Arte Musical: a música e suas manifestações na cultura brasileira
Unidade I
Jairo José Botelho Cavalcanti
Sumário Atividades Autores Referências
Autores
Jairo José Botelho Cavalcanti
Introdução
Conclusão
Referências
Atividades
Unidade I Introdução à Música
Parâmetros do som e o universo da música
Elementos intrínsecos da música
A música no Brasil
Os caminhos da música no Brasil

Jairo José Botelho Cavalcanti

Bacharel em música pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de JaneiroMestre e Doutor em Musicologia pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo

Possui Bacharelado em Música-violão pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1989). Mestrado em Artes pela Escola Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2002). Doutorado junto ao programa de Música – área: Musicologia pela ECA-USP (2011). Atua como professor do Curso Técnico de Música da UEM - Universidade Estadual de Maringá. Consultor Ad-Hoc do Sigproj - Proex (2011). Orientador PIBIC-jr (2011-2012) da UEM/Fundação ARAUCÁRIA. Professor colaborador na área de etnomusicologia do Departamento de Música da UEM (2013-2014). Líder do Grupo de Pesquisa GEPHEIM - Grupo de Estudos e Pesquisa em História, Educação e Interpretação da Música, iniciado em 2009, CNPq, certificado pela UEM. Membro e pesquisador do grupo Os Problemas da Interpretação, desde 2012, CNPq, certificado pela UEM. Parecerista da ANPPOM - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música. Orientador do PIBIC -IC- Junior da Fundação ARAUCÁRIA (2013). Participou como consultor ad hoc voluntário na avaliação de projeto de pesquisa submetido no âmbito da 1a chamada do EDITAL FAPES No 04/2015 – BOLSA PESQUISADOR CAPIXABA, no primeiro semestre de 2016.

Introdução

“A música e suas manifestações na cultura brasileira” é um tema de abrangência ambiciosa para um curso de rápida duração, conforme o proposto, dividido em quatro capítulos. Portanto, procuramos alguns recortes temáticos para serem trabalhados nos capítulos seguintes. Dessa forma, descreveremos, a seguir, os conteúdos abordados por intermédio dos direcionamentos feitos em cada capítulo.

No capítulo I, as questões serão discutidas a respeito das perguntas voltadas ao esclarecimento do universo musical, tais como: O que é música? Quando é que a música se torna autônoma enquanto arte e linguagem? A música é a linguagem dos sons? A música é uma manifestação cultural? As abordagens aqui elaboradas discutirão os conceitos do universo artístico da música.

No capítulo II, o objeto de discussão abordará a música e sua historicidade na cultura brasileira. O intuito é trazer luz às discussões relacionadas ao sugimento das pesquisas folclóricas, suas correntes, os grupos de intelectuais que vislumbraram a aplicação desse contexto cultural nas obras dos compositores nacionalistas e as formas de debates a respeito da origem e dos locais da cultura na música brasileira.

No capítulo III, discorreremos a respeito da aprendizagem significativa da música, considerando cada etapa de formação do indivíduo, com abordagem da cultura local, associada às diretrizes educacionais brasileiras.

O capítulo IV visa esclarecer e sugerir algumas propostas interdisciplinares de educação musical no âmbito escolar, direcionando-as como práticas interativas aos demais campos do conhecimento de arte: visuais, teatro e dança, podendo, a partir de uma pesquisa, adaptar-se a outras áreas.

Unidade I Introdução à Música Jairo José Botelho Cavalcanti

O que é música? O conceito a respeito no universo sensível da arte possui uma infinidade de percepções e interpretações sobre o assunto música. Ela pode ser interpretada em vertentes relacionadas às experiências do indivíduo de uma determinada sociedade. Uma definição mais simples seria dizer que música é a linguagem dos sons. Mas todas as manifestações culturais em que a música está presente a tornam partícipe de uma forma conjunta do manifestar-se enquanto cultura. Sendo assim, a música é ferramenta para um contexto maior, perdendo seu caráter autônomo de linguagem. Então, quando é que a música se torna autônoma enquanto arte e linguagem? Essa e outras questões serão discutidas no decorrer desta unidade.

Parâmetros do som e o universo da música

Existem questões técnicas para qualificação sonora. Os parâmetros do som definem a amplitude do comportamento sonoro do evento musical. Os parâmetros principais são quatro: timbre, altura, intensidade e duração. São eles que fazem o ouvinte perceber:

  • Qual instrumento está tocando ou a voz de um familiar ao telefone (timbre). A nota aguda de uma flauta, um canto de uma cantora soprano ou o contrabaixo de uma orquestra sinfônica (altura).
  • A suavidade da melodia barroca de J.S. Bach, do canto de um pássaro ou o clamor quase ensurdecedor de uma torcida em uma final de campeonato (intensidade).
  • A sustentação tonal com uma longa nota pedal emitida pelo fagote em uma obra do período expressionista, ou o vibrato de um cantor sertanejo (duração).

 

Como vimos, questões técnicas da qualificação do som não distinguem o que é arte musical dos contextos em que se insere o evento sonoro. O que torna o evento musical arte? A reflexão pretende não fechar a questão, mas expandir a crítica sobre o conceito da arte musical. No campo da filosofia, a arte (música) se representa por si mesma, com suas especificações formativas. A musicologia, campo do estudo secular da música, a interpreta como elemento histórico que surge em conteúdo para o diálogo do presente com o passado, em que os dois saem transformados. A etnomusicologia entende a música na cultura, seu debate reflete as características êmicas e éticas da manifestação musical em uma determinada cultura. O intérprete musical tem a música como ferramenta (repertório) de interpretação do estilo e do gênero, da poética e da forma. Para o educador musical, a música é vista como conteúdo de arte para a construção cognitiva do saber. Finalmente, para o compositor, responsável pela organização do gosto musical ao construir essa obra de arte, a música o personifica e o revela com seus significados culturais e artísticos.

