeconômico.
John Maynard Keynes.
Correta: pois somente com a maior crise do capitalismo, em 1929, que o foco nas variáveis agregadas passou a ter maior ênfase no debate econômico internacional, sendo Keynes o pioneiro nesse tipo de análise.
David Ricardo.
Incorreta: pois Ricardo deu sequência aos estudos de Adam Smith, focalizando a sua teoria em um aspecto microeconômico, para compreender questões como a vantagem do comércio nas economias de mercado e a teoria do valor trabalho.
Equilíbrio de Pareto.
Incorreta: pois o equilíbrio de Pareto aponta para questões voltadas ao bem-estar social, seja em um aspecto microeconômico ou macroeconômico. Portanto, aponta para a situação dos agentes econômicos.
Karl Marx.
Incorreta: pois, apesar de Marx voltar seus estudos para o comportamento dos agentes econômicos na economia, de maneira geral, seu foco não foi para as ideias e conceitos relacionados à macroeconomia, e sim à crítica ao sistema capitalista.
A economia tem, como objetivo central, fazer uso dos recursos escassos de forma eficiente, ao longo do tempo. Dessa forma, é possível equilibrar a relação entre o desejo de maior consumo pelos agentes econômicos com a limitação dos recursos existentes para a produção de bens e serviços (escassez). Assim, existe um problema econômico fundamental em equacionar essa relação. Segundo Samuelson e Nordhaus (2012) ressaltam, os três problemas fundamentais que devem ser levados em consideração são: I) o que produzir; II) como produzir; e III) para quem produzir. Na mesma direção, Vasconcellos (2017) explica que os problemas econômicos fundamentais envolvem a questão da escassez nas economias de mercado, tornando necessário realizar escolhas entre alternativas disponíveis. Ainda, acrescenta a questão do quanto produzir de determinados bens e serviços. Assim, observe o quadro a seguir.
Quadro 1.1 - Problemas econômicos fundamentais
Fonte: Vasconcellos (2017, p. 4).
Como é possível observar por meio do Quadro 1.1, o sistema econômico, com base em uma economia de mercado, como é o caso brasileiro, deve possuir uma estratégia de atuação consistente, ao longo do tempo, para utilizar os recursos escassos de maneira eficiente e eficaz. Dessa maneira, o país consegue avançar na sinergia entre economia e a sociedade, permitindo a melhoria do bem-estar social da população. Portanto, ao longo do tempo, é necessário fazer escolhas na alocação dos recursos. Por meio desses problemas fundamentais, a economia de mercado refere-se aos agentes econômicos (famílias e empresas), que são os responsáveis por decidirem a maior parte das questões sobre a produção e consumo, considerando as três perguntas fundamentais. Consequentemente, por meio dos tipos de mercados, sistemas de preços e possibilidades de lucros ou prejuízos, existem incentivos para a determinação do que, como e para quem a produção será realizada (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
As empresas produzem as mercadorias que geram os maiores lucros (o quê), com as técnicas de produção que são as menos dispendiosas (o como). O consumo é determinado pelas decisões individuais sobre como aplicar as rendas provenientes de salários e de propriedades geradas pelo trabalho e pela posse de patrimônios (o para quem) (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 6).
Agora, podemos observar que, apesar de serem “apenas” três problemas fundamentais, existe uma elevada complexidade para enfrentar as decisões que devem ser tomadas, no tocante à produção e consumo em uma sociedade como a nossa. Além dessas questões, será possível pautar a atuação dos agentes econômicos seguindo alguns princípios elementares na existência de uma economia de mercado? Para entender melhor a relação entre atuação dos agentes e princípios, vamos avançar para a próxima seção.
De uma maneira geral, existe a relação entre necessidades ilimitadas pela sociedade e recursos escassos para a produção, correto? Ainda assim, a escassez torna necessária a realização de escolhas na sociedade. Nessa linha, como ressaltam Samuelson e Nordhaus (2012) e Vasconcellos (2017), a sociedade deve fazer essas escolhas com base nos três problemas econômicos fundamentais, o que, quanto, como e para quem produzir nas economias de mercado.
Essas perguntas são muito importantes, pois, com estas, podemos entender a relação entre as economias de mercado e a sociedade. Com base nessas questões, é possível delinear princípios de atuação dos agentes econômicos (famílias, empresas e governo). O governo não deve ser visto em um ambiente hostil pela sociedade, visto que pode auxiliar os agentes privados (famílias e empresas) a maximizarem a sua atuação no mercado, promovendo a ampliação do bem-estar social. Em seu livro “Princípios de Microeconomia”, de 2017, Nicholas Gregory Mankiw apresenta dez princípios que norteiam as relações econômicas em uma economia de mercado, dividindo-os em:
Quadro 1.2 - Relações econômicas em uma economia de mercado
Fonte: Elaborado pelos autores.
Durante sua vida, os agentes tomam decisões em um ambiente de escassez de recursos, existindo um conceito chamado trade-off (princípio um). Basicamente, esse conceito aponta para escolhas que devem ser feitas em que, ao optar por um, não é possível obter a satisfação de outro produto. Por exemplo, uma pessoa deve escolher entre consumir ou poupar determinada quantidade de sua renda. Nesse ponto, o valor poupado não pode ser consumido no mesmo instante.
