A matemática chinesa, hindu e árabe
É impossível contextualizar sobre a História da Matemática sem abordar culturas como a dos Chineses, Hindus e Árabes. Isso se justifica por optarmos em iniciar nossas reflexões abordando sobre os chineses. Os primeiros numerais de que se tem história dentro da civilização chinesa ocorreram em meados do 3º milênio a.C., quando os chineses fixavam a sua civilização às margens dos rios Huang-Ho e Yang Tsé (rios Amarelo e Azul), na dinastia Hsia, iniciada pelo imperador Yu.
Nesse período, foi possível perceber registros numéricos em carcaças de tartarugas e em ossos de animais, os chamados ossos oraculares que eram utilizados para adivinhações, mas isso ocorreu por volta de 1500 a.C. com a dinastia Shang, que governou e dominou até 1027 a.C. e só então tornou-se um Estado Feudal, governado pela dinastia Chou.
Segundo Nogueira (2015, p. 25):
O início da civilização acontece na mesma região onde aparece a agricultura, nas bacias dos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, concomitantemente com o surgimento, no vale do rio Nilo, da civilização egípcia, com os hindus, no centro-sul da Ásia, nas bacias dos rios Indo e Ganges e os chineses, aglutinados nas regiões dos rios Huang Ho e Yang Tsé, na Ásia Oriental.
Após o grande império se dividir, isso por volta de 700 a 400 a.C., é que surgem os primeiros registros da Matemática, as primeiras obras. O Chou Pei Suan Ching - que contém um diálogo sobre as propriedades dos triângulos retângulos e no qual o teorema de Pitágoras é enunciado; nele é dada sua demonstração geométrica. Nessa obra é possível perceber que existe uma breve explicação sobre o cálculo aritmético.
De acordo com Struick (1992), os chineses começam a utilizar o papel em torno do século I a.C., porém poucos escritos anteriores a 700 a.C. foram conservados. Finalmente, e talvez seja essa a principal razão para a falta de informação acerca da China antiga, grande parte dos registros de caráter técnico foi destruída por mudanças dinásticas, guerras ou inundações.
Até onde se relata sobre a história, afirma-se que existem relatos de que por volta de 200 a.C. a China teve que conviver com um déspota chamado Shi Huang-ti. Este mandou que eliminasse todo e qualquer tipo de material voltado ao estudo, isso obrigou muitos estudiosos a possuírem obras na íntegra em sua memória. Nesse período, muitos conhecimentos eram compartilhados oralmente de geração para geração. Esse compartilhamento possibilitou a codificação do conhecimento chinês, pois, após longos anos, alguns desses materiais destruídos foram reconstruídos, porém, historicamente, dificulta a identificação e a catalogação das datas.
Na antiga matemática chinesa, algumas das obras relevantes de que se tem registro são os Chiu chang suan shu, ou Nove Capítulos da Arte Matemática, e o Chou Pei Suang Ching, que estão pautadas na época da dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.). Os Nove Capítulos são inteiramente dedicados à matemática chinesa e tratam de cálculo aritmético, raiz cúbica, sistemas de equações utilizando matrizes e números negativos, que aparecem pela primeira vez na história apresentando, enfim, as características gerais da Matemática chinesa que perduraram por milhares de anos.
É impossível abordar a Matemática chinesa sem relatar uma das obras mais perfeitas da China, que são as muralhas chinesas. Essa grande muralha se estende por milhões de quilômetros. A construção, por volta de 200 a.C., que se estendeu por muitos anos, foi efetuada com o objetivo de proteger o império chinês crescente. Construída em um local de difícil acesso, os construtores observaram que precisavam fazer cálculos com ângulos de distância, gasto de materiais, ângulos de elevação, provavelmente isso possa justificar a importância e a evolução da matemática chinesa.
Na China, quando o matemático queria somar, ele usava pequenos gravetos de bambus, mas os antigos chineses só usavam o sistema de casas decimais quando iriam realizar operações utilizando gravetos; quando iriam escrever, utilizavam a escrita. Eles usavam um sistema bem mais trabalhoso no qual símbolos especiais representavam dezenas, centenas e milhar. O único problema dos chineses é que não utilizavam o zero, não conheciam o zero, isso deixaria o número escrito extremamente limitado.
Mas, na verdade, havia uma enorme admiração por números na antiga China. De acordo com a lenda, o imperador ordenou para sua divindade criar a Matemática, acreditando no poder de influência dos números, no poder cósmico e, até hoje, os chineses acreditam no poder dos números, por exemplo, o número 4 deveria ser evitado e o 8 representa boa sorte.
Numa tal atmosfera cultural estagnada, as novas descobertas tornavam-se exceções, o que garantia mais uma vez a invariabilidade da tradição matemática. Tal tradição podia ser transmitida através de milênios, sendo somente abalada ocasionalmente por grandes catástrofes históricas .(STRUICK, 1992, p. 67)
Dessa forma, a civilização chinesa vai surgindo e, juntamente, a História da Matemática. Então, às margens do Huang-Ho e do Yang Tsé, lutavam contra secas e enchentes, drenando pântanos, canalizando a água em canais e “construindo dia a dia, durante séculos, cabanas e casas, templos e escolas, aldeias, cidades e Estados” (DURANT, 1957, v. III, p. 91).
De acordo com Nogueira (2015, p. 42):
Enquanto os mesopotâmicos usavam placas de barro cozido, que são praticamente indestrutíveis, e os egípcios usavam o papiro, que se conservou graças ao clima seco, os chineses (assim como os hindus) utilizavam cascas de árvore e bambu, materiais de fácil deterioração.
Vale lembrar que os chineses começaram a utilizar o papel por volta do século I a.C., e que, por ordem do imperador, muitas obras foram destruídas, então era comum pesquisadores possuírem o livro completo em suas memórias e isso acaba dificultando a identificação das datas.
Mas a matemática também tinha um papel vital para o imperador, pois o calendário e o movimento dos planetas eram de grande importância na vida do imperador, influenciando diretamente em suas decisões. Logo, os astrônomos eram pessoas próximas do imperador e todos os astrônomos eram matemáticos. Tudo na vida do imperador era governado pelo calendário, ele cumpria as suas tarefas com precisão matemática.
A antiga China era um império vasto em crescimento, com código legal escrito com um sistema de peso, medidas e sistema monetário padronizado, então precisava de um serviço civil altamente treinado que dominava a matemática. Havia um livro de matemática com 9 capítulos escrito cerca de 200 a.C. O livro é uma compilação de 246 problemas de áreas práticas como comércio, pagamento de salário e impostos, e no centro desse problemas estava o foco principal da matemática, como resolver as equações, ou seja, você recebe uma informação de determinado número desconhecido e com essas informações você tem que descobrir o valor desconhecido.
Os antigos chineses aplicavam números cada vez maiores em situações cada vez mais complicadas, mas isso só apareceu no ocidente no início do século XIV, em 1809, por meio de Gauss, também conhecido como príncipe da matemática, ou seja, ele redescobriu esse método, e, mais uma vez, a China chegou na frente da Europa. Os chineses continuaram a desenvolver a Matemática, resolvendo equações ainda mais complicadas, o que ficou conhecido como teorema chinês do resto. Os chineses criaram um novo tipo de problema, nesse sabemos o número que resta quando o número desconhecido na equação é dividido por um dado número como 3,5 ou 7; claro que é um problema matemático bastante abstrato, mas os chineses conseguiram sustentá-lo em termos práticos.
No século VI d.C., o sistema do resto era utilizado na astronomia, e até hoje é utilizado, como, por exemplo, a criptografia. No século XIII, a era de ouro da matemática havia chegado, e o seu Matemático mais importante era um administrador imperial que cruzou a China se apropriando do dinheiro do governo e envenenando todo mundo que cruzasse o seu caminho; ele se tornou um guerreiro implacável lutando contra os mongóis.
Então, surgem as equações de segundo grau, pois envolviam números ao quadrado ou a segunda potência, equações perfeitas para medir figuras planas ou tridimensionais. Mas não pararam por aqui e foram resolver equações cúbicas; o poder dessa técnica é que ela pode ser aplicada ainda em situações mais complicadas em matemáticas altamente complexas, porém foram aperfeiçoadas por Isaac Newton.
Um dos principais registros de que se tem história da Matemática no período Chinês ficou conhecido como Chiu chang suan shu, ou Nove Capítulos da Arte Matemática, e o Chou Pei Suang Ching, que datam, na sua forma atual, da época da dinastia Han 206 a.C. – 220 d.C.
De acordo com Eves (2011, p. 244):
Um acontecimento interessante ocorrido em janeiro de 1984 foi a descoberta de um livro de aritmética escrito em tiras de bambu, desenterrado de túmulos que remontam à dinastia Han. O trabalho, transcrito por volta do século II a.C., é uma coleção de mais de 90 problemas envolvendo as quatro operações matemáticas fundamentais, tanto com inteiros como com frações, proporções, áreas e volumes. Atualmente é o trabalho matemático chinês mais antigo de que se tem notícia.
Um dos mais antigos clássicos Matemáticos, o Chou Pei Suang Ching, tratava de cálculos astronômicos, mas com dedicação parcial à Matemática, pois abordava o Teorema de Pitágoras, uma discussão algébrica entre os chineses, inclusive nesse clássico existiam pequenos registros sobre frações. Até o segundo milênio a.C., os números eram expressos utilizando nove símbolos diferentes do sistema utilizado pelo período de Han. Para realizar operações recorria-se a tabuleiros parecidos com ábacos; a diferença eram os espaços em branco para representar o zero, pois seu registro só veio a ocorrer no século XIII d.C. Nesse período, o sistema decimal não era absoluto e, para calcular o calendário, utilizava um sistema sexagesimal “[...] um tanto comparável à combinação de duas rodas dentadas ligadas, uma com 12 outra com 10 dentes, de modo que 60 se tornasse uma unidade mais elevada” (STRUICK, 1992, p. 66).
