Alimentação
Como já vimos até aqui, vários fatores contribuem para a obesidade, porém, talvez o mais simples de ser entendido é o consumo em excesso de alimentação com contrapartida de um baixo gasto de energia. De uma forma geral, maus hábitos alimentares ajudam a engordar e entre eles, destacamos: não ter horário fixo para comer, quantidade dos alimentos ingeridos, exagero no consumo de alimentos gordurosos e carboidratos, longos períodos em jejum, poucas refeições durante o dia de grande volume cada refeição, “dietas da moda”.
Em um estudo realizado com mulheres brasileiras obesas, observou-se que 30% das calorias ingeridas eram provenientes de lipídios (PEREIRA et al., 1998). A tendência secular no aumento da obesidade parece ocorrer paralelamente à redução na prática de atividade física e aumento do sedentarismo (FRANCISCHI et al., 2001).
Os carboidratos são responsáveis pela maior parte da energia consumida em excesso, ao contrário do que se pensa que seja de gordura. Os carboidratos também são conhecidos como hidratos de carbono. Os carboidratos são um dos três principais nutrientes da nossa dieta, juntamente com os lipídeos e as proteínas.
Vamos agora relembrar nossos conhecimentos em bioquímica sobre esses principais nutrientes da nossa alimentação.
Somos o que comemos!
Hoje todos nós temos uma vida corrida. Trabalho, estudo, filhos, casa e por aí vai... Nessa correria, na maioria das vezes, não nos atentamos ao que estamos consumindo de fato. Mas preste atenção na sua geladeira! Você sabia que o que está dentro dela pode dizer muito sobre seus hábitos alimentares?
Carboidratos
As principais fontes destes compostos são bebidas açucaradas e os populares fast-food. Esses compostos representam a mais importante fonte de energia para o organismo. Podemos encontrar os carboidratos em alimentos amiláceos, tais como pão, massa e arroz; e em algumas bebidas, por exemplo, sucos de frutas e bebidas açucaradas.
Os carboidratos ingeridos na dieta são transformados em glicose. O principal papel do metabolismo dos carboidratos é gerar e armazenar energia, passando pelas fases da glicólise. Após a ingestão, os carboidratos passam por um processo onde ocorre a hidrólise das ligações glicosídicas por meio da ação de enzimas. As moléculas que estão sob a forma de monômeros são transformadas em polímeros e, posteriormente, se transformando em glicose. A glicose acessa as vias das pentoses, recebe fosfato e assim permanecem presa no interior das células, não conseguindo acessar a corrente sanguínea. A esse processo, chamamos de glicólise. A glicólise é dividida em etapa de investimento e etapa de pagamento, onde ocorrem 10 reações químicas catalisadas por 10 enzimas específicas. Nesse processo, o fosfato é um dos principais ingredientes e ele que é responsável por aprisionar a glicose dentro das células.
O processo da glicólise ocorre utilizando ou não O2. Com a utilização de O2, o produto final é o Piruvato que ativa o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória para a produção de mais energia, essencial ao organismo. O processo de glicólise sem O2 não ativa o ciclo de Krebs e nem a cadeia respiratória, e seu produto final é o lactato. Quanto maior o esforço físico, maior a formação de lactato que é responsável por fadiga e dor muscular. Ele é conduzido pela corrente sanguínea, passando pelo fígado onde é transformado em glicose-gliconeogênese.
No fígado, músculos e cérebro também ocorre a reserva da glicose. Essa reserva funciona como uma dispensa necessária ao organismo e chama-se glicogênio e quando há excessos de glicose dispensadas no processo estas são transformadas em proteínas ou em forma de ácidos graxos. As gorduras indesejadas e localizadas são o produto final do metabolismo dos ácidos graxos.
Os carboidratos são formados por açúcares e são classificados de acordo com o número de unidades de açúcar combinados entre si, que formam a molécula. Na natureza, as plantas sintetizam os hidratos de carbono mediante a fotossíntese e armazenam em forma de amido.
Os açucares mais comuns são a glicose, a frutose e a galactose, conhecidos por monossacarídeos. Entre os dissacarídeos mais comuns, estão a sacarose e a lactose.

Lipídeos
Os lipídeos presentes em nosso organismo são provenientes dos alimentos ingeridos na nossa dieta e da reserva orgânica que está presente no tecido adiposo. Esses lipídeos são metabolizados pelo fígado.
Várias formas de lipídeos fazem parte de nossa dieta: fosfolipídeos, colesterol, vitaminas lipossolúveis e triglicerídeos. A maior parte, porém, está disponível como triglicerídeos. Em geral, ingerimos de 25g a 105g por dia de lipídeos. Esses triglicerídeos, de uma forma bem resumida, são convertidos em ácidos graxos livres que são oxidados para a produção de energia. Este processo ocorre quando hormônios sinalizam a necessidade de energia metabólica. No duodeno, os lipídios que ingerimos são emulsionados, formando partículas de 500-1000 micra de diâmetro, contendo principalmente triglicerídeos. Estas partículas ativam as lipases pancreáticas, que quebram os lipídios em ácidos graxos livres e monoglicerídeos. Esses ácidos graxos livres e os monoglicerídeos, no interior do enterócito jejunal, são ofertados ao retículo endoplasmático liso e são novamente convertidos em triglicerídeos.
Os triglicerídeos, os fosfolipídios, o colesterol e seus ésteres, os ácidos graxos livres e as vitaminas lipossolúveis reagem no retículo endoplasmático liso - REL com proteínas, formando partículas estáveis denominadas quilomícrons. A partir do REL, forma-se um vacúolo que no espaço intercelular se abre e os seus conteúdos são captados pela linfa, penetrando pelos ductos lactíferos e vasos linfáticos. A partir daí acessam o ducto torácico e depois a corrente circulatória venosa. Estando na circulação, os quilomícrons atravessam pelos sinusoides hepáticos e, posteriormente, são ofertados às vilosidades dos hepatócitos.
O hepatócito remove os triglicerídeos dos quilimícrons, hidrolisando-os em ácidos graxos livres e glicerol. O metabolismo utiliza os ácidos graxos livres ou esses são esterificados no retículo endoplasmático rugoso onde são conjugados com proteínas. Formam-se, então, as lipoproteínas que são exportadas pelo hepatócito e utilizadas por outros órgãos. Alguns alimentos ricos nestes compostos são: manteiga, as frituras, doces, biscoitos recheados, carnes gordas, queijo amarelo, leite integral, requeijão e embutidos. Após uma refeição rica em lipídios, o sangue fica com um aspecto leitoso. Devemos ingerir esses alimentos com moderação já que o excesso está relacionado a doenças cardiovasculares e à falta deles, com o raquitismo.

Proteínas
As proteínas são compostos essenciais ao ser humano, já que, participam de quase todos os processos celulares. Dentre as funções das proteínas, destacamos: replicação do DNA, transporte de moléculas, catalisadoras de reações bioquímicas, funções estruturais e mecânicas; sinalização celular, resposta imune e no ciclo celular. As proteínas se diferem entre si pela sequência genética de aminoácido pela qual é formada.
Os animais não conseguem produzir todos os aminoácidos de que necessitam para viver. Os aminoácidos que o organismo não é capaz de sintetizar por si próprio são denominados aminoácidos essenciais e devem ser obtidos pelo consumo de alimentos que contenham proteínas, as quais são transformadas em aminoácidos durante a digestão.
O metabolismo das proteínas é muito complexo e utiliza 90% da energia química utilizada pelo organismo para todo metabolismo. Nesse processo participam mais de 100 enzimas entre a síntese, destinação ou endereçamento e degradação. A biossíntese das proteínas envolve cinco etapas, que serão resumidas a seguir.
Primeira etapa
Essa etapa ocorre no citosol da célula e acontece a ativação dos aminoácidos, envolvendo a participação de enzimas do tipo aminoacil-tRNA sintetases.
Segunda etapa
A segunda etapa é chamada de iniciação, onde o mRNA liga-se à menor das subunidades ribossômicas e ao aminoacil-tRNA de iniciação. Em seguida, liga-se à subunidade maior, formando o complexo de iniciação, pareando o aminoacil-tRNA com o códon UAG.
Terceira etapa
Na terceira etapa acontece o alongamento. É formada pela ligação de outros aminoácidos e requer a participação de proteínas conhecidas como fatores de alongamento, e assim como as etapas anteriores, envolve a participação da guanosina trifosfato.
Quarta etapa
A quarta etapa é a terminação e liberação, sinalizada por um códon de terminação.
Quinta etapa
A quinta e última etapa é o enovelamento e processamento pós-tradução, para que a proteína obtenha sua forma tridimensional biologicamente ativa.
Todo esse processo de biossíntese de proteínas envolve revisões e regulações para que a proteína seja sintetizada de forma correta.
O endereçamento é realizado por uma sequência sinalizadora que é uma sequência curta de aminoácidos que direciona a proteína para seu local de ação. Depois, essa sequência é removida para que a proteína seja ativada e exerça sua função. Esta sinalização também é utilizada para a degradação seletiva das proteínas após seu uso.
A dieta humana disponibiliza a maioria dos aminoácidos que necessitamos. As proteínas são encontradas em muitos alimentos de origem animal e vegetal, entre eles: carne, ovos, leite e peixes. Entre as fontes vegetais estão os legumes, como o feijão, as lentilhas, a soja ou o grão-de-bico. Se o indivíduo tiver uma dieta equilibrada, raramente necessitará de complemento de proteínas.
Atletas, crianças, gestantes e lactentes, doentes convalescentes de trauma ou infecção, necessitam de uma dieta rica em proteínas. Quando o corpo não recebe as quantidades de proteínas necessárias, resulta em deficiência e desnutrição proteica, que pode causa uma série de doenças.
Agora que revisamos nossos conhecimentos sobre a bioquímica dos principais componentes da nossa dieta, vamos falar um pouco sobre educação alimentar ou reeducação alimentar. Você já ouviu falar? Com certeza, com algum desses termos você já teve contato. Hoje em dia, se fala muito em reeducação alimentar para que as pessoas atinjam o peso ideal e, ou somente, tenham uma vida saudável.
É preciso que a população, de um modo geral, entenda e aprenda como comer bem. E é fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados para realizar orientações sobre uma alimentação saudável. Inicialmente, o indivíduo deve trocar os maus hábitos alimentares por um novo estilo de vida, adotando bons hábitos alimentares. A educação alimentar deve iniciar na escola que é onde se revelam e que podem ser solucionadas as dificuldades que existem fora dela. Um material muito utilizado pelos profissionais de saúde para a orientação alimentar é a chamada pirâmide alimentar.

Pirâmide Alimentar é um guia que demonstra como deve ser a alimentação diária para uma população maior de 2 anos de idade. Cada grupo de alimentos é representada em uma parte da pirâmide, assim como, o número de porções recomendadas diariamente. A orientação é que devemos incluir todos os grupos diariamente para garantir os nutrientes que o nosso organismo necessita. Na base da pirâmide estão os alimentos que precisamos consumir em uma quantidade maior e os que precisam ser consumidos em quantidade menor estão nos andares acima da pirâmide.
Assim, é necessário que o profissional da área de nutrição programe um cardápio que varie conforme sexo, peso, idade, altura e necessidades individuais.
Nome do livro: Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia
Editora: Roca
Autor: Chemin Seabra da Silva, Sandra Maria Mura e Joana D’Arc Pereira
ISBN: 9788572418720
Este livro traz todo o metabolismo do organismo, recomendações nutricionais, epidemiologia e estudos nutricionais. A nutrição é um campo em permanente atualização, pois acompanha as transformações de outras áreas, como biologia molecular e genética voltadas à alimentação e à nutrição.
Complete a frase a seguir e a alternativa após:
Os carboidratos ou hidratos de carbono, são conhecidos como ________________. São a principal fonte de energia para os seres vivos. Com exceção do __________, os carboidratos são de origem vegetal e são classificados como monossacarídeos, dissacarídeos e ________________. Os ___________ apresentam átomos de carbono em sua molécula e seus principais representantes são a glicose, frutose e ___________.
- Energéticos, carne, polissacarídeos, dissacarídeos, lactose. carne é uma proteína e não carboidrato e a lactose é um dissacarídeo.
- Açúcares, mel, polissacarídeos, monossacarídeos, galactose. os carboidratos ingeridos na dieta são transformados em glicose, assim, são também conhecidos como açucares, tendo função principal gerar e armazenar energia. O mel é o único carboidrato que não é de origem vegetal. A classificação dos carboidratos é de acordo com o número de unidades de açúcar que formam a molécula: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. A galactose é um exemplo de monossacarídeo.
- Hidratos, ovos, oligossacarídeos, polissacarídeos, ácidos nucleicos. os carboidratos são chamados de hidratos de carbono. Ovo não é um carboidrato, e sim proteína.
- Substâncias estruturais, peixes, polissacarídeos, monossacarídeos, galactose. peixes não são carboidratos, mas sim proteínas.
- Polímeros, ovos, polissacarídeos, monossacarídeos, lactose. carboidratos são chamados de açúcares ou hidratos de carbono. Ovos são proteínas. A lactose é um dissacarídeo.
Existe um medicamento, utilizado por muitos obesos que impede a metabolização de grande parte da gordura ingerida; ele se chama Xenical. Podemos concluir que o Xenical inibe a ação da enzima:
- Maltase. maltase quebra a proteína maltose.
- Protease. enzima protease quebra proteína.
- Lipase. essa enzima é responsável pela quebra dos lipídios.
- Amilase. milase quebra carboidratos, hidrolisando o amido.
- Sacarase. enzima sacarase quebra a sacarose.