Nesse sentido, o princípio dois têm relação próxima ou primeira à medida que o custo de consumirem certo produto é diretamente relacionado à desistência de consumo de outro produto. Por meio desse princípio, é possível identificar o conceito de custo de oportunidade à medida que se escolhe por algo, implicando em abrir mão de algum outro item (MANKIW, 2017). Por exemplo, ao escolher consumir mais, o agente deixa de poupar dinheiro para o futuro. Segundo Mankiw (2017), o princípio 3 busca explicar que as pessoas racionais pensam na margem. A racionalidade aponta para os agentes econômicos que utilizam toda a informação disponível para a sua tomada de decisão (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Já a margem tem relação com modificações marginais, ou seja, pequenos ajustes modificam totalmente a atuação do agente econômico.
Por fim, em relação aos princípios voltados para a decisão, Mankiw (2017) explica que as pessoas reagem a incentivos (princípio 4), sendo o incentivo algo que torne atrativo para a pessoa caminhar em determinada direção. No capitalismo, a produção é feita normalmente, descentralizada por meio de diferentes agentes econômicos em diferentes locais, correto? Nesse contexto, também devem ser levados em consideração os princípios econômicos que envolvem a interação entre os agentes econômicos na sociedade.
Como a produção é descentralizada ou pulverizada no capitalismo, o comércio pode ser bom para todos (princípio 5). Assim, cada agente dedica seu tempo na produção mais eficiente para posterior negociação no mercado e, com o capital adquirido, pode comprar outros bens e serviços necessários, não necessitando produzir todos os seus bens de consumo de maneira individual. Portanto, os agentes acabam especializando-se naquilo que têm maior eficiência produtiva (MANKIW, 2017).
Esses produtos devem ser negociados no mercado (comércio). Por isso, os mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econômica (princípio 6), como aponta Mankiw (2017). No mercado, ocorre a interação de compra e venda para a satisfação e melhoria do bem-estar dos agentes econômicos (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
Estudante, até aqui, apontamos para o papel dos agentes de maneira pulverizada, interagindo por meio do mercado, mas, como já destacado, o governo também pode ter um papel importante na sociedade, com base na economia de mercado. Esse é justamente o princípio 7: às vezes, os governos podem melhorar os resultados dos mercados. Isso acontece porque o governo tem o poder de regular a atividade econômica, bem como atuar na garantia do consumo e produção de bens e serviços da propriedade privada (MANKIW, 2017).
Após entender as decisões e interação dos agentes econômicos na economia, portanto, na própria sociedade, é necessário avançar na compreensão sobre aspectos elementares que norteiam o funcionamento da economia. Assim, o princípio 8 explica que o padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços (MANKIW, 2017). Atenção, estudante, esse princípio já é autoexplicativo, em decorrência de que a economia tem o intuito de produzir produtos para serem negociados. Consequentemente, se o nível de produção é baixo, o padrão de vida da sociedade também será baixo. Em relação ao governo, já foi ressaltada a sua importância para o crescimento econômico e bem-estar da sociedade. Por outro lado, se o governo utiliza de seu poder de impressão monetária de maneira descontrolada, os preços podem subir rapidamente, o que acaba atrapalhando a tomada de decisões por parte dos agentes econômicos. Com isso, o princípio 9 define que os preços sobem quando o governo emite moedas demais (MANKIW, 2017). Por fim, existem duas questões importantes no ambiente econômico:
I) desemprego;
II) inflação.
O desemprego piora a vida das pessoas, em decorrência da queda de suas rendas, impedindo o consumo.
A inflação impacta na sociedade, diminuindo a renda, visto que é um conceito relacionado ao aumento no nível geral dos preços, como foi o caso brasileiro na década de 1980. Portanto, a sociedade enfrenta um trade-off de curto prazo entre inflação e desemprego (princípio 10), ou seja, pode escolher menor desemprego às custas de uma maior inflação, como aponta Mankiw (2017).
Estudante, é importante compreender, nesta seção, que existe uma sinergia entre os problemas fundamentais existentes nas economias de mercado, bem como os princípios que regem a atuação dos diferentes agentes econômicos, como as famílias, empresas e governo em sua atuação no mercado para negociações comerciais.
Na economia, existem problemas que são fundamentais resolver para melhorar o bem-estar social. Para isso ser possível, é necessário entender os princípios que pautam a relação econômica entre os diferentes agentes econômicos. Assim, considerando o conteúdo abordado no texto-base, o que significa fazer escolhas entre alternativas?
As pessoas enfrentam o trade-off.
Correta: pois esse conceito tem relação com a necessidade de as pessoas fazerem escolhas à sociedade, as quais, quando feitas, não são possíveis de obter a satisfação de um outro produto. Dessa forma, o trade-off busca direcionar para uma escolha para diferentes alternativas possíveis.
Os preços sobem com impressão monetária.
Incorreta: pois, apesar de existir a relação entre impressão monetária e aumento geral no nível de preços (inflação), este não é um princípio que envolve as escolhas (inflação é ruim), como é o caso do princípio do trade-off.
O comércio é bom para a indústria.
Incorreta: pois, mesmo com o comércio sendo bom para a indústria, aponta-se para apenas uma parte dos princípios que regem a atividade econômica ligada ao comércio ser bom para a sociedade. Ainda assim não faz parte do escopo da pergunta.
As pessoas negam incentivos.