Os chineses faziam uso do sistema posicional utilizando símbolos diferentes para representar os números, conforme (Figura 2.1):
2118 Sistema de numeração chinesa Suan Zí Fonte: Nogueira (2016. p. 44).
As próximas descobertas matemáticas aconteceriam em um país a sudoeste da China, um país que tinha uma rica tradição matemática que mudaria sua história para sempre, assim começam a Matemática entre os indianos. Foram os indianos que criaram a palavra números e classificaram o sistema de contagem, o sistema de valor posicional decimal. Supõe-se que os indianos aprenderam o sistema com mercadores que viajavam pela Índia com suas varas de contar, então, eles se aperfeiçoaram e refinaram, criando os ancestrais dos nove numerais que utilizamos até hoje, se desenvolvendo o mais próximo do que podemos chamar de uma linguagem universal.
Por ora, deixando os Chineses, mas sem desprezar a importância dessa civilização para a História da Matemática, passamos a estudar sobre os Hindus, uma civilização que surgiu às margens dos rios Indo e Ganges, que, como as demais civilizações, vários documentos e obras importantes encontram-se soterrados, prejudicando a descoberta da história por completa, pois jamais serão desenterrados. As cidades da Índia que merecem destaque são: Calcutá, Bombaim e Madrasta, pois nelas há museus que guardam grande parte da história; trata-se de uma região muito rica em vestígios históricos e até hoje é possível encontrar objetos neolíticos em todo país.
Sabe-se que a fonte histórica mais antiga são ruínas de uma cidade de 5000 anos localizada em Mohenio Daro, trata-se de um sítio localizado na cidade de Karachi no Paquistão. Entre as ruínas, é possível encontrar piscinas públicas, pisos ladrilhados, ruas largas, casas de tijolos, até mesmo rede de esgotos, isso vem comprovar que naquele período histórico a civilização que ali habitava tratava de uma cultura avançada diferente de qualquer outra do oriente antigo, eles possuíam sistema de escrita, contagem, pesos e medidas, inclusive dominavam as técnicas de canais de irrigação; note que apresentavam requisitos básicos para qualquer engenharia e Matemática.
Até próximo ao final do século XV, a Índia sofreu com inúmeras invasões estrangeiras, como os Hunos, depois Árabes e também os Persas, mas esse período de invasão fez despertar diversos matemáticos, como Aryabhatas, Brahmagupta, Mahavira e Bhaskara. Eles destacaram-se por produzir obras como o Livro de Astronomia, escrito em verso, intitulado como Aryabhatiya. O que chama atenção nessa obra escrita por Aryabhatas é que o autor destinou um capítulo a abordar assuntos matemáticos Hindus do século VII. O Matemático Mahavira destacou-se em meados de 850, após escrever sobre Matemática elementar. Por fim, surge Bhaskara, que em seu trabalho Siddhanta S’iromani (“diadema de um sistema astronômico”), escrito em 1150, mostrou pouco progresso em relação a Brahmagupta, ou seja, mesmo após cinco séculos, pouca coisa foi aprimorada e descoberta, porém as duas descobertas e obras mais importantes de Bhaskara são Lilavati (“bela”) e Vijaganita (“extração de raízes”), que tratam de aritmética e álgebra.
Após esse período, a Matemática Hindu teve pouco progresso ou podemos dizer que teve progressos irregulares até os tempos modernos. Podemos destacar que a Sociedade Matemática Indiana foi fundada em 1907 e dois anos depois apareceu em Madras, o Journal of the Indian Mathematical Society. O matemático indiano mais brilhante de todos os tempos modernos talvez tenha sido o Srinivasa Ramanujan (1887-1920), pois possuía uma espantosa capacidade de percepção rápida das relações numéricas intrincadas, mas iremos destacar a matemática moderna ao longo de nossos estudos.
Por ora, voltamos nossas reflexões ao ano de 1924, período em que o mundo passou a conhecer a cultura indiana. Nesse período existia uma suposta convicção de que a Índia era povoada por bárbaros e que somente com a vinda dos europeus que os indianos tiveram contato com a arte e ciências. O fator norteador da vida indiana sempre foi ligado à religião, então as primeiras ciências desenvolvidas na Índia eram ligadas à religião, por exemplo, a astronomia, a astrologia, a matemática, pois nesse período existia a necessidade de construir o calendário religioso e, principalmente, as construções dos templos; a gramática, pois havia a necessidade de catalogar e registrar as ideias que iam nascendo, pois toda prece deveria ser textual e foneticamente correta; por fim, a Filosofia; nesse período todo cientista da Índia era sacerdote. De acordo com Cajori (2007), os hindus foram o primeiro povo que produziram de forma significativa a influência no que diz respeito ao progresso mundial da matemática, após a contribuição dos gregos.
Voltando a nossas reflexões sobre a influência dos gregos nessa civilização, pode-se perceber claramente nos escritos de Siddanthas e Varahamihira, o Sistema Completo de Astrologia Natural e redes de cordas, escritos durante o último milênio a.C., os conteúdos matemáticos que eram dominados pelos Hindus, formados basicamente por regras e métodos para a construção religiosa de altares; utilizavam como instrumentos cordas, palitos de bambu, em que é possível encontrar figuras geométricas, como triângulo, retângulo quadrado e trapézio, polígonos.
Os Sulvasutras eram compostos por um apêndice de Vedas, o livro Sagrado das Escrituras, os principais Sulvasutras escritos em versos por Baudahayana; em algum deles aparecem procedimentos para calcular raízes quadradas com alto grau de precisão. No de Apastamba, podem-se encontrar “[...] regras para a construção de ângulos retos por meio de ternas de cordas cujos comprimentos formem tríades pitagóricas como 3, 4 e 5; 5, 12 e 13; 8, 15 e 17 ou 12, 35 e 37” (BOYER, 1974, p. 153). Essas tríades eram facilmente encontradas pelas antigas regras dos babilônios, o que pode indicar ser provável a influência da Matemática da Mesopotâmia nos Sulvasutras. Nos três Sulvasutras, existem construções (para a quadratura do círculo) que fornecem aproximações para π, de 3,0044 e 3,0088 (BOYER, 1974, p. 153).
Nos Sulvasutras, há expressões apontando a relação entre a diagonal e os lados de um quadrado, ou seja, a base de conhecimento para o Teorema de Pitágoras, porém os registros chamam atenção para o fato de que os conhecimentos dos Sulvasutras não constam nos trabalhos posteriores dos indianos, o que nos leva a crer a ausência da continuidade da tradição Matemática hindu. Para o autor Struick (1992), duas podem ser as razões para tal descontinuidade: uma seria a grande extensão territorial da Índia e a outra a existência de várias escolas, de tradições diferentes – nem mesmo Buda foi unanimidade na Índia – com o jainismo, outro forte ramo do pensamento indiano, cujo líder espiritual era Jaina, e tão antigo quanto o budismo (c. 500 a.C.). O jainismo também apresenta estudos matemáticos em seus textos sagrados. Por volta do ano 300 a.C., os indianos usavam um sistema de numeração decimal, não posicional, chamado numerais brahmi, que utilizava um sinal especial para cada número, com a maior parte dos historiadores situando “[...] o final do desenvolvimento do sistema, com uso pleno e sistemático do zero e do princípio do valor relativo, provavelmente em alguma época entre o século IV d.C. e o século VII” (GUNDLACH, 1992, p. 32).
Então, dentro da civilização hindu, chegamos à criação do zero, ou seja, seu objetivo era marcar uma posição vazia, inclusive a variação do valor de um algarismo em função de sua posição numeral, relacionando a escrita do número com a possibilidade de estabelecer diversos algoritmos das operações. Na Índia, encontram-se registros de símbolos numéricos parecidos com os utilizados atualmente, os registros mais antigos foram localizados em colunas de pedras de um templo que foi construído por volta de 250 a.C., na época do rei Asoka, mas o uso do zero, segundo os historiadores, só surgiria entre os séculos IV d.C e VII d.C., quando por volta de 800 d.C. esse sistema teria sido adotado pelos árabes em Bagdá, assim os árabes passam a registrar um importante papel na história matemática.
Dentro da cultura árabe, sempre houve o reconhecimento desse sistema atrelado à cultura hindu. Em meados de 825 d.C., Al-Khwārizmī reconhece e atribui o sistema e suas formas computacionais aos hindus. Em suas viagens pela África e Espanha, os árabes divulgaram esse trabalho para o mundo ocidental, mas, infelizmente, todo o trabalho de Al-Khwārizmī se perdeu e o conhecimento que temos hoje a respeito desse trabalho provém da tradução latina do século XII, intitulada como Liber algoritmi de numero indorum, e geralmente citada como Liber algorismi, provavelmente feita por Adelardo de Bath, um monge inglês. Nessa obra, surge o nome de algoritmo para representar inúmeros processos computacionais.
