Africanos

Estudos anteriores revelam que as drogas de abuso adentraram na comunidade africana há 30 anos, porém, nos últimos 20 anos, a sua utilização se tornou uma tendência entre este público. Álcool, tabaco e a cannabis são os principais tipos de drogas comumente utilizadas no Egito e no resto da África, todavia, o abuso de um novo tipo de droga, a partir da década de 1970, se tornou comum, as substâncias psicotrópicas, sendo que seu consumo se manteve constante até os dias de hoje. O abuso de cocaína e heroína surgiu pela primeira vez como um problema no período pós Primeira Guerra Mundial, na década de 1930, período em que houve uma intensa crise econômica; a partir da década de 1980, o consumo de ambas expandiu assustadoramente. Outra droga potencialmente utilizada nesse período foi o haxixe e a anfetamina, época em que cresceu o cultivo da papoula, para obtenção do ópio; dentre as drogas mais pesadas utilizadas, se encontra a heroína, que passou a ser utilizada de maneira assustadora

Os fatores relacionados ao uso de drogas que acabam afetando a sociedade e contribuindo para este cenário englobam aspectos vinculados a uma erosão gradual e inexorável do social tradicional, em que a família africana acaba por vezes sendo deteriorada principalmente pela desintegração social sob influência do crescimento da pobreza, desencadeada por guerras civis, conflitos tribais, secas e outras catástrofes naturais que confluem para uma caminho comum e unidirecionado à fome, todos esses fatores ainda influenciam no deslocamento da população, propiciando uma situação em que o abuso de drogas piora rapidamente.

O abuso de drogas, principalmente entre os jovens na África, está intimamente ligado a fatores como a desintegração social e cultural, nesse sentido, após o contato com essas substâncias, são desencadeados outros problemas, como dificuldades escolares, problemas relacionados com a saúde (principalmente com a saúde mental) e, ainda, o problemas relacionados à justiça. Nesse cenário, são geradas situações conflituosas e desconfortantes para os membros da família, para a comunidade bem como para toda a sociedade. Nesse sentido, as perspectivas para o futuro são preocupantes, quando se considera o nível socioeconômico e cultural desses jovens, pois a real situação deles pode piorar se medidas mais eficazes não forem instaladas para atender suas demandas.

Os países africanos necessitam de políticas relacionadas ao fortalecimento, não apenas formal, do sistema de controle de drogas, mas também do controle informal, para criar um mecanismo de compensação, com intuito de suprir os fundos insuficientes e, ainda, suprir a falta de profissionais qualificados na execução formal de medidas de controle de drogas. Um grande número de toxicodependentes pode ser encontrado, na maior parte da vezes, com a saúde debilitada, o que decorre do abuso de drogas e compromete a maioria das áreas do funcionamento físico e psicológico. Outro problema grave e crescente na África é a contribuição do consumo de drogas para a propagação da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Nesse contexto, a intoxicação com medicamentos desencadeia a prática sexual de risco, sendo esse comportamento um fator importante que contribui para a rápida propagação do vírus. Evidências indicam ainda que substância da cannabis atua como supressoras da imunidade, facilitando a propagação de outras infecções para os portadores de HIV.

Norte-Americanos

Nos Estados Unidos, 14 milhões de americanos utilizam algum tipo de droga ilícita. Com relação ao tabaco, 66 milhões o utilizam, e cerca de 104 milhões de pessoas consomem álcool. A utilização dessas drogas causam um enorme impacto físico, social e na saúde da população, estando intrinsicamente ligada ao aumento do número de mortes, doenças e outras incapacidades às quais essa população pode ser submetida, o que tem um custo ao país de aproximadamente $ 400 bilhões por ano. Os diferentes grupos minoritários raciais e étnicos nos Estados Unidos são compostos em sua maior parte por adolescentes, sendo considerada a faixa etária de maior risco no que diz respeito ao início do consumo de drogas. O rápido crescimento dessas populações étnicas atrelado às desvantagens socioeconômicas atua como precursor no uso e abuso da drogas, oferecendo inúmeros problemas para a nação.

No Canadá, pesquisas anteriores relatam que uma parcela da população já utilizou maconha ou a utiliza esporadicamente, bem como consomem álcool, tabaco e outras drogas. Podem ser identificados ainda outros problemas relacionados ao consumo de drogas e álcool, como beber e dirigir, ou dirigir dentro de 2 horas após o uso de maconha ou outras drogas; tais hábitos foram identificados especialmente entre os jovens do sexo masculino. A associação entre o uso regular de maconha e o consumo exagerado do álcool, bem como outros comportamentos de risco, colocam desafios para iniciativas de prevenção e redução dos danos. Pesquisas revelam quais são as principais drogas de abuso utilizadas pelos norte-americanos: a nicotina é a mais viciante; entre usuários do sexo feminino, o álcool é preeminente; entre os adolescentes, a maconha é amplamente utilizada, o que proporciona maiores riscos de dependência; na população adulta, as taxas de dependência são mais elevadas entre homens do que entre as mulheres em relação ao álcool e à maconha, porém, inferiores em relação à nicotina. Os brancos apresentam maior propensão do que qualquer outro grupo étnico a ser dependente de nicotina e negros de serem dependentes de cocaína.