Outras áreas do saber também conceituam a música, mas a refletem sobre um olhar extrametódico nos seus campos de atuação, fazendo da música ferramenta multi, inter ou transdisciplinar. Como exemplo disso, citamos a grande área das humanidades, temos a sociologia, a história cultural e a antropologia com trabalhos de pesquisa direcionados ao comportamento humano relacionado à manifestação da música nas diversas culturas. Na atualidade brasileira, destacam-se pesquisadores como o historiador da USP Elias Thomé Saliba e o antropólogo Rafael José de Menezes Bastos; no passado, pode-se mencionar um dos expoentes da Escola de Frankfurt, o sociólogo alemão Theodor Adorno (1903-1969), todos representantes de áreas do saber nas quais a música é um instrumento de referência para análise e discussão fora do campo direto de suas respectivas áreas, em que, em seus objetos de pesquisa, tomam a música como conteúdo secundário de estudo.

 

114 Introdução à Música

Elementos intrínsecos da música

Aaron Copland (1900-1990), compositor famoso estadunidense, afirma que a música possui quatro elementos essenciais: ritmo, melodia, hamonia e timbre. O compositor faz uma referência aos elementos que se destacam quando se estrutura a música de uma obra clássica (erudita) instrumental. O que mais importa para nossa compreensão a respeito desses elementos é identificá-los nos contextos históricos em que eles se constituíram e distingui-los nas variadas formas da organização sonora. Diante dos desafios da compreensão musical, discutiremos, nos parágrafos seguintes, os elementos “essenciais” e suas possíveis relações com a música cotidiana executada nas rádios, nos canais de televisão, dentre outros meios midiáticos de comunicação.

 

Ritmo

A palavra ritmo tem um significado muito variado. Quando nós ouvimos uma organização sonora percutida, como o toque constante do instrumento Surdo da bateria de uma escola de samba, dizemos que ele está marcando o tempo. E o que é o tempo na música? É o quanto o som ou o silêncio dura. Quando um pandeiro toca em um conjunto de pagode, ele faz um ritmo próprio do samba. Mas por que o identificamos como tal? É que a organização das batidas com suas durações trazem a nós uma memória associativa de que aquela “levada” ou organização rítmica é do samba. Dessa forma, conseguimos distinguir o ritmo dos gêneros musicais da música brasileira: valsa, baião, samba, funk, choro, dentre muitos outros. Mas se não tivermos a experiência prévia com um determinado gênero, essa identificação ficará prejudicada?

O ritmo pode ser reconhecido e até reproduzido apenas pelo uso da intuição auditiva. Diz-se que o indivíduo que possui um ouvido apurado detém a habilidade de identificação, memorização e execução musical, sem que haja, por parte dele, a necessidade de conhecimento em teoria musical básica (matéria pela qual se ensina a leitura na pauta musical). Portanto, entende-se, aqui, que o ritmo é um evento musical proveniente de um parâmetro do som: a duração.

Outro aspecto importante do ritmo está relacionado com a pulsação musical. A pulsação da música tem, prioritariamente, uma regularidade (tempo constante de duração). Exemplo clássico disso é quando acompanhamos com palmas uma música popular. Por meio da pulsação, poderemos definir se o andamento da música está rápido, moderado ou lento. As expressões musicais alegro, andante e largo correspondem, respectivamente, à velocidade do pulso em uma execução musical. Portanto, pelo ritmo, conseguimos constatar o andamento da música, algumas características do gênero musical, além de eventos sonoros ligados à memória auditiva.

Melodia

Quando alguém diz que a melodia de uma música é leve, calma ou dura, triste ou alegre, fácil ou difícil, feia ou bonita, estamos, na verdade, conceituando determinada música pelo nosso juízo particular de valor estético. A melodia expressa som e ritmo, regidos por uma dinâmica interpretativa. Na música popular, ou mesmo no canto erudito ou lírico, a melodia é estruturada com seu significado semântico apoiado na palavra. Foi na palavra e, portanto, na linguagem verbal que a música se estruturou. A relação da frase musical com a frase verbal se deu pelo objetivo secular humano de se expressar por meio do canto em narrativas ligadas à religiosidade, no diálogo do adulto com o infantil, nas cantigas para ninar e de roda, no imaginário folclórico tão rico em nossa sociedade, na música de trabalho, nos cantos imitativos da natureza, nos cantos profanos, libidinosos, narrativos da cultura popular.

A melodia, de fato, é uma busca do sensível humano que, antes, amparava-se no discurso verbal e, com o passar dos milhares de anos, foi buscando sua autenticidade e independência em relação à palavra. Com tal independência, passou-se a classificar o discurso da música de linguagem musical, com semântica própria e retórica econômica, o que trouxe originalidade na síntese textual e na comunicação dos sons. Se uma palavra é formada por sílabas, os então motivos músicas são formados por notas e ritmos. A melodia se dará pela associação de um grupo de motivos sonoros inter-relacionado e organizado:

  • Em um sistema tonal (quando se diz que a música está no tom de Dó maior, Ré menor, Sol maior).
  • Em um sistema modal (ligado a relações étnicas e históricas da música, dessa forma, fala-se modo de Ré, de Mí, de Fá).
  • Atonal (quando ela não tem tom determinado, nesse caso associamos a música à parte do repertório criado após o século XIX).

 

Outro aspecto da melodia é identificado de acordo com o caráter e a amplitude da obra ou peça musical (sinônimos da palavra música quando nos referimos à música X do compositor A ou B). Portanto, quanto maior for a duração de uma obra musical, maior será o “discurso”, com a utilização de frases (melodias: também são chamadas de frases ou temas) musicais diferentes que dialogarão no decorrer da execução musical. Quanto ao caráter, a melodia se distingue pela extensão curta ou longa, pela maior ou menor movimentação rítmica ou quanto à organização intervalar das notas musicais, assumindo uma linha sonora mais plana ou com saltos entre sons agudos e graves.

A melodia, frase ou tema se encontra dentro do parâmetro musical Altura. É dentro da gama de alturas sonoras que se estruturam as escalas musicais. Existem várias formas de escala musical com características peculiares encontradas dentro da cultura dos povos do mundo. No Brasil, o sistema musical escalar se fundamentou no Europeu, mas também recebeu herança de outras etnias. A imigração, no decorrer da história do Brasil, enriqueceu a nossa cultura. Os portugueses, os negros e os índios foram os pioneiros do processo miscigenatório cultural. A música gaúcha, com origens fortes na música flamenca espanhola e na música portuguesa, a música colonial mineira, com início no século XVI, e a música popular do Norte, que embala as danças típicas do Carimbó e da Marujada, possuem grande diferença de estilo, gênero e organização escalar melódica.