Veja na Figura 2.4 as diversas mudanças que o sistema numeração decimal passou ao longo dos tempos:
2418 As principais mudanças nos símbolos indo-arábicos Fonte: Pimentel e Andrade (2010b).
Os primeiros textos matemáticos da civilização hindu de que se tem registro estão datados no primeiro século da era Cristã, com o primeiro grande matemático Aryabhata, autor do antigo texto hindu Aryabhatiya, datado em 499, um texto de pouco volume e escrito em versos, que trata inclusive de astronomia, cálculos, trazendo pela primeira vez o nome das potências de dez. Possui também instruções da determinação de raízes quadradas e cúbicas de números inteiros; também apresenta regras de mensuração, porém metade delas erradas; apresenta cálculo de área de um triângulo, do círculo e do trapézio. Em seus textos possui a afirmação: some-se 4 a 100, multiplique-se por 8, e some-se 62000. O resultado é aproximadamente a circunferência de um círculo cujo diâmetro é 20 000. É possível verificar que sua aproximação para π é 3,1416, número este exatamente igual ao valor usado por Ptolomeu. A probabilidade de Aryabhata ter sido influenciado pelos gregos é reforçada pela “[...] adoção da miríade, 10 000, como número de unidades do raio” (BOYER, 1974, p. 154).
A parte mais importante da obra de Aryabhatiya aborda a medida do tempo e a trigonometria esférica, apresenta inclusive primeiros vestígios do que seria o atual Sistema de Numeração Decimal. Na segunda parte dessa obra, Arybhata escreveu o princípio de aplicação do valor posicional. Seu sucessor nessa obra foi Brahmagupta, quando, em sua obra de maior relevância, expressa a generalização da fórmula de Heron, em que era possível achar a área de uma equação linear diofantina, apontando um avanço relevante à libertação do real, ou seja, os estudos apontam para interesses matemáticos, deixando os interesses empíricos. Tanto as obras de Diofante como de Brahmagupta apresentam fortes indícios de influência grega, ambos podem até mesmo ter utilizado fontes comuns, possivelmente a Álgebra mesopotâmica.
Mas o foco principal da matemática na Índia, sem sombra de dúvidas, é atrelado à Bhaskara. Ele foi considerado o matemático mais importante do século XII, pois considerava o problema da divisão por zero. Nos registros de Bhaskara, surge a afirmação de que o quociente entre um número diferente de zero e zero é infinito; sua obra mais conhecida recebe o título de Lilayati, na qual aparecem também as compilações “[...] equações lineares e quadráticas, tanto determinadas quanto indeterminadas, simples mensuração, progressões aritméticas e geométricas, radicais, tríades pitagóricas e outros” (BOYER, 1974, p. 162).
Bhaskara morreu pelo fim do século doze e, por vários séculos, houve poucos matemáticos na Índia de importância comparável. É interessante notar, no entanto, que Srinivasa Ramanujan (1887-1920), o gênio hindu do século vinte, tinha a mesma habilidade manipulativa em aritmética e álgebra que se encontrava em Bhaskara. ...Na obra de Ramanujan também observamos o caráter desorganizado, a força do raciocínio intuitivo, e o pouco caso pela geometria que eram tão evidentes em seus predecessores .(BOYER, 1974, p. 163)
Esses registros só comprovam que existem lacunas entre o crescimento matemático hindu e grego. A civilização hindu era encantada pelos cálculos, eram extremamente calculistas; em contrapartida, os gregos eram fascinados pela geometria, isso pouco contribuiu para o desenvolvimento matemático.
De um certo ponto de vista foi uma infelicidade que o seu primeiro amor fosse a teoria dos números em geral, e a análise indeterminada em particular, pois não foi desses temas que veio o posterior desenvolvimento da matemática. A geometria analítica e o cálculo tiveram raízes gregas, não hindus, e a álgebra européia não veio da Índia, mas dos países islâmicos .(BOYER, 1974, p. 163)
Esse fato pode se atribuir à estrutura social de cada uma dessas civilizações serem diferentes umas das outras, até mesmo suas atividades econômicas eram diferentes. Segundo Machado (1987), esse fato, aliado às constantes invasões de migrantes, às frequentes alterações político-sociais, exigiam uma comunicação escrita mais eficiente e alguma mobilidade social. Por outro lado, ainda de acordo com Machado (1987), ao serem constantemente pressionados por uma necessidade imediata de adaptação a novas situações, os hindus se sentiam livres de preocupações em relação à lógica, à estética e ao rigor formal dos gregos e, portanto, levaram em consideração os números irracionais, resultando que a Álgebra indiana possuísse resultados bem mais interessantes do que a grega, embora não sistematizados nem formalizados.
Os Árabes
Após a civilização grega e o império romano entrar em declínio, a civilização árabe percebeu a oportunidade de se destacar, o declínio do império Romano ocorre em meados do século V até o século XI. Esse período ficou conhecido como a Idade das Trevas para a ciência, em que todo o conhecimento científico, ligado à cultura, à arte, às técnicas, era considerado pelo cristianismo como conhecimento pagão. Então, o conhecimento grego de longa data foi esquecido, a ciência não pode parar e aproveita para se desenvolver em povos considerados pagãos, possibilitando lugar de destaque entre as culturas hindus e árabes, destacando-se entre a computação, no sistema de numeração decimal, na álgebra e muito pouco na geometria.
Essa mistura entre culturas é fundamentada pelas inúmeras invasões que a Índia sofreu, algumas mais influentes que as outras. A última invasão que a Índia sofreu foi com os povos árabes, no século VIII d.C. até o século XVII. “[...] a Índia era uma nação de hindus governada por uma classe superior de muçulmanos”, sendo que, depois de 1206, a Ciência e a Matemática indiana se fundiram, definitivamente, com a árabe (EVES, 1995, p. 238).
No ano de 622, dá-se início ao calendário muçulmano, período em que o profeta Maomé, fundador do Islamismo, foge da Arábia Saudita para a Medina. Nesse período, os árabes eram considerados detentores do saber, porém, pela Arábia ser um país desunido, era habitada por pastores nômades, em que a maioria era analfabeta, entre eles, encontrava-se Maomé. “[...] o amálgama dos sentimentos religiosos que surgiram em sua mente levou-o a considerar-se como o apóstolo de Deus enviado para conduzir o seu povo” e, assim, durante cerca de dez anos, ele pregou em Meca, sua cidade natal, porém, por volta de 622, ele toma conhecimento de uma conspiração para matá-lo e se transfere, a convite, para Medina (BOYER, 1974, p. 165).
A fuga de Maomé ficou conhecida como Hégira, marcando o início de uma era, que influencia diretamente no desenvolvimento Matemático. Após Maomé partir para a Medina, a cultura árabe ganha forças, se unifica, movida pela religiosidade. Surge, então, uma nação poderosa, um “grande império que, em seu auge, estendia-se do oceano Atlântico à Índia e incluía o que os gregos chamavam o oikoumene – o âmago da civilização ocidental” (EVES, 1995, p. 238).
Mesmo com a morte de Maomé, seus seguidores continuaram a conquistar territórios e a divulgar o Alcorão, sendo assim,
[...] a atmosfera de livre discussão e liberdade de opinião nascida das polêmicas religiosas e controvérsias teológicas surgidas no seio do Islã e a existência de numerosas cortes que protegem e favorecem os estudos científicos, contribuíram para que ao final do século VIII o mundo islâmico se encontrasse de posse de todos os elementos necessários para o desenvolvimento de uma grande cultura científica, cultura que se desenvolveu efetivamente e que conseguiu seu maior esplendor entre os séculos IX a XI [...]. .(BABINI, 1969, p. 51)
Os árabes no início de suas conquistas não possuíam interesses intelectuais, tinham problemas com a língua materna, pois os povos conquistados, em sua maioria, eram analfabetos. O povo árabe, a princípio, não demonstrava interesse intelectual, o que eles pretendiam eram ganhar espaço para a sua língua materna entre a cultura que estava sendo dominada, dessa forma, os árabes começam a traduzir para o árabe os textos que até então eram hindus e gregos. No século IX, as obras gregas foram traduzidas e os conhecimentos como os de Euclides, Arquimedes, Apolonio, Ptolomeu, Diofanto, entre outros, passam a ser codificados pelos árabes. Assim mesmo, por interesses pessoais, os árabes passam a ser responsáveis pela preservação da cultura da humanidade, por suas traduções árabes, sua matemática, sua medicina, sua astronomia, que até então pertenciam apenas às culturas hindus e gregas. Dessa forma, os textos árabes puderam ser traduzidos para o latim pelos estudiosos europeus. Os árabes foram os que descobrem as construções com compasso, descobriram as soluções geométricas das equações cúbicas, mediante a intersecção de cônicas pesquisadas e estabelecidas por Osmar Khayyam (1044-1123). Porém foi com as pesquisas de Nasir Eddin (1250) que pôde-se identificar o postulado das paralelas de Euclides, utilizando as seis funções trigonométricas, aperfeiçoando assim a derivação das fórmulas geométricas esféricas.
Dentro dos estudiosos árabes, o principal e de maior importância entre os sábios islãs foi o matemático de origem Persa, geógrafo e astrônomo Muhammad ibn Musa Al-Khwārizmī (780-825), que é autor de diversos textos voltados à matemática, em que se explicava o sistema de numeração hindu e astronomia. Há poucos registros sobre esse árabe, mas sabe-se que trabalhava na biblioteca de Califa, isso facilitou o acesso a inúmeras obras hindu e grega, justificando os traços com essas culturas, destacando sempre em suas obras aspectos euclidianos ou diofantinos. No seu trabalho não constava apenas a ciência islâmica como trabalhos das culturas anteriores que preservam apenas a religiosidade, mas em seu trabalho também contemplava toda a ciência cristã ocidental, porém a sua obra original perdeu-se e só pode ser conhecida após a tradução em latim “algoritmi de numero Indorum”. Esse trabalho contribuiu para a difusão em toda cultura árabe do sistema de numeração hindu e do zero, bem como as regras dos algoritmos e as quatro operações com números inteiros e fracionários, envolvidos em inúmeros problemas.