Incorreta: pois, nas economias capitalistas, os incentivos são muito importantes para a tomada de decisão das pessoas e empresas. Além disso, não tem relação direta com a questão de escolhas na economia.
O governo pode auxiliar a atividade econômica.
Incorreta: pois, apesar de ser verdadeira a frase, não tem relação com a pergunta, ou seja, não tem ligação com as necessidades de escolhas entre as pessoas, como é o caso entre adquirir um bem e abrir mão de outro.
A economia, de forma precisa, refere-se ao estudo da ciência econômica, que envolve temas diversos presentes em nossa sociedade moderna, levando em conta a condição escassa dos recursos e sua utilização de maneira eficiente e eficaz. Por isso, o estudo econômico é uma análise ampla, que pode ter ligação com diversos setores da sociedade. Você consegue visualizar essa amplitude?
Basicamente, a economia tem, como intuito, analisar o comportamento dos agentes econômicos (famílias, empresas e governo) na sociedade, bem como a disponibilização de fatores de produção (terra, capital e trabalho) relacionados à produção de bens e serviços que serão negociados no mercado para a satisfação do bem-estar dos agentes envolvidos nas transações. Dessa forma, existe uma questão de interação social entre agentes diferentes ao longo do processo produtivo (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012).
Nessa perspectiva, existe a aproximação entre a antropologia e a economia, à medida que ferramentas ligadas à compreensão do comportamento humano e evolução de sistemas econômicos podem ser utilizadas para melhorar o desenvolvimento das economias de mercado. Assim, também é possível analisar aspectos culturais ligados ao comportamento humano existente antes mesmo do atual sistema econômico. Ainda, é possível analisar o papel das trocas, utilizando moedas desde civilizações antigas, dentre outras análises possíveis.
Como existem várias negociações para a realização da produção, são necessários diversos cálculos econômicos para a formação do preço dos produtos negociados e pagamento da remuneração aos fatores de produção. De forma mais ampla, os cálculos econômicos permitem compreender os custos, receitas e lucros e, consequentemente, a viabilidade econômica e financeira de um empreendimento, seja o investimento em uma nova empresa ou o desenvolvimento de políticas públicas.
Segundo Vasconcellos (2017), a economia tem sua proximidade com a estatística e matemática, para que os cálculos sejam realizados de maneira correta. Como na economia os recursos são escassos, o cálculo matemático e estatístico permite utilizar esses recursos de maneira eficiente e eficaz, evitando desperdícios que possam prejudicar a sociedade. Portanto, de um lado, os estudos econômicos procuram entender a interação das pessoas na sociedade (social) e, por outro lado, é necessário quantificar a interação (cálculo), sendo as duas abordagens não conflitantes.
Nesse contexto trabalhado, o estudo da economia é bastante amplo, à medida que pode possuir sinergia com diferentes áreas do pensamento humano. Como ressalta Mankiw (2017, p. 36), o economista deve ser “matemático, historiador, estadista, filósofo - em certa medida. Deve compreender símbolos e falar por meio de palavras [...]. Deve estudar o presente à luz do passado, com a intenção de compreender o futuro”.
Como exposto por Mankiw (2017), o economista deve ter uma aproximação com diferentes áreas do pensamento humano, para que tenha uma formação completa, conseguindo atuar na sociedade por meio de uma visão ampla. Um exemplo seria por meio do conhecimento histórico; os agentes envolvidos com a economia podem buscar por similaridades existentes em acontecimentos presentes e passados, permitindo que pontos negativos sejam evitados ou que pontos positivos sejam replicados.
Dessa forma, quais medidas tomadas com sucesso, em uma crise econômica passada, podem ser utilizadas atualmente? Quais medidas levaram países para a instabilidade política e econômica? Como certos países conseguiram alcançar o desenvolvimento econômico? Ao conhecer a história, erros são evitados e acertos ressaltados, possibilitando a contínua aprendizagem de todos os agentes econômicos da sociedade.
Vasconcellos (2017) enfatiza o papel da história no desenvolvimento da teoria econômica, visto que a análise histórica facilita a compreensão do presente e permite projetar cenários para o futuro. Para exemplificar, temos a Revolução Industrial, a crise financeira de 1929 e, mais recentemente, a crise financeira de 2008, sendo fatos históricos que modificaram a compreensão econômica da sociedade, impactando em modificações na economia. Ainda em relação à história e economia, Ferguson (2017) apresenta o papel do dinheiro em diferentes sistemas econômicos ao longo da história, mostrando a “ascensão” e a formação do dinheiro nas economias de mercado e seu papel para a formação e disseminação do risco na economia, o que pode resultar em crises econômicas.
De forma semelhante, no plano filosófico, são delineados pensamentos sobre a sociedade e a interação entre os agentes, além de questionamentos, por exemplo: quais as políticas que podem ou devem ser desenvolvidas? Qual o objetivo final da economia e um economista em uma economia de mercado? Foco no lucro ou no bem-estar social? Mais liberdade e igualdade? Mais Estado ou mercado? Observe que existem muitas questões que saem do plano filosófico para serem postas em prática na sociedade. Nessa linha, Vasconcellos (2017, p. 15) explica a relação entre economia e filosofia, moral e ética como fortemente correlacionada até a Revolução Industrial, no século XVIII, sendo o período anterior com a economia guiada por princípios morais e éticos.