Tecnicamente, as escalas são classificadas em tonais, modais, artificiais ou alteradas, características, atonais. Também, classificam-se pela quantidade de notas, sendo nomeadas de: pentatônicas, hexatônicas, eptatônicas, octatônicas, de nove sons,..., dodecafônicas. O que importa não é saber se uma obra foi criada com esta ou aquela escala, mas, sim, a sua compreensão semântica contextual, ou seja, o que a torna significativa para quem a aprecia. A relevância artística e os valores culturais estarão assegurados se estiverem integrados na cultura de suas origens, no que diz respeito à localidade.

Harmonia

A definição musical para a harmonia divide-se em dois troncos: o histórico e o estrutural. A causa dessa técnica composicional surgiu nos cantos litúrgicos da igreja cristã. O canto chão ou gregoriano da Idade Média formou a base do processo de criação da harmonia. O canto chão era executado apenas por vozes masculinas em uníssono (por um tema sem acompanhamento), o que o deixou em região de sons graves. A sobreposição de vozes no canto católico medieval a partir do século IX possibilitou o surgimento da técnica de composição musical nominada contraponto. Com o aperfeiçoamento da técnica do contraponto, ocorreu o desenvolvimento gradual perceptivo da organização vertical das notas musicais, que, com a prática comum entre os compositores, se traduziu em gosto estético. Tal prática foi base para a formação teórica das leis funcionais da harmonia. Esse processo de consolidação das leis harmônicas foi longo. Ocorreu entre a renascença e o final do século XIX. Em resumo teórico musical, esclarecemos que dois ou mais sons de alturas diferentes, ouvidos simultaneamente, são chamados de sons harmônicos. Quando ouvimos três ou mais sons simultâneos, os nominamos acordes. Os acordes organizados em uma música integram o que chamamos de harmonia musical.

Visto de maneira sintética como a harmonia se constituiu, resta-nos relacionar qual a importância desse recurso musical nas nossas experiências a respeito da música na atualidade. Quando ouvimos um repertório popular qualquer, a harmonia estrutura todo o seu comportamento melódico, podendo trazer mais dramaticidade ou suavidade em decorrência da proposição frasal. Um exemplo é o gênero choro, de comportamento instrumental. Cada instrumento exerce uma função, de acompanhamento ou de solista. Os baixos cantados, realizados pelos violões juntamente com o cavaquinho fazendo a função de centro, com acordes ritmados, nada mais são que a condução harmônica do acompanhamento musical. Outro exemplo é a trilha sonora de um filme de ação, em que, no ápice de uma cena de perigo, os eventos sonoros expandem-se, causando tensão aos sentidos envolvidos na trama; em grande parte, a harmonia ampara a dramatização.

Tal efeito está associado à intensidade do som (volume). A relação íntima entre a harmonia, a melodia e a intensidade em uma obra musical chama-se dinâmica. A marcação da dinâmica em uma obra musical tem que respeitar as intenções dos efeitos sonoros produzidos pelas escolhas harmônicas e melódicas do compositor. Copland (1974, p.12) afirma que “os compositores do século XIX, interessados basicamente em enriquecer a linguagem harmônica da música, permitiram que o seu sentido rítmico fosse sufocado por uma dose excessiva de uniformidade”. Essa afirmação, de fato, coloca uma relação de forças entre o ritmo e a harmonia, quanto maior for o desenvolvimento rítmico em uma obra, menos complexa a harmonia torna-se e vice-versa.

Podemos intuir que a música de determinados gêneros musicais, como o Samba Enredo, o Funk e o Fandango, é altamente marcada pelo ritmo e possui uma harmonia menos rebuscada, mais estática ou mesmo ausente: a bateria de uma escola de samba ou um grupo Afroreggae são exemplos disso. Nessas formações, os chamados sons de alturas regulares estão ausentes, pois são produzidos por instrumentos que emitem notas musicais. As notas musicais vibram com regularidade, fazendo que possamos ouvi-las e discriminá-las apenas pelo parâmetro altura. E são os sons regulares os detentores da movimentação da harmonia. Toda arte se expressa por princípios estéticos inovadores ou não. A música é livre para se expressar. Se buscarmos exemplos a partir do século XX até a atualidade, perceberemos uma grande variedade composicional que rebuscou tanto as aplicações harmônicas como rítmicas da música até a pós-modernidade.

Timbre

O timbre é uma qualidade sonora intrigante. O ouvido humano identifica um instrumento musical só em percebê-lo auditivamente. O timbre individual de cada instrumento está relacionado ao tipo de construção, confecção ou fabricação. O material de base, se é metal, madeira; a forma de execução, se percutida, friccionada, beliscada; o tamanho definindo a região escalar ou vibratória aguda, média ou grave; todos esses fatores interferem no timbre.

Por milhares de anos, os instrumentos serviram a humanidade dentro das necessidades particulares das culturas em suas localidades. Na antiguidade, os instrumentos primitivos eram mais ruidosos, com poucas complexidades sonoras aos olhos da atualidade, mas sempre cumpriram as exigências e necessidades musicais da cultura que os criou. No Brasil, as culturas indigenistas criaram instrumentos com troncos de árvores, para os tambores; cabaças, para as maracas; dentes de animais, conchas para o butori (cordel amarrado no tornozelo); para os de sopro, bambu, ossos e cabaças. A música, o canto e a dança estão integrados e cumprem função social. São muito utilizados em rituais, como: chegada de visitas de outras aldeias, colheita e casa de reza. Os jovens aprendem o canto e a tocar algum instrumento com os pais ou com os índios mais velhos da tribo. Por meio da música, os guerreiros se preparam para a guerra cantando e dançando.

O uso técnico musical do timbre é muito recente. Se considerarmos a história da humanidade, o timbre começou a servir a música com destaque após o período barroco. O timbre começou a ser entendido como uma fonte alternativa para os recursos composicionais após G. F. Haendel (1685-1759). Os compositores antes de Haendel não davam muita importância aos timbramentos instrumentais. Em suas obras escritas a três, quatro ou mais vozes, não havia indicação do instrumento executante. Poderia ser instrumentos de sopro, cordas ou misto.