Sem dúvida o de maior importância e influência, já que pode ser considerado como o primeiro tratado algébrico – cujo título original, numa tradução aproximada, seria Sobre o cálculo mediante a restauração e a redução, o qual em árabe contém o termo “al-jabr”, que significa “restauração”, termo bastante apropriado, já que método de resolução de equações de Al-Khwārizmī propunha a execução dos cálculos na ordem inversa da apresentação dos dados. De “al-jabr” se chegou, provavelmente, à Álgebra e mais um termo é incorporado ao vocabulário matemático. De Al-Khwārizmī deriva também o termo matemático algarismo. .(NOGUEIRA, 2015, p. 102)
Porém apesar de ser incluído mais um termo na linguagem matemática, apesar da influência de Diofanto, dentro da álgebra, a incógnita ainda não era definida, chamavam apenas de “coisa”, sendo adotada essa nomenclatura que utilizamos atualmente posteriormente pelo ocidente, inclusive a resolução de equações de segundo grau. Posteriormente, sequenciando o seu trabalho, surge Abu kamil, que aperfeiçoou a obra de Al-Khwārizmī, um dos primeiros matemáticos que dá tratamento algébrico a problemas geométricos.
Embora já citado anteriormente, merece um destaque maior o astrônomo, poeta e matemático Omar Khayyam, que forneceu importantes contribuições nesses três campos. Na Astronomia, é autor de uma reforma do calendário, tão precisa quanto a gregoriana; como poeta, é provavelmente o autor das trovas Rubaiyat; e, na Matemática, destaca-se no campo da Álgebra Geométrica, com o estabelecimento da resolução geométrica de equações cúbicas. .(NOGUEIRA, 2015, p. 102)
O século XII foi marcado pelos tradutores cristãos, que se dirigiam às cidades dos mouros para adquirir o saber muçulmano e, também, infiltraram-se nos centros culturais mouriscos que vicejavam na Espanha. É nesse período que se inicia a decadência da ciência no Oriente islâmico que, em contrapartida, atinge seu apogeu na península ibérica, onde, devido a razões políticas, o movimento cultural havia se iniciado posteriormente ao das demais regiões do Império Árabe. Ali se destaca, na trigonometria esférica, Jabir ibn Aflah, também conhecido por Geber – Teorema de Geber, nesse ramo do conhecimento matemático. Todavia, a partir do século XIII, a ciência árabe já não desempenha mais papel de destaque no desenvolvimento da ciência mundial.
Atividades
A criação do zero foi o principal obstáculo para o estabelecimento do sistema decimal. Assinale a alternativa que contém o período em que o uso do zero surgiu segundo os historiadores.
- IV d.C. e VII d.C.
A alternativa está correta, pois, segundo historiadores, o uso do zero surgiu nesse período, e por volta de 800 d.C. esse sistema seria adotado pelos árabes.
- III a.C. e II a.C.
A alternativa está incorreta, pois, segundo historiadores, o uso do zero não surgiu nesse período.
- XV d.C. e XVI a.C.
A alternativa está incorreta, pois, segundo historiadores, o uso do zero não surgiu nesse período.
- XVII d.C. e XVIII d.C.
A alternativa está incorreta, pois, segundo historiadores, o uso do zero não surgiu nesse período.
- I d.C. e II d.C.
A alternativa está incorreta, pois, segundo historiadores, o uso do zero não surgiu nesse período.
Europa de 500 a 1600: Fibonacci, Ferrari, Tartaglia, Cardamo e Viéte
E assim inicia a Matemática na Idade Média, período no qual deixaram a Matemática pura e passaram para assuntos ligados à religião, “Intelectuais e inventores deixaram de se interessar pela ciência pura e a matemática e voltaram suas energias mais e mais para a engenharia e a religião” (EVES, 1995, p. 283).
Nesse período, a Europa dividiu-se em duas áreas distintas, o mundo árabe iraniano e o mundo europeu. Isso foi consequência da transformação europeia de antiga para medieval, permitindo à própria Europa se subdividir em duas regiões, onde a cultura norteadora era a germânico-latina em uma região e na outra a greco-eslávica; essas separações são notadas no século XXI.
Assim, em meados do século V, o cartaginês Marciano Capella escreve uma enciclopédia sobre as sete Artes Liberais, isto é, gramática, dialética e retórica (trivium), geometria, aritmética, astronomia e música (quadrivium), que gozou de grande apreço e difusão durante a Idade Média. Nela, a geometria se reduz às definições dos Elementos, com o enunciado do primeiro problema; e a aritmética a algumas noções de caráter neopitagórico (BABINI, 1969, p. 45-46).
Considerando que se destacam as sínteses ou cópias dos escritos gregos, é possível entender porque esse período da história da humanidade, a Idade Média ou Medieval, é conhecido como a Idade das Trevas para a ciência, pois muitos que viviam nessa época optaram por esconder seus conhecimentos a serem considerados pagãos. Nesse período, apenas alguns trabalhos são produzidos na Europa, como o trabalho do inglês Beda (c. 673-735), o início dos trabalhos eruditos dos países do Norte, no final do século VII. Foi o primeiro a escrever sobre elementos de cálculo numérico, pois naquele momento precisavam elaborar o calendário religioso. Nesse período também surge Alcuin de York (c. 735-804), nascido no período em que Beda morreu, mas, mesmo assim, foi influenciado pelas pesquisas e conhecimentos de Beda. Desenvolveu o renascimento carolingiano, pois foi um dos poucos mestres convidados por Carlos Magno para revitalizar a instrução na França, é responsável pelos textos que despertam o raciocínio, com problemas que envolvem aritmética e geometria, envolvido com questões místicas e recreativas, exigindo pouco conhecimento matemático, pois na época existia um baixo nível de desenvolvimento da matemática. Após a morte do imperador, a matemática entra em declínio, perdendo toda a importância.
Ainda sobre os marcos importantes da Idade Média, temos o francês Gerbert (c. 950-1003), famoso pelo seu talento incomum e precoce, foi um dos primeiros cristãos a se interessar pelas escolas muçulmanas da Espanha, onde teve contato com a Matemática grega. Seus trabalhos mais relevantes foram de astrologia, aritmética e geometria; suas obras eram síntese ou abreviações dos escritos gregos, material importante para a retomada das pesquisas matemáticas pela Europa Ocidental. Como as civilizações eram muito ligadas a religiosidades e os trabalhos eram de autoria do rei da igreja, despertou o interesse externo e a matemática começa a avançar, depois de longos séculos de estagnação. De acordo com Boyer (1974), os cristãos foram tão radicais quanto os islâmicos quando destruíram a Biblioteca de Alexandria: “A pesquisa científica, escreveu Tertuliano, se tornará supérflua desde que fora recebido o Evangelho de Jesus Cristo” (BOYER, 1974, p. 182).
Nesse período, predominava a mesma numeração que utilizamos hoje em representações de século, que é a numeração romana. Os povos romanos utilizavam letras para a representação de números. Ao contrário dos gregos, os romanos utilizavam letras específicas, usavam o sistema decimal, aditivo e não posicional. Os cálculos eram realizados com a ajuda de ábacos, cujos resultados seriam apresentados em algarismos romanos, até o início do século XI, na Idade Média, período em que a matemática fica restrita às contribuições dos povos hindus, árabes e chineses.
Os povos gregos no século XI começaram a traduzir textos em latim e assim se aproximaram da Europa Ocidental. Assim, no século seguinte, foi o período marcado pelos tradutores, pois era impossível estudar matemática ou astronomia sem um bom conhecimento da língua árabe, pois até o século XII todos os matemáticos eram mouros, judeus ou gregos. Esse período foi muito marcante para os gregos, período de grandes ocupações, como as cruzadas. “[...] finalmente absorvidos pelo que restou da cultura greco-romana, o comércio liderado por Veneza e outras cidades italianas floresceu, começaram as construções das grandes catedrais, Marco Polo chegou ao Extremo Oriente” (GARBI, 1997, p. 27) e os estudos reassumem a importância merecida, com o surgimento da escolástica e de diversas universidades: Bologna (1088), Paris (1200), Oxford (1214), Pádua (1222), Nápoles (1224) e a de Cambridge (1231).
O comércio na Itália foi restabelecido, oportunizando aos comerciantes visitar o Oriente e estudar as civilizações, com o objetivo de reproduzir, mas também de assimilar sua ciência e sua arte, favorecendo assim a sociedade mercantil e a expansão do comércio bancário e a indústria capitalista. Nesse período se destaca o maior matemático europeu, o italiano Leonardo de Pisa (Leonardo Pisano), nascido em Pisa, provavelmente no ano de 1175, e que morreu em 1250, mais conhecido por Fibonacci.
A primeira instrução de Fibonacci veio de seu pai, pois era alfandegário, assim permitiu para Fibonacci percorrer toda a costa mediterrânea, tendo contato com locais influenciados pela culturas árabes e assim chegou ao conhecimento Matemático, após o domínio da língua Árabe, uma vez que a maioria dos textos eram traduzidos pelos árabes. Fibonacci foi o responsável pelo sistema indo-arábico, importantíssimo para a difusão do sistema de numeração decimal, ou seja, em um livro apresentou o estudo detalhado sobre métodos e problemas algébricos, divulgando e mostrando as vantagens de utilizar o modo usual do cálculo, o ábaco e os algarismos romanos. O Liber abacci foi a primeira produção científica escrita por um europeu (branco) considerando o conhecimento matemático produzido pelos hindus e divulgado pelos árabes.