Por outro lado, após a Revolução, questões relacionadas à biologia e à física passaram a ser inseridas na análise econômica, para a sistematização do comportamento dos agentes econômicos na sociedade (VASCONCELLOS, 2017). Desse modo, após o século XVIII, a economia passou a incorporar outras ciências para a compreensão do sistema econômico, comportamento dos agentes, cálculos econômicos, dentre outras características.
A construção do núcleo científico inicial da Economia foi desenvolvida com base nas chamadas concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o Grupo Organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo, daí se utilizarem termos como funções, circulação, fluxos, na Teoria Econômica. Segundo o Grupo Mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí advêm os termos estática, dinâmica, aceleração, velocidade, etc. (BAROSSO, on-line).
Nessa perspectiva, existem grupos de análise econômica que visam uma análise mais sistemática da economia (mecanicista) e um grupo que busca entender o sistema econômico por meio de uma perspectiva de maior interação, por vezes, subjetiva (organicista). Contudo, nos dias atuais, os cientistas econômicos procuram interagir as duas visões, tornando a análise econômica de maior complexidade.
Esse é um processo bastante interessante, porque a própria sociedade é complexa. Assim, analisar apenas por meio do cálculo ou com pura subjetividade não é suficiente para abarcar todos os problemas e/ou soluções existentes na sociedade. Por essa razão, atualmente, a economia possui proximidade com diversas áreas, como é o caso da psicologia, que tem ganhado cada vez mais espaço em debates econômicos desde o século XX, principalmente após 1950.
A psicologia tem, como foco, entender o comportamento humano e sua relação com parcela da sociedade e os fenômenos psíquicos. Nesse sentido, prezado(a) estudante, você consegue visualizar a possível relação entre a economia e psicologia?
Basicamente, a aproximação entre a área econômica e comportamental ligada à psicologia ocorreu para avançar na compreensão do comportamento humano nas economias de mercado. Por meio da sinergia entre essas diferentes áreas do pensamento humano, tem-se avançado no entendimento de como ocorrem as escolhas das famílias, empresas e o próprio governo na economia. Nesse sentido, a união de ambas as áreas permitiu o surgimento da economia comportamental. Essa união conseguiu render pesquisas que acabaram ganhando o Prêmio Nobel de Economia, como Herbert Simon, Daniel Kahneman e Robert Shiller.
A economia comportamental se juntou à corrente principal em 2001 e 2002, quando o prêmio Nobel foi atribuído à pesquisa econômica nessa área. George Akerlof (Universidade da Califórnia em Berkeley) foi citado pelo desenvolvimento de um melhor conhecimento do papel da informação assimétrica e do mercado de “gato por lebre”. Daniel Kahneman (Universidade Princeton) e Vernon L. Smith (Universidade de George Mason) receberam o prêmio pela análise da avaliação e tomada de decisão humanas [...] e o teste empírico das previsões da teoria econômica pelos economistas experimentais (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 77).
Por essa lógica apresentada, Samuelson e Nordhaus (2012) explicam como é dado o comportamento dos agentes em relação à aposentadoria, formação de bolhas financeiras, dentre outras. Especificamente sobre a questão de bolhas que desembocam em crises financeiras, Kindleberger e Aliber (2013) apresentam um estudo que envolve economia, história e psicologia, por meio de uma análise de séculos de história econômica, além de como o comportamento das famílias, empresas e governos (psicologia) acabam proporcionando um aumento no preço dos ativos financeiros (bolhas especulativas) e levando a crises nos mercados financeiros e na economia de maneira geral, como as crises de 1929 e 2008 (KINDLEBERGER; ALIBER, 2013).
Uma interação ainda não trabalhada, mas que é importante para a garantia do próprio sistema, acontece à medida que normas e leis possibilitam o funcionamento mais eficiente da economia. Nesse contexto, a economia e o direito podem trabalhar na mesma direção para melhorar o bem-estar social. Imagine uma situação na qual não existam garantias sobre a propriedade privada. Questões econômicas garantidas por lei? Provavelmente, não existiria a economia de mercado capitalista, conforme conhecemos. O quadro a seguir apresenta algumas leis que envolvem a relação entre economia e direito, expostas por Vasconcellos (2017).
Quadro 1.3 - Relação entre Economia e Direito
Fonte: Elaborado pelos autores.
Nas últimas décadas, as diferentes economias passaram por um forte processo de integração, também chamado de globalização comercial e financeira. Com as relações econômicas que ocorrem tanto no mercado externo quanto no mercado interno, é necessário que existam legislações específicas, para que os contratos sejam garantidos e, quando não honrados, tenham instituições capazes de cobrar que esses contratos sejam honrados. Portanto, a figura a seguir apresenta a economia e as áreas que possuem relação.
Ainda nessa temática ligada à globalização, existe outra área do pensamento humano que lida com essas questões: a geografia. A aproximação dessas duas áreas ocorre pelas análises geoeconômica e espacial da relação entre os agentes econômicos (VASCONCELLOS, 2017). Especificamente no caso brasileiro, muitos dados econômicos são coletados e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conheça mais sobre os dados brasileiros e informações sobre a economia do país no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o qual proporciona diversos dados socioeconômicos para o país. Fique por dentro acessando o link disponível em: https://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 13 jul. 2020.