No surgimento da orquestra clássica, temos como seus expoentes os compositores Mozart (1756-1791), Haydn (1732-1809) e Beethoven (1770-1827), mestres do classicismo musical. Esses compositores aprimoraram a sinfonia, gênero caracterizado pelo aproveitamento timbrístico da orquestra clássica. Os instrumentos da orquestra sinfônica dividem-se em quatro naipes principais:

  1. Cordas arcadas;
  2. Madeiras;
  3. Metais;
  4. Percussão.

 

Cada naipe reúne grupos de instrumentos de timbres semelhantes. Desde o seu surgimento, a orquestra sinfônica tem sido explorada por uma gama considerável de compositores. Destacamos alguns para investigações futuras a respeito de sua história e do repertório, são eles: no século XIX, Schubert, Schumann, Mendelssohn, Chopin, Brahms, Berlioz, Liszt e Wagner. No final do século XIX, com grandes transformações estéticas, temos: Bruckner, Mahler, Richard Strauss, Rimsky-Korsakov, Mussorgski, Debussy, Ravel, Schoenberg. No século XX, destacamos alguns: Bartók, Stravinsky, Francis Poulenc, Milhaud, Gershwin, Shostakovich, Procofiev, Hindemith, Boulez e Villa-Lobos, John Cage, Messiaen, Varèse e Stockhausen.

Na atualidade, o conceito de timbre se expandiu com a busca de formações peculiares orquestrais e o acréscimo de instrumentos étnicos de culturas diversas. O exotismo timbrístico é um recurso de inovação sonoro muito utilizado, desde meados do século XX até os nossos dias. Outro fator relevante é a junção de timbres instrumentais diversos, que, quando tocados simultaneamente, formam novos timbres mistos. Essa técnica chama-se orquestração, muito usada nas composições do passado e do presente para a orquestra sinfônica, mas que também é muito aproveitada na música de gêneros populares, instrumentais, em grupos camerísticos e conjuntos orquestrais.

Em resumo, ritmo, melodia, harmonia e timbre são constituintes da linguagem musical. Formam a base do trabalho composicional, estão unificados pela própria expressividade da música, inter-relacionados, unificados na trama do discurso poético, em que o diálogo ocorre quando a compreensão do texto sonoro interage no jogo da sedução artística. O intérprete, na condução de locutor, e o apreciador, na condição de locutário, travam o diálogo pela manifestação artística da música, na condição de interlocutora. Quando discutimos os elementos constituintes da música em separado, atuamos como educadores para a formação dos conceitos pertinentes da arte musical. Mas a arte nunca será apreciada de forma segmentada, estratificada. A música atinge seu significado quando se representa na totalidade de se expressar enquanto arte.

124 Relações intrínsecas e extrínsecas da música
Atividades

Defina se as alternativas seguintes estão corretas ou incorretas.

  • Os instrumentos percussivos são organizados por diferentes alturas de sons regulares. Por esse motivo, é possível estruturar a Bateria de escola de samba em seções.
  • As orquestras sinfônicas foram desenvolvidas após Haendel, também chamadas de orquestras clássicas. Nelas, o trabalho de escolha dos timbramentos instrumentais ganhou a atenção de grandes compositores, como Mozart e Beethoven.
  • O que fundamenta a melodia é a organização da superposição das notas musicais tocadas simultaneamente. Quando as notas são tocadas linearmente, sendo uma por vez, podem ser classificadas de harmônicas.
  • Melodia, frase ou tema se encontra dentro do parâmetro musical timbre. É dentro da gama de timbramentos sonoros que se estruturam as escalas musicais. Existem várias formas de escala musical com características peculiares encontradas dentro da cultura dos povos do mundo.
  • Considerando que a música é formada por sons, poderíamos dizer que todos os sons do mundo é música: a buzina de um carro, o apito do juiz de futebol, a vibração de um motor, o abrir de uma porta sobre trilhos, o canto dos pássaros, dentre outros.

A música no Brasil

A música brasileira passou por diversas fases e influências culturais, provindas da Europa, África, dos ameríndios, da América espanhola e anglo-saxônica. Seus protagonistas estão postos por séculos de relações que envolvem os nossos colonizadores portugueses com as fases do Brasil colônia, império e quando se torna república.

O uso da música pelos jesuítas na catequização dos indígenas e de escravos nas formações orquestrais da música colonial mineira em Vila Rica e Ouro Preto, em resumo, a música de uma sociedade escravocrata miscigenadora, ocasionou o surgimento dos primeiros gêneros da música popular brasileira, a modinha e o Lundú, no final do século XVIII, gêneros que se secularizaram e fizeram base para a música popular brasileira do século XX.

Já o século do modernismo musical brasileiro (século XX) formou-se, inicialmente, na ideologia do literário, músico e pesquisador Mário de Andrade, em que os caminhos da construção da música brasileira se pautavam pela cultura brasileira, caminhos esses que se regimentavam no conhecer do fazer musical do povo para fundamentar a música erudita brasileira. Sua estratégia era a apropriação dos elementos sonoros da cultura musical brasileira e a utilização desses em uma música de elite baseada nos paradigmas europeus. Mário de Andrade entendia que a miscigenação tinha que ser feita pela cultura, pois ela se constituiria de um novo identificar-se, fazendo dessa música original a fronteira na identidade musical brasileira. O compositor brasileiro de maior referência para o modernismo musical brasileiro foi Heitor Villa-Lobos.

 

134 Elementos da música (parte1)
Fique por dentro

A música programática, de programa ou descritiva, era utilizada para definir imagens, sensações e emoções pela composição musical. Teve seu auge no romantismo musical, mas perdurou com outros compositores do século XX. Um desses foi o compositor brasileiro H. Villa-Lobos (1887-1959), que compôs A Floresta do Amazonas, encomendada pela Metro Golden Maia e, depois, lançada no Brasil na forma de poema sinfônico. O poema a Abertura, tenta trazer a ideia dos sons da floresta para a transfiguração orquestral. O Trenzinho Caipira é outra obra do compositor que propõe a imaginação de um trem a vapor no interior do Brasil. O tema do Trenzinho Caipira foi retirado da música do repertório popular brasileiro.