Porém a oposição entre ábaco e algoritmos persistia mesmo com a introdução de algoritmos, pois a sua aceitação ocorreu de forma lenda e gradativa, reconhecendo assim que algarismo árabe é mais simples e fácil que os algarismos romanos. Em seu livro Lider abacci, posicionavam em defesa da numeração com dígitos de 0-9, estabelecendo um sistema de posição e incluindo o zero.
A sequência de Fibonacci
Trata-se de uma sucessão de algarismos, tais que, determinando os dois primeiros 0 e 1, os algarismos seguintes serão obtidos por meio da adição dos seus dois antecessores, veja:
0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, ...
Vivendo no mesmo século de Fibonaci e destacando-se entre outros matemáticos, Giovanni Campanus foi responsável pelas primeiras traduções em latim, também pela primeira versão impressa da obra de Euclides. De acordo com suas traduções, percebe-se que Campanus tinha propriedade sobre o tema abordado: “[...] fundar a aritmética dos números naturais sobre um sistema de axiomas e de postulados”, tarefa posteriormente efetivada por Peano (BABINI, 1969, p. 58).
Outros estudiosos contribuíram para a expansão do conhecimento matemático, como o estudioso Sacrobosco, que contribuiu para a divulgação do sistema de numeração decimal, escreveu uma coleção de regras de Aritmética e foi o responsável, inclusive, por uma compilação do Almagesto de Ptolomeu. Além de trabalhos de alguns astrônomos árabes, a sua produção teve importância significativa para a difusão dos símbolos arábicos e da numeração decimal.
Mais de 1/3 da população Europeia foi dizimada pela Peste Negra e por consequência da Guerra de Cem Anos, trazendo transformações políticas e econômicas para todo o norte da Europa. Mas no século XIII ocorreu um avanço imenso se comparado ao século passado. Porém foi no século XIV que destacou-se o matemático Nicole Oresme (1323-1382), que exerceu a carreira de magistério até bispado, escrevendo cinco obras matemáticas. Também foi responsável pela tradução do trabalho de Aristóteles. Foi em suas obras registrado pela primeira vez os expoentes fracionários. Utiliza pontos e coordenadas, permitindo o pontapé inicial para a Geometria Analítica. Seu último trabalho provavelmente influenciou vários matemáticos durante o renascimento, inclusive Descartes. Não pode-se deixar de registrar que nos trabalhos de Oresme também aparecem noções da representação gráfica de fenômenos variáveis, inclusive estabelecimento de uma série infinita, permitindo mostrar que a série harmônica é divergente.
Os filósofos da escolástica conduziam suas produções e relatos para as teorizações sobre o movimento infinito e contínuo, que posteriormente seriam conceitos norteadores para a Matemática Moderna. Nesse período, São Tomás de Aquino (1226-1274) assume um papel importante para o desenvolvimento da Matemática, “[...] além de especulações sobre os conceitos básicos de contínuo e discreto infinitamente grande e infinitamente pequeno”, escreveu quatro pequenos trabalhos sobre Aritmética e Geometria (EVES, 1995, p. 296).
No século XV, a Matemática começa a prosperar, recuperando-se da decadência e improdutividade que foi no século XIV. No mesmo período em que acontece o Renascimento Europeu, surge a imprensa e a conjunção entre a Arte e as Ciências, ramificada com Leonardo da Vinci, esses acontecimentos favoreceram o desenvolvimento da Matemática, pois, com a imprensa, permitiu-se acessibilidade a clássicos da Antiguidade, bem como a transmissão e difusão de trabalhos científicos. Com o acesso a imagens e obras artísticas da antiguidade grega e árabe, possibilitou-se acesso à ótica geométrica e, consequentemente, à retomada aos estudos da Geometria, Astronomia, aumentando o interesse das civilizações pela aritmética, contagem e computação.
No século XV, destaca-se o matemático Regiomontanus, mais conhecido como Johann Muller (1436-1476), que foi responsável por traduzir a obra de Almagesto de Ptolomeu, inclusive trabalhos, de Herão, Apolonio e Arquimedes, destacando o seu trabalho intitulado de triangulis omnimodis, escrito por volta de 1464, mas publicado apenas em 1533, após a sua morte, “[...] é a primeira exposição europeia sistemática de trigonometria plana e esférica, num tratamento independente da astronomia” (EVES, 1995, p. 296).
A maioria dos matemáticos do século XV eram de origem italiana ou alemã, mas, entre eles, destaca-se o francês Nicolas Chuquet, que produziu o manuscrito Triparty en la sciense des nombres, que possui relevância comparada com Liber abaci. “A primeira das três partes desse trabalho se ocupa do cálculo com números racionais, a segunda com números irracionais e a terceira aborda a teoria das equações” (EVES, 1995, p. 297-298). A maior parte da Álgebra de Chuquet é sincopada e ele admitia expoentes inteiros, positivos e negativos. “Seu trabalho era demasiado avançado para a época, razão pela qual acabou não exercendo praticamente nenhuma influência sobre os contemporâneos do autor” (EVES, 1995, p. 297-298).
Após a imprensa, as produções matemáticas eram voltadas para aplicações na prática, principalmente aplicações comerciais, e “[...] o mais impressionante livro de matemática desses primeiros tempos de imprensa foi escrito pelo franciscano Luca Paciolli” (c. 1445-1509), intitulado Summa de Arithmetica, Geometrica, proportioni et proportionalita. Escrito em um italiano bastante agradável, este trabalho é uma compilação livre de muitas fontes e pretendia ser um sumário da Aritmética, da Álgebra, da Geometria e da Trigonometria até então existente e, se não apresenta muitas novidades em termos de conteúdos, inova essencialmente nas notações, superiores a todas de então (STRUICK, 1992, p. 145).
Nas produções escolares, destaca-se Robert Recorde (1510-1558), no século XVI, “Recorde escreveu em inglês e seus trabalhos tinham a forma de diálogos entre um mestre e um estudante”, e é devido a ele o símbolo = para designar a expressão “é igual a” (EVES, 1995, p. 301). Mesmo diante de toda importância desses trabalhos, ainda não havia nada de inovador, ou nada de novidade ao conhecimento acumulado pelos gregos e árabes, sendo assim, os clássicos matemáticos continuam a ser atrelados aos italianos no século XVI, quando desenvolveram uma teoria matemática “[...] que conduziu às soluções algébricas gerais de equações cúbicas, foi descoberta por Scipione Del Ferro e pelos seus alunos na Universidade de Bologna”, nessa época, uma das maiores e mais famosas da Europa e onde estudaram, entre outros, Paccioli e Copérnico (STRUICK, 1992, p. 144).
Era costume esconder as descobertas, e muitas produções nunca foram publicadas. Era comum guardar segredo das soluções e comentar os resultados apenas para poucos amigos, por exemplo, os resultados de alguns problemas só foram revelados trinta anos após suas descobertas, isso só ocorre com a disputa entre os Matemáticos Cardano, Tartaglia e Ferrari. Nesse período, os calculistas e algebristas começam a disputa pelo domínio da ciência, então, publicamente, começam a solucionar problemas que utilizavam em suas resoluções equações de terceiro grau (cúbicas); essas disputam eram vinculadas aos problemas propostos pelos discípulos de Del Ferro.
Nessas disputas, destaca-se Nicolo Fontana (1500-1557), natural da Brescia, na Itália, matemático, popularmente conhecido como o Tartaglia, porém não publicou seus resultados, nem revelou os métodos utilizados, mas comentou o caminho utilizado com Gerome Cardano (1501-1576), que, mesmo prometendo segredo, publica a descoberta de Tartaglia em 1545, no livro intitulado de Ars Magna, mas, antes de publicar, aperfeiçoou os métodos de Tartaglia e reconhece os méritos ao verdadeiro autor.
O livro Ars Magna aborda as equações cúbicas, a resolução das equações quárticas, e teve a contribuição nas equações quárticas de seu aluno Ludovico Ferrari (1522-1565). Junto com Cardano, Tartaglia e Ferrari ocorreu o avanço significativo da Álgebra, mas, em 1572, com a publicação de Rafael Bombelli, em seu livro intitulado de Álgebra, Bombelli contribui para a solução de um caso especial de equações cúbicas, que, embora possuam três raízes reais, se expressam como a diferença entre duas raízes cúbicas de números complexos imaginários, hoje chamamos casos como esse de irredutível. Em sua obra, define que as raízes são apenas aparentemente imagináveis, mas, com a introdução de recursos algébricos, consegue resolver o enigma que tanto atormentou os algebristas.
Bombelli escreveu a teoria sobre os números imaginários, porém nunca foi publicado, mas a sistematização sobre os números imaginários se formaliza no século XIV. Nas publicações posteriores sobre aritméticas e algébricas é que a álgebra simbólica vai se formalizando, mas a álgebra simbólica só ganha destaque com o francês François Viéte (1540-1603), natural de Fontenay-le-Comte de Paris, advogado e matemático, dedicava-se à matemática apenas em momentos de lazer, pois sua formação original era advogado, mesmo assim, Viéte contribuiu para a aritmética, álgebra, geometria e trigonometria, “[...] relações fundamentais entre as funções circulares dos ângulos e de seus múltiplos, como também os principais teoremas, ainda que de forma distinta da atual”, tanto da trigonometria plana, como da esférica (BABINI, 1969, p. 69).