Isso posto, é possível observar que a economia possui relação com diferentes outras áreas do pensamento humano, desde a matemática até a psicologia e filosofia. Nesse contexto, um bom economista voltado para melhorar o bem-estar da sociedade deve considerar essas inter-relações no momento de desenvolver seus modelos de análise sobre a realidade dos agentes econômicos das economias de mercado.
Em decorrência de a economia lidar com diversas questões que envolvem o comportamento humano na sociedade, existe uma forte relação entre os estudos econômicos e outras diferentes áreas do pensamento humano. Essa interação entre as áreas busca tornar mais complexos e eficientes os estudos econômicos. Assim, o que é a economia comportamental?
Interação entre economia e direito.
Incorreta: pois, nos dias atuais, direito e economia são de suma importância para a garantia das relações econômicas, mas esses estudos não estão voltados para as pesquisas em economia comportamental.
Análise conjunta de economia e psicologia.
Correta: pois a economia comportamental começou a ganhar força após 1950 para avançar na compreensão das escolhas dos agentes econômicos na economia.
Inclusão da história e geografia na economia.
Incorreta: pois o conhecimento geográfico e histórico influencia na atuação econômica, mas não está no foco principal do escopo da economia comportamental analisada.
Aproximação entre economia e filosofia.
Incorreta: pois é essencial interagir ambas ciências para refletir sobre o comportamento humano em uma economia de mercado. Contudo, não está relacionada diretamente à economia comportamental.
Interação entre economia e matemática.
Incorreta: pois, mesmo com os cálculos econômicos sendo fundamentais para ampliar a eficiência econômica ao longo do tempo, a relação única entre matemática e economia não proporciona as bases de estudos voltadas para a economia comportamental.
A economia possui relação com diversas áreas que foram sendo agregadas de acordo com o pensamento econômico que evoluiu nos últimos séculos. Apesar de sabermos os problemas fundamentais e os princípios que regem a economia de mercado, esse processo levou séculos de aprendizagem contínua e um intenso debate econômico. Assim, é importante compreender os principais autores da história do pensamento econômico, o que resultou em avanços significativos para o entendimento de nossa economia.
Por meio do conhecimento histórico, é possível identificar questões válidas até os dias de hoje, descobrindo quem foi o autor responsável por desenvolver determinado conceito de forma científica, agregando conhecimentos para a história da humanidade. Todas as áreas da ciência possuem autores essenciais para a evolução dos conhecimentos, os quais deixaram seus nomes marcados na história, não sendo diferente com a economia.
Autores como Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx e John Maynard Keynes são lembrados até os dias atuais, devido às suas contribuições elementares para com o pensamento econômico. Além desses autores, também existiram outros de suma importância para a economia. Thomas Malthus (população e alimentos), Alfred Marshall (lei da oferta e demanda) e Joseph Schumpeter (inovação e ciclo econômico) tiveram importância singular para a economia.
Quadro 1.4 - Evolução do pensamento econômico
Fonte: Elaborado pelos autores.
Por meio do Quadro 1.4, é possível observar alguns dos principais economistas de nosso atual sistema econômico, com exceção de São Tomás de Aquino, que tem sua importância devido à defesa da propriedade privada, comércio e juros em uma época bastante conturbada nesses quesitos (Idade Média).
Tomás de Aquino (1225-1274) tem sua principal obra a Suma Teológica, trabalhando questões relacionadas a sociologia, economia e também a política. Em sua obra, trata questões ligadas à propriedade privada, comércio e da cobrança de juros, escrevendo sobre a moralidade, limitando-se ao “justo preço”, condena o enriquecimento por meio dos mecanismos acima, procurando alcançar o bem comum.
Para se saber mais sobre economia, religião e mercado, São Tomás de Aquino, a influência teológica na construção do pensamento econômico, sugere-se a leitura do Capítulo I - Ciência Econômica e a Economia de Mercado, do livro “A Era do Economista - Fusfeld - Daniel R. 2001”.
Após esse relato do século XIII, vamos direto ao século XVIII, o qual é considerado o período das revoluções, mais especificamente a francesa, a intelectual, o iluminismo, bem como a que mais tem relação com a economia: Revolução Industrial. Ao final do século, acontecia um conjunto de transformações tecnológicas, nascia o sistema manufatura com trabalho assalariado, ou seja, a partir daí começou-se a pensar nos processos produtivos com inovações tecnológicas.
No final do século XVIII, houve novas descobertas, estruturação das formas de pensamento, novas formas para uma organização social, e a economia começa a tomar um novo rumo, e o pensador.
Adam Smith (1723 - 1790) era escocês, filósofo e professor universitário. Suas obras são intituladas: Teoria dos Sentimentos Morais (1759); A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua Natureza e suas Causas (1776), as quais foram escritas bem próximas ao período da Revolução Industrial. Cabe destacar que a Riqueza das Nações influenciou o pensamento econômico até os dias atuais, criando meios e diretrizes para aprofundar a relação social.
Considerado como o pai da economia moderna, Smith desenvolveu uma ideia da riqueza das nações no auge da Revolução Industrial (1776) ou o progresso de diversos elementos de produção, uso de máquinas, controle da energia e extração mineral. A escola de Adam Smith deixou a herança do “Laissez-Faire, Laissez-Passer”, que significa “Deixa fazer, Deixa passar”, uma espécie de proclamação à liberdade mercadológica.