Charles Ives (1874-1954), compositor estadunidense contemporâneo de Villa-lobos, também traz em suas obras as impressões imagéticas do cotidiano. A obra Housatonic at Stockbridge tenta traduzir-se em um passeio de Ives e sua esposa pelo rio logo após seu casamento. Sugere imagens sonoras de um hino religioso, névoas e águas ondulantes. A música de Ives é uma espécie de contraponto moderno organizado por camadas, distinguidas por vários parâmetros sonoros, como: timbre, registro, ritmo, afinação e conteúdo dinâmico.

 

Os caminhos da música no Brasil

Até a primeira metade do século XX, a música brasileira se dividia em três frentes: a erudita, a popular e a popularesca (música urbana, tocada nas rádios). Esse conceito dimensionava o valor estético e histórico a partir da origem do repertório musical. Imperava a ideologia nacionalista como política de estado. A rádio nacional, empresa estatal, detinha grande poder comunicativo. A Era Vargas encampou a proposição da classe de intelectuais, os homens de cultura, que se pautava pela pesquisa étnica como estratégia de integração do rural na cultura elitista impregnada de gosto europeu. Essa estratégia, em tese, resultou em um grande envolvimento social com pesquisas e a institucionalização do folclore brasileiro. Nas décadas seguintes, pós anos 40, os movimentos musicais procuraram se desvincular da ideologia de Mário de Andrade.

O Manifesto Música Viva, liderado por Hans Joachim Koellreutter (1915-2007), foi publicado no dia 1º de novembro de 1946 e amplamente divulgado a partir daquela data. Os seguidores que participaram eram jovens compositores, instrumentistas e musicólogos. Esse manifesto pregava uma música inovadora com técnicas composicionais, segundo seus dogmas, atuais e revolucionárias, com conceito amparado no evolucionismo. Esse grupo foi fortemente afrontado por um compositor famoso no meio erudito, em 1950, em repúdio violento, publicado pela Carta Aberta do compositor Mozart Camargo Guarnieri, na qual ele apregoava a defesa do patrimônio folclórico.

Em 1963, outro manifesto ebuliu o ambiente musical brasileiro. Assinado por vários intelectuais, dentre eles: Damiano Cozzella (1920-), Gilberto Mendes (1922-1916), Rogério Duprat (1932-2006), Willy Correia de Oliveira (1938-) e Régis Duprat (1930-). O grupo se estruturava em uma linha psicofilosófica, em que o homem estaria indissociável de seu ambiente social, de sua contemporaneidade. O manifesto propõe a libertação de ideologias perturbadoras da criação humana. O complexo reflexivo do grupo foi tão à frente de sua época que pode ser colocado como um prenúncio da pós-modernidade em que vivemos. Esse movimento fez aproximar a música popular da erudita, ocasionando o surgimento da Tropicália. Por parte da Tropicália, ocorre a apropriação do pop internacional e das vanguardas, juntamente com o rompimento da Alta e da Baixa cultura nacionais.

O Pós-Tropicália da Música no Brasil tornou-se instrumento das mídias abertas. A força econômica ditou o rito da cultura de massa nos anos 80 e 90. Os processos globalizadores, liderados pelos sistemas midiáticos dominados por grandes corporações lideradas e setorizadas em pequenos grupos empresariais, impulsionaram estratégias de consumo restritivas voltadas para o lucro. A produção cultural ficou a serviço do gosto provocado e massificado na mídia aberta. Esse comportamento começou a ruir com o surgimento, na virada do século XXI, da Internet. As redes sociais pulverizaram os interesses consumistas dessas mídias, trazendo grande prejuízo às grandes corporações de comunicação de rádio e televisivas. Fato que obrigou uma tentativa de integrar rapidamente seus produtos ao novo ambiente midiático, o qual detém um poder de comunicação interativo e autônomo, tendo como base a livre escolha de se comunicar com quem quer se seja. Com isso, as produções independentes musicais se multiplicaram pelos canais de redes sociais, abrindo um leque de oportunidades para a música na pós-modernidade.

Os caminhos da música no Brasil transitam pelo período colonial, pelo império, pelo século XX e pelos primeiros anos do século XXI. As interpretações a respeito da história da música no Brasil se encontram em poucos livros, resultantes de esforços individuais e desbravadores dos pesquisadores ligados a instituições públicas de ensino superior no país. As narrativas contidas nesse brevíssimo resumo não representam o conteúdo a ser investigado pelos apreciadores da música e de sua história. Por fim, os caminhos da nossa música não se fecham. Eles estão em constantes diálogos atualizantes do passado com o presente histórico.

 

Fique por dentro

Alguns historiadores dizem que, antes da chegada dos europeus, havia 100 milhões de índios no continente, sendo que o Brasil possuía, aproximadamente, 5 milhões de nativos. Dividiam-se em tribos e eram caracterizados pela língua. Segundo dados da FUNAI, existem, hoje, no Brasil cerca de 400 mil índios, distribuídos em 200 etnias e 170 línguas. Alguns historiadores argumentam que os ameríndios consideravam a música como uma espécie de poder divino que poderia ser usado para todas as situações: conflito, doença, climática, nascimento, morte, chegadas e partidas, guerras e, inclusive, para expulsar invasores.

Fontehttps://mestreneto.wordpress.com/curiosidade/indio/.

 

Reflita

Com base no conteúdo estudado nesta unidade, reflita sobre: os parâmetros do som (altura, intensidade, duração, timbre); sobre as relações intrínsecas e extrínsecas da música; sobre como reconhecer, identificar a melodia, o ritmo, a harmonia, o timbre; sobre os valores culturais e a música brasileira.