Atividades
Sobre Fibonacci e seus estudos, analise as alternativas e assinale a alternativa correta:
- O conhecimento de Fibonacci teve pouca influência pela cultura árabe.
A alternativa está incorreta, pois, pela profissão do pai, Fibonacci pode percorrer toda a costa mediterrânea tendo contato com locais influenciados pela cultura árabe.
- A sequência de Fibonacci é iniciada por 0 e 1, e os algarismos seguintes são obtidos pela subtração de seus dois elementos antecessores.
A alternativa está incorreta, pois a sequência é obtida pela soma de seus dois elementos antecessores.
- Fibonacci não colaborou para difusão do sistema de numeração decimal.
A alternativa está incorreta, pois Fibonacci foi importantíssimo para a difusão do sistema de numeração decimal.
- Fibonacci foi responsável pelo sistema indo-arábico.
A alternativa está correta, pois Fibonacci foi responsável pelo sistema indo-arábico.
- Em seu livro, Fibonacci apresenta superficialmente métodos e problemas algébricos.
A alternativa está incorreta, pois em seu livro é apresentado um estudo detalhado sobre métodos e problemas algébricos.
Gênese da matemática moderna (1600 – 1614): Galileu, Kepler e Napier
No século XVI, a Geometria não alcançou muito progresso, na verdade, ficou estagnada apenas nas traduções de Clássicos Gregos, porém esse período foi marcado pelos avanças na Trigonometria, na Álgebra e na Aritmética. Vale atentar-se para que esse século foi marcado por um período em que despertaram e avançaram os estudos voltados aos infinitésimos, estudos esses que abriram o caminho para estudiosos do século seguinte chegarem à análise infinitesimal. O século XVI foi o período de passagem no qual se encerra um período para iniciar outro, ou seja, encerra o período da História da Matemática, pois iniciou-se a decadência grega e junto com a decadência inicia um novo período para a ciência, que foi nomeado como período da ciência moderna, das criações constantes, do progresso.
Partimos para o século XVII. Podemos dizer que foi um período muito produtivo para a matemática, utilizando a geometria dos séculos passados, com sua estrutura ampla, rígida e com caminhos pré-estabelecidos, com a álgebra com suas regras flexíveis, tendendo ao algoritmo. No século XVII, podemos destacar o estudo da Geometria Analítica por meio de Descartes. Seguindo essa era triunfal da matemática, alguns matemáticos e seus feitos se destacaram, sendo que o primeiro matemático do século XVII a se destacar foi John Napier (1550-1617), natural de Edimburgo na Escócia, físico, astrônomo e teólogo, que seguiu a linha de Viéte, que também não era um matemático de formação, mas, sim, era o barão de Murchiston, administrador de suas propriedades e escritor nato, interessado por diversos assuntos matemáticos, o computacional e o trigonométrico.
2718 John Napier Fonte: www.maa.org.Último acesso: Acesso em: 26 dez. 2016.
Provavelmente, Napier, em 1614, tenha descoberto os logaritmos naturalmente, após tentar simplificar cálculos aritméticos e, consequentemente, facilitar as atividades ligadas à astronomia e nas orientações para as navegações, pois, no século XVII, os cálculos envolvendo navegação e astronomia eram longos e trabalhosos. Os logaritmos como instrumentos de calcular surgiram para realizar a simplificação, uma vez que transformam multiplicações e divisões em operações mais simples de soma e de subtração. Napier realizou essas descobertas quase que simultaneamente com Jobst Burgi, em 1620. Mesmo que os processos de descoberta tenham sido distintos, ambos são responsáveis pelos logaritmos, porém Henry Briggs aperfeiçoou essas técnicas, apresentando os logaritmos decimais.
A ideia de Napier é inspirada na trigonometria e no produto de potência de base comum que transformavam as multiplicações em adições e subtrações, consistia em elaborar tabelas com termos de progressão geométrica que pudessem ser um auxiliar de cálculo, mas Briggs foi o responsável pela aceitação dos logaritmos pelos cientistas, ele propôs os logaritmos na base dez e construiu uma tabela de logaritmos que foi usada até o século XIX.
Uma das descobertas de Napier eram os bastões de Napier. Tratava-se de um conjunto de nove bastões, um para cada dígito, que transformavam a multiplicação de dois números em uma soma das tábuas de cada dígito. Esse dispositivo originou a conhecida régua de cálculos, que mais tarde foi considerada o primeiro computador analógico. Com o desenvolvimento da ciência, pode-se perceber que muitos fenômenos, físicos, biológicos e econômicos, podem ser representados por funções logarítmicas.
O século XVI e XVII foi marcado pelas grandes contribuições matemáticas. Nesse século, dois astrônomos se destacaram, Galileu Galilei (1564-1642) e Johan Kepler (1571-1630). Galileu, devido à pressão de seu pai, teve que desistir da faculdade de Matemática e acabou se formando em Medicina, porém sua paixão pela matemática o levou até Florenza, local onde, para sobreviver, teve que lecionar aulas particulares de Matemática, possibilitando a descoberta e o início da ideia de equipotência dos conjuntos infinitos, ponto norteador para a Teoria dos Conjuntos, desenvolvida posteriormente por Cantor. Impulsionando assim o desenvolvimento da análise moderna, descobriu o isocronismo do pêndulo determinando que o seu período não depende da massa, mas apenas do comprimento dos fios, despertando o interesse e a curiosidade que isso o permitiria construir relógios mais precisos. Em 1588, com o apoio de um Matemático, Galilei foi nomeado para a cátedra de matemática na universidade de Pisa, fazendo a sua famosa experiência de quedas de corpos inclinados, nesta, demonstra que a velocidade de queda não depende de peso, aproximando para o que seria a primeira lei de Newton. Galileu demonstra inclusive o conhecido como princípio da inércia, e suas experiências sobre o movimento tiveram um significado especial, levando à abordagem matemática usada para analisá-las. Se tornaria mais tarde como o pai da física matemática. Galilei foi o primeiro a fazer uso do telescópio, o primeiro a analisar as manchas solares, descobriu que a via láctea é composta por diversas estrelas, inclusive as crateras da lua. Seguindo o exemplo de Galileu, destaca-se Kepler, ao buscar soluções aos problemas de astronomia, ganhando, ao contrário de Galileu, liberdade para estudar a trajetória dos planetas ao redor do sol.
21018 Johannes Kepler Fonte: Shutterstock.
Johannes Kepler (1571-1630) foi um astrônomo, nasceu em Weil der Stadt, no sul da Alemanha, exímio matemático, dedicou-se 21 anos de sua vida a definir as três leis do movimento planetário que imortalizaram seu nome. Desde muito jovem ele já considerava o heliocentrismo, pois considerava o sol o centro da vida. Também acreditava que Deus havia planejado o planeta de modo racional, fazendo uso da matemática. Uma de suas ideias resultou na tentativa de encaixar os movimentos dos planetas em uma associação de sólidos platônicos e esferas perfeitas, mas, no fim, percebeu que não havia nenhuma evidência para sustentar essa proposta, essas comprovações só vieram a se sustentar quando Kepler se uniu com um astrônomo em um observatório chamado Uranienborg. Assim Kleper concluiu que os planetas andam de forma elíptica e o sol é um dos focos dessa elíptica, sendo assim, essa descoberta passou a ser conhecida como a 1ª Lei de Kepler.
As leis de Kepler servem para quaisquer sistemas binários, veja a definição e a importância das descobertas de Kepler, “[...] são marcos fundamentais da História da Astronomia e da Matemática; pois num esforço para justificá-las, Isaac Newton foi levado a criar a mecânica celeste moderna”, além do que a descoberta empírica dessas leis, a partir de dados deixados pelo dinamarquês-sueco Tycho Brahe, de quem havia sido assistente, “[...] constitui um dos mais notáveis trabalhos de indução jamais feitos na ciência” (EVES, 1995, p. 357).
Kepler não apresentou nenhuma novidade ao conhecimento matemático, pois suas pesquisas eram pautadas nos estudos gregos, porém agregou com suas descobertas sobre as secções cônicas, chamando atenção para as pesquisas matemáticas com um caráter inteiramente dedutivo e aplicável no real. Suas pesquisas eram voltadas para matemática pura, o que impossibilita se afirmar que poderá ser aplicada no real, pois “[...] se os gregos não tivessem estudado as secções cônicas, Kepler jamais teria superado Ptolomeu” (WHEWELL apud EVES, 1995, p. 357). Assim Kepler passa a ser considerado um dos pioneiros do cálculo, esse atributo só é possível graças ao cálculo de áreas que utilizava, em que envolvia a segunda lei dos movimentos Planetários, “[...] volumes de noventa e três sólidos obtidos pela rotação de segmentos de secções cônicas em torno de um eixo de seu plano”, sendo possível que tivesse influenciado Cavalieri, que também impulsionou o cálculo infinitesimal com o seu método dos indivisíveis (EVES, 1995, p. 358).
O astrônomo alemão também deixou notáveis contribuições à Geometria, como o estudo dos poliedros; a palavra foco na Geometria das cônicas; e estabeleceu uma aproximação para o perímetro da elipse. Na análise, foi o principal responsável pela extensão dos logaritmos de Napier por todo o continente europeu.
Atividades
O século XVII, foi mtuito produtivo para a matemática. Um dos matemáticos desse período que se destacou foi Jonh Napier e seus estudos sobre logaritmos. Com relações aos estudos de logaritmos na época, os mesmos estavam ligados à quais atividades? (Tópico 3)
- Os logaritmos estavam ligados às atividades de experiência de queda de corpos inclinados.
A alternativa está incorreta, pois quem trabalhou com essas experiências foi Galileu Galilei.