Portanto, Adam Smith foi um economista clássico e liberal que influenciou toda essa linha de pensamento econômico pelos séculos seguintes. Curiosamente, enquanto vivo, foi mais conhecido por seus estudos na área da Filosofia do que no ramo da Economia, assim exercia pouca influência na política econômica da época. As sementes de Ciência Econômica que ele plantou em vida só seriam colhidas bem mais tarde.
Vasconcellos e Garcia (2005) destacam que Adam Smith conseguiu desenvolver uma teoria única para o momento, apontando o funcionamento da economia de mercado por meio das leis de mercado. Ademais, conseguiu trazer importantes contribuições ao campo político e para a atuação do governo, apontando apenas para a regulação econômica, e não para a intervenção na produção de bens e serviços.
Smith acreditava que a relação entre os diferentes agentes econômicos com liberdade poderia proporcionar uma melhoria no bem-estar social dos agentes que interagem no mercado. De outro modo, por meio da livre concorrência, os agentes econômicos atuam no mercado de maneira eficiente, a fim de satisfazer as suas necessidades (bem-estar).
Uma outra forma de observar essa questão levantada é por meio da “mão invisível”. Segundo Gennari e Oliveira (2009), esse conceito significa não ser necessário existir um agente centralizador, como é o Estado, para direcionar as relações de produção na economia. Nesse contexto, a atuação pulverizada dos agentes econômicos livres é o suficiente para a eficiência do sistema.
Portanto, a mão invisível aponta para as forças de oferta e demanda que existem em uma economia de mercado, quando os agentes econômicos estão disponibilizando bens e serviços por meio da livre iniciativa. Assim, a atuação apenas como reguladora é uma ideia interessante para o papel do Estado, nessa concepção desenvolvida por Adam Smith (GENNARI; OLIVEIRA, 2009).
David Ricardo foi um economista clássico, o qual influenciou o pensamento econômico de maneira fundamental, com sua principal obra “Princípios de Economia Política e Tributação” (1817-1821). Nessa obra, Ricardo avança no desenvolvimento da teoria do valor-trabalho e busca explicar o funcionamento da sociedade, com base na economia capitalista.
Gennari e Oliveira (2009) explicam que, na teoria do valor trabalho, as mercadorias possuem uma utilidade exposta por seu valor de troca, dada a escassez e a quantidade de trabalho existente para a produção dessa mercadoria. Portanto, o trabalho empregado na produção é fundamental para compreender a dinâmica de preços das mercadorias negociadas no mercado pelos agentes econômicos.
Dessa lógica desenvolvida por Ricardo, uma polêmica pode ser exposta: se o valor da mercadoria é dado pelo trabalho empregado e se o preço dos salários for alto, consequentemente, os preços das mercadorias também serão elevados? Essa confusão pode ocorrer algumas vezes, mas o importante, aqui, na teoria de Ricardo, é compreender que a quantidade de trabalho empregada determina o valor do produto, bem como que as modificações de salários não afetam o valor de troca, modificando apenas o lucro (GENNARI; OLIVEIRA, 2009).
Atenção, prezado(a) estudante, nos dias de hoje, o comércio é visto com naturalidade e é um instrumento cotidiano para a aquisição de bens e serviços, correto? Nem sempre foi assim. Apenas com a economia de mercado que o comércio avançou exponencialmente. Um dos grandes responsáveis por teorizar essas vantagens foi David Ricardo, você sabe por quê? Para responder a esta pergunta, é necessário um outro conceito fundamental, desenvolvido por esse importante autor da história do pensamento econômico.
Por meio do conceito de vantagens comparativas, David Ricardo demonstrou a importância do comércio para o crescimento e a melhoria do bem-estar dos agentes econômicos, inclusive países, por meio do comércio internacional. Basicamente, a teoria das vantagens comparativas explicava que o país precisa especializar-se na produção de mercadorias para que tenha uma maior vantagem, em comparação aos outros países.
Após a produção das mercadorias em que possui vantagens comparativas, a negociação no mercado concede que a soma final agregada de mercadorias produzidas acaba sendo maior do que se cada país produzisse tudo o que fosse necessário, impulsionando o bem-estar social (GENNARI; OLIVEIRA, 2009).
Por exemplo, se o país é especialista na produção de soja, com relação aos demais, este deve especializar-se para produzir soja, como é o caso brasileiro. Por outro lado, se outro país é especialista em capital humano (tecnologia), este deve especializar-se na produção de conhecimentos (tecnologia), no caso de países como Alemanha, Estados Unidos, China e Japão.
Em suma, David Ricardo foi um importante economista clássico, o qual avançou nas teorias de pensamento econômico, por meio da teoria do valor do trabalho e da teoria das vantagens comparativas. Por meio desses desenvolvimentos teóricos, as bases para compreender a relação entre os agentes econômicos e o preço das mercadorias avançou e, principalmente, a teoria das vantagens comparativas sistematizou a importância da especialização e negociação no mercado dos bens e serviços produzidos, ampliando a importância do comércio internacional (GENNARI; OLIVEIRA, 2009).
Karl Marx (1818-1883) foi um economista e filósofo alemão, considerado o mais eminente teórico do socialismo e comunismo. Publicou obras nas quais criticava o capitalismo, por exemplo, o livro O Capital. Ao longo de sua vida, produziu obras diversas, as quais são utilizadas até os dias atuais. Nessas obras, Marx desenvolveu o conceito de “mais-valia”, uma crítica à exploração do trabalho, referente às formas de pagamento ao trabalhador com o trabalho que era realizado.
Gennari e Oliveira (2009) explicam que a mais-valia é o excedente econômico que o capitalista retira do trabalhador durante o processo produtivo, pois o valor do trabalho pago para o trabalhador produzir bens e serviços para a sociedade não é o mesmo que o trabalhador cria durante o período em que está dedicado ao trabalhador, em consequência da venda de sua mão de obra (força de trabalho).
No volume 1 de 0 capital, Marx assumiu que todas as mercadorias são vendidas a seus respectivos valores. De que forma, então, o capitalista obtém lucro? De acordo com Marx, a resposta comprando aquela mercadoria que possa criar um valor maior do que o seu próprio valor. Essa mercadoria é a força de trabalho (BRUE, 2006, p. 179).
Por meio do pagamento aos trabalhadores de uma remuneração menor do que o seu valor criado, o capitalista consegue extrair a mais-valia e obter lucros em seu empreendimento. Consequentemente, os capitalistas enriqueciam, enquanto os trabalhadores continuavam pobres, dada a exploração inerente às relações trabalhistas em uma economia capitalista. Em decorrência da dedicação de Marx para compreender o funcionamento das economias de mercado e a possível resolução de suas contradições, Marx desenvolveu os conceitos para uma economia socialista como resposta à exploração dos trabalhadores à época da Revolução Industrial (GENNARI; OLIVEIRA, 2009).
Apesar da Revolução Industrial ampliar as possibilidades de consumo e avanço tecnológico, para os socialistas, o industrialismo tinha outra face. Os operários recebiam salários baixos e, mesmo que a remuneração nas fábricas fosse alta o suficiente para atrair trabalhadores do campo, o desemprego em áreas rurais fazia com que aceitassem salários baixos, jornadas de trabalho muito extensas e condições precárias.
Essas deficiências mostravam-se mais evidentes na primeira metade do século XIX, em que a Revolução Industrial teve início na Inglaterra. Após analisarmos obras do século XIX, marxismo, socialismo e comunismo, avançaremos para o século XX, e o pensador sugerido é John Maynard Keynes, com a Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda.
John Maynard Keynes (1883-1946), o mais célebre economista da primeira metade do século XX, publicou a obra denominada Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Segundo Gennari e Oliveira (2009), a importância da obra de Keynes, no século XX, só encontrou paralelos em comparação aos trabalhos de Smith e Marx.
Vale destacar que Keynes cresceu e estudou em um ambiente econômico onde predominava a ideia de liberalismo, e não a participação do governo na economia. Contudo, a Grande Depressão de 1929 (crise financeira internacional) colocou as economias em uma tendência forte de queda, com Keynes desenvolvendo estudos voltados para a importância da participação do Estado na economia, para promover o aumento do produto agregado (Produto Interno Bruto - PIB), aumento do emprego (queda no desemprego) e a renda.
Desse modo, Keynes procura compreender o emprego como dependente da demanda efetiva da economia, que pode variar ao longo do tempo. Em momentos de queda nessa demanda, ocorre o aumento do desemprego e a diminuição da renda da população, por exemplo. Por isso, é importante que os agentes privados ou estatais atuem para manter um nível suficiente de investimento na economia, o qual permita o crescimento econômico (GENNARI; OLIVEIRA, 2009).
Nesse contexto, o estado busca criar condições para o desenvolvimento, com controle macroeconômico e realização das tarefas de infraestruturas. Note que Keynes, ao focar seus estudos no conjunto agregado na economia, acabou desenvolvendo a análise macroeconômica, porque, antes de Keynes, o foco dos estudiosos e cientistas era dado para a microeconomia, e a relação individual entre os agentes econômicos.
Outra grande modificação na obra de Keynes foi a contestação da “Teoria Quantitativa da Moeda” (TQM), que aponta para uma relação direta e proporcional entre a oferta de moeda e a inflação. Em outras palavras, o aumento na oferta da moeda na economia pelo Estado não tinha efeitos reais sobre a economia (produto e emprego), mas conseguia apenas aumentar os preços na mesma proporção. Portanto, na visão clássica, a inflação é apenas um fenômeno monetário.
Desse modo, Keynes também proporcionou um importante papel para a moeda nas economias de mercado, indo totalmente em direção oposta à teoria clássica, que dominava o pensamento econômico mundial desde a época de Adam Smith. Consequentemente, modificações no lado monetário da economia poderiam afetar as expectativas dos agentes econômicos e, por consequência, o emprego e a renda. Logo, a política monetária tem papel ativo na economia Keynesiana (BRUE, 2006).
Nessa perspectiva analisada, Keynes abalou a fé cega no mecanismo de mercado como garantia do pleno emprego. Na Teoria Clássica, o mecanismo de preços de mercado tem duplo papel, em um sistema de decisões descentralizadas. Primeiro, os preços de mercado resumem toda a informação necessária para a coordenação das atividades econômicas; segundo, os preços fornecem os incentivos suficientes para gerar os ajustes necessários nas quantidades.
Finalmente, a Teoria Geral pode ser interpretada como uma mensagem contundente aos economistas, para que estes abandonem o papel puramente contemplativo e assumam uma postura mais ativa, perante os problemas macroeconômicos. Nesse aspecto, parece que Keynes conseguiu o seu intento.
Em uma época em que os economistas preferiam o refúgio seguro do diletantismo acadêmico ao exame dos problemas reais, Keynes notabilizou-se pela defesa de uma teoria econômica revolucionária, pela inabalável confiança em seu modelo e como incansável pregador de um novo programa político.
Keynes teve participação deveras na criação dos organismos internacionais, os quais procuram regular as economias e sugerir regras aos países em desenvolvimento, como o F.M.I. (Fundo Monetário Internacional), organização financeira internacional criada em 1944, e o BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento), conhecido, também, como banco mundial.
É de Keynes algumas saídas clássicas para as conhecidas perguntas difíceis de serem respondidas. No período em questão, foi-lhe perguntado: se houver uma expansão econômica, uma utilização em massa dos recursos naturais, como ficará o planeta no ano 2000? A resposta do teórico foi “até lá, estaremos todos mortos”.
O pensamento econômico possui uma longa história de pesquisa, com diferentes linhas de visualização da economia de mercado e das possíveis saídas para o crescimento e desenvolvimento econômico. Nesse sentido, procure compreender como é dado o papel do Estado para correntes econômicas diferentes ao longo da história.
Essa breve conceituação histórica, bem como as pesquisas sugeridas, procura indicar que a formação do pensamento econômico segue uma espécie de lógica, ou seja, observa-se o ambiente e produz a obra. Na sequência, verifica-se o ambiente e é estabelecida uma crítica à obra, possibilitando, então, a produção de uma nova obra. Caso existam dúvidas, sugere-se, aos alunos, consultarem também:
A valia desta unidade é considerar uma primeira visão da conceituação da economia. É preciso que você, caro(a) aluno(a), tenha a compreensão de que o profissional das ciências sociais aplicadas às pessoas e à gestão empreendedora precisa “dos meios produtivos” para descobrir quais caminhos atenderão às expectativas e às necessidades humanas. Portanto, uma consideração prévia da economia pode ajudá-lo a compreender, interpretar as várias ocorrências econômicas e sociais, bem como construir modelos com base nos fundamentos.
Isso posto, compreender as relações elementares que envolvem uma economia de mercado (capitalista) é essencial para entender a sociedade moderna. Desse modo, na atuação cotidiana na economia, entender os problemas fundamentais existentes na sociedade e determinados princípios econômicos auxilia o agente a interagir com os demais, de maneira mais eficiente, ao longo do tempo, maximizando o bem-estar individual e, consequentemente, o social.
Nos dias atuais, as economias de mercado (capitalistas) são o modelo de produção padrão para a grande maioria dos países que compõem o planeta, apesar de existirem diferenças na atuação de cada país. O desenvolvimento desse modelo de produção foi possível pela evolução do pensamento econômico. Assim, assinale a alternativa de quem desenvolveu a teoria das vantagens comparativas.
Adam Smith.
Incorreta: pois Smith até trabalhou teorias para o comércio, mas baseadas na teoria das vantagens absolutas, que é diferente das vantagens comparativas, à medida que esta proporciona um conceito mais essencial para o comércio.
John Maynard Keynes.
Incorreta: pois, no século XX, já existia a teoria das vantagens comparativas. O foco central dos estudos de Keynes foi voltado para a questão do emprego, renda, papel da moeda, todos em termos agregados na economia, indo em direção contrária aos trabalhos clássicos.
David Ricardo.
Correta: pois Ricardo avançou em duas questões muito importantes na história do pensamento econômico: a teoria do valor trabalho e a teoria das vantagens comparativas. Esta aponta para as vantagens da especialização da produção em setores com maior eficiência e a posterior negociação dos produtos no mercado.
Karl Marx.
Incorreta: pois Marx dedicou seus estudos para compreender a estrutura geral de funcionamento de uma economia capitalista e criticar essa estrutura, propondo um novo modelo de produção com base na socialização dos meios de produção, como é o caso do socialismo ou comunismo.
São Tomás de Aquino.
Incorreta: pois São Tomás de Aquino tem questões importantes para uma economia de mercado, como a concordância com a propriedade privada, mas defendendo o bem comum. Ainda, trabalha questões voltadas ao comércio, mas não desenvolvendo a teoria das vantagens comparativas.
Nome do livro: A ascensão do dinheiro: a história financeira do mundo
Editora: Planeta
Autor: Niall Ferguson
ISBN: 978-85-422-1046-0
Comentário: O livro é bastante interessante para conhecer um dos mecanismos centrais de nossas economias: o dinheiro. Todas as transações na economia envolvem o dinheiro, seja em espécie ou por meio de outros sistemas. Nesse sentido, o livro traz a história do dinheiro em diferentes sistemas econômicos, com destaque para o sistema capitalista.
Nome do filme: Tempos modernos
Gênero: Comédia
Ano: 1936
Elenco principal: Charlie Chaplin, Paulette Goddard e Henry Bergman
Comentário: O filme apresenta uma crítica ao processo produtivo promovido pela Revolução Industrial e aprimorado pelos grandes industriais entre o século XIX e XX. Por meio do filme, é possível entender as condições de trabalho no início do século XX, sendo bastante interessante para melhorar a compreensão social do(a) estudante.