De maneira geral, as minorias étnicas, muitas vezes, acabam se aventurando no mundo das drogas devido ao estigma social e discriminação. Com relação à frequência da dependência entre as minorias étnicas, os afro-americanos e os latinos apresentam maiores taxas relacionadas aos transtornos provocados pela utilização de substâncias de abuso quando comparados aos americanos de origem europeia (brancos não-hispânicos). De maneira geral, os fatores que levam as pessoas a utilizarem substâncias psicoativas são inúmeros e variados, no contexto dos adolescentes, eles iniciam o consumo muitas vezes por pressão de outros amigos e, ainda, por relacionarem o consumo delas à ideia de crescimento e sofisticação. Algumas vezes, eles também utilizam essas substâncias para se rebelarem contra seus pais ou até mesmo contra a sociedade em geral. Seja qual for o real motivo, eles continuam a utilizá-las porque os efeitos dessas substâncias são agradáveis e porque consideram difícil parar de utilizar. Com relação ao álcool, os adolescentes o consomem para ficar “altos”’ e não por considerarem o seu consumo uma forma de demonstrar que já são adultos, quanto à nicotina, o seu consumo pode ser relacionado ao prazer fornecido pelo cigarro e também à sensação de relaxamento.

Normalmente, as pessoas sempre se preocupam com sua vida profissional e social e acabam necessitando de calmantes, nesse sentido, maconha (em determinadas doses), tranquilizantes, álcool e sedativos acabam servindo como um válvula de escape. Essa situação ainda pode ser facilmente encontrada na dinâmica de indivíduos com baixa autoestima e baixa autoconfiança que acabam incluindo em suas vidas o hábito de consumir anfetaminas e cocaína para reforçar o ego. Os jovens com poder aquisitivo menor, tentam fugir da pobreza, tédio e angústia utilizando heroína e drogas afins. É comum ainda adolescentes se tornarem dependentes de alguma substância no período em que adquirem independência dos pais.

Um tipo de droga muito presente no contexto dos norte-americanos são as drogas psicodélicas como o LSD, os cogumelos e os alucinógenos de maneira geral. O uso ilícito de drogas psicodélicas se expandiu a partir do início dos anos 1980, todavia, o consumo deste tipo de droga diminuiu a partir do final da mesma década. Dados estatísticos de estudos anteriores revelam que em 1995, 9,5 por cento da população com mais de 12 anos de idade já tinha utilizado uma droga descrita como um alucinógena, as drogas psicodélicas são usadas quase exclusivamente por pessoas com menos de 30 anos de idade.

Asiáticos, Africanos e Índios Nascidos na América do Norte

No contexto dos problemas comportamentais, existem certos padrões que diferem entre os grupos raciais, observa-se que os asiáticos apresentam níveis mais baixos relacionados aos problemas de comportamento, uso de drogas ilícitas, abuso de álcool e delinquência, em contrapartida, os jovens índios norte-americanos exibem os maiores níveis em cada um dos indicadores de problemas. Esses contrastes extremos podem ser explicados pelas políticas sociais de assistencialismo aos usuários bem como pelos aspectos culturais atrelados ainda a fatores individuais que, de certa forma, em conjunto, esses fatores fornecem um maior assistencialismo e proteção aos asiáticos, o que não é observado com relação aos índios norte-americanos, os quais apresentam maiores riscos para o uso de substâncias e delinquência.

O início precoce do consumo de álcool é um fator de risco e um precursor para atos relacionados à delinquência e ao uso de drogas ilícitas, sendo considerado um potencial fator de risco principalmente para os homens. Os asiáticos se apresentam como o grupo étnico que possui o menor hábito de consumir álcool, porém, na juventude, eles desencadeiam um maior número de atos delinquentes em relação aos brancos considerando cada unidade de álcool consumida. Com relação às diferenças étnicas/raciais, estudos anteriores revelam algumas características diferentes com relação aos asiáticos e aos índios norte-americanos. O consumo de álcool associado à delinquência é a característica mais evidente na comunidade jovem asiática do que na população branca. Com relação ao consumo de álcool e drogas ilícitas, essa combinação é mais usualmente observada entre os adolescentes negros e asiáticos do que em outros grupos.