- Os logaritmos estavam ligados às atividades do comércio da região.
A alternativa está incorreta, pois os cálculos relacionados ao comércio são a aritmética básica e funções.
- Os logaritmos estavam ligados às atividades de astronomia e orientações para as navegações.
A alternativa está correta, pois os cálculos envolvendo navegação e astronomia eram longos e trabalhosos, e os logaritmos surgiram para facilitar esses cálculos.
- Os logaritmos estavam ligados às atividades de estudo de poliedros e das cônicas.
A alternativa está incorreta, pois esses estudos estão associados com a geometria que Kepler trabalhou.
- Os logaritmos estavam ligados aos estudos da inércia.
A alternativa está incorreta, pois esses estudos estão relacionados com as leis da mecânica estudadas por Newton.
Geometria Analítica (1635 – 1640): Fermat, Descartes, Torricelli e Roberval
A matemática no século XVII, com o conhecimento acumulado durante séculos sobre a Geometria desde o período Helenístico, com seu desenvolvimento rígido disseminado em boa parte do mundo, juntamente com o aprimoramento da Álgebra com o seu forte rigor em seus algoritmos e linguagem simbólica, foi o estopim para o início da evolução da Geometria Analítica que conhecemos hoje, ou seja, foi o princípio da união da ciência das formas (Geometria) com a ciência dos números (Álgebra).
Já foram realizadas tentativas para unir esses dois ramos da matemática, mas somente no século XVII que foi possível realizar um grande avanço nessa área e finalmente unir a área da Álgebra com a Geometria.
No século III a.C., Apolônio de Perga empregava sistemas de coordenadas para definir pontos no plano ou no espaço, o que já constitui uma boa aproximação de números e formas. Bem posterior, do século X, é a confecção de gráficos para ilustrar o relacionamento entre grandezas variáveis [...] .(NOGUEIRA, 2016, p. 130)
Neste tópico, iremos abordar as contribuições de René Descartes, Pierre de Fermat, Evangelista Torricelli e Gilles Personne de Roberval. Na França, a partir da segunda metade do século XVII, Descartes e Fermat deram início à elaboração da Geometria Analítica paralelamente, mas com visões distintas sobre ela.
Descartes (1596 – 1650) nasceu em uma boa família e teve bons estudos no colégio La Flèche, de origem jesuíta. Formou-se em Direito na Universidade de Poitier e, posteriormente, viajou para Holanda, onde permaneceu por vários anos acompanhando campanhas militares. Em suas viagens pela Europa, entrou em contato com grandes matemáticos como Faulhaber, o qual escreveu sobre as soluções das equações quárticas. Conheceu também Desargues na França, que foi um dos precursores da Geometria Projetiva, e Mersenne, um teólogo e matemático lembrado pelos estudos de números primos que poderiam ser escritos da forma 2n - 1, com n natural, conhecidos futuramente como primos de Mersenne.
René Descartes foi um grande matemático e filósofo, e, em 1637, é publicada a sua obra intitulada como Discurso sobre o método para bem utilizar a razão e de encontrar a verdade nas ciências, na qual é abordada de forma sistemática como definir fontes claras e necessárias para obter conclusões de maneira verdadeira para supostas dúvidas.
Nessa obra, Descartes possuía uma filosofia visionária para a época, em oposição ao seu trabalho relacionado com a Geometria nessa obra, talvez a matemática realmente é acumulada de forma progressiva comparada com as outras ciências, ou seja, ela possui um desenvolvimento mais gradativo do que um desenvolvimento brusco.
O livro citado anteriormente possui um apêndice denominado de A Geometria, em que o autor trabalhava primeiramente o lugar geométrico para encontrar a equação que define esse lugar geométrico. Com relação à parte algébrica, a notação progrediu, sendo pouca a diferença que encontramos em nossas notações atuais. Por exemplo, a equação:
y3 - - byy - - cdy + bcd + dxy α 0
É equivalente a equação, a qual conhecemos como:
y3 - by2 - cdy + bcd + dxy = 0
Com variáveis x, y e parâmetros b, c e d.
Descartes também passou a considerar os valores de x2 e x3 como comprimentos de seguimento de reta e substituindo a visão de que essas respectivas quantidades representam quadrados e cubos. O fato mais relevante trabalhado por ele é que equações com duas variáveis coincidem com um lugar geométrico no plano, ou seja, equações do tipo y2 = ax - bxy + cx - dx2 que correspondem a um lugar geométrico. Essa mesma equação corresponde à equação geral de uma cônica que passa pela origem, mas isso é muito distante do que conhecemos atualmente por seções cônicas. Observe na Figura 2.12, em que imaginamos um plano cortando um cone circular reto de duas folhas em várias cônicas como a circunferência, a parábola, a elipse e a hipérbole.
Na mesma época, Pierre de Fermat (1601 – 1665) contribui imensamente não só com a Geometria Analítica, mas em áreas como o Cálculo e os princípios elementares da teoria das probabilidades. Fermat atuava como advogado no parlamento francês e, posteriormente, se tornou conselheiro, praticava a matemática por hobby. Apesar de nunca ter exercido a matemática profissionalmente, foi um dos grandes gênios de seu tempo.
21318 Pierre de Fermat Fonte: pt.wikipedia.org.Último acesso: Acesso em: 20 dez. 2016.
Fermat também gostava de tentar reconstruir obras perdidas da antiguidade fundamentado em informações encontradas nas escritas clássicas ainda preservadas e, como consequência, Fermat passou a reconstruir a obra Lugares Planos,da autoria de Apolônio, que mais tarde o levaria à descoberta de um valoroso enunciado para a Geometria Analítica.
[...] Um subconjunto desse esforço foi a descoberta, não mais tarde que 1636, do princípio fundamental da geometria analítica:
Sempre que numa equação final encontram-se duas quantidades incógnitas, temos um lugar, a extremidade delas descrevendo uma, linha reta ou curva. [...] .(BOYER, 1974, p. 253)
Esse princípio foi escrito por Fermat, previamente à geometria de Descartes, além de outros estudos relacionados à geometria. Fermat não publicou quase nada em vida, por muito tempo a Geometria Analítica ficou conhecida como Geometria Cartesiana. Diferentemente de Descartes, Fermat utilizava as equações primeiramente para depois determinar o seu lugar geométrico.
Os estudos de Fermat foram publicados após sua morte na obra Introdução aos Lugares Planos e Sólidos. Nessa obra, o autor trata das equações gerais das cônicas. Fermat estipulou que a equação xy = k2 define uma hipérbole, mostrou também que as equações da forma a4± x2 = by, x2+y2+2ax+2by=c2 e a2-x2=ky2 são uma parábola, uma circunferência e uma elipse.
Pierre também estudou as quádricas, que seriam as superfícies que podem ser esboçadas em três dimensões, cuja equação algébrica seria de segunda ordem em três variáveis. Ele notou que equações quádricas e cúbicas poderiam ser solucionadas utilizando as cônicas. Para os estudos em geometria, é relevante que Fermat utilizava eixos coordenados ortogonais, o que foi um enorme progresso, que foi essencial à matemática.
Pela sua grande dedicação à matemática por deleite, Fermat colaborou com outros vários campos da área como o Cálculo e a Teoria dos Números. O mesmo teoriza sobre as curvas da forma y = xn com n pertencente aos inteiros e estuda um método de determinar máximos e mínimos de curvas polinomiais. A expressão para determinar esses máximos e mínimos é bem parecida com a fórmula da derivada que conhecemos hoje.
Entre todos os seus estudos, nenhum teve maior repercussão que sua conjectura, conhecida como “o último teorema de Fermat”. A suposição era de que, para n > 2, não é possível determinar números inteiros x, y e z, tais que a equação xn + yn = zn seja satisfeita. Essa conjectura foi demonstrada três séculos mais tarde pelo matemático Andrew Wiles.
[...] os matemáticos não conseguiram encontrar uma demonstração absoluta para o “último teorema de Fermat”, incluídos os gênios Euler e Gauss, o que fez com que se colocasse em dúvida o fato de que Fermat descobrira uma “prova admirável desse fato”. A demonstração do teorema se transformou então num desafio, com prêmios sendo oferecidos e despertando rivalidades até ser conseguida pelo notável matemático inglês Andrew Wiles, em 1993 [...] .(NOGUEIRA, 2016, p. 133)
Fermat realizou avanços fantásticos na matemática, mas, como sabemos, quase não publicou nada em vida e se contentava a escrever para o seu amigo Mersenne sobre suas reflexões em assuntos matemáticos. Esse último, em 1615, levou em consideração a curva denominada cicloide para os matemáticos, talvez por influência de Galileu. O cicloide consiste no arco formado a partir de um ponto em uma circunferência, quando rola em um plano, representado pela (Figura 2.14).
Em 1628, Mersenne recomendou à Roberval (1602 – 1675) que estudasse a curva cicloide. Roberval era um matemático profissional e professor em Collège Royal, ele também pertencia ao “grupo de Mersenne”. No ano de 1638, Roberval descobriu como traçar a reta tangente à curva por um ponto pertencente a ela, mas esse problema já havia sido resolvido por Descartes e Fermat. Posteriormente, também conseguiu determinar os volumes gerados pela revolução da área em torno de seu eixo de simetria ou em torno da tangente no ponto de vértice.
Mas Roberval não teve interesse em publicar seus achados sobre a curva cicloide. Porém quem mostrou interesse em estudar essa curva foi Evangelista Torricelli (1608 – 1647) quase na mesma época que Roberval. Torricelli se envolveu nesse estudo por estímulo de Mersenne ou até mesmo influenciado por Galileu. No ano de 1644, publicou a obra De parabole, na qual divulgava seus resultados sobre a quadratura da cicloide, operação que define um quadrado de área de mesmo valor da área delimitada pela curva, e ainda como construir a tangente a essa curva.
Os trabalhos de Torricelli e Roberval são distintos, mas seguem uma linha de pesquisa similar. Em meados de 1640 e 1650, compreenderam e mostraram a análise de Cavalieri a respeito da parábola e a espiral. Esses estudos levaram Torricelli a vários resultados, inclusive à descoberta da curva que hoje conhecemos como x = log y. Também determinou a sua assíntota, a área delimitada pela curva e ainda o volume do sólido rotacionando à curva em torno do eixo x.
Nos anos de 1634 a 1642, Torricelli trabalhou com Galileu e, com isso, despertou seu interesse pela área da Física, tanto que Torricelli é conhecido pela invenção do barômetro e por seus estudos referentes às trajetórias parabólicas de projéteis do que como matemático em si. Em seus estudos referentes a equações que relacionam a distância, tempo e velocidade, Torricelli notou que os problemas de quadraturas eram inversos aos problemas com relação à tangente e, talvez, se sua morte não fosse prematura, aos 39 ano, se tornaria o precursor do Cálculo.
Atividades
Muitos matemáticos se destacaram no século XVI e XVII, inclusive construindo teorias semelhantes, de maneira quase que simultânea, embora tenham trabalhado de maneira isolada. Nesse contexto, assinale a alternativa correta.
- Somente matemáticos profissionais dos séculos XVI e XVII colaboraram para o desenvolvimento da matemática.
A alternativa está incorreta, pois Fermat, apesar de não ser um matemático profissional, fez uma grande contribuição.
- Um dos grandes avanços da Matemática do século XVII foi a aproximação da Geometria e da Álgebra por Descartes e Fermat.
A alternativa está correta, pois Descartes e Fermat foram precursores da Geometria Analítica.
- Fermat e Pascal contribuíram para a construção da Geometria Projetiva.
A alternativa está incorreta, pois quem contribuiu nos estudos sobre Geometria Projetiva foi Desargues.
- Os estudos de Torricelli e Roberval foram insignificantes para área da Geometria Analítica.
A alternativa está incorreta, pois os estudos de curvas como a cicloide, de Torricelli e Roberval, foram importantes para Geometria Analítica.
- Roberval realizou estudos sobre vários tipos de curvas, mas não chegou a trabalhar com a cicloide.
A alternativa está incorreta, pois Roberval estudou a cicloide pela recomendação de Mersenne.
Geometria Analítica (1650 – 1670): Pascal, Barrow e Huygens
Um dos grandes gênios matemáticos foi Blaise Pascal (1623 – 1662). Seu pai também foi um grande matemático, o qual estudou a curva denominada limaçon ou caracol de Pascal, como hoje é conhecida. Veja a Figura 2.15. O pai de Pascal, Etienne Pascal, a princípio, não influenciou o filho com a matemática, deixando-o livre para desenvolver os seus próprios interesses. Mas, com apenas 12 anos, mostrou seu gosto pela matemática e uma grande habilidade com geometria, então, a partir daí, o seu talento matemático foi encorajado.
Foi publicada uma obra de Blaise Pascal, com apenas 16 anos de idade, um texto de uma única página no qual estaria o que hoje conhecemos como Teorema de Pascal. Nesse trabalho, Pascal apresenta a teoria de que os lados opostos de um hexágono inscrito em uma cônica se interceptam em três pontos pertencentes a uma mesma reta. Mas esse resultado só é válido se utilizar um hexágono regular inscrito em uma circunferência ou se ainda utilizar conceitos da geometria projetiva.
Com 19 anos, Pascal inventou uma calculadora para auxiliar no trabalho de seu pai e chegou a construir e vender cerca de 50 exemplares, algumas ainda existentes e à mostra em alguns museus da França, veja a Figura 2.16. O interesse de estudos de Pascal mudava da água para o vinho e, em 1648, ele inicia os seus estudos em Hidrostática e, por meio dele, conseguiu comprovar o peso do ar e também conseguiu solucionar o paradoxo hidrostático, ou seja, a pressão e a força são independentes do formato do reservatório e da quantidade de fluido. Pascal volta a trabalhar em matemática em 1954 e o seu foco de trabalho é voltado para o estudo das cônicas, dando continuidade ao seu primeiro trabalho publicado aos 16 anos.
21618 Calculadora de Pascal Fonte: 2.bp.blogspot.com.Último acesso: Acesso em: 20 dez. 2016.
Durante o seu trabalho com as cônicas, um amigo lhe propôs um problema relacionado à probabilidade. O problema era a respeito dos lances de dado de um jogador. Para resolver o problema, Pascal começa a trocar correspondências com Fermat sobre o assunto. Segundo Nogueira (2016, p. 132), temos que:
Em suas trocas de correspondência com Blaise Pascal, em que discutiam questões referentes aos jogos de azar, surgiram os princípios básicos da teoria das probabilidades, ramo que posteriormente recebe grandes estímulos de crescimento, em função de suas aplicações tanto na Física teórica quanto na vida prática.
Por meio desses estudos, Pascal conseguiu relacionar a probabilidade com triângulo aritmético, hoje conhecido como triângulo de Pascal. Esse triângulo já era conhecido há mais de seis séculos, mas Pascal enunciou propriedades inéditas sobre esse.
No mês de novembro de 1654, Pascal decide trocar a matemática pela teologia e filosofia. Ele só retorna aos seus estudos relacionados à matemática em 1658, quando em uma noite em que não conseguia dormir, pois sentia muita dor, resolveu estudar a cicloide para se distrair e então essa dor passou e ele melhorou. Pascal entendeu isso como uma aprovação divina aos seus estudos, consequentemente, surgiram resultados novos, como a fórmula generalizada do comprimento de arco da cicloide e a fórmula da semicircunferência da elipse.
Pascal se aproximou da descoberta do Cálculo em seu trabalho Tratado sobre senos num quadrante de um círculo, em que realiza estudos relacionados às integrais da função seno. Leibniz, um dos criadores da teoria do cálculo, reconhece esse trabalho de Pascal e afirma que esse trabalho foi uma luz e uma inspiração em seus estudos. Pascal foi um grande matemático sem sombra de dúvidas, além dele, outros matemáticos como Hyugens e Barrow foram essenciais no desenvolvimento dessa ciência.
Vamos falar um pouco agora sobre o cientista Cristiann Huygens (1629 – 1695), conhecido pelos seus estudos na teoria ondulatória da luz e a invenção do relógio de pêndulo. Huygens pôde perceber com o seu invento que, quando o pêndulo é solto, o tempo que o mesmo leva para atingir o ponto mais baixo será quase indiferente dependendo da altura em que ele foi solto. Nesse mesmo período em que o cientista inventou o relógio de pêndulo, ele participava do concurso que Pascal promoveu sobre alguns problemas relacionados à cicloide. Esse fato o levou a estudar o pêndulo de maneira que descrevesse um arco de cicloide invertido.
21818 Huygens e seu pêndulo Fonte: k60.kn3.net.Último acesso: Acesso em: 15 nov. 2016.
A Geometria Analítica era essencialmente pura, sem aplicações práticas, até a chegada do pêndulo cicloidal de Huygens, isso o levou a escrever sobre as evolutas e involutas, ou seja, curvas arranjadas a partir de uma curva dada. Seu trabalho escrito em 1673 serviu de inspiração para Newton dez anos mais tarde. Esse trabalho englobava resultados relevantes sobre a mecânica, incluindo a força centrípeta para movimentos circulares, o princípio da conservação da energia cinética, entre outros resultados.
Outro matemático significativo foi Isaac Barrow (1630 – 1677), que foi professor de geometria em Gresham College e depois professor de geometria em Cambrige. Era um conservador, acreditava que a álgebra deveria ser parte da lógica e também não gostava de seu formalismo. Barrow era um grande apreciador dos antigos, ele editou as obras de Arquimedes, Apolônio e Euclides. Publicou também suas obras com a ajuda de Newton nas edições, Lectiones optícae (1669) e Lectiones geometriae (1970).
Como Barrow, em sua obra Lectiones geometiae, queria que a obra descrevesse a situação em que a geometria se encontrava na época. Ele conseguiu expor em seu trabalho de forma completa as novas descobertas sobre quadraturas e tangentes, que estavam em alta na época. Barrow também descobriu um método para calcular tangente bem similar ao método que usamos hoje em cálculo. Diferentemente de Fermat, Barrow utilizava duas variáveis em seu cálculo da tangente, o que utilizamos hoje como ∆x e ∆y.
Barrow foi um matemático que realmente antecipou partes do cálculo diferencial e integral, e tinha pleno conhecimento de problemas de quadraturas e tangentes. Infelizmente, seu ponto de vista conservador o impediu que realizasse mais avanços relevantes. Ainda bem que Newton, seu pupilo, estava estudando os mesmos problemas que ele, assim Barrow o induziu que publicasse seus resultados.
Fique por dentro
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Reflita
Você viu que dois importantes ramos do conhecimento matemático, o Cálculo Diferencial e a Geometria Analítica, foram pensados quase que simultaneamente, por pelo menos dois matemáticos distintos (Newton e Leibnitz, no caso do Cálculo; Descartes e Fermat, no caso da geometria Analítica), embora tenham partido de problemas diferentes. Considerando esses fatos, você entende a produção do conhecimento matemático como invenção, descoberta ou construção?