144 Elementos da música (parte2)
Atividades

Levando-se o texto como referência e considerando as linhas de conhecimento da música, assinale a assertiva correta:

  • A música não se configura como área de conhecimento humano.
  • A musicologia pesquisa a lógica estrutural da música.
  • A etnomusicologia estuda a música na Cultura.
  • O intérprete musical é um músico amante do repertório da música erudita do passado histórico.
  • O contrabaixo acústico é um instrumento que emite um som agudo e possui o seu volume alto.
Atividades

A música pode ser interpretada por vertentes do conhecimento dentro do seu contexto, com as suas subáreas ou sobre os olhares externos a ela. Então, a alternativa que melhor expressa o universo da música é:

  • A música é formada por sons.
  • O ritmo e as notas musicais formam a melodia.
  • O que torna a música interessante é o gosto dos indivíduos de uma sociedade plural.
  • A música é objeto de estudo de diversas áreas do saber, seja na perspectiva de pesquisa das subáreas educação, execução, composição, musicologia e etnomusicologia, ou em áreas afins que a utilizam como reflexão de suas próprias teorias.
  • A música explica-se por si mesma.
Atividades

Refletindo sobre o conceito musical ritmo, podemos afirmar que ele:

  • Não pertence a nenhum parâmetro musical.
  • É organizado pela distância entre duas notas musicais.
  • É regido pelo pulso regular, ou seja, por um tempo de duração igual, constante.
  • Ele varia de acordo com a harmonia, pois, assim, poderá definir a sua duração.
  • Tem um determinado tempo que varia em duração a cada pulso.
Atividades

Segundo a definição de harmonia musical, podemos afirmar que:

  • A harmonia em uma obra musical procura trazer a sensação de tranquilidade, organizando a melodia.
  • A harmonia é a união de três ou mais sons ao mesmo tempo em uma música.
  • A harmonia foi criada pelo contraponto nos primeiros passos do canto gregoriano.
  • A união de várias melodias formou a harmonia do séc. XIX.
  • A sobreposição de várias melodias iniciada no século IX formou a harmonia do século XIX.
Atividades

A melodia é um dos elementos musicais mais complexos e importantes. Nela, podemos identificar a localidade de sua origem, a época na qual foi composta e, até mesmo, quem a compôs. Anote qual a alternativa incorreta que argumenta sobre a formação da melodia.

  • No canto erudito ou lírico, a melodia é estruturada com seu significado semântico apoiado na palavra.
  • A relação da frase musical com a frase verbal se deu pelo objetivo secular humano de se expressar por meio do canto.
  • A linguagem musical possui semântica própria e retórica econômica, o que traz originalidade na síntese textual e na comunicação dos sons.
  • A melodia se dará pela associação de um grupo de motivos sonoros inter-relacionado e organizado em um sistema tonal ou modal.
  • É dentro da gama de ritmos sonoros que se estruturam as escalas musicais. Existem várias formas de escala musical com características peculiares encontradas dentro da cultura dos povos do mundo.
Atividades

Identifique a reposta correta a respeito do timbre:

  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem novos timbres a partir da junção de dois ou mais instrumentos.
  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, não podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem novos timbres a partir da junção de dois ou mais instrumentos.
  • O timbre não traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, só podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem novos timbres sem necessitar da junção de dois ou mais instrumentos.
  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Em algumas situações, podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem apenas um tipo de timbre instrumental.
  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Um importante fator em relação às formações orquestrais é que produzem dois tipos de timbres a partir da junção de dois ou mais instrumentos, o forte e o fraco.
Atividades

O desenvolvimento dos instrumentos marcou a técnica de timbramento orquestral no XIX. Com base na assertiva do item timbre, marque a única afirmativa incorreta:

  • No surgimento da orquestra clássica, temos como seus expoentes os compositores Mozart (1756-1791), Haydn (1732-1809) e Beethoven (1770-1827), mestres do classicismo musical.
  • O timbre começou a ser entendido como uma fonte alternativa para os recursos composicionais após G. F. Haendel (1685-1759). Os compositores antes de Haendel davam muita importância aos timbramentos instrumentais. Em suas obras escritas a três, quatro ou mais vozes, havia indicação do instrumento executante.
  • Na atualidade, o conceito de timbre se expandiu com a busca de formações peculiares orquestrais e o acréscimo de instrumentos étnicos de culturas diversas.
  • Os instrumentos da orquestra sinfônica dividem-se em quatro naipes principais: (1) cordas arcadas; (2) madeiras; (3) metais; (4) percussão. Cada naipe reúne grupos de instrumentos de timbres semelhantes.
  • Por milhares de anos, os instrumentos serviram a humanidade dentro das necessidades particulares das culturais em suas localidades. Na antiguidade, os instrumentos primitivos eram mais ruidosos, com poucas complexidades sonoras aos olhos da atualidade, mas sempre cumpriram as exigências e as necessidades musicais da cultura que os criou.
Atividades

Marque a afirmativa correta, na qual esteja o melhor relato da história a respeito da Música no Brasil.

  • O século do modernismo musical brasileiro (século XX) formou-se na ideologia do literário, músico e pesquisador Mário de Andrade, em que os caminhos da construção da música brasileira só se pautavam pela cultura do interior brasileiro.
  • A modinha e o Lundú, no final do século XVII, foram gêneros que se secularizaram e fizeram base para a música popular brasileira do século XXI.
  • A estratégia de Mário de Andrade era a apropriação dos elementos sonoros da cultura musical brasileira e a utilização desses em uma música de elite baseada nos paradigmas europeus.
  • O compositor brasileiro de maior referência para o modernismo musical foi Heitor Villa-Lobos. Esse compositor, que viveu no século XIX, se baseava somente no gosto musical europeu.
  • Os compositores modernistas da primeira fase viviam na vanguarda das técnicas composicionais europeias.
Atividades

Em relação aos parágrafos que comentam sobre os caminhos da música no Brasil, marque a afirmativa incorreta:

  • O Manifesto Música Viva foi liderado por Hans Joachim Koellreutter (1915-2007), publicado no dia 1º de novembro de 1946 e amplamente divulgado a partir daquela data.
  • A Tropicália se apropria do pop internacional e das vanguardas, juntamente com o rompimento da Alta e Baixa cultura nacionais.
  • Em 1963, outro manifesto ebuliu o ambiente musical brasileiro, assinado por vários intelectuais. O complexo reflexivo do grupo foi tão à frente de sua época que pode ser colocado como um prenúncio da pós-modernidade em que vivemos.
  • Em 1950, em repúdio violento ao consumo de música dos Estados Unidos, a publicação da Carta Aberta do compositor Mozart Camargo Guarnieri pregou a defesa do patrimônio folclórico.
  • A produção cultural ficou a serviço do gosto provocado e massificado na mídia aberta, intensificada nas décadas de 80 e 90. Esse comportamento começou a ruir com o surgimento, na virada do século XXI, da Internet.

 

Indicação de leitura

Nome do livro: Pequena História da Música (1980)

Editora: Editora Itatiaia Limitada

Nome do livro: Mário de Andrade

ISBN: não informado no livro

Esse é um livro histórico, com intenções ideológicas da música nacional, dentro da vertente modernista liderada por Mário de Andrade. Esse livro deve ser lido com certo distanciamento histórico e não como obra que represente os paradigmas da atualidade. Ele serve de parâmetro para a reflexão da ideologia Andradeana.

 

Indicação de leitura

Nome do livro: Pequena História da Música Popular (2013)

Editora: 34

Nome do livro: José Ramos Tinhorão

ISBN: 978-85-7326-509-5

É um livro voltado à explicação dos gêneros musicais brasileiros e de suas origens. Ele busca uma vertente da história ligada à teoria evolucionista, em que o pragmatismo das definições traz dúvidas interpretativas que não consolidam as afirmativas do livro enquanto verdade plena. É, então, referência para um debate sobre o surgimento dos gêneros musicais populares no Brasil.

Conclusão

O guia ARTE MUSICAL: A MÚSICA E SUAS MANIFESTAÇÕES NA CULTURA BRASILEIRA teve por objetivo introduzir o saber, o ouvir, o aprender e o ensinar da músi-ca. A nossa proposta foi ambientar o aluno nos horizontes da música em suas perspectivas com as diversas áreas do conhecimento, com uma proposição metódica e extrametódica, abordando as interseções com a história, a cultura, o fazer artístico e a compreensão bási-ca dos elementos constitutivos da música.

Propomos, aos mais interessados no aprofundamento da área musical, a busca por cursos de formação básica em Música para aprimorarem seus conhecimentos nas disci-plinas da teoria básica musical, na percepção musical voltada ao aperfeiçoamento auditivo dos elementos musicais, à harmonia, ao estudo do contraponto e fuga, à história da músi-ca ocidental, entre muitas outras disciplinas da formação do músico. Essas disciplinas po-derão ser cursadas em cursos de formação técnica profissionalizante em Música ou em cursos de graduação, de nível superior.

Esperamos ter contribuído para um esclarecimento a respeito sobre: a música e suas manifestações na cultura brasileira, o currículo e o ensino de Arte Musical na Educa-ção Infantil, Ensino Fundamental I e II, e Ensino Médio, a importância de uma aprendiza-gem significativa e interdisciplinar das linguagens artísticas e o diálogo da música com ou-tras linguagens.

Caro(a) aluno(a), caso queira outras informações a respeito da área, poderá aces-sar sites relacionados às publicações científicas da música nos órgãos de apoio à pesquisa científica como o CNPq e CAPES, junto aos seus bancos de dados de teses e disserta-ções dos cursos autorizados, nas associações de pesquisas como a ANPPOM – Associa-ção Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música, a ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical e ABET – Associação Brasileira de Etnomusicologia e nas revistas científicas credenciadas no Qualis Capes.

Até a próxima oportunidade!

Referências

Bibliografia que recomendamos para um aprofundamento sobre as questões relativas à compreensão do universo musical e sobre as informações contidas nos textos.

ABREU, Martha. Histórias da ‘música popular brasileira’: uma análise da produção sobre o período colonial. Festa: cultura e sociabilidade na América Portuguesa. São Paulo: Hucitec, 2001.

BUDASZ, Rogério. Música e Sociedade no Brasil Colônia. Revista Textos do Brasil, 2006.

COPLAND, Aaron (1934). Como ouvir (e entender) música. Tradução de Luiz Paulo Horta. Editora Artenova, 1974.

DUPRAT, Régis; VOLPE, Maria Alice. Vanguardas e posturas de esquerda na música brasileira (1920-1970). In: ILLIANO, Roberto; SALA, Massimiliano. Music and Dictatorship in Europe and Latin America. Speculum Musicae, 14, p. 573-611, 2009.

LIMA, Edilson Vicente de. A modinha e o lundu: dois clássicos nos trópicos. 2010. Tese (Doutorado) – Programa de pós-graduação em Música, Universidade de São Paulo, 2010.

NACHMANOWICZ, Ricardo Miranda. Fundamentos para uma análise musical fenomenológica. 2007. 144 fls. Dissertação (Mestrado) – Programa de pós-graduação em música, Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.

PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo: Ed. 34, 1998.

Atividades

Atividades - Unidade I

Defina se as alternativas seguintes estão corretas ou incorretas.

  • Os instrumentos percussivos são organizados por diferentes alturas de sons regulares. Por esse motivo, é possível estruturar a Bateria de escola de samba em seções.
  • As orquestras sinfônicas foram desenvolvidas após Haendel, também chamadas de orquestras clássicas. Nelas, o trabalho de escolha dos timbramentos instrumentais ganhou a atenção de grandes compositores, como Mozart e Beethoven.
  • O que fundamenta a melodia é a organização da superposição das notas musicais tocadas simultaneamente. Quando as notas são tocadas linearmente, sendo uma por vez, podem ser classificadas de harmônicas.
  • Melodia, frase ou tema se encontra dentro do parâmetro musical timbre. É dentro da gama de timbramentos sonoros que se estruturam as escalas musicais. Existem várias formas de escala musical com características peculiares encontradas dentro da cultura dos povos do mundo.
  • Considerando que a música é formada por sons, poderíamos dizer que todos os sons do mundo é música: a buzina de um carro, o apito do juiz de futebol, a vibração de um motor, o abrir de uma porta sobre trilhos, o canto dos pássaros, dentre outros.

Levando-se o texto como referência e considerando as linhas de conhecimento da música, assinale a assertiva correta:

  • A música não se configura como área de conhecimento humano.
  • A musicologia pesquisa a lógica estrutural da música.
  • A etnomusicologia estuda a música na Cultura.
  • O intérprete musical é um músico amante do repertório da música erudita do passado histórico.
  • O contrabaixo acústico é um instrumento que emite um som agudo e possui o seu volume alto.

A música pode ser interpretada por vertentes do conhecimento dentro do seu contexto, com as suas subáreas ou sobre os olhares externos a ela. Então, a alternativa que melhor expressa o universo da música é:

  • A música é formada por sons.
  • O ritmo e as notas musicais formam a melodia.
  • O que torna a música interessante é o gosto dos indivíduos de uma sociedade plural.
  • A música é objeto de estudo de diversas áreas do saber, seja na perspectiva de pesquisa das subáreas educação, execução, composição, musicologia e etnomusicologia, ou em áreas afins que a utilizam como reflexão de suas próprias teorias.
  • A música explica-se por si mesma.

Refletindo sobre o conceito musical ritmo, podemos afirmar que ele:

  • Não pertence a nenhum parâmetro musical.
  • É organizado pela distância entre duas notas musicais.
  • É regido pelo pulso regular, ou seja, por um tempo de duração igual, constante.
  • Ele varia de acordo com a harmonia, pois, assim, poderá definir a sua duração.
  • Tem um determinado tempo que varia em duração a cada pulso.

Segundo a definição de harmonia musical, podemos afirmar que:

  • A harmonia em uma obra musical procura trazer a sensação de tranquilidade, organizando a melodia.
  • A harmonia é a união de três ou mais sons ao mesmo tempo em uma música.
  • A harmonia foi criada pelo contraponto nos primeiros passos do canto gregoriano.
  • A união de várias melodias formou a harmonia do séc. XIX.
  • A sobreposição de várias melodias iniciada no século IX formou a harmonia do século XIX.

A melodia é um dos elementos musicais mais complexos e importantes. Nela, podemos identificar a localidade de sua origem, a época na qual foi composta e, até mesmo, quem a compôs. Anote qual a alternativa incorreta que argumenta sobre a formação da melodia.

  • No canto erudito ou lírico, a melodia é estruturada com seu significado semântico apoiado na palavra.
  • A relação da frase musical com a frase verbal se deu pelo objetivo secular humano de se expressar por meio do canto.
  • A linguagem musical possui semântica própria e retórica econômica, o que traz originalidade na síntese textual e na comunicação dos sons.
  • A melodia se dará pela associação de um grupo de motivos sonoros inter-relacionado e organizado em um sistema tonal ou modal.
  • É dentro da gama de ritmos sonoros que se estruturam as escalas musicais. Existem várias formas de escala musical com características peculiares encontradas dentro da cultura dos povos do mundo.

Identifique a reposta correta a respeito do timbre:

  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem novos timbres a partir da junção de dois ou mais instrumentos.
  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, não podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem novos timbres a partir da junção de dois ou mais instrumentos.
  • O timbre não traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, só podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem novos timbres sem necessitar da junção de dois ou mais instrumentos.
  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Em algumas situações, podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Outro fator importante é em relação às formações orquestrais que produzem apenas um tipo de timbre instrumental.
  • O timbre traz a identidade sonora dos instrumentos. Por ele, podemos perceber qual tipo de instrumento está tocando. Um importante fator em relação às formações orquestrais é que produzem dois tipos de timbres a partir da junção de dois ou mais instrumentos, o forte e o fraco.

O desenvolvimento dos instrumentos marcou a técnica de timbramento orquestral no XIX. Com base na assertiva do item timbre, marque a única afirmativa incorreta:

  • No surgimento da orquestra clássica, temos como seus expoentes os compositores Mozart (1756-1791), Haydn (1732-1809) e Beethoven (1770-1827), mestres do classicismo musical.
  • O timbre começou a ser entendido como uma fonte alternativa para os recursos composicionais após G. F. Haendel (1685-1759). Os compositores antes de Haendel davam muita importância aos timbramentos instrumentais. Em suas obras escritas a três, quatro ou mais vozes, havia indicação do instrumento executante.
  • Na atualidade, o conceito de timbre se expandiu com a busca de formações peculiares orquestrais e o acréscimo de instrumentos étnicos de culturas diversas.
  • Os instrumentos da orquestra sinfônica dividem-se em quatro naipes principais: (1) cordas arcadas; (2) madeiras; (3) metais; (4) percussão. Cada naipe reúne grupos de instrumentos de timbres semelhantes.
  • Por milhares de anos, os instrumentos serviram a humanidade dentro das necessidades particulares das culturais em suas localidades. Na antiguidade, os instrumentos primitivos eram mais ruidosos, com poucas complexidades sonoras aos olhos da atualidade, mas sempre cumpriram as exigências e as necessidades musicais da cultura que os criou.

Marque a afirmativa correta, na qual esteja o melhor relato da história a respeito da Música no Brasil.

  • O século do modernismo musical brasileiro (século XX) formou-se na ideologia do literário, músico e pesquisador Mário de Andrade, em que os caminhos da construção da música brasileira só se pautavam pela cultura do interior brasileiro.
  • A modinha e o Lundú, no final do século XVII, foram gêneros que se secularizaram e fizeram base para a música popular brasileira do século XXI.
  • A estratégia de Mário de Andrade era a apropriação dos elementos sonoros da cultura musical brasileira e a utilização desses em uma música de elite baseada nos paradigmas europeus.
  • O compositor brasileiro de maior referência para o modernismo musical foi Heitor Villa-Lobos. Esse compositor, que viveu no século XIX, se baseava somente no gosto musical europeu.
  • Os compositores modernistas da primeira fase viviam na vanguarda das técnicas composicionais europeias.

Em relação aos parágrafos que comentam sobre os caminhos da música no Brasil, marque a afirmativa incorreta:

  • O Manifesto Música Viva foi liderado por Hans Joachim Koellreutter (1915-2007), publicado no dia 1º de novembro de 1946 e amplamente divulgado a partir daquela data.
  • A Tropicália se apropria do pop internacional e das vanguardas, juntamente com o rompimento da Alta e Baixa cultura nacionais.
  • Em 1963, outro manifesto ebuliu o ambiente musical brasileiro, assinado por vários intelectuais. O complexo reflexivo do grupo foi tão à frente de sua época que pode ser colocado como um prenúncio da pós-modernidade em que vivemos.
  • Em 1950, em repúdio violento ao consumo de música dos Estados Unidos, a publicação da Carta Aberta do compositor Mozart Camargo Guarnieri pregou a defesa do patrimônio folclórico.
  • A produção cultural ficou a serviço do gosto provocado e massificado na mídia aberta, intensificada nas décadas de 80 e 90. Esse comportamento começou a ruir com o surgimento, na virada do século XXI, da Internet.