Os índios norte-americanos apresentam taxas de uso mais elevadas de drogas de abuso em relação aos seus homólogos “não-índios”, o uso da cannabis é particularmente elevado entre os estudantes índios. Em razão de os países da Ásia apresentarem grande desenvolvimento técnico-científico, existe certa preocupação com relação à produção de drogas sintéticas principalmente metanfetamina para consumo próprio bem como para tráfico. A cannabis é muito utilizada principalmente na China, mas em geral é a principal droga de abuso em todos os países do Sudeste e Sudoeste da Ásia. Opiáceos, principalmente ópio e heroína, também são as drogas de escolha, exceto na Tailândia, onde o abuso de opiáceos diminuiu. Com relação à propagação do vírus HIV, os opiáceos estão intimamente relacionados à disseminação desse vírus, pois os usuários que utilizam ecstasy e drogas injetáveis também utilizam os opiáceos, este tipo de droga foi identificada como a principal causa da rápida propagação do HIV/AIDS no Sudeste e Sudoeste da Ásia.

A discriminação racial possui impacto e efeitos negativos no bem-estar dos norte-americanos de origem africana, sendo um fator que contribui para a disparidade que se identifica quando se compara a saúde física e mental de norte-americanos de origem europeia (menor preconceito) e de origem africana (maior preconceito). No entanto, a discriminação afeta diretamente a saúde mental dos afro-americanos, estando relacionada ao estado de angústia, uma vez que temem pelo futuro dos seus filhos, os quais podem estar vulneráveis ao consumo, devido às facilidades de aquisição dessas drogas.

Latino-americanos

O uso de drogas principalmente entre os jovens latino-americanos se apresenta em constante crescimento devido à facilidade de se obtê-las. Essa alta prevalência entre os jovens hispânicos está atrelada a alguns fatores específicos como evasão escolar e condições de pobreza na família. Outro fator que contribui é o grande índice de mães solteiras nos subúrbios, principalmente na faixa etária entre 15 e 19 anos, com efeito, isso contribui para o aumento da população que, ao chegar à vida adulta, apresentam maior predisposição para utilização das drogas, por conta do contexto social no qual essas pessoas estão inseridas. A população hispânica apresenta a maior taxa de fecundidade entre todos os grupos raciais e étnicos. Segundo estudos, os homens apresentam uma maior propensão para utilização da maconha do que as mulheres, no entanto tanto homens quanto mulheres consomem de maneira igual a cocaína e o álcool.

Alguns dados mostram que a maconha foi amplamente utilizada na década de 1990, apresentando um declínio em 2000-2002, assim como o álcool, que foi amplamente utilizado entre 1994-1996, expressando um pequeno declínio de 1997 a 1999. Países como o Peru e a Colômbia sofrem com conflitos intra-estaduais provocados pelo tráfico de drogas, o que afeta diretamente sua população. No Peru, por conta do aumento do acesso às drogas após a metade da década de 1980, se expandiram os níveis de práticas voltadas a ações de violência por utilização de drogas ilícitas. Nessa perspectiva, na Colômbia, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) aumentaram e prolongaram os conflitos militares depois de 1980, quando o país assumiu o controle na produção de drogas, o que provocou uma grande expansão na produção e utilização da papoula e da coca pela população latino americana.

As populações peruanas e colombianas foram moldadas com base na correlação entre o envolvimento dos combatentes na economia da droga e a expansão do conflito militarizado, neste sentido, estes grupos étnicos muitas vezes optavam pelo tráfico muito mais do que pelo consumo destas drogas visto que poderiam aumentar à produção de drogas e as vender para populações locais ou de outros países, tinham ampla ligação a indústria farmacêutica afim de atuar de forma mais eficaz e explorar substâncias ilícitas.

Nesse cenário, o Brasil acaba se inserindo, de certa forma, no tráfico juntamente com Colômbia e o Peru, graça à utilização de sua porção amazônica no negócio internacional das drogas. Essa situação ocorre porque regiões que produzem coca estão localizadas no rio Amazonas com afluentes conectados com Peru e Colômbia e também com a bacia do Paraguai-Paraná, ambas são utilizadas como vias de tráfico, sendo consideradas importantes rotas alternativas, ofertando toda infraestrutura espacial para o tráfico das drogas ilícitas. Durante a expansão do tráfico de drogas, os traficantes o associavam com o contrabando de produtos eletrônicos, café, ouro, soja e carros roubados, eventualmente esses produtos eram trocados por cocaína, coca, armas ou outros produtos de ordem industrial.

211 det al.he do brasão das FARC (Forças Armadas REvolucionárias da Colômbia) no uniforme do soldado da milícia que monta guarda na selva colombiana na fronteira com o Equador. Fonte: Valencia